EPÍSTOLAS DA TERCEIRA IDADE AOS FEIRENSES (2)
Esses moços, pobre moços
Ah se soubessem o que eu sei
Não amavam não passavam
Aquilo que eu já passei
Por meus olhos, por meus sonhos
Por meu sangue, tudo enfim
É que eu peço a esses moços
Que acreditem em mim
Se eles julgam
Que há um lindo futuro
Só o amor
Nesta vida conduz
Saibam que deixam o céu
Por ser escuro
E vão ao inferno
À procura de luz
Eu também tive
Nos meus belos dias
Essa mania que muito me custou
Pois só as mágoas que eu trago hoje em dia
E essas rugas
O amor me deixou
Esses moços , pobres moços
Ah se soubessem o que eu sei
(Lupicínio Rodrigues - “Esses Moços”)
Vicente Deocleciano Moreira
vicentedeocleciano@yahoo.com.br
vicentedeocleciano@gmail.com
Blog http://www.viverascidades.blogspot.com
Em dezembro de 1994, coordenei uma Oficina da Universidade Aberta à Terceira Idade (UATI) da Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS). O produto desta Oficina – “Epistolas da Terceira Idade aos Feirenses” – resultou da contribuição textual sob forma de cartas sobre o passado da cidade de Feira de Santana (Bahia – Brasil) e dirigidas aos moradores dessa cidade, a maior do interior do estado da Bahia.
Pedi que o assunto das cartas fosse o passado de Feira de Santana que ele(a)s testemunharam e viveram: suas lembranças, memórias, recordações desta cidade.
Dezesseis anos depois – quando os participantes estão com dezesseis anos de idade a mais – eis que aqui estamos começando a postar muitas dessas epístolas, utilizando pseudônimos para preservar o anonimato de seus autores 16 anos depois. E, quando a idade em 1994 foi revelada, mencionamos a atual idade: quantos anos o missivista completou ou estará completando este ano, 2010.
Vicente Deocleciano Moreira
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“PARQUES E JARDINS DE FEIRA DE SANTANA
Quero iniciar a minha epístola falando da Praça João Pedreira. Local onde nasci, precisamente onde hoje está instalada a Farmácia Meirelles. Esta praça me traz grandes recordações, onde vivi a minha infância e o início da minha adolescência e assim pude acompanhar o seu desenvolvimento.
Aquela praça possuía poucas casas comerciais, quero citar as principais: a Casa Singer, cujo proprietário era o Sr. Manoel Marques, pai do Sr. Carlos Marques proprietário da Galeria Carmac; a Farmácia Agrário do Sr. João Barbosa de Carvalho, grande feirense, homem humanitário que ocupou a Prefeitura de Feira. Esta farmácia ficava localizada onde é hoje o Banco Bamerindus. Na outra esquina em frente a Prefeitura ficava o Hotel Avenida, um dos poucos que Feira de Santana possuía. Também, o Mercado Municipal era onde hoje funciona o Mercado de Arte. Lá era vendido: carnes, cereais, etc.
Onde hoje funciona a Farmácia Globo, era um consultório médico um dos poucos que havia na cidade, cujo médico era o saudoso Dr. Gastão Guimarães, profission al competente e mestre de grande valor.
Depois da Praça João Pedreira ficava a Praça da Bandeira, onde funcionava algumas casas comerciais, destacando-se a Casa da Louça onde hoje está localizada a Casa das Lâmpadas.
Na praça João Pedreira funcionava também a feira livre todas as segundas feiras.
Quero citar também outras praças que fazem parte da memória de Feira: A praça Bernardino Bahia, a praça Fróes da Motta e a praça da Matriz.
As duas primeiras, em homenagem aos seus grandes filhos Bernardino Bahia a Agostinho Fróes da Motta. Todas estas praças possuíam coreto, onde as filarmônicas da cidade, faziam as suas retretas. E asa famílias da nossa cidade ali se reuniam para o seu lazer e entretenimento.
A praça onde havia maior número de retretas ou tocatas com o era chamado, era praça da Matriz.
As filarmónicas ali compareciam de uma maneira empolgante, tendo à frente os seus maestros. Quero lembrar o nome do maestro Estevam Moura que regia a Filarmônica “25 de Março”. Músico competente, maestro de grande valor e também um compositor excelente.
O professor e compositor Santos era o regente da Filarmônica Vitória.
Finalizando, quero citar como eram bonitas e bem tratadas estas praças, especialmente a Bernardino Bahia, toda ela cheia de bancos e árvores podadas em forma de diversos bichos, onde a criançada e suas babas se reuniam todas as tardes para o seu lazer. Era o verdadeiro encontro de alegria.
Que pena que elas hoje estarem tão descaracterizadas!”
Maria Luiza Gomes, 93 anos.
(Maria Luiza Gomes é, aqui, pseudônimo)
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