segunda-feira, 26 de abril de 2010

REMOÇÃO DE FAVELAS DO RIO DE JANEIRO (1)

REMOÇÃO DE FAVELAS DO RIO DE JANEIRO (1)


Vicente Deocleciano Moreira


Tudo indica que, passadas as últimas chuvas fortes no Rio de Janeiro, passaram também as preocupações da população,da mídia, dos técnicos e das autoridades quanto à remoção de favelas do Rio de Janeiro. E quando esses quatro agentes sociais da cidadania deixam de falar no assunto, temos uma grave epidemia de amnésia social e política.

Antes que o assunto seja removido, completamente, da mídia - até que novas chuvas nos curem a todos - este Blog quer registrar que está atento e preocupado com essa calmaria de discussões que "coincide" com a calmaria dos temporaís.

Hoje faz oito dias que o jornal Folha de São Paulo (19/04/2010, Caderno Cotidiano,p.C4) publicou entrevista do urbanista italiano Bernardo Secchi ("Ideia de acabar com as favelas foi uma ilusão modernista") que não vê possibilidade de acabar com elas, transformando-as em bairros populares, normais.

Dois dias depois, em sua edição de 21 de abril, a revista Veja (21/04/2010) publicou em suas 'páginas amarelas' entrevista com o economista Sérgio Besserman ("Por uim Rio sem favelas") francamente favorável à idéia de remover favelas que expõem a vida de seus moradores, em risco, no caso de novos e bem possíveis temporais.

Aguardei a edição seguinte da Veja (ontem, 28 de abril)e constatei que cinco leitores escrevram carta comentando a entrevista de Besserman: apenas dois do Rio de Janeiro, um de São Paulo, outro de Novo Hamburgo (Rio Grande do Sul)e outro da Virgínia (Estadis Unidos)

A ENTREVISTA DE BERNARDO SECCHI

Secchi, 75 anos, é um dos dez mais respeitados urbanistas do mundo, um grupo que recebeu convite do presidente da FRança, Nicolas Sarkozy, para pensar a Paris de 2030. Em seu currículo, planos para Madri, Roma e Londres.

Em São Paulo, fez conferência para 450 pessoas e, a convite da Prefeitura, visitou a favela de Paraisópolis. Se estimativas de 2003 dão conta da existência de 1 bilhão de pessoas morando em favelas em todo o mundo, em 2010 esse número é, certamente, mais expressivo.

"Visitei Paraisópolis e fiquei chocado porque estão fazendo muitos projetos que estão avançando na hipótese de que essa favela possa se transformar em um bairro normal, moderno. Acho que não é possível. Não temos dinheiro, meios nme tempo para fazer isso."

Ainda Secchi, diante da proposta da Prefeitura do Rio de Janeiro de, atravésa de programas como Favela-Bairro, urbanizar favelas sem que precise removê-las.

"É preciso remover as populações das áreas de risco e urbanizar o restante. Essa opreação, porém, não é suficiente. A região precisa ser porosa, ter conexões com a cidade"


Complementando, vale registar a opinião do urbanista italiano sobre Brasília diante da crítica de que o plano urbano de Lúcio Costa, divide em setores a capital do Brasil, dá privilégios ao automóvel e dificulta a circulação de pedestres e ciclistas: "Não é possível falar em fracasso urbano numa cidade de 50 anos. Cidades como Roma e Londres resultam de séculos de acertos e erros.; Lúcio Costa fez uma obra de gênio."

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AMANHÃ, TERÇA, COMENTAREMOS A ENTREVISTA DE BESSERMAN E AS CARTAS DOS LEITORES DA VEJA (datada 28 de abril)

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