quarta-feira, 30 de junho de 2010

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (11) - Luis Lourenço

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (11) – Luis Lourenço



Nome – Luis Lourenço
Endereço em 1980 – Rua Alfredo Brito, 27, 1º andar
Especialidade – Pintura


Fonte - revista Monumento, Salvador, Governo do Estado da Bahia, Fundação do Petrimônio Artístico e Cultural da Bahia,vol.1, n. 10 de dezenbro de 1980, pp. 10-19

LUIS LOURENÇO, O PAULISTA QUE VEIO PASSEAR EM SALVADOR E FICOU PINTANDO NO PELOURINHO


O dia amanhece na grande metrópole paulistana. As pessoas estão pertindo para os afazeres cotidianos. Um garoto parte entre elas para mais um dia de trabalho. Seu nome Liis Lourenço. Sua atifidade não é muito gratificante, mas é com ela que surgirá um artista. Sapateiro, Luis pinta sapatos e, nestes momentos recebe elogios
pelasua habilidade com as tiontas e pincéis.

Os elogios estimulam a criatividade do garoto, que passa a fzer desenhos e pinturas a lápis. Mais tarde, Luis procura a Escola de Belas Artes, onde frequenta durante quatro anos. Assim surge Luis Lourenço, paulista de Avaré, criado em São Paulo, pintor de estilo acadêmico, um impressionista.

(DILTON CARDOSO SILVA)


Hoje, 2010, por onde andará e o que estará fazendo Luis Lourenço com o que Salvador - sua 'mãe' adotiva - terá feito por ele e conra ele?

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) (8)

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) (8)

O homem que teria desfilado ao contrário

Juan Cruz, de Lisboa

Reproduzido do El País, 20/06/2010

Probablemente en una parada militar José Saramago hubiera desfilado al revés. Y ayer hizo el regreso a su tierra, Portugal, en un avión militar. Allí estaba su féretro, rodeado de amigos y parientes, de Pilar del Río, su mujer, y de su hija Violante, surcando las nubes y el aire que un día cruzó al revés, camino de Lanzarote. Estaba escribiendo Alabardas, alabardas, espingardas, espingardas, una novela en la que se preguntaba por qué no había huelgas en las fábricas de armamento.

Este viaje en la carcasa gris de un aeroplano del Ejército portugués le hubiera parecido una ironía del destino. Pero tenía su sentido, e incluso su aire central de recompensa, de gratitud portuguesa hacia uno de sus grandes hombres, a quien le pesó siempre una extraña herida, la que sufrió cuando el Gobierno de su país, presidido entonces por Aníbal Cavaco Silva, dirigente del Partido Social Demócrata (centro-derecha) y que ahora preside la República, prohibió que su novela El Evangelio según Jesucristo acudiera a un certamen literario europeo en 1992. Ahora Cavaco Silva le ha enviado una carta de pésame a la viuda. Saramago ya es la historia que quiso.

Aquella fue una afrenta. En Lanzarote, donde refugió, con Pilar, su cólera, nos dijo un día: "Me quitarán todo si quieren, pero no me quitarán el aire". Ayer volvía por aire, recibido con los honores debidos a un gran hijo, y uno de los símbolos de Portugal, Lisboa, se asomó a los visillos para verlo volver, esta vez para siempre. Ya escuchó otros aplausos, cuando se rindió Portugal a su literatura y a la dignidad de su compromiso; ayer ya no pudo escuchar los gritos que le reclamaban como un héroe civil, un paisano y un compañero.

Fue un viaje silencioso, tranquilo, emocionante. Cuando el avión posó su peso en la tierra, Pilar del Río se dirigió así a los 12 que viajaron en este avión mortuorio: "El último viaje, y qué tranquilo ha sido". El último vuelo con José, y sí que se hace raro saber ahora que este trotamundos que iba siempre sin equipaje ya ha parado para siempre.

Es el último vuelo con él de mucha gente, de sus lectores, de sus amigos, de sus editores. En la fila que rindió honores a su féretro en el aeropuerto de Lisboa estaba la figura de luto de un hombre canoso, barbudo, Zeferino Coelho, que ha seguido durante decenios, como editor, la singladura del trotamundos. Le dijo al cronista, al oído: "La última vez que vengo a recibirlo". Sus ojos me dejaron la cara húmeda. Luego le pregunté por Saramago, por lo que es ahora que ya no está: "Un monumento raro. Un hombre lleno de sentido y significado. Como Pessoa. Un monumento raro como Pessoa. Una visión completa de la vida que nos representa ante el mundo".

Saramago tenía algo de Chillida: amaba las montañas, porque traían luz; sobre las montañas que amó en Lanzarote ayer había el aire de las nubes. Al llegar a Lisboa el cielo se había aclarado y era como si Portugal le regalara el horizonte. Y como Chillida, este monumento que fue Saramago buscó en el aire la esencia de su peso. Ahora ya es el horizonte desde el que se ve su propio monumento.

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terça-feira, 29 de junho de 2010

LUANDA E S PAULO, AS MAIS CARAS

Luanda é a cidade mais cara do mundo; São Paulo, a das Américas


LONDRES, 28 de junho (Reuters Life!) - Luanda, a capital de Angola, é neste ano a cidade mais cara do mundo para expatriados, à frente de Tóquio, no Japão, e de Ndjamena, no Chade, segundo a Pesquisa Global Mercer do Custo de Vida.
São Paulo, em 21o lugar na lista global, é o lugar mais caro das Américas por causa da valorização do real. Entre as 214 cidades pesquisadas, Karachi, no Paquistão, é a mais barata.

Pela primeira vez, três cidades africanas estão entre as dez mais caras. Além de Luanda e Ndjamena, entrou também Libreville, no Gabão, que aparece em sétimo lugar.

Entre as dez mais há também três asiáticas (Tóquio e Osaka, em 6o, e Hong Kong, empatada em 8o) e quatro europeias (Moscou, em 4o, Genebra, em 5o, Zurique, empatada em 8o, e Copenhague, em 10o).

A pesquisa abrange mais de 200 itens.

"Nossas cidades são selecionadas com base nos pedidos dos nossos clientes multinacionais", disse Nathalie Constantin-Metral, pesquisadora-sênior da Mercer, em nota que acompanha a pesquisa.
Segundo ela, vários setores --mineração, serviços financeiros, energia, empresas aéreas e indústrias-- pediram mais informações sobre cidades africanas.

Sete cidades chinesas aparecem no ranking de 2010, num sinal de que, para as multinacionais, o país não se restringe a Pequim, Xangai e Hong Kong.

Na Europa, a cidade mais barata é Tirana (Albânia), em 200o lugar no ranking. No Oriente Médio, a mais cara é Tel Aviv (19o lugar), e a mais barata é Trípoli (Líbia, 86o).

Nos Estados Unidos, as mais caras são, pela ordem, Nova York (27o lugar) e Los Angeles (55o). A cidade de Winston Salem é a mais barata do país para estrangeiros viverem, em 197o lugar no ranking geral.

"O enfraquecimento do dólar diante de várias outras moedas, junto com uma redução no custo da acomodação de aluguel, puxou as cidades dos Estados Unidos para baixo no ranking", disse Constantin-Metral.

Na América do Sul, o Rio de Janeiro é a segunda mais cara (29o lugar mundial), seguida por Havana (45o), Bogotá (66o) e Brasília (70o).

Buenos Aires ficou em 161o lugar, e Manágua é a cidade mais barata da América Latina, em 212o lugar na lista mundial.

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) (6) (7)

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) (6) (7)


Ir para longe, para o coração dos homens (6)

Teresa Cristina Cerdeira
Reproduzido do Estado de S.Paulo, 20/6/2010

O mundo ficou mais pobre. Não morreu o escritor, que esse nem morre e há de ser relido e reinventado pelo tempo afora. Morreu uma voz, que a partir de hoje só poderá ser ouvida pelo que já disse – e não será pouco nesse caso –, mas já não intervirá nas cenas que o nosso mundo há de revelar. E é pena. É uma grande pena. Porque essa voz presente, ousada, tantas vezes polêmica, não necessariamente diplomática, tinha a beleza e a força do que nem sempre é previamente medido, mas que por isso mesmo abala, desentorpece, desinstala.

Dizer que Saramago foi um grande escritor seria tão banal que não mereceria espaço na economia deste texto. Mas talvez valesse intuir o que continuará a fazer dele – sem grande exagero premonitório – um escritor especialíssimo do nosso tempo. Quando as verdades vacilam, quando as crenças vêm sombreadas de desconfiança, quando o cansaço e o desencanto fazem da banalidade o objeto de desejo, quando parecem fracassar as últimas utopias da humanidade, gosto de pensar na galeria de personagens que ele criou, não porque a ficção seja um alento, mas porque de dentro dela os personagens nos ajudam a encontrar a fenda no muro da história. Não estamos diante de um otimismo banalizado, mas a verdade é que, nesses romances que nos agarram pela inteligência e pelo coração, João Mau-Tempo erige-se como herói coletivo na luta de camponeses alentejanos; Blimunda e Baltasar garantem a permanência do sonho de criar; Raimundo Silva, modesto revisor de livros, põe em causa o conceito de história; e inventando sortilégios contra a morte, um certo senhor José reivindica a inscrição de todos os nomes nos "ficheiros" da história, porque afinal o dia só pode ser concebido ao lado da noite, ou o presente ao lado do passado.

Conheci José Saramago há quase 30 anos, em dezembro de 1981. A observação poderia ser anódina e só não o é porque daquele encontro restou, entre tantas coisas, uma dedicatória inscrita no Levantado do Chão que era já uma declaração de intenções. Dizia assim: "Para TC, que veio de longe e que, lendo este livro, para longe irá – para o coração dos homens, para o sofrimento deles, para a esperança que está perto –, a futura e duradoura amizade do José Saramago." Estava ali declarada, apesar do sofrimento, a esperança que ele sempre teve no coração dos homens. Quisera ter eu podido dizer à morte que tardasse mais um pouco a entrega da "carta violeta" que ele usou como metáfora nas Intermitências da Morte. Teria sido um modo de pedir a ela que deixasse um pouco mais conosco um homem que amava os homens.

(*) Autora de "José Saramago – entre a história e a ficção: uma saga de portugueses" (tese de doutorado apresentada na Universidade Federal do Rio de Janeiro em 1987)


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JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) (7)


"Ele era doce, não tinha arrogância nenhuma" (7)

Luiz Zanin Oricchio

Reproduzido do Estado de S.Paulo, 20/6/2010

José e Pilar. Simples assim é o título do documentário do diretor português Miguel Gonçalves Mendes, que registra o cotidiano do casal José Saramago e Pilar del Rio, sua companheira. O filme foi coproduzido pela 02, empresa de Fernando Meirelles, diretor que adaptou para a tela Ensaio sobre a Cegueira, talvez a obra mais conhecida do escritor. Como disse Meirelles ao Estado, o filme deve ter sua primeira sessão brasileira durante a Mostra de Cinema de São Paulo, que se realiza em novembro. Em Portugal, tinha estreia prevista para 16 de novembro, data do aniversário de Saramago. Abaixo, a entrevista com o diretor Miguel Mendes.

Como surgiu a ideia de realizar esse filme e quanto tempo levou para ser rodado e concluído?

Miguel Mendes – A primeira vez que conheci pessoalmente o José foi quando lhe pedi que gravasse um excerto em off do Memorial do Convento para o meu primeiro filme D. Nieves, que se trata de uma dissertação sobre a relação Portugal-Galícia e a palavra Saudade. Mais tarde, propus-lhe este filme. Primeiro ele disse-me que não, mas fui insistindo, e finalmente aceitou. José Saramago era uma pessoa excepcional, que sempre quis conhecer, e considerava inaceitável que não existisse nenhum registro sobre ele, existem vários filmes, mas não numa perspectiva pessoal. Nunca sequer é abordado o papel de Pilar, a sua mulher, na carreira do José. São antes filmes sobre "o homem e a obra", o que não me interessa particularmente trabalhar porque existirão outros suportes mais adequados para dissertar sobre o assunto e pessoas mais competentes para o fazer. A obra existe e pode ser interpretada. O que não possuímos, isso sim, é um registro pessoal do homem. E é sobretudo por esta razão e para atingir esta proximidade que estivemos por três anos a rodar o filme. Acompanhei-os pelo mundo nas suas viagens de trabalho e no seu dia a dia em Lanzarote. O que basicamente culmina em 200 horas de material e um quebra-cabeças para resolver.

Como foi filmar com o casal?

É talvez necessário esclarecer um ponto: este filme é sobre o amor que se estabeleceu entre José Saramago e Pilar Del Rio. Este filme não é só sobre José Saramago. Quero sobretudo que as pessoas os vejam como eu os vejo e partilhar com todos e de uma forma condensada o saber que eles possuem. Qual a sua visão do mundo e em que é que acreditam. No fundo quero que quem assista a este filme sinta que conheceu de uma forma muito íntima essas duas pessoas, que são brilhantes. Algumas pessoas dizem que José era um incendiário. Mas Saramago não era incendiário. Era simplesmente lúcido. E tenta dentro do possível melhorar o mundo por meio do do impacto que as suas opiniões podem ter naqueles que as ouvem. E ao contrario da arrogância que algumas pessoas afirmam ele sofrer, o José era de uma doçura e simpatia incríveis. Para não falar no seu sentido de humor, que era brilhante. Mas, como ele dizia, ele não tinha culpa da cara que tinha. E muitas vezes as pessoas têm a tendência de confundir timidez com arrogância.

Quais os momentos mais significativos durante a filmagem?

M.M. – Levamos 3 anos para rodar todo o material. O filme centra-se sobretudo em Lanzarote, onde viveram juntos, o centro da sua intimidade. Mas como pretende ser um retrato fiel das suas vidas, o peso da sua agenda profissional era enorme, e por isso os seguimos em várias das suas viagens. Fomos ao México e à Finlândia. Éramos para ter ido com eles ao Brasil assistir à rodagem da adaptação do Ensaio sobre a Cegueira. Mas não conseguimos apoio. Mas dos momentos que posso destacar, contam-se os ensaios entre o José e o ator Gael García Bernal para a estreia da leitura a duas vozes das "intermitências da morte", o casamento do Jose e da Pilar em junho passado em Castril, Espanha, o momento em que o Fernando veio mostrar ao José em Lisboa o Ensaio Sobre a Cegueira. É obvio que um dos momentos que nos afetou a todos foi quando o José adoeceu, mas o mais bonito foi sem dúvida a total recuperação e a força de vida que ele possuiu. Mas um dos momentos mágicos foi estarmos em Lanzarote quando o José estava a acabar e a decidir o final de A Viagem do Elefante.

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (10) – Abdias do Sacramento Nobre

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (10) – Abdias do Sacramento Nobre



Nome – Abdias do Sacramento Nobre

Endereços em 1980 – Rua Nova do Cruzeiro, 35 – Pau Miúdo ou Rua Leovigildo de Carvalho, 6/8 – Pelourinho.

Especialidade – Pano da Costa



Fonte - revista Monumento, Salvador, Governo do Estado da Bahia, Fundação do Petrimônio Artístico e Cultural da Bahia,vol.1, n. 10 de dezenbro de 1980, pp. 10-19.



O ÚLTIMO DOS ARTESÃOS DE PANO DA COSTA D’ÁFRICA É O ABDIAS

Abdias do Sacramento Nobre não é apenas um simples artista do Pelourinho. Ele é muito mais. O último artesão de pano da Costa d’África na Bahia e no país inteiro. Seu único concorrente conhecido, o babalorixá “Pequeno da Muriçoca” morreu do coração em 1972. No mês de novembro [1980], Abdias completou setenta anos de idade e dos sete filhos vivos dos treze que teve somente a filha “Lurdinha”, de quem fala com muito orguylho, se mostra interessada em continuar a arte do pai.



Abdias atribui esta falta de seguidores da sua arte ao alto grau de dificuldade na confecção do pano da costa, apesar de achar que “não é coisa de outro mundo”. É necessário, diz ele, “idéia fresca, paciência e coragem, porque o trabalho é ruim, Infelizmente, essas qualidades são cada vez mais raras na juventude de hoje”. Trabalhando duro, Abdias leva de dopis a três meses para tecer um pano d’África.

(IVONEIDA HAAS)



Abdias do Sacramento Nobre – o Mestre Abdias, como era mais conhecido – faleceu em 1994.

Em 23 de abril deste ano (2010), o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), órgão responsável pelo resgate do Mestre Abdias e da transmissão de sua arte para jovens do Maciel (Pelourinho), lançou o livro “Pano da Costa”, em sua sede – Solar Ferrão com a participação da Fundação Pedra Calmon. “Pano da Costa”, ilustrado com fotos, desenhos e gravuras, reúne artigos de historiadores, sociólogos e técnicos do IPA, além de artesãos e artistas plásticos.

O texto, a seguir, de autoria da Assessoria de Comunicação do IPAC dá idéia da importância do resgate desse importante patrimônio cultural brasileiro.


A publicação é fruto do ‘Projeto Mestre Abdias e a Tecelagem do pano da Costa’ elaborado pelo IPAC em 1984. Ainda neste ano, foi instalado no terreiro de candomblé Ilê Axé Opô Afonjá o primeiro curso dedicado ao pano da costa, com coordenação do mestre Abdias e da sua filha e seguidora, a artesã Maria de Lourdes Nobre, ambos funcionários do IPAC. Em 1986 foi montado outro curso no mesmo terreiro e, em 1987, o IPAC sedia no seu museu Abelardo Rodrigues, no Solar Ferrão, a exposição ‘Pano da Costa’.

De acordo com o diretor geral do Instituto, Frederico Mendonça, essa é a primeira publicação da coleção ‘Cadernos do IPAC’ que reunirá trabalhos desenvolvidos pelas equipes de técnicos e especialistas da instituição. “Além de promover a preservação dos bens culturais, o IPAC tem por obrigação regimental, pesquisar e promover a produção técnica e científica com a qual trabalha e colaborar na formulação da política de educação patrimonial; com essa primeira publicação cumprimos todas essas prerrogativas”, afirma Mendonça.

A primeira tiragem da impressão do livro ‘Pano da Costa’ é de três mil exemplares que serão distribuídos para bibliotecas públicas estaduais, através da FPC, escolas e instituições que trabalham com a temática de matriz africana e com o segmento têxtil, entre outros, além de faculdades, universidades e órgãos de preservação cultural. Com a nova publicação resgata-se um passivo de conteúdos específicos da área de patrimônio cultural que já deveriam estar sendo difundidos nos 40 anos de existência do IPAC. “Depois do ‘Pano da Costa’ já dispomos de mais quatro outras publicações que serão editadas, e a próxima será sobre o ‘Carnaval de Maragojipe’ festa popular do Recôncavo que desde o ano passado (2009) está registrada como ‘Patrimônio Cultural da Bahia’”, revela o gerente do IPAC, Mateus Torres.

BOX opcional: PANO DA COSTA - Tradicionalmente integrando o vestuário de africanas provenientes de diversas regiões desse continente, como Costa do Marfim, Gana, Nigéria, Congo, Benin e Senegal, o pano da costa tornou-se, definitivamente, parte da indumentária das crioulas – escravas negras nascidas no Brasil – que habitavam Salvador, cidades do Recôncavo baiano, Rio de Janeiro, Recife e Minas Gerais já no século 19. Registros apontam que no ano de 1875, por exemplo, somente da cidade de Lagos, na Nigéria, foram exportados cerca de 50 mil panos da costa para o Brasil e mais 130 mil de outros portos africanos também para o nosso país.

Segundo a socióloga da Gepel/IPAC, Nívea Alves, é no contexto sócio-religioso existente no Brasil daquela época que está situada a importância do pano da costa. “O saber e o fazer do pano da costa, sob a perspectiva de uma arte africana introduzida no Brasil, arte esta considerada pelos africanos como sendo a personificação de uma inteligência especial, através da qual o homem aprimora o seu ambiente, ou seja, o africano transforma materiais comuns em coisas de valor, utilizando-se do poder criativo e imaginário”, explica Nívea Alves. Para o especialista em Sociologia da UFBA e um dos autores de textos presentes no livro, Jorge da Silva Maurício, vale salientar a importância e preocupação do IPAC na publicação desse trabalho, tão rico em detalhes, com novas pesquisas sobre o tema, em defesa da preservação dos bens tangíveis e intangíveis no Brasil. “A publicação é enriquecida quando mostra dois terreiros de candomblé, o Ilê Axé Opô Afonjá e o São Jorge Filho da Goméia, oferecendo regularmente oficinas dedicadas à criação do pano da costa”, relata Silva Maurício.

Mais que um item religioso, o pano da costa tem um significado social e cultural. Usado sobre os ombros, tem como função distinguir o posicionamento feminino nas comunidades afro-brasileiras. Com cores vivas, ornado com bordados, fitinhas e rendas, ele quebra o predomínio do branco na roupa das baianas, dando mais vida e riqueza a indumentária. Os primeiros panos da costa foram importados da África, onde são denominados alakás ou panos de alaká. Chegaram, sobretudo, vestindo os corpos das escravas. No século 18 passaram a ser tecidos no Brasil por escravos e seus descendentes, tendo como um dos principais artesãos Abdias do Sacramento Nobre, mais conhecido como Mestre Abdias.

Assessoria de Comunicação – IPAC - Em 20.04.2010

Jornalista responsável: Geraldo Moniz (1498-MTBa) – (71) 8732-0220

Texto-base, pesquisas e entrevistas: estagiária de Jornalismo Natália Miranda

Tel. ASCOM/IPAC: (71) 3116-6673, 3117-6490, ascom@ipac.ba.gov.br

Tel. ASCOM/FPC: (71) 3116-6919, 3117-6918, ascom.fpc@fpc.ba.gov.br


segunda-feira, 28 de junho de 2010

LANÇAMENTO NIETZSCHE EM QUADRINHOS - FRANÇA

LANÇAMENTO NIETZSCHE EM QUADRINHOS - FRANÇA

NIETSZSCHE PARA AS MASSAS

CONTEUDO LIVRE

Michel Onfray, que lança na França HQ da vida do pensador alemão, defende o cartum para popularizar a filosofia; biógrafos Rüdiger Safranski e Domenico Losurdo, que publicam livros no Brasil, explicam o apelo do filósofo e a relação como nazismo

MARCOS FLAMÍNIO PERES
DE SÃO PAULO

Michel Onfray é a ovelha negra da filosofia francesa.
Sempre fez questão de bater de frente com a elite acadêmica. Em 2002, criou a Universidade Popular de Caën, com aulas grátis, abertas a todo tipo de público.

Sua "Contra-História da Filosofia" vira de pernas para o ar o cânon do pensamento ocidental, ao valorizar nomes marginalizados pela tradição, como o grego Epicuro (341a.C.- 271a.C.).
Nos últimos meses, alvejou a psicanálise, em dura polêmica com a historiadora Elisabeth Roudinesco.

Agora, acaba de lançar uma biografia em quadrinhos de Friedrich Nietzsche (1844-1900), com a intenção de "construir pontes" entre a filosofia e mídia de massa.

"Quero abrir mundos que vivem felizes em suas próprias tribos", afirma o coautor, com o cartunista Maximilien Le Roy, da história em quadrinhos "Nietzsche" (que ainda não tem data de lançamento prevista no Brasil).

Best-seller na França, onde o gênero tem estatura de obra de arte, o livro não estimulou os dois a explorarem o novo filão comercial.
"Que outros filósofos e outros quadrinistas mergulhem nesse negócio...Nós, não!"

NIETZSCHE E HITLER

Onfray também aborda a pergunta que não quer calar. O pensador que "matou Deus" e libertou o homem da metafísica foi o mesmo que forneceu o substrato ideológico do nazismo?

Muito popular na Europa até a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), Nietzsche caiu em desgraça após a ascensão de Hitler, quando passou a ser considerado um ideólogo "avant la lettre" do nazismo. Segundo Onfray, isso foi fruto de uma indecorosa manobra familiar.

"Sua irmã [Elisabeth] era fascista e quis fazer de seu irmão o ideólogo de suas ideias políticas", diz.

É da mesma opinião o biógrafo alemão Rüdiger Safranski, que está publicando no Brasil "Romantismo - Uma Questão Alemã". "A irmã dele falsificou sua biografia", afirma. Mas ressalva que Nietzsche também tinha culpa no cartório. "Ele não era inocente", pois de fato tratou da "eliminação de formas de vida inferiores", lembra Safranski.

AFORISMOS E INSIGHT

Mas então por que ele era tão popular?

Para o professor de filosofia italiano Domenico Losurdo a razão principal reside no uso do aforismo. Essa formulação curta e direta "atinge o leitor com uma imediatez fulminante", explica o autor da biografia "Nietzsche - O Rebelde Aristocrata", que também está sendo lançada no Brasil.

Safranski partilha dessa opinião e acrescenta que seus insights "anteciparam a psicanálise".

Já Onfray arrisca outra hipótese. No fundo, "Nietzsche propõe ao leitor a questão sobre como cada um, homem ou mulher, pode se tornar um super-homem". Mas avisa que isso, para o autor da "Genealogia da Moral", deveria ser uma decisão individual -e não um programa partidário.

RAIOS-X

MICHEL ONFRAY

VIDA
Nasceu em Argentan (França), em 1959

CARREIRA
Doutor em filosofia, é especialista em Nietzsche

PRINCIPAIS LIVROS
"Contra-História da Filosofia"
"Tratado de Ateologia"
"A Potência de Existir" (Martins Fontes)
"Teoria da Viagem" (L&PM)
"A Razão Gulosa" (Rocco)
________________________________________

RÜDIGER SAFRANSKI

VIDA
Nasceu em Rottweil (Alemanha), em 1945

CARREIRA
Filósofo. Especialista em Schiller, Nietzsche e Heidegger

PRINCIPAIS LIVROS
"Nietzsche - Biografia de uma Tragédia"
"Heidegger" (ambos pela Geração Editorial)

Para filósofo, HQ conduz leitor "às portas de um outro mundo"
Cartunista verteu para os quadrinhos obra de Onfray sobre diálogo entre filosofia e cinema

Autor autorizou a adaptação depois de Maximilien Le Roy dizer que formato "é cinema de pobre"

DE SÃO PAULO

Com sua HQ sobre Nietzsche, Michel Onfray explica como pretende levar a filosofia às massas.

Fala também de "Le Crépuscule d’une Idole" (o crepúsculo de um ídolo, ed. Grasset), que está saindo na França, sem previsão de lançamento no Brasil. Nele, Onfray bate de frente com dois ícones: um mundial -Sigmund Freud- e outro francês- a historiadora da psicanálise Elisabeth Roudinesco.

"Ela se cobriu de ridículo" em sua defesa da psicanálise, diz na entrevista abaixo.
(MARCOS FLAMÍNIO PERES)



Folha - Por que contar a vida de Nietzsche em quadrinhos?
Michel Onfray - Na verdade, tratava-se de uma obra publicada sob o título "L’Innocence du Devenir" [a inocência do futuro, ed. Galilée], que era o roteiro de um filme que eu publicara, mas sem perspectiva de trabalho com nenhum diretor.

A ideia era mostrar como seria fecundo haver passarelas entre a filosofia e o cinema, para um vivificar o outro.
Então, um jovem quadrinista [Maximilien Le Roy] me enviou um e-mail dizendo que "a HQ era o cinema dos pobres"! Ele queria saber se poderia desenhar a partir daquele roteiro. Claro que concordei, sabendo do excelente trabalho que fazia!


Como foi o trabalho a dois?

Com raríssimas exceções, respeitou inteiramente o texto de meu roteiro. Ele fez um périplo pela Europa para fotografar os locais [por onde Nietzsche passou], enviando-me regularmente seus desenhos, até que o álbum já estava quase nas livrarias!
Só então me encontrei com Maxime, que jamais vira nem sequer escutara ao telefone...

É possível popularizar a filosofia a partir da HQ?

É possível construir pontes para abrir mundos fechados em seus guetos, onde cada um leva sua vidinha tranquila ao abrigo de tudo e todos.
Mas não me iludo: o que o livro de filosofia faz, a HQ não faz -mas o inverso também é verdade. Assim, a HQ pode levar às portas de um outro mundo leitores que, por princípio, teriam recusado se aproximar dele.

Nietzsche é o filósofo mais popular de nosso tempo?

O mais popular é provavelmente Sócrates... Mas os jogadores de futebol e as cantoras são muito mais populares do que os filósofos!

Onde situar Nietzsche na história da filosofia?

Como inventor do pós-cristianismo: ele foi o primeiro a propor um pensamento vivo e concreto para viver e agir em um mundo sem Deus.

Sua crítica à psicanálise provocou forte reação de Roudinesco (em "Mas Por Que Tanto Ódio?"). A psicanálise é uma ideia fracassada?

Fracassou, se levarmos em consideração o ridículo de que se cobriu a senhora Roudinesco. Ela cuida e cura as patologias mais pesadas daqueles que pretendem cuidar dos outros, enquanto eles mesmos não estão curados!
Se me permite uma pirueta: porque tanto ódio?
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NIETZSCHE

AUTORES Michel Onfray e Maximilien LeRoy
EDITORA Les Editions du Lombard
QUANTO € 19(126 págs.)
AVALIAÇÃO bom

NIETZSCHIANAS

Conheça títulos recém-lançados sobre o filósofo
"Nietzsche, Seus Leitores e Suas Leituras"
(Barcarolla, 168 págs., R$ 138), de Scarlett Marton
A professora de filosofia da USP discute a triangulação autor, obra, texto em seu pensamento

"Nietzsche"
(L&PM, trad. Denise Bottmann, 128 págs., R$ 12), de Jean Granier
Livro introdutório de um dos grandes especialistas franceses sobre o tema, defende que é um contrassenso buscar um "método" em sua obra -que se caracteriza justamente pela variedade de perspectivas

"Nietzsche e o Corpo"
(Faperj/7 Letras, 144 págs., R$ 34), de Miguel Angel de Barrenechea
Reinterpretação de questões éticas, políticas e científicas a partir de uma leitura sobre o corpo em sua obra

"Nietzsche - Viver Intensamente, Tornar-Se o Que É"
(Paulus, 128 págs., R$ 11), de Mauro Araujo de Sousa

Em inglês
"Friedrich Nietzsche - A Philosophical Biography"

(Uma Biografia Filosófica, Cambridge University Press, 649 págs., US$ 45), de Julian Young

Introdução "legível e séria, embora não inovadora", sobre a obra do pensador, na definição do historiador Francis Fukuyama
"Ele era um individualista radical, mas não era inocente"
Para Rüdiger Safranski, Nietzsche era visto por seus contemporâneos como um "ateu louco"

Biógrafo responsabiliza irmã do filósofo por associá-lo ao nazismo, mas diz que pensador tem parcela de culpa


Arquivo "Life"

DE SÃO PAULO
Autor de uma biografia de Nietzsche que é referência, o alemão Rüdiger Safranski, 65, ataca, na entrevista a seguir, a irmã do pensador, Elizabeth, por tê-lo associado ao nacional-socialismo.

Mas ele lembra que Nietzsche tem culpa no cartório, por haver defendido posições condenáveis -como a "eliminação de formas de vida inferiores".
Safranski também fala de sua obra recém-lançada no Brasil "Romantismo - Uma Questão Alemã", que tem um capítulo dedicado ao autor de "Além do Bem e do Mal" e de "Humano, Demasiado Humano".
(MARCOS FLAMÍNIO PERES)



Folha - Por que Nietzsche é tão popular entre não especialistas?

Rüdiger Safranski - Nietzsche de fato se tornou rapidamente um mito para o grande público. Mas por quê? Tudo se encaixa! [Ele era] um solitário que, de modo ousado, proclamou que "Deus está morto" e, como se fosse castigadopor isso, enlouqueceu. Sua reputação com o público era de "o ateu louco".

Depois, ficou famoso com a teoria do "super-homem". Segundo ela, é possível o desenvolvimento superior do ser humano, que se torna real quando a pessoa usa bem suas próprias forças.

Além disso, sua linguagem e seu estilo seduziam pela beleza e caía bem colocar a arte acima da ciência: para ele, o homem criativo ocupa um posto mais alto do que o positivista aplicado.

Como o estilo explica a obra?

Alguns aforismos psicológicos eram muito eficazes e não era preciso estudar um sistema para entendê-lo -na verdade, não havia sistema nenhum. Eram "insights" que faziam efeito como: "Você fez iss", diz a memória,/ "Você não pode ter feito isso", diz o orgulho,/ Mais cedo ou mais tarde, a memória cede!". Esse aforismo traz toda a teoria freudiana do recalque.

Como vê sua apropriação pelo nazismo?

A irmã de Nietzsche, que viveu décadas a mais do que ele, fez de tudo para associá-lo à ideologia nacional-socialista. Porque Nietzsche era um espírito independente, liberal, um inimigo do antis semitismo e do nacionalismo.
Era um individualista radical. Sua filosofia da "vontade de poder" se referia sobretudo à formação da individualidade, de que a pessoa deveria ter poder sobre si mesma.
Agora, de fato, ele teve experiências com pensamentos sobre raças superiores e eliminação de formas de vida inferiores. E, nesse contexto, expressou opiniões que posteriormente foram instrumentalizadas pelos nazistas.

Portanto, Nietzsche não foi completamente inocente! Aí, então, é preciso confrontar Nietzsche com Nietzsche!

No capítulo em que trata de Nietzsche, o sr. usa formulações quase idênticas às de sua biografia do pensador...

Nietzsche pertence à história do romantismo. Não se pode simplesmente dizer essas coisas de um modo melhor do que já falei. Não vejo nenhum problema em "utilizar" a mim mesmo.
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FERNANDO PESSOA HOJE SESCTV - FERREIRA GULLAR

FERNANDO PESSOA HOJE SESCTV - FERREIRA GULLAR - HOJE, DIA 28/JUNHO - 22H
DIREÇÃO ALBERT KLINKE


SIMPLESMENTE IMPERDÍVEL

SESC SÃO PAULO - Seminário Homem, cidades e a sustentabilidade possível

Seminário Homem, cidades e a sustentabilidade possível

30 de junho de 2010
SESC São José dos Campos

Após dezoito anos da Conferência das Nações Unidas sobre o meio ambiente, onde chefes de Estado de todo o mundo e representantes da sociedade civil organizada discutiram metas a serem cumpridas numa agenda para o século 21, com a determinação de ações e mudanças de comportamento voltadas à criação de um novo padrão de desenvolvimento capaz de conciliar a eficiência econômica à igualdade e justiça social e à conservação ambiental, questionamo-nos: é possível?


INSCRIÇÕES ABERTAS

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (9) – Valter Góis

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (9) - Valter Góis


Nome – Valter Góis
Endereço em 1980 – Largo do Pelourinho, 7, 2º andar.
Especialidades - Pintura e Restauração


Fonte - revista Monumento, Salvador, Governo do Estado da Bahia, Fundação do Petrimônio Artístico e Cultural da Bahia,vol.1, n. 10 de dezenbro de 1980, pp. 10-19.

ARTISTA PIONEIRO NO PELOURINHO MOSTRA COMO RESTAURAR O PASSADO

- Nascí aqui mesmo no Largo do Pelourinho, primeiro andar da casa de n. 18. Fica logo defronte à Igreja, e hojr [1980] está pintada de rosa. Isso foi em 1931. Daí para cá, já morei em toda a redondeza: Carmo, Santo Antonio, Passo, Terreiro e, finalmente, desde 1958, quando a UNESCO distinguiu o Pelourinho moro no segundo andar do n. 7, no próprio Largo.

- Quando morei no Passo, na casa onde hoje [1980] estão os "Filhos de Gandi", comecei meus primeiros desenhos, rabiscando na própria escadaria da Igreja, com carvão vegetal. Tinha então 12 para 15 anos. Os vizinhos diziam que eu estava ficando biruta, porque só ficava encabulado olhando para cima, desenhando. A primeira pintura que fiz foi uma cópia de um quadro de Vicente Caruzo. Aí muitas pessoas passaram a dizer: "Este menino tem talento". "Procure a Escola". Então, o médico Adriano Pondé me deu uma bolsa para a Escola de Belas Artes. Não cheguei a concluir o curso, pois tinha uma ansiedade muito grande para pintar.

- Saí da Escola e fui pintar na rua. Depois, passei a estudar o campo e a natureza. Para mim, o artista tem obrigatoriamente de conhecer o campo. Apenas de dentro da cidade é impossível absorver, sentir e se identificar com o Uniderso.

(ADELMO ROMEIRO)



Hoje (2010), perto de completar 80 anos ... onde andará e o que estará fazendo Valter Góis?

O que será que Salvador - tão carente de pintores e restauradores de arte - terá feito por ele e contra ele?

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) (5)

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) (5)

José Saramago, 87, o Nobel da língua portuguesa

Reproduzido de O Globo, 19/6/2010

Um cético que manteve até o fim sua crença na literatura e no comunismo, José Saramago tornou-se durante as últimas três décadas a figura central da literatura contemporânea em português. Já era um autor consagrado e traduzido em diversos países quando recebeu em 1998 o Prêmio Nobel de Literatura — o primeiro, e até agora único, concedido pela Academia Sueca a um escritor da língua portuguesa —, mas foi nos anos seguintes à premiação que recebeu um reconhecimento crítico quase consensual como um dos maiores escritores de nosso tempo.

Entre os pesos-pesados da literatura atual, foi talvez o mais empenhado em manifestar suas opiniões políticas, e certamente um dos mais comprometidos com a militância de esquerda, à qual, no entanto, muitas vezes emprestou a ironia típica de sua obra literária. Exceção numa época de escritores-celebridades, manteve sua atuação pública circunscrita ao modelo do escritor-intelectual público estabelecido no século XIX pelo francês Émile Zola.
Seus artigos e críticas lhe valeram confrontos com o Vaticano, com Israel e com o governo de Portugal.

Apesar de um romance publicado aos 25 anos ("Terra do pecado", 1947), a vocação de Saramago para a escrita se realizou tardiamente. "Foi em 1980 que eu me tornei um escritor de verdade", repetia nas entrevistas, referindo-se ao ano de publicação de seu romance" Levantado do chão", história sobre três gerações de uma família de camponeses.

A supressão de parte dos sinais de pontuação — ideia que segundo o escritor lhe surgiu de repente, um pouco depois da página 20 do livro —, e as novas formas de dar ritmo ao texto decorrentes desse gesto tornaram-se o ponto de partida de um estilo inconfundível, em que o virtuosismo das longas frases se combinava à ironia, à digressão e à metalinguagem. "Memorial do convento", publicado dois anos depois, representa a consumação dessa escrita, que combinava mordacidade, crítica social e imaginação a uma sintaxe complexa e exuberante.

Depurada em seus livros seguintes, a escrita de Saramago foi um dos mais importantes momentos de renovação e ampliação do repertório expressivo do romance contemporâneo.

Sobrenome foi acrescentado pelo tabelião Saramago nasceu em 16 de novembro de 1922, na aldeia de Azinhaga. Seus pais queriam chamá-lo José de Sousa, mas o tabelião responsável pelo registro resolveu acrescentar ao nome o apelido do pai do autor: "Saramago", denominação de uma planta silvestre da região.

Aos 2 anos, José de Sousa Saramago foi viver em Lisboa com a família, embora ainda passasse férias com os avós na cidade natal (o período foi relembrado por ele na autobiografia "Pequenas memórias", de 2006). Nessa época, morreu seu irmão Francisco. A busca por seu registro de óbito, empreendida anos depois, serviria de inspiração para seu romance "Todos os nomes" (1997).

Saramago deixou a escola antes de completar o ginásio e ainda jovem foi trabalhar numa oficina para ajudar a família.

Por muito tempo, lia apenas o que pegava emprestado em bibliotecas públicas, pois não tinha dinheiro para comprar livros.

domingo, 27 de junho de 2010

CRÔNICA DOMINICAL – 27 DE JUNHO DE 2010

CRÔNICA DOMINICAL – 27 DE JUNHO DE 2010


Quanto tempo temos antes de voltarem
Aquelas ondas
Que vieram como gotas em silêncio
Tão furioso
Derrubando homens entre outros animais
Devastando a sede desses matagais
Derrubando homens entre outros animais
Devastando a sede desses matagais
Devorando árvores, pensamentos,
Seguindo a linha
Do que foi escrito pelo mesmo lábio
Tão furioso
E se teu amigo vento não te procurar
É porque multidões ele foi arrastar
E se teu amigo vento não te procurar
É porque multidões ele foi arrastar


“Eternas Ondas” – Zé Ramalho)


Não resisto em, na abertura da crônica de hoje (último domingo de junho/2010), fazer uma pergunta que tem tudo de retórica e nenhum vestígio de cinismo (qualquer que seja o conceito de cinismo: filosófico, moral ou patológico):

Como está sendo e continuará sendo o domingo dos nossos compatriotas alagoanos e pernambucanos vitimados pelas enchentes?

Trata-se de uma pergunta retórica porque eu já sei a resposta ou as respostas possíveis: PÉSSIMO, TRISTE, CHEIO DE LUTO, PERDAS, DE DESESPERANÇA, DE FÉ E ESPARANÇA.


Via de regra, domingo é uma dia especialmente alegre para brasileiros e nordestinos em particular. Mas este domingo... é também um domingo que clama pela nossa solidariedade em doar alimentos não perecíveis, fraldas, água mineral, medicamentos, roupas, cobertores ... e nosso amor ainda que entre lágrimas de tristeza.

Não só nesses momentos de tragédia, mas sempre e sempre, deveríamos - mesmo que não fôssemos zen budistas - visitar nossos armários de quartos, de salas e de cozinha ... e, por certo, constataríamos o quanto esses móveis guardam de coisas que não usamos, nunca usamos nem nunca usaremos ... E daríamos essas coisas abusadas ou sem uso a quem os utilizaria como se utiliza do ar para respirar e viver. Desde, claro que a nossa alma não fosse pequena a ponto de aguardar qualquer contrapartida .. nem mesmo o reino dos céus ou o reino mundano dos holofotes, fotos, dos elogios e dos vitupérios !!!

A letra de Zé Ramalho, “Eternas Ondas”, embalou, compôs uma trilha sonora ainda mais triste e sugestiva de impotência – em minha mente – do episódio do pároco da cidade de Barreiros (Pernambuco) que tocou os sinos da igreja diversas vezes (para que e por quem os sinos dobraram?), visitou casas, gritou e rezou nas ruas ... para alertar aos moradores a tragédia que estava por vir, para pedir que abandonassem suas casas e suas coisas construídas com muito tempo, pouco dinheiro e muito sacrifício. A arca de Noé não estava ali onde aquelas pessoas sempre estiveram, criaram filhos e animais domésticos. E sonharam por dias melhores

Pensei nos quatro elementos terra, fogo, ar e água – uma das lições de nossos mestres gregos.

E – vendo as águas cobrirem as faces das cidades pernambucanas e alagoanas (como in illo tempore cobriram, no Dilúvio bíblico, "a face da terra") – concluí que são extremamente frágeis e impotentes os seres humanos e seus/nossos respectivos avanços tecnológicos (preventivos, proativos e reativos. São frágeis e fracos especialmente quando a água (ou qualquer dos outros três elementos) se abate com fúria sobre nós rompendo barragens que romperam outras barragens ... e avançaram impiedosas e ímpias derrubando homens entre outros animais/devastando produtivos matagais/devorando árvores, pensamentos,/seguindo em frente ...

"NADA É IMPORTANTE." - MUNDO VASTO MUNDO DE 27 DE JUNHO DE 2010

MUNDO VASTO MUNDO DE 27 DE JUNHO DE 2010

"NADA É IMPORTANTE."


Na África do Sul, Copa do Mundo, frio e chuva ... chuva não nas proporções diluvianas (e sem esperança de arcas de noéis ou tábuas de salvação) que massacra, mata, submerge e atira ao relento dezenas de pessoas de cidades pernambucanas e alagoanas – como nós – brasileiros. E atira ao desespero pessoas que moram e trabalham distantes dali e que choram por notícias dos parentes que podem ter perdido, para as águas, tudo ... inclusive a vida.


No Brasil do Nordeste (e, agora, também do Sul) moradores de cidades como Muricy (Alagoas) ou Barreiros (Pernambuco) uns fizeram o maior sacrifício para, mesmo entre escombros, acompanhar a seleção de futebol do Brasil (Brasil deles e nosso); outros lamentaram a falta de energia elétrica para, mesmo quando tudo era perda e abandono, torcerem pela seleção brasileira.

Uma coisa é a tristeza da enchente; outra é a alegria da Copa do Mundo. E não me venham com críticas em nome da coerência.

Assistí, emocionado, numa reportagem de TV, uma jovem mulher chorando depois de ter resgatado dos escombros uma foto em que aparecia com os familiares (filhos, marido, tendo como cenário móveis, toalhas de mesa, jarros, paredes limpas ... Ela chorava fixada na fotografia e chegou a dizer para o repórter que estava olhando (na foto) uma vida que já tivera e que não tinha esperança de tê-la novamente.

Incoerências talvez possíveis à parte, há lugar para o vôo da fênix na direção da alegria e da esperança depositadas na vitória da seleção de Dunga. Que importa a derrota pessoal e coletiva para a seleção da inclemência das águas?

Num dos filmes da trilogia que Kielowski fez, inspirado nsas cores da bandeira da França e a pedido deste mesmo país, a personagem vivida por Juliette Binoche disse uma frase que insiste em permanecer na minha memória. A frase, a resposta, que a personagem diz aos argumentos cheios de coerência, ponderação e defesa da importância das coisas ... exibidos pelo outro do diálogo é: "NADA É IMPORTANTE."

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) (4)

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) (4)

VATICANO CHAMA SARAMAGO DE "POPULISTA EXTREMISTA" E "IDEÓLOGO ANTIRRELIGIOSO"

Da France Presse, reproduzido da Folha.com, 19/6/2010

O "L´Osservatore Romano", o jornal oficial do Vaticano, ataca duramente o escritor português José Saramago, que morreu na sexta-feira aos 87 anos na Espanha, chamando-o de "populista extremista" e de "ideólogo antirreligioso" em sua edição deste domingo.

Com o título "O grande (suposto) poder do narrador", o órgão oficial do Vaticano critica com virulência o Prêmio Nobel de Literatura, que era marxista e ateu.

O "L´Osservatore Romano" o definiu como "um ideólogo antirreligioso", um homem e um intelectual que não admitia metafísica alguma, aprisionado até o fim em sua confiança profunda no materialismo histórico, o marxismo".

O jornal considera ainda que o escritor "colocou-se com lucidez ao lado das ervas daninhas no trigal do Evangelho".

"Ele dizia que perdia o sono só de pensar nas Cruzadas ou na Inquisição, esquecendo-se dos gulags, das perseguições, dos genocídios e dos samizdat (relatos de dissidentes da época soviética) culturais e religiosos", indica ainda o jornal do Vaticano em seu editorial.

No editorial divulgado com antecedência, o "L´Osservatore Romano" considera Saramago "um populista extremista", que se referia "de forma muito cômoda" a "um Deus no qual jamais acreditou por se considerar todo-poderoso e onisciente".

Saramago provocou a ira do Vaticano e da Igreja Católica com sua obra "O Evangelho segundo Jesus Cristo" (1992) no qual considerava que Jesus perdeu a sua virgindade com Maria Madalena.

Ele suscitou novamente a cólera dos católicos em 2009 com "Caim", onde a personificação bíblica do mal, assassino de seu irmão Abel, é descrito como um ser humano nem melhor nem pior do que os outros, enquanto Deus é apresentado como injusto e invejoso.

Durante a apresentação desse livro, Saramago havia alimentado a polêmica, classificando a bíblia de "manual de maus costumes".

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (8) - Nivaldo e Sylvie

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (8) – Nivaldo e Sylvie



Nomes – Nivaldo e Silvie
Endereço em 1980 – Rua Alfredo Brito, 5
Especialidades - Pintura


Fonte - revista Monumento, Salvador, Governo do Estado da Bahia, Fundação do Petrimônio Artístico e Cultural da Bahia,vol.1, n. 10 de dezenbro de 1980, pp. 10-19.

NIVALDO E SILVIE NÃO FAZEM DA ARTE UM MEIO DE SOBREVIVÊNCIA DO ARTISTA

Um dos velhos casarões do Pelourinho acolhe um casal de artistas que numa rápida entrevista falam um pouco de sua arte, estilo, técnica e comercialização. Nivaldo Brandão e Sylvie Revoire trabalham juntos desde 1978 quando participaram de uma exposição coletiva no Atelier Bagunça.

Nivaldo, baiano, 25 anos nascido e criado no Pelourinho é um artista versátil e curioso. Trabalhando com pintura aquarela, cerâmica, madeira e decoração, nunca fez da arte um meio de sobrevivência; ao contrário, , diz ele “seria a última coisa que faria”. Atualmente [1980] vive como comerciante do bar e restaurante “O Banzo” no Largo do Pelourinho e prepara uma exposição de cerâmicas.

Sylvie Revoire, 28 anos, é de Dunkerque, norte da França, e está no Brasil, Salvador-Ba, desde agosto de 1976. Começou seu trabalho de pintura, foto, desenho e ilustração quando ingressou na Escola de Belas Artes na França, formando-se em artes plásticas em 75. Aqui se fixou mais com a pintura e bico de pena, embora no momento [1980] esteja sem maiores atividades, deixando seu tempo para cuidados com o filho que nasceu recentemente [1980].

(SINEDITE S. BERNARDO SIMÕES)

Agora, 30 anos depois, cinquentões, onde estarão e o que estarão fazendo Nivaldo e Sylvie?

O que Salvador terá feito a favor e, a façon de Medéia, contra eles?

sábado, 26 de junho de 2010

ARTISTAS DO PELOURINHO - revista Monumento, Salvador, Governo do Estado da Bahia, Fundação do Petrimônio Artístico e Cultural da Bahi

revista Monumento, Salvador, Governo do Estado da Bahia, Fundação do Petrimônio Artístico e Cultural da Bahia,vol.1, n. 10 de dezenbro de 1980, pp. 10.

EM TEMPO:

Este Blog vem publicando apenas pequenos trechos de cada artista do Pelourinho que, em 1980, morava e/ou trabalhava no Pelourinho ou que tinha alguma ligação com este bairro do centro antigo de Salvador - Bahia - Brasil.

A referida edição de Monumento oferece de cada um deles, mais informações biográficas, profissionais, entrevistas, fotos etc. Os leitores interessados nestas e em mais outras informações sobre algum artista, deve procurar o Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (Solar Ferrão - Rua Gregório de Matos - Pelourinho)e consultar a publicação.

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (7) - Benedito Barreto

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (7)- Benedito Barreto


Nome - Benedito Barreto
Endereço em 1980 - Rua Direita de Santo Antonio, antigo 144
Especialidades - Pintura e Escultura


Fonte - revista Monumento, Salvador, Governo do Estado da Bahia, Fundação do Petrimônio Artístico e Cultural da Bahia,vol.1, n. 10 de dezenbro de 1980, pp. 10-19.



OS MOTIVOS SERTANEJOS DE BENEDITO BARRETO


Diplomado há sete anos em Artes Plásticas perla Escola de Belas Artes da Universidade Federal da Bahia, Bendito Barreto é autor de diveras obras expostas não só na Bahia como no Rio de Janeiro, São Paulo, Brasília, Sergipe e até mesmo no exterior. Ele se identifica como um pintor "de motivos sertanejos" produrando retratar a vida no interior, seu dia-a-dia e sobretudo a natureza.

Para esse baiano de Conceição do Almeida, nascido há quase quarenta anos, o contato coma arte vem da infância, tendo aumentado quando, adolescente, começou a trabalhar em estaleiros com o desenhista técnico. Mais tarde viria utilizar a experiência adquirida como projetista de escunas e barcos de passeios em seus quadros.

(JORGE LUIS RAMOS)

Hoje (2010), aos 70 anos, onde estará e o que estará fazendo Benedito BarretO?

O que, nessas três décadas, Salvador terá feito por ele e contra ele?

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) (3)

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) (3)

APÓS O NOBEL, LIVROS FICARAM ESQUEMÁTICOS E PRIMITIVOS
João Pereira Coutinho (*)

(Reproduzido da Folha de S.Paulo, 19/6/2010)

Fernando Pessoa e José Saramago são os maiores escritores portugueses do século 20. Não pretendo ferir sensibilidades brasileiras.

Mas poderia dizer que Pessoa e Saramago são os maiores escritores de língua portuguesa também.

O juízo não é estético ou literário. É fatual e empírico. Pessoalmente, e para ficarmos nos lusos, prefiro Mário Cesariny ou José Cardoso Pires, dois nomes que o Brasil conhece mal.
E, por falar em Brasil, admito que Drummond ou Guimarães Rosa possam rivalizar com qualquer um desses.

Mas Pessoa ou Saramago habitam um universo diferente. Basta entrar em qualquer livraria do mundo e fazer o teste.

Fernando Pessoa paira acima da média porque, depois da morte, os seus heterônimos ganharam vida própria e saíram por aí, deslumbrando. Saramago, porque recebeu o Prêmio Nobel em 1998.

O que não deixa de ser irônico e injusto: se existe um Saramago que interessa como escritor, ele existe antes do Nobel, não depois dele.

Em "Memorial do Convento" ou no espantoso "O Ano da Morte de Ricardo Reis" (a sua homenagem a Fernando pessoa, "et pour cause"...), Saramago oferecia uma reinterpretação estilística dos pregadores lusitanos (como Antônio Vieira), elaborando fábulas de fôlego "humanista" e "universal".

A Academia Sueca sempre gostou desse tipo de exercício e premiou a obra. Saramago agradeceu e, literariamente falando, foi produzindo parábolas atrás de parábolas, cada uma mais esquemática e mais primitiva do que a anterior."A Caverna" ou "Ensaio sobre a Lucidez", para citar apenas dois exemplos recentes, representam o pior do Saramago pós-Nobel: um escritor moralista e verborrágico com certa atração pelo maniqueísmo mais vulgar.

Curiosamente, o único lampejo da criatividade passada deu-se com o simpático e despretensioso "A Viagem do Elefante". De 2008, é uma história (quase) de aventuras em que o escritor relata, com leveza de tom, a viagem do elefante Salomão pela Europa do século 15, uma oferta do rei d. João 3º ao primo Maximiliano da Áustria.


Honraria insultuosa

Agora, na hora da morte, Portugal prepara-se para honrar o escritor, o que me parece justo. Mas é provável que se prepare também para honrar o "democrata", o que me parece insultuoso.

Comunista até ao fim, Saramago assinou algumas das páginas mais intolerantes do período revolucionário português, quando integrou a direção do "Diário de Notícias" no ano quente de 1975.

Um período de violência física (nas ruas) e verbal (nos jornais), com Saramago a vestir a farda do fanatismo bolchevique e a salivar de ódio contra os "reacionários" e os "burgueses" (um oximoro, eu sei).

Contra a vontade de Saramago, Portugal acabaria por optar pela via da democracia representativa e da liberdade sob a lei. Uma escolha que sempre soou a Saramago como uma traição essencial dos valores moscovitas que, no século em que ele nasceu e viveu, produziram centenas de milhões de cadáveres.
Nas culturas latinas, a morte melhora sempre o caráter. Só se espera que não se faça o mesmo com a biografia política do defunto.

(*) Colunista da Folha de S.Paulo, em Lisboa

sexta-feira, 25 de junho de 2010

CACHOEIRA (BAHIA) HOJE JAMAIS SERÁ COMO DANTES FOI

CACHOEIRA (BAHIA) HOJE JAMAIS SERÁ COM DANTES FOI


HOJE - 25 DE MARÇO DE 2010 -, COMO ACONTECE DESDE 2007, CACHOEIRA É A CAPITAL DA BAHIA.

A Deputada Federal Lídice da Mata (PSB-BA) justifica a criação da Lei 10.695/07, de sua autoria, dizendo ter-se inspirado na festa cívica de 21 de abril, Dia de Tiradentes, quando a sede do governo estadula mineiro é transferida para Ouro Preto.

Em 25 de junho de 1822, uma escuna canhoneira portuguesa bombardeou Cachoeira,ao tempo em que portugueses moradores na Bahia e inconformados com o avançõ do curso da Independência do Brasil mataram centenas de brasileiros.

Cachoeira reage e desencadeia um processo de libertação que encontraria seu ponto maior em 2 de julho de 1823.

PROGRAMAÇÃO OFICIAL DESTE 25 DE JUNHO.

6 h - Alvorada com salva de tiros

8h - Hasteamento das bandeiras

8:30h - Cerimônia do Te Deum

10h - Inauguração da requalificação da orla de São Félix (cidade vizinha separada pelo Rio Paraguassu)

11 - Governador Jacques Wagner assiste a partida (Copa do Mundo) Brasil X Portugal no Convento do Carmo (agenda privada)

14h - Sessão Solene na Câmara Municipal

16h - Desfile Cívico.



NOSSOS DESEJOS PARA QUE - TAMBÉM NO CAMPO DE BATALHA DO FUTEBOL - O BRASIL SEJA VITORIOSO EM MAIS ESTE CONFLITO brasil x portugal.

BRASIL 3 X PORTUGAL 1

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (6) - Beto - (Alberto Antar)

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (6) - Beto (Alberto Antar)


Fonte - revista Monumento, Salvador, Governo do Estado da Bahia, Fundação do Petrimônio Artístico e Cultural da Bahia,vol.1, n. 10 de dezenbro de 1980, pp. 10-19.

Nome - Alberto Antar(Beto)
Endereço em 1980 - Rua Alfredo Brito, 41
Especialidade - Comércio de Arte.

GALERIA DO BETO: A ANTIGA FESTA DA BAHIA MORA AQUI


Alberto Antar é o nome de batismo do dono de uma das galerias de arte mais populares do Pelourinho: a Galeria do Beto, instalada na Rua Alfredo Brito. Alberto Elias Antar é o Beto, conhecido personagem de Salvador, amante do primitivismo, que tentou mjisturar arte com cachaça, conjugando a galeria a um bar-e-restaurante.

Parece que a convivência não foi possível. Os boêmios foram preteridos e os primitivos conquistaram mais espaço no colonial Pelourinho. A Galeria do Beto é hoje [1980] um reduto de artistas essencialmente de artistas da temática baiana, primitivistas. Em cada quadro, em cada escultura, podem-se podem-se reencontrar instantes perdidos de todos nós. A antiga alegria, a eterna festa da Bahia mora ali. E Beto, filho de Cachoeira, 42 anos, é o rei desta folia.

(MARIA CLARA CHAGAS)


E hoje, 25 de junho/2010, - DATA MAIOR DA HERÓICA VILLA DO PORTO DE CACHOEIRA, OU SIMPLESMENTE CACHOEIRA - onde andará e o que estará fazendo seu filho Beto, aos 72 anos?

O que Salvador - esta cidade que, a quase 500 anos, vem se aperfeiçoando na autofagia urbana ... expressa nas seculares automutilações de orlas, memórias, montanhas e solos, planaltos e planícies, ares e aguadas... - o que terá feito (em apenas 30 anos) a favor e contra Beto?

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) (2)

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) (2)

UM HOMEM QUE INVENTOU A SI MESMO

José Castello

(Reproduzido de O Globo, 19/6/2010)

O escritor José Saramago experimentou muitas mortes antes de morrer. Poucos autores tiveram sua imagem borrada por tantos equívocos, poucos foram tão retalhados e tratados pelo que não eram.

O destino em pedaços de Saramago me faz recordar uma difícil pergunta deixada pelo escritor mineiro Herbert Daniel, falecido em 1992: "A questão não é saber se há vida depois da morte, mas se há vida antes da morte".

Mas que vida? E qual Saramago? Por ser filiado ao Partido Comunista Português, foi muitas vezes tratado — foi discriminado — como um "autor comunista". Clichê que serviu para explicar (na verdade, para adulterar) muitas de suas atitudes e ideias. Outras vezes, por não fugir do debate contemporâneo, e também por causa de sua escrita sinuosa, com frases em serpente, ele foi estigmatizado — foi morto — como um autor retórico e prolixo.

Pelos mesmos motivos, repetiu-se, à exaustão e sem nenhum critério, que José Saramago era um escritor "barroco" — marca que sua nacionalidade portuguesa, isto é, católica, reforçava. Isso apesar de ele se declarar, sempre, ateu. É verdade: Saramago admitia a influência cristã em sua literatura, ainda que por contraposição. Ascendência que se evidencia em um romance radical, e muitas vezes mal compreendido, como "O evangelho segundo Jesus Cristo", publicado em 1991.

O interesse pela História, matéria-prima de várias de suas narrativas, como "Memorial do convento", de 1982, e "História do cerco de Lisboa", de 1989, justificou, com frequência, a redução de sua imagem à da figura burocrática e sem sal do autor de romances históricos. A esses, em 1997, Saramago deu uma resposta sutil (que poucos, no entanto, compreenderam), quando publicou "Todos os nomes", romance que trata dos devaneios de um escriturário do Registro Civil e de suas consequências imprevisíveis.

Por sustentar com firmeza as próprias ideias, o escritor foi, com frequência, tachado de panfletário, outras de arrogante, outras ainda — vamos usar a palavra nefasta — de chato.

Com a diminuição de Saramago à estampa banal do "escritor político", ou então do "historiador interessado em literatura", dele se subtrai a característica mais importante: a prodigiosa imaginação. Em um colóquio sobre sua obra realizado em Madri, ainda nos anos 90, o argentino Javier Alfaya observou que Saramago é um desses escritores autônomos, "que não descrevem a realidade, mas a inventam".

Sua insistência em divergir das interpretações oficiais serviu, tantas vezes, de argumento para aprisioná-lo no rótulo de "escritor pessimista".

Isso só porque, sempre em busca de transformar a realidade, ele nunca aceitou as fórmulas convencionais; ao contrário, as pulverizou.

Seus romances são exercícios dolorosos, mas persistentes, de desconfiança. Não porque ele abdicasse de mudar o mundo, mas porque sempre insistiu, contra tudo e contra todos, em fazer isso.

Por causa das críticas atrozes a "O evangelho segundo Jesus Cristo", que o relegaram à posição de um traidor da tradição espiritual portuguesa, Saramago preferiu exilar-se na Ilha de Lanzarote, nas Canárias. Como era um escritor que gostava de pensar, e que escrevia bem porque pensava bem, e não porque fosse um mero repetidor de doutrinas, ele foi, algumas vezes, reduzido à figura do ensaísta introvertido — que, por timidez, por engano, por fraqueza, disfarçou-se de romancista.

Mas o suposto escritor racional, "homem de ideias", declarou-se, várias vezes, atordoado pela força dos sonhos, e em particular dos pesadelos, em sua vida. "O que interessa é que há um momento em que o escritor se aceita a si mesmo", disse, registrando sua perplexidade diante do desconhecido.

Nem o prestígio internacional incontestável, nem o Nobel de Literatura em 1998, nem os prêmios e as traduções intermináveis bastaram para livrá-lo das sucessivas mortes que foi obrigado a suportar.

Agora que a morte real chegou (se é que há algo de real na morte), ela nos obriga a juntar, e quem sabe a reparar, os pedaços em que Saramago foi dividido.

José Saramago só se tornou o escritor Saramago às vésperas dos 58 anos de idade. Isso ocorreu quando, em 1980, depois de muitos anos de jornalismo e uns poucos livros sem importância, ele publicou, enfim, o romance "Levantado do chão". É nesta história que, pela primeira vez, se firma sua voz inconfundível.

O escritor que nasceu 58 anos depois de nascer e que morreu várias vezes antes de, finalmente, morrer só podia se tornar um escritor genial.

Dono de seu destino, Saramago, indiferente à longa e paciente espera e à miopia de muitos intérpretes, foi um homem que inventou a si mesmo.

E, por isso, é um escritor que não se parece com qualquer outro.

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(*) Jornalista, colunista de O Globo

quinta-feira, 24 de junho de 2010

MORTE DE JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) - REPERCUSSÃO

Repercussão

Reproduzido da Folha de S.Paulo, 19/6/2010

** Luiz Inácio Lula da Silva, presidente da República: "Intelectual respeitado em todo o mundo, Saramago nunca esqueceu suas origens, tornando-se militante das causas sociais e da liberdade por toda a vida."

** Dario Fo, dramaturgo italiano: "No seu país, era tido como um homem de grandes valores civis, além de ser um grande artista."

** Eduardo Galeano, escritor uruguaio: "Era o mais jovem dos escritores. Seguirá sendo."

** Mia Couto, escritor moçambicano: "O português era uma língua periférica, ele ajudou a vencer essa barreira."

** José Eduardo Agualusa, escritor angolano: "O que mais admirava em Saramago era a sua vitalidade e a sua combatividade de homem que acreditava em causas."

** José Sócrates, primeiro-ministro português: "Saramago era um motivo de orgulho para Portugual. Deixa uma grande obra que dignifica o país."

** José Manuel Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia: "Saramago será sempre lembrado como um dos maiores escritores em língua portuguesa e da literatura mundial."

** Fernando Meirelles, cineasta: "Era um homem lógico, dizia que a morte é simplesmente a diferença entre o estar aqui e já não mais estar. A lucidez naquele grau é um privilégio de poucos, não consigo escapar do clichê, mas o mundo ficou ainda mais burro e ainda mais cego hoje."

** Juca Ferreira, ministro da Cultura: "Sua perda é recebida com tristeza, particularmente pelos que têm apreço pela língua portuguesa."

** Chico Buarque, cantor e compositor: "Perco um grande amigo. Perdemos um ser humano admirável, um escritor imenso, zelador apaixonado da língua portuguesa."

** Marcos Vilaça, presidente da Academia Brasileira de Letras: "A próxima sessão acadêmica na ABL será dedicada à memória do grande escritor português."

** Ferreira Gullar, poeta e colunista da Folha: "Saramago deu uma contribuição à literatura de ficção pela originalidade de seu estilo. Tinha uma maneira muito pessoal de lidar com a língua."

** João Ubaldo Ribeiro, escritor: "Perdemos não somente um grande escritor, mas um intelectual de posições marcantes."

** Milton Hatoum, escritor: "Ele ajudou a criar um grande público de leitores para uma obra consistente, o que não é comum. Também criticava todo tipo de injustiça."

** Moacyr Scliar, escritor: "No contato pessoal, constatei que não era só um grande escritor, mas um grande ser humano, uma pessoa generosa."

** Cristóvão Tezza, escritor: "Ele é o grande herdeiro de uma tradição da rica crônica portuguesa de Fernão Lopes."

** Ronaldo Correia de Brito, escritor: "Por mais que tentem diminuir a importância dele em Portugal, há muito não tínhamos um escritor dessa importância na língua portuguesa."

** Antônio Carlos Secchin, membro da ABL: É tão difícil conseguir encontrar um estilo. Mas Saramago tinha um, que conseguiu manter até o fim da vida."

JOSÉ SARAMAGO (1922-2010) (1)

OBSERVATÓRIO DA IMPRENSA
Quinta-feira, 24 de junho de 2010

ISSN 1519-7670 - Ano 15 - nº 594 - 14/6/2010



JOSÉ SARAMAGO (1922-2010)

O adeus do editor

Por Luiz Schwarcz em 20/6/2010

Reproduzido da Folha de S.Paulo, 19/6/2010; publicado originalmente no blog da editora Companhia das Letras

Acabo de ver o escritor José Saramago morto. Quando a notícia apareceu na internet, liguei pelo Skype para Pilar, que sem que eu pedisse me mostrou José deitado na cama, morto. Tenho falado com Pilar quase todos os dias. Sabia que não havia chance de recuperação, o destino de José já estava traçado, os médicos não acreditavam mais na possibilidade de um novo milagre, como o do ano passado, quando venceu, contra todas as expectativas, os problemas pulmonares que o acometiam.

Posso dizer que José Saramago era um grande amigo meu e da minha família. Quando vinha ao Brasil hospedava-se em minha casa, no quarto que foi da Júlia, minha filha. Detestava hotéis. Viu meus filhos crescerem. Fui conhecer sua casa em Lanzarote logo que se mudou com Pilar, abandonando Portugal.

Assisti emocionado à cerimônia do Nobel em Estocolmo – pouco antes, no hotel, aprovamos, Lili e eu, o vestido de Pilar para o evento. Estava em Frankfurt quando ele recebeu a notícia do prêmio; celebramos juntos.

A obra de Saramago veio para a Companhia das Letras por acaso. No fim da Feira de Frankfurt de 1987, ao me despedir de Ray-Gude Mertin, uma amiga pessoal e agente literária de muitos autores brasileiros, comentei que José era dos meus autores favoritos. Conversa à toa, de fim de feira. Não fazia ideia de que ela representava o escritor português, junto com a editora Caminho, e que estava para mudar Saramago de editora no Brasil.

Atrasei minha partida e voltei, com a bagagem no porta-malas do táxi, para falar com Zeferino Coelho sobre a Companhia das Letras.

Foi tudo muito rápido, "Jangada de Pedra" foi o primeiro livro, lançado em abril de 1988 com a presença do autor no Brasil, junto com Pilar, jornalista que conhecera em 1986 e que mudou tanto a sua vida. A empatia foi imediata, apesar da minha gafe inicial -perguntei-lhe em plena praia de Copacabana se era verdade que, em Portugal, "Psicose", de Hitchcock, fora intitulado "O Filho que Era Mãe", e "Vertigo", "A Mulher que Morreu Duas Vezes".

Em seguida fui a Lisboa. Já éramos bem amigos, ele queria me mostrar o novo livro que escrevia. Em sua casa, na rua dos Ferreiros à Estrela, José leu trechos de "A História do Cerco de Lisboa", e me levou para jantar no seu restaurante favorito, o Farta Brutos. Pilar foi minha guia de Lisboa na ocasião, reservou o hotel num velho convento na rua das Janelas Verdes, e mostrou os locais que aparecem no meu livro favorito de Saramago, "O Ano da Morte de Ricardo Reis".

Comprei com Pilar o primeiro computador de José. Antes disso, ele datilografava três vezes cada livro para entregá-lo completamente limpo a seus editores.

No Brasil, o lançamento de "Jangada de Pedra" foi uma festa interminável. Filas enormes na livraria Timbre e a efusão de beijos e abraços no escritor fizeram-no exclamar, "Luiz, esta gente quer me matar de amor". Daí para frente, esse amor dos brasileiros por José Saramago só cresceu, suas visitas se tornaram mais frequentes, e vários dos últimos livros lhe ocorreram em viagens pelo país, nas quais estávamos juntos.

Lembro-me ao menos de três ocasiões em que isso aconteceu. A mais recente delas foi em sua última estada no Brasil, quando da publicação de "A Viagem do Elefante", livro que José resolveu lançar mundialmente aqui, em novembro de 2008, como presente ao carinho e aos amigos brasileiros.

Ele já estava muito fraco, e a viagem era uma ousadia.

Ao chegar em minha casa, numa das nossas primeiras conversas, me disse que não escreveria mais, estava se sentindo velho e cansado.

Depois do evento de lançamento no Sesc Pinheiros, vencida uma fila enorme de autógrafos – Saramago nunca recusava autografar, nem mesmo doente –, fomos ao Rio, para a continuidade dos eventos. Ao pousarmos na cidade, enquanto eu recolhia as bagagens, José anunciou, para Lili, Pilar e eu, que decidira voltar a um velho projeto e que no voo achara a solução que faltava para "Caim", que virou seu último livro.

Eu poderia contar outras tantas histórias aqui. Poderia até falar das nossas discordâncias, de uma discussão amigável que tivemos, sentados no alto do Bauzinho, em São Bento do Sapucaí, olhando para o horizonte da Serra da Mantiqueira, que nós dois adorávamos. Mas o espaço é curto: um blog, mídia que Saramago curtiu antes que eu.

Em outro momento, quem sabe. Agora só quero me despedir mais uma vez de José. Com as melhores lembranças, o amor, e minha saudade. Maldita palavra, tão portuguesa, que agora ficará associada ao meu amigo. Mas saudade não tem remédio, não é, José?

(*) Editor da Companhia das Letras, que publica livros de José Saramago no Brasil

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (5) - Edvaldo Assis

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (5) - Edvaldo Assis


Fonte - revista Monumento, Salvador, Governo do Estado da Bahia, Fundação do Petrimônio Artístico e Cultural da Bahia,vol.1, n. 10 de dezenbro de 1980, pp. 10-19.

Nome - Edvaldo Assis
Endereço em 1980 - Rua do Sodré, 32
Especialidade - Pintura.

A ARTE DE EDVALDO ASSIS REFLETE A EXPONTANEIDADE DE CRIAR DO POVO


Um menino pobre, nascido em Santo Amaro da Purificação, onde estudou até os 17 anos num internato, começou a pintar por curiosidade e hoje é considerado um dos bons pintores de Salvador. Seu atelier no Sodré, "um lugar onde posso trabalhar com tranquilidade", é sempre procurado por colecionadores e fregueses habituais, interessados em seus quadros. Assim é Edvaldo Assis, 40 anos, casado, 4 filhos, ex-gráfico, ex-desenhista publicitário, "vinte e poucos irmãos" - tantos que ele mesmo perdeu a conta.

(...)

Curioso, os primeiros rabiscos num papel, começaram a ganhar forma e ele se interessou em aprender mais. O fotógrafo Oscar de Carvalho, que trabalhava no "Palácio do Governo", tornou-se seu amigo e lhe conseguiu uma bolsa de estudos para a Escola de Belas Artes, particular àquela época. E, assim, Edvaldo Assis conseguiu concluir um curso de desenho e de distribuidor de jornais passou a desenhista publibitário na TV Itapoan.

(DENISE DOS SANTOS DIAS).


Agora, 2010, por onde andará e o que estará fazendo Edvaldo Assis aos 70 anos de idade?

O que Salvador terá feito por ele e contra ele nestas décadas?

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Curso de Verão – 6 a 10 Setembro de 2010 - FERIADÃO 7 SETEMBRO

Curso de Verão – 6 a 10 Setembro de 2010
AMÉRICA LATINA HOJE

Ficha de Inscrição


Data: ....../......../.......

Nome: ......................................................................................................................................................

Nacionalidade: ………………………………………………………………………………………………………....

Grau académico: .....................................................................................................................................

Profissão: ..............................................................................................................................................

Instituição: ................................................................................................................................................

Telemóvel: ................................................................. Telefone: .................................................................

Morada: …………………………………………………………………………………………………………………

País: …………………………………………………………………………………………………………………….

E-mail: …………………………………………………………………...................................................................

Candidatura a bolsa (*): Sim • Não •

Modo de Pagamento:

• Cheque
• Transferência Bancária

As inscrições só serão consideradas válidas após boa cobrança do pagamento (ver Programa para detalhes de pagamento).

Dados para emissão de recibo:

Nome: ………………………………………………………………………….… NIF: ………………………………

Morada: …………………………………………………………………………………………………………………


Enviar ficha e comprovativo de pagamento por e-mail para gcp.cies@iscte.pt ou por fax para 00351 217 940 074 ou por correio para:

Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (CIES-IUL)
Curso de Verão – América Latina Hoje
Edifício ISCTE, Av. das Forças Armadas
1649-026 Lisboa


(*) Para a candidatura a uma bolsa no valor da inscrição, deverá anexar a esta ficha uma carta de motivação com essa intenção e as razões por que pretende frequentar o curso.

FERIADÃO 7 DE SETEMBRO ONDE PASSAR E ESTICAR

FERIADÃO 7 DE SETEMBRO ONDE PASSAR E ESTICAR

EM LISBOA - PORTUGAL, PÁ !....

AMÉRICA LATINA HOJE – CURSO DE VERÃO


3ª EDIÇÃO

Datas: 6 a 10 de Setembro de 2010

Local: Lisboa, ISCTE-IUL

Organização: Casa da América Latina, Centro de Investigação e Estudos de Sociologia - Instituto Universitário de Lisboa (CIES-IUL) e Instituto de Iberoamérica da Universidade de Salamanca

Apoios:

Coordenação Científica
Beatriz Padilla (ELARP, CIES-IUL)
Maria Xavier (Casa da América Latina)
Miguel Carrera Troyano (Instituto de Iberoamérica da Universidade de Salamanca)

Conceito

Curso de formação intensiva que proporciona instrumentos de análise e compreensão da actualidade latino-americana. Com módulos teóricos e aplicados, destina-se a investigadores, estudantes universitários de todos os níveis, professores, jornalistas, diplomatas, consultores e todos aqueles que pretendem adquirir uma visão abrangente e actualizada sobre a América Latina. Será atribuído certificado de participação.

Inscrições

As inscrições deverão ser feitas até 1 de Setembro em www.cies.iscte.pt

O valor é de 75€ (setenta e cinco euros) e inclui a frequência do curso, as actividades associadas, o material de apoio e o certificado de participação. O pagamento poderá ser efectuado através de cheque à ordem de CIES - Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (enviado para CIES-IUL, Ed. ISCTE, Av. das Forças Armadas, 1649-026 Lisboa) ou de transferência bancária para o NIB nº 0035.036800000191431.82 com a referência “América Latina Hoje”, devendo o comprovativo ser enviado por correio para a morada acima indicada ou para o fax nº 217 940 074 ou e-mail gcp.cies@iscte.pt

Para transferências internacionais: Titular CIES IBAN PT50003503680000019143182 Swift Code CGDIPTPL

Bolsas

Serão atribuídas seis bolsas no valor da inscrição. Os interessados poderão candidatar-se até 23 de Julho através de formulário disponível em www.cies.iscte.pt

Mais Informações

CIES-IUL - Gabinete de Comunicação e Planeamento
Neide Jorge [coordenadora] Sala 2N21 [Ed. Central]
Tel.: +351 21 790 39 56
E-Mail: gcp.cies@iscte.pt 2


PROGRAMA

DIA 6 DE SETEMBRO
14h00-15h00 Recepção dos alunos
15h00-16h30 Dinâmicas Históricas, por Guillermo Mira Delli-Zotti [Universidade de Salamanca]
16h45-17h45 “Democracia e Memória Histórica. A propósito da América Latina”, por Guillermo Mira Delli-Zotti [Universidade de Salamanca]
18h00-19h00 Abertura Institucional + Conferência de Abertura “Regimes e políticas de reconhecimento de minorias na América Latina”, por Sérgio Costa [Instituto de Estudos Latino-Americanos da Freie Unviersität Berlin]
19h15 Cocktail de Inauguração do curso + Exposição de Enrique Williams


DIA 7 DE SETEMBRO
10h00-11h30 Dinâmicas Políticas, por Andrés Malamud [ICS-UL]
11h45-13h00 “Pobreza e desigualdade na América Latina”, por Miguel Carrera Troyano [Universidade de Salamanca]
13h00-14h30 Almoço
14h30-15h45 “Nación, colonialismo y raza”, por Madalena López [Universidade de Pittsburgh]
16h00-18h30 Filme + Debate: «’Padres de la Plaza' - 10 Recorridos Posibles'», de Joaquin Daglio (Argentina, 2009), 103'

DIA 8 DE SETEMBRO 10h00-11h30 Dinâmicas Económicas, por Mário Olivares [ISEG-UTL]
11h45-13h00 “Los presidentes re-electos”, por Marcelo Camerlo [ICS-UL]
13h00-14h30 Almoço
14h30-15h45 “Mobilidade e inclusão social: desafios 2020”, por Rosário Macário [Instituto Superior Técnico-UTL]
16h00-18h30 “Experiências de campo na América Latina: painel e debate”

DIA 9 DE SETEMBRO
10h00-11h30 Dinâmicas Sociais, por Beatriz Padilla [CIES-IUL]
11h45-13h00 “Culturas populares, expressões musicais e movimentos sociais”, por Luciana Mendonça [CES-UC]
13h00-14h30 Almoço
14h30-15h45 “O Bicentenário na América Latina”, por Ana Maria Toscano [UFP]
16h00-18h30 Filme + Debate: «Edifício Master», de Eduardo Coutinho (Brasil, 2002), 110’

DIA 10 DE SETEMBRO
10h00-11h30 Dinâmicas Culturais, por Sofia Sampaio [CRIA-ISCTE]
11h45-13h00 “A teoria das duas histórias, de Ricardo Piglia: um passeio livre por narrativas brevíssimas, fábulas e contos latino-americanos”, por Juva Batella [PUC-Rio]
13h00-14h30 Almoço
14h30-15h45 “Movimentos indígenas na América Latina”, por Salvador Marti i Puig [Universidade de Salamanca]
16h00-18h30 Teatro + Debate: “A Serenata do Mariachi”, pela Companhia La Catrina
20h30 Jantar de Encerramento 3

CONFERENCISTA CONVIDADO Sérgio Costa
Doutorado e livre docência em Sociologia pela Universidade Livre de Berlim, graduado em Ciências Económicas e mestre em Sociologia pela Universidade Federal de Minas Gerais. É professor titular de Sociologia e director do Instituto de Estudos Latino-Americanos da Freie Unviersität Berlin, Alemanha, bem como pesquisador associado do CEBRAP (Centro Brasileiro de Análise e Planeamento, São Paulo). Os temas de especialização são democracia e diferenças culturais, racismo e anti-racismo, movimentos sociais e politica transnacional. Co-dirige o projecto “desiguALdades.net”, rede de investigação e formação sobre desigualdades em América Latina financiada pelo Ministério de Educação e Investigação de Alemanha.

PROFESSORES CONVIDADOS
Ana Maria Toscano
Doutora pela Universidade de Salamanca. Professora na Universidade Fernando Pessoa, onde dirige o Centro de Estudos Latino-Americanos (CELA). Editora da revista Nuestra América e dos Cadernos de Estudos Sociais para a América Latina.

Andrés Malamud
Doutorado em Ciências Políticas e Sociais no Instituto Universitário Europeu de Florença. Licenciado em Ciência Política pela Universidade de Buenos Aires. Investigador auxiliar no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa [ICS-UL]. Áreas de trabalho: instituições políticas comparadas, integração regional, partidos políticos, teorias da democracia e política Europeia e Latino-Americana.

Beatriz Padilla
Doutorada e Mestre em Sociologia pela Universidade de Illinois em Urbana-Champaign, e Mestre em Políticas Públicas pela Universidade do Texas em Austin. Licenciada em Administração Pública e Ciências Políticas pela Universidade Nacional de Cuyo, na Argentina. Investigadora do CIES-IUL, onde coordena o Europe and Latin America Research Program (ELARP). Áreas de trabalho: migrações, movimentos sociais, desigualdades de género, classe, raça e etnicidade.

Guillermo Mira Delli-Zotti
Doutor em História de América pela Universidade Complutense de Madrid e Professor de História de América no Departamento de Historia Medieval, Moderna e Contemporânea da Universidade de Salamanca. É membro do Instituto Inter-universitário de Ibero-américa e Portugal, onde lecciona sobre História de América Latina. Actualmente especializa-se em História recente do Cone Sul sobre violência política, ditaduras, exílio e transições democráticas na Argentina, Uruguai e Chile.

Juva Batella
Doutorado e Mestre em Letras - Literatura Brasileira pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio). Licenciado em Jornalismo também na PUC-Rio. 4
Luciana Mendonça
É doutorada em Ciências Sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e mestre em Antropologia Social pela Universidade de São Paulo (USP). Investigadora de Pós-doutoramento no Centro de Estudos Sociais de Coimbra, especialista em dinâmicas culturais urbanas.

Magdalena López
Doutora em Literatura Latino-americana pela Univiersidade de Pittsburgh, mestre em Estudos Latino-americanos pela Universidade de Notre-Dame e Licenciada em Literatura pela Universidade Central de Venezuela.

Marcelo Camerlo
Doutorado em Ciência Política pelo Instituto Italiano di Scienze Umane (SUM), Itália. Especialização em Políticas Sociais e licenciado em Comunicação Social pela Universidade de Buenos Aires (UBA). Investigador de Pós-doutoramento no ICS-UL.

Mário Olivares
Doutorado em Economia pelo Instituto Superior de Economia e Gestão da Universidade Técnica de Lisboa [ISEG], Mestre em Economia pela mesma Universidade e Licenciado em Economia na Universidade de Leipzig, Alemanha. Professor no ISEG, lecciona cadeiras sobre América Latina nos Mestrados de Desenvolvimento e Cooperação Internacional e de Estudos Europeus.

Miguel Carrera Troyano
Doutorado em Ciências Económicas pela Universidade de Salamanca. Director do Instituto Interuniversitário de Ibero-américa e Portugal da Universidade de Salamanca. Professor titular de Economia Aplicada na Universidade de Salamanca e no Mestrado de Estudos Latino-americanos, onde lecciona Economia de América Latina e Pobreza e Desigualdade em América Latina.

Rosário Macário
Professora no Instituto Superior Técnico e Membro do Grupo de Reflexão Estratégica UITP – International Association of Public Transport.

Salvador Martí i Puig
Professor titular de Ciências Políticas da Universidade de Salamanca, membro do CIDOB-IBEI de Barcelona. Doutor em Ciência Política e Administração pela Universitat Autònoma de Barcelona e Mestre em História de América Latina. A sua área de interesse é a política latino-americana, concretamente os processos de democratização e desenvolvimento, e os temas vinculados à acção colectiva e à identidade.

Sofia Sampaio
Doutora em Estudos de Cultura pela Universidade de Lisboa, tendo realizado a sua investigação no Goldsmiths College, Universidade de Londres. Investigadora de pós-doutoramento no CRIA-ISCTE. A sua investigação articula perspectivas dos estudos culturais, da sociologia da cultura e da antropologia cultural, e foca-se na relação entre cultura, política e globalização através do cinema Latino-americano. 5


FILMES

Edifício Master (Eduardo Coutinho, Brasil, 2002)
Sinopse: Durante sete dias, uma equipa de cinema filmou o quotidiano dos moradores do Edifício Master, situado em Copacabana, a um quarteirão da praia. O prédio tem 12 andares e 23 apartamentos por andar. Ao todo são 276 apartamentos conjugados, onde moram cerca de 500 pessoas. Eduardo Coutinho e a sua equipa entrevistaram 37 moradores e conseguiram extrair histórias íntimas e reveladoras das suas vidas.
Direcção: Eduardo Coutinho | Duração: 111 min

Padres de la Plaza: 10 recorridos posibles (Joaquin Daglio, Argentina, 2009)
Sinopse: “Padres de la Plaza - 10 recorridos posibles” es un documental que reflexiona sobre la figura de los hombres cuyos hijos fueron secuestrados y desaparecidos durante la última dictadura militar en la Argentina. Hombres que desde el primer momento compartieron con sus mujeres, Madres de Plaza de Mayo, la búsqueda de sus hijos, pero sin llegar a organizarse en una agrupación que les brindara un espacio de reconocimiento visible para el resto de la sociedad. La película entrelaza las historias de diez de estos padres. Cada uno de ellos cuenta sus vivencias de los últimos treinta años, desde la desaparición de sus hijos hasta el presente. Recorriendo lugares significativos de sus vidas y de las de sus hijos, profundizan acerca de la paternidad, los recuerdos que atesoran, los efectos de la desaparición, las esperanzas y desilusiones a las que tuvieron que enfrentarse. Padres que hoy continúan luchando por la memoria, la verdad y la justicia.
Direcção: Joaquín Daglio |Duração: 103 min

TEATRO

“A Serenata do Mariachi”, pela Companhia La Catrina
A Serenata do Mariachi é um projecto artístico de carácter performativo que abrange teatro, música, dança e vídeo. Com encenação de Élmer Veckio Mendoza e direcção artística de Jacqueline Mercado, participam ainda Karina Mota, Raquel Pereira, Rui Meira e Kanthavel Pasupathipillai.

EXPOSIÇÃO

Enrique Williams (Buenos Aires, 6 de Maio de 1964) frequentou o curso de Arquitectura pela Universidade de Buenos Aires. Possui formação em Restauro (pela Asociación Argentina de Museologia), em escultura (com Alfredo Williams, no Instituto Nacional de Arte) e em desenho e pintura (com Maria José Digiacomo, na Escuela Previliano Puyrredon). Em 2005, recebeu uma Menção em Pintura no XXII no Salão Anual de Artistas Plásticos de San Isidro (Província de Buenos Aires). Em 2009, teve a sua obra seleccionada para a Bienal Europeia do Montijo. Além da Casa da América Latina (em 2007), as suas mais recentes exposições realizaram-se na Biblioteca da Faculdade de Ciência e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e na Fábrica do Braço de Prata, em Lisboa, cidade onde vive desde 2006.

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (4) - Francisco dos Santos

ARTISTAS DO PELOURINHO (1980) (4)

Fonte - revista Monumento, Salvador, Governo do Estado da Bahia, Fundação do Petrimônio Artístico e Cultural da Bahia,vol.1, n. 10 de dezenbro de 1980, pp. 10-19.

Nome - Francisco dos Santos
Endereço em 1980 - Rua Silva Lima, 25 - Alto das Pitangueiras - Fazenda Grande do Retiro
Especialidade - Pintura

DE TODOS OS POROS SAI BAHIA. FRANCISCO DOS SANTOS É ASSIM

Dentre tantos jovens artistas plásticos que lutam com dificuldades para ver reconhecido o valor do seu trabalho, surge no cenário artístico do Pelourinho Francisco dos Santos, baiano da região de Santo Amaro da Purificação que veio para a capital ainda pequeno, indo morar com a família no Maciel, um dos bairros mais pobres de Salvador.

(...)

Francisco dos Santos tem um "curriculum" bastante extenso e variado. Ele participou de exposições coletivas nas Galerias Cavalete e Panorama, noi Museu deArte Moderna e de uma exposição especial no Palácio de Ondina. Sua primeira exposição individual , "Os Deuses do Pantheon Africano", conteceu este ano [1980], no Instituto Mauá, Inicialmente foi prevista para 15 dias, mas, a pedidos, foi prolongada por mais quinze. A maioria de seus quadros foi vendida, em particular os desenhos a lapiseira.

A versatilidade do artista é comprovada pela variedade das áreas em que atua, como sua participação na Exposição de História em Qaudrinhos, no Colégio Polivalente San Diego e no Severino Vieira, entre outros. Em 1978 decorou o Clube Baiano de Tenis - 1º lugar no concurso de decoração de clubes carnavalescos - tendo repetido o feito no ano seguinte. Alguns de seus trabalhos estão expostos no Consulado dde Portugal em Dusseldorf, Alemanha.


(IVONEIDA HAAS)


Agora, 2010 - trinta anos depois - onde andará e o que estará fazendo Francisco dos Santos ... na ´peoca um símbolo vivio daascensão social através da arte?

O que Salvador terá feito por ele e contra ele, nessas três décadas?

ARTE CONTEMPORÂNEA E EDUCAÇÃO - PALESTRA

ARTE CONTEMPORÂNEA E EDUCAÇÃO - PALESTRA

CICLO DE PALESTRAS DO PPGAV - EBA - UFBA.

APRESENTA A PALESTRA

"A ARTE CONTEMPORÂNEA NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DE PERNAMBUCO"


PALESTRANTE - PROF. DR. SEBASTIÃO GOMES PEDROSA

ORGANIZAÇÃO PPGAV - EBA - UFBA.

DIA 8 DE JULHO DE 2010 - QUINTA FEIRA - 15 HORAS

LOCAL - SALÃO NOBRE DA ESCOLA DE BELAS ARTES (EBA)/UFBA.

terça-feira, 22 de junho de 2010

ARTISTAS DO PELOURINHO - (1980) (3) - Afonso Lafitta

ARTISTAS DO PELOURINHO - (1980) (3) - Afonso Lafitta


Fonte - revista Monumento, Salvador, Governo do Estado da Bahia, Fundação do Petrimônio Artístico e Cultural da Bahia,vol.1, n. 10 de dezenbro de 1980, pp. 10-19.


Nome - Afonso Lafitta
Endereço em 1980 - Rua Direita de Santo Antonio Além do Carmo - Santo Antonio - Pelourinho
Especialidade - Pintura e aula de arte.


AFONSO LAFITTA ENCONTRA NA BAHIA A LIBERDADE E A RAZÃO DE CRIAR

Filho de norte-americana com espanhol, nascido nos Estados Unidos, de linguagem refinada, Afonso Lafitta, 70 anos, está no Brasil há 25 anos. Naturalizado argentino, chegou há dez anos na Bahia para encontrar-se, conforme diz, consigo próprio e com o que define como liberdade; o candomblé, a beleza natural, as igrejas, o casario e, naturalmente, a pintura, para ele sua razão de ser.

Este pode ser um perfil muito pobre para um artista e pintor de formação clássica. Aos 15 anos ele ingressou na Escola de Belas Artes da Argentina, em Buenos Aires, formando-se em pintura e desenho aos 21 anos. Ganhou nesse período vários prêmios importantes como o primeiro lugar do Salão de Pintura e Pergaminno, na Argentina, onde chegou em 1921.

Afonso Lafitta descende de uma família de grandes pintores e escultores, conforme destaca. "Nasci pintando e assim morrerei, porque a pintura é o próprio conceito de liberdade. É a vida para mim, como foi antes para quase toda a minhafamília, que teve a arte como sentido de existência", afirma o pintor.

Ao lado de cinco gatos, sua família atual - "tenho lá cara de casado?", pergunta, assombrado quando questionado sobre família - Lafitta, entre um carinho e outro nos seus animais, vai explicando que só existe uma técnica de pintura para ele: a acadêmica ou clássica, "como queiram chamar"

(RENATO FONTES)


Agora, 2010, trinta anos depois .. Lafitta ainda estará vivo (hoje com cem anos de idade)? O que Salvador terá feito por ele e contra ele?

segunda-feira, 21 de junho de 2010

A festa em homenagem a São João Batista - fogueira de 20 m

A festa em homenagem a São João Batista acendeu uma fogueira de 20 metros de altura, em Cascavel (PR), na noite deste sábado (19).

Fogueira foi montada em frente da paróquia de São João Batista (Foto: Reprodução/TV Paranaense)

O evento da paróquia que leva o nome do santo já é tradicional na cidade, onde acontece há 32 anos. Além da fogueira, um show de pirotecnia. “O show pirotécnico e a queima da fogueira foram o ponto alto da festa", garantiu Evilnei Moro, presidente da festa.

Para receber as cerca de 25 mil pessoas, foram geladas dez mil latinhas de bebidas e assada uma tonelada de carne.

ARTISTAS DO PELOURINHO - (1980) (2) - Filinto do Carmo

ARTISTAS DO PELOURINHO - (1980) - (2) FILINTO DO CARMO

Fonte - revista Monumento, Salvador, Governo do Estado da Bahia, Fundação do Petrimônio Artístico e Cultural da Bahia,vol.1, n. 10 de dezenbro de 1980, pp. 10-19.


Nome - Filinto do Carmo
Endereço em 1980 - Largo do Pelourinho, 7 - térreo
Especialidade - Entalhe.

PARA QUEM ESTÁ COMEÇANDO, ATENTE, FILINTO ACONSELHA NUNCA DESANIMAR

Em 1967,visitando ateliers de amigos, nasceu em Filinto a vontade de dar forma e volume à madeira. Com o passar dos anos, ele tornou-se um artista conhecido no Pelourinho, sobrevivendo da sua arte Filinto, como assina seus trabalhos, nasceu em Salvador, há 29 anos, no bairro de Itapagipe, onde passou a maior parte da sua vida. Autodidata, começou com a pintura, depois passou para o entalhe. Como entalhador, trabalha desde 1972 no atelier número 7 do Pelourinho, vendendo, além de suas obras, trabalhos de artistas novos, para ajudara quem está começando.

(MAYRA HELLEN)

Agora, trinta anos depois, onde estará e o que estará fazendo Filinto do Carmo? O que Salvador terá feito por Filinto e contra Filinto?

CIDADE DE 3,5 MIL ANOS É LOCALIZADA NO EGITO

Cidade de 3,5 mil anos é localizada no Egito

(Fonte: Yahoo Notíciias - Dom, 20 Jun, 12h51)

Cairo, 20 jun (EFE).- Uma missão de arqueólogos austríacos localizou uma cidade soterrada há mais de 3,5 mil anos, na província egípcia de Sharqiya, no delta do Nilo, anunciou neste domingo o Conselho Supremo de Antiguidades (CSA).

Pelo comunicado do CSA, a cidade, descoberta a partir de prospecções geofísicas feitas por meio de radares, fazia parte de Avaris, capital egípcia entre os anos 1664 e 1569 a.C.

Nas imagens captadas pelas equipes de pesquisa é possível identificar ruas, casas, templos e túmulos, assim como o planejamento urbanístico desta antiga localidade.

O secretário-geral do CSA, Zahi Hawass, sustentou que as avaliações geofísicas configuram o melhor método para delimitar Avaris, cujos vestígios estão soterrados, para se ter uma ideia da dimensão desta cidade antes de iniciar as escavações.

Os arqueólogos localizaram ainda um porto, vários poços, duas ilhas e um braço do rio Nilo que passava por esta cidade

domingo, 20 de junho de 2010

CRÔNICA DOMINICAL - DE 20 DE JUNHO DE 2010 - 2ª PARTE

CRÔNICA DOMINICAL - DE 20 DE JUNHO DE 2010 - 2ª PARTE

BRASIL 3 X COSTA DO MARFIM 1

Quando escreví a primeira parte da crônica especial deste domimgo triplamente especial (domingo + copa do mundo + véspera de S. João) o jogo ainda não havia começado e o Brasil estava triplamente em festa.

Agora, vitória da seleção brasileira, as cores verde e amarelo, nas cidades e nas estradas, estão abrilhantadas pelo espoucar de foguetes. Foguetes que não só comemoram a vitória da seleção brasileira, mas também a proximidade do São João e a existênciado domingo.

Bom domingo

ARTISTAS DO PELOURINHO - (1980) (1) - Chico Vieira

ARTISTAS DO PELOURINHO - (1980) - (1) hico Vieira


Fonte - revista Monumento, Salvador, Governo do Estado da Bahia, Fundação do Petrimônio Artístico e Cultural da Bahia,vol.1, n. 10 de dezenbro de 1980, pp. 10-19.


Nome - Chico Vieira
Endereço em 1980 - Largo do Pelourinho, 12 - 1º andar.
Especialidade - Pintura.

SURREALISTA, EX-MARINHEIRO, TROPICALISTA ... ELE É CHICO VIEIRA, O PINTOR MUITO LOUCO

A tarde estava quente e nós descíamos a Ladeira domPelourinho em busca de um certo Chico Vieira, um dos muitos artistas que abitam aquele conjunto arquitetônico. Anteriormente, alguém informou que Chico Vieira gostava muito conversar e proisso seria a pessoa indicada para a entrevista sobre "O artista do Pelourinho". De fato, Chico adora conversar. Se amarra em alimentar um papo.

Tropicalista, surrealista, Chico Vieira petence a uma geração que buscou as estradas, a experiência por caminhos novos como única forma de uma existência sem monotomia. Assim que ficou sabendo que éramos jornalistas e que estávamos ali para entrevistá-lo, foi logo falando: "Bicho, vá escrevendo aí que sou um cara muito louco. Já morei nas catacumbas, sou filho de Gandhi, candomblezeiro, ex-marinheiro, amigo de Gilberto Gil, gosto de curtir muitas e acho que o AI 5 foi um grande assassino, pois semeou a paranóia e o rancor nas mentes brasileiras.

Relembrando viagens, analisando a situação internacional, criticando a conjuntura política nacional e as perspectivas para um artista sobreviver hoje em dia, falando sobre tudo enfim, ele demonstrou muita capacidade, inteligência, e a determinante sensibilidade de um artista.

(JOSÉ AMÉRICO DA MATA CASTRO)

Agora em 2010, trinta anos depois, o que estará fazendo e por onde andará Chico Vieira?

O que Salvador terá feito com ele e contra ele?

MUNDO VASTO MUNDO DE 20 DE JUNHO DE 2010

MUNDO VASTO MUNDO DE 20 DE JUNHO DE 2010


O nosso MUndo vasto Mundo desde sempreestá dividido em duas semicircunferências: e hoje, 20 de junho, o mundo deste domingo está dividido em duas partes: uma delas é só alegria e esperança por causa da Copa do Mundo de Futebol.

A outra banda, é luto e lamento pela morte de José Saramago - esse apóstolo das liberdades que levou, a todos os rincões do planeta Terra, o idioma português.


Até sempre, Saramago.

Vicente

CRÔNICA DOMINICAL (E ESPECIAL) DE 20 DE JUNHO DE 2010

CRÔNICA DOMINICAL (E ESPECIAL) DE 20 DE JUNHO DE 2010 - primeira parte

PARA UM DOMINGO ESPECIAL, UMA CRÔNICA (DOMINICAL)IGUALMENTE ESPECIAL

Hoje é 20 de junho, um domingo triplo: é domingo, é véspera de São João e é o segundo jogo do Brasil na Copa do Mundo/2010.

Dificilmente, teremos um domingo tão especial como hoje. Daí esta crônica estar dividida em duas partes, em dois momentos: estou escrevendo, agora, antes do jogo Brasil X Costa do Marfim. Na segunda parte, farei a crônica pós jogo.

Nestes momentos que antecedem o evento, qureo falar das cidades e das estradas, melhor dizendo, de bairros e povoados que 'abraçam', são 'atravessados' ou 'desembocam' em estradas. Tive uma satisfação especial em, tendo estado a trafegar pelas estradas desde ontem, sorver - e absorver - o espetáculo verde-e-amarelo deas bandeirolas, bandeiras e camisas que estão vestindo as estradas.

Se o domingo pinta de alegria especial as estradas ... passeios, cavalgadas, bebedores bebendo de bem com a vida (como diria o poeta Vinicius de Moraes), crianças brincando, idosos sentados à porta olhando o movimento, mulheres conversando ou estendendo roupas nos varais, música nos bares ... não é dificil imaginar o cenário fesivo especial deste domingo tão especial: 20 de nju8nho de 2010.

Depois de Brasil X Costa do Marfim, escreverei a segunda parte desta crônica. Espero estar contando coisas e fatos da alegria com a vitória da seleção brasileira.