domingo, 27 de junho de 2010

"NADA É IMPORTANTE." - MUNDO VASTO MUNDO DE 27 DE JUNHO DE 2010

MUNDO VASTO MUNDO DE 27 DE JUNHO DE 2010

"NADA É IMPORTANTE."


Na África do Sul, Copa do Mundo, frio e chuva ... chuva não nas proporções diluvianas (e sem esperança de arcas de noéis ou tábuas de salvação) que massacra, mata, submerge e atira ao relento dezenas de pessoas de cidades pernambucanas e alagoanas – como nós – brasileiros. E atira ao desespero pessoas que moram e trabalham distantes dali e que choram por notícias dos parentes que podem ter perdido, para as águas, tudo ... inclusive a vida.


No Brasil do Nordeste (e, agora, também do Sul) moradores de cidades como Muricy (Alagoas) ou Barreiros (Pernambuco) uns fizeram o maior sacrifício para, mesmo entre escombros, acompanhar a seleção de futebol do Brasil (Brasil deles e nosso); outros lamentaram a falta de energia elétrica para, mesmo quando tudo era perda e abandono, torcerem pela seleção brasileira.

Uma coisa é a tristeza da enchente; outra é a alegria da Copa do Mundo. E não me venham com críticas em nome da coerência.

Assistí, emocionado, numa reportagem de TV, uma jovem mulher chorando depois de ter resgatado dos escombros uma foto em que aparecia com os familiares (filhos, marido, tendo como cenário móveis, toalhas de mesa, jarros, paredes limpas ... Ela chorava fixada na fotografia e chegou a dizer para o repórter que estava olhando (na foto) uma vida que já tivera e que não tinha esperança de tê-la novamente.

Incoerências talvez possíveis à parte, há lugar para o vôo da fênix na direção da alegria e da esperança depositadas na vitória da seleção de Dunga. Que importa a derrota pessoal e coletiva para a seleção da inclemência das águas?

Num dos filmes da trilogia que Kielowski fez, inspirado nsas cores da bandeira da França e a pedido deste mesmo país, a personagem vivida por Juliette Binoche disse uma frase que insiste em permanecer na minha memória. A frase, a resposta, que a personagem diz aos argumentos cheios de coerência, ponderação e defesa da importância das coisas ... exibidos pelo outro do diálogo é: "NADA É IMPORTANTE."

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