sábado, 30 de junho de 2012

HOJE, UMA FEIRA DIFERENTE


HOJE, 30 DE JUNHO UMA FEIRA DIFERENTE.

TODOS OS SÁBADOS, ESTE BLOGUE TEM POR HÁBITO
DIVULGAR ALGUMA POSTAGEM SOBRE FEIRAS E
MERCADOS POPULARES

HOJE, UMA FEIRA DIFERENTE:

COMEÇA O FESTIVAL DE INVERNO DE CAMPOS DO JORDÃO
(SÃO PAULO, CLARO!)

NADA MAIS AVILTA O ESPÍRITO JÁ AVILTADO AO SUBSOLO
QUE A PÉSSIMA MÚSICA QUE ENCHE AUDITÓRIOS 
NESTE MUNDO MAIS E MAIS TRISTE, MAIS E MAIS MEDÍOCRE

NADA MAIS ELEVA, AO SUBLIME, ESPÍRITOS JÁ ELEVADOS
Q2UE O BOA MÚSICA.



BEM, VEJA HOJE AS 20;30h NA TV CULTURA

sexta-feira, 29 de junho de 2012

PARA ROMA COM AMOR LANÇAMENTO HOJE

PARA ROMA COM AMOR

filme de WOODY ALLEN


com

ALEC BALDWIN

ROBERTO BENIGNI

JESSE EISENBERG

ELLEN PAGE


LANÇAMENTO HOJE, DIA 29 DE JUNHO

GILBERTO - URBANO - GIL (5)



GILBERTO - URBANO - GIL (5)

A RUA

Gilberto Gil

Toda rua tem seu curso
Tem seu leito de água clara
Por onde passa a memória
Lembrando histórias de um tempo
Que não acaba

De uma rua, de uma rua
Eu lembro agora
Que o tempo, ninguém mais
Ninguém mais canta
Muito embora de cirandas
(Oi, de cirandas)
 
E de meninos correndo
Atrás de bandas
Atrás de bandas que passavam
Como o rio Parnaíba
Rio manso
 
Passava no fim da rua
E molhava seus lajedos
Onde a noite refletia
O brilho manso
O tempo claro da lua

Ê, São João, ê, Pacatuba
Ê, rua do Barrocão
Ê, Parnaíba passando
Separando a minha rua
Das outras, do Maranhão

De longe pensando nela
Meu coração de menino
Bate forte como um sino
Que anuncia procissão
Ê, minha rua, meu povo
 
Ê, gente que mal nasceu
Das Dores, que morreu cedo
Luzia, que se perdeu
Macapreto, Zé Velhinho
Esse menino crescido

Que tem o peito ferido
Anda vivo, não morreu
Ê, Pacatuba
Meu tempo de brincar já foi-se embora
Ê, Parnaíba
 
Passando pela rua até agora
Agora por aqui estou com vontade
E eu volto pra matar esta saudade.
Ê, São João, ê, Pacatuba
Ê, rua do Barrocão



A RUA recoloca Gil como um memorialista urbano. Ele fala de um tempo pretérito ... seu tempo de menino. A rua é um bem, uma propriedade afetiva registrada no cartório do coração.  Um registro que nos faz - a tod(a)s - dizer, afirmar que esta rua é a minha rua.

[Aliás já tratamos, neste Blogue, da rua como um bem afetivo]

Personagens do passado e da saudade voltama povoar as letras de Gil. Do Gilberto - urbano Gil.


quinta-feira, 28 de junho de 2012

BOAS VINDAS A CONSTANCIO JOSÉ TEVETE

MAIS QUE BOAS VINDAS A CONSTANCIO JOSÉ TEVETE

DE MAPUTO - MOÇAMBIQUE.

SINTA-SE ABRAÇADO. IRMÃO, POR ESTE BLOGUE

File:Maputo seen from southeast - October 2006.jpg 
                                                   (Maputo)

GILBERTO - URBANO - GIL (4)


GILBERTO - URBANO - GIL(4)

ÁGUA DE MENINOS

Gilberto Gil

Na minha terra, a Bahia
Entre o mar e a poesia
Tem um porto, Salvador
As ladeiras da cidade
Descem das nuvens pro mar
E num tempo que passou - ô ô ô
Toda a cidade descia
Vinha pra feira comprar

Água de Meninos, quero morar
Quero rede e tangerina
Quero o peixe desse mar
Quero o vento dessa praia
Quero azul, quero ficar
Com a moça que chegou
Vestida de rendas, ô
Vinda de Taperoá

Por cima da feira, as nuvens
Atrás da feira, a cidade
Na frente da feira o mar
Atrás do mar, a marinha
Atrás da marinha, o moinho
Atrás do moinho o governo
Que quis a feira acabar / bis

Dentro da feira, o povo
Dentro do povo, a moça
Dentro da moça, a noiva
Vestida de rendas, ô
Abre a roda pra sambar

Moinho da Bahia queimou
Queimou, deixa queimas
Abre a roda pra sambar

A feira nem bem sabia
Se ía pro mar ou subia
E nem o povo queria
Escolher outro lugar
Enquanto a feira não via
A hora de se mudar
Tocaram fogo na feira
Ai, me dia, mi'a sinhá
Pra onde correu o povo
Pra onde correu a moça
Vinda de Taperoá?...

Água de Meninos chorou
Caranguejo correu pra lama
Saveiro ficou na costa
A moringa rebentou
Dos olhos do barraqueiro
Muita água derramou

Água de Meninos acabou
Quem ficou foi a saudade
Da noiva dentro da moça
Vinda de Itaperoá
Vestida de rendas, ô
Abre a roda pra sambar

Moinho da Bahia queimou
Queimou, deixa queimar
Abre a roda pra sambar
Pra sambar... pra sambar...


Baiano de Vitoria da Conquista (Sudoeste), Gilberto Gil compõe ÁGUA DE MENINOS ... um trabalho de memória sobre uma importante feira popular completamente destruída por um incêndio, há quase meio século, em setembro de 1964.  Próxima ao então Colégio de Órfãos de São Joaquim, a querida e internacionalmente famosa feira debruçava-se sobre o mar e avizinhava-se com o porto de Salvador; acompanhava a linha da encosta, da falha geológica que separa a Cidade Alta da Cidade Baixa.  

Antes da Feira de São Joaquim, o incêndio do Moinho da Bahia; e depois dela o incêndio do velho Mercado Modelo. São referências à memória de Salvador, capital da Bahia (Brasil) que vai ressuscitando, cores e nomes, nas piceladas da poesia de Gil.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

GILBERTO - URBANO - GIL (3)

GILBERTO - URBANO - GIL (3)

 

[fonte - MOREIRA, Vicente D. - Blogue CIDADE. RESENHA DOMiNICAL - 2, domingo, 28 de fevereiro de 2010]

domingo, 28 de fevereiro de 2010

RESENHA DOMINICAL - 2

DOMINGO À TARDE PARA QUÊ (?)

DOMINGO NO PARQUE

Gilberto Gil

O rei da brincadeira
Ê, José!
O rei da confusão
Ê, João!
Um trabalhava na feira
Ê, José!
Outro na construção
Ê, João!...

A semana passada
No fim da semana
João resolveu não brigar
No domingo de tarde
Saiu apressado
E não foi prá Ribeira jogarCapoeira!
Não foi prá lá
Pra Ribeira, foi namorar...

O José como sempre
No fim da semana
Guardou a barraca e sumiu
Foi fazer no domingo
Um passeio no parque
Lá perto da Boca do Rio...
Foi no parque
Que ele avistou
Juliana
Foi que ele viu
Foi que ele viu
Juliana na roda com João
Uma rosa e um sorvete na mão
Juliana seu sonho, uma ilusão
Juliana e o amigo João...
O espinho da rosa feriu Zé
(Feriu Zé!)
(Feriu Zé!)
E o sorvete gelou seu coração

O sorvete e a rosa
Ô, José!
A rosa e o sorvete
Ô, José!
Foi dançando no peito
Ô, José!
Do José brincalhão
Ô, José!...
O sorvete e a rosa
Ô, José!
A rosa e o sorvete
Ô, José!
Oi girando na mente
Ô, José!
Do José brincalhão
Ô, José!...
Juliana girando
Oi girando!
Oi, na roda gigante
Oi, girando!
Oi, na roda gigante
Oi, girando!
O amigo João (João)...
O sorvete é morango
É vermelho!
Oi, girando e a rosa
É vermelha!
Oi girando, girando
É vermelha!
Oi, girando, girando...
Olha a faca!
(Olha a faca!)
Olha o sangue na mão
Ê, José!
Juliana no chão
Ê, José!
Outro corpo caído
Ê, José!
Seu amigo João
Ê, José!...
Amanhã não tem feira
Ê, José!
Não tem mais construção
Ê, João!
Não tem mais brincadeira
Ê, José!
Não tem mais confusão
Ê, João!...

Êh! Êh! Êh Êh
Êh Êh!Êh! Êh!
Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh Êh
Êh Êh!Êh! Êh!
Êh Êh Êh Êh!
Êh! Êh! Êh
Êh Êh Êh!...


O cantor e compositor baiano Gilberto Gil pinta, nesta canção (1967), o clima, cores e os objetos de um domingo à tarde, num parque de diversões instalado na Boca do Rio. É bairro popular, uma invasão que deu certo, na orla marítima de Salvador – Bahia – Brasil. São dois personagens (João, operário da construção e José, feirante) e uma mulher que compõem um triângulo amoroso. João, operário e José, feirante deixam para trás o canteiro de obras e a feira, respectivamente, para – num parque de diversões e com Juliana – tentar a visibilidade social que sua profissões não lhes permite durante os chamados “dias úteis”.

O desfecho do triângulo amoroso, regado a traição e ciúme, traz consequências hemodramáticas. E configuram um cenário não exatamente o desejado ou esperado mesmo para um domingo à tarde e seus momentos de tédio, descanso, solidão, cochilo sagrado, ressaca alcoólica ... São momentos tão poderosos que nem as poderosas emissoras de TV brasileiras foram ainda capazes de mudar, com os entretenimentos que confortam nos “dias úteis”, esse conteúdo dominical preguiçoso e melancólico dos domingos à tarde.

De que vale a 'utilidade' do primeiro "dia útil" da semana, segunda-feira, se não mais haverá nem feira nem construção?


Domingo à tarde precisa ter alguma coisa especial na cidade (qualquer cidade) para ser esperado, com alguma emoção, Hoje, à tarde, em Salvador, torcedores estarão ligados ao jogo de futebol tido como “clássico baiano”: Bahia X Vitória. E precisa mesmo. Um jornal de Salvador, o “Correio da Bahia” publicou o seguinte texto, em sua edição de quarta-feira, dia 24:

“Domingo, dia de lazer do povão. Se o programa da tarde for assistir a um bom filme na sala maiôs refrigerada de Salvador, o ingresso é R$ 18, mas caso a opção seja o segundo Ba-Vi do ano em Pituaçu, o cidadão tem que desembolsar R4 40: mais que o dobro! Poucos torcedores foram comprar ingressos ontem, no primeiro dia de venda e os entrevistados estavam retados” (Correio da Bahia. Salvador, 24 de fevereiro de 2010, ano XXXI, nº 09997, p. 32 (Cad. Esporte).

No meio da semana, o jornal já antecipava a alegria triste contumaz dos domingos à tarde no geral e, no particular, das duas torcidas; afinal, os dois times parecem doentes dos pés; será que não estão gostando de samba?

É imprescindível, para muita gente, ter um bom projeto, uma espçerança-a-última-que-morre, para domingo à tarde. Nelson Ned, cantor e compositor, com a palavra:

DOMINGO À TARDE
Nelson Ned

O que é que você vai fazer domingo à tarde,Pois eu quero convidar você prá sair comigo,Passear por aí numa rua qualquer da cidade,Vou dizer pra você tanta coisa que a ninguém eu digo.Eu não tenho nada prá fazer domingo à tarde,Pois domingo é um dia tão triste prá quem vive sozinho.Quando eu vejo um casal namorando,é que eu sinto a verdade.É tão triste passar o domingo sem ter um carinho.Se você vive tão só, sei que vai me entender,Sem amor é muito mais difícil a gente viver,Pela última vez responda, mas diga a verdade,Pois eu quero sair com você domingo à tarde.

E, você, já pensou o que vai fazer hoje à tarde?

Bom domingo e melhor domingo à tarde..

Assim seja.

Vicente

CANÇÃO P/ PORTADORES DE NECESSSIDADES ESPECIAIS:

Caríssimos(as) Companheiros(as) de Existência e Ciência,
 
Namastê!
Espero e desejo que vocês estejam bem
Na poética da Legião Urbana, reflexiva sobre demandas, sobretudo, subjetivas de portadores de necessidades (Maurico - http://www.youtube.com/watch?v=vXe97Yxz6ok), dou-lhes BOM DIA!
 
CANÇÃO COMPOSTA EM HOMENAGEM AOS PORTADORES DE NECESSSIDADES ESPECIAIS: O que se sabe sobre o Mauricio é que, quando ele tinha 14 anos, foi dar um mergulho na piscina de um clube e bateu a cabeça. Com o acidente, o Mauricio ficou com sérias limitações de fala e locomoção. [...]. Durante a apresentação do Legião Urbana em Santa Maria (Ginásio do Corinthians), em 23 de setembro de 1986, Mauricio estava na plateia e – tentando subir no palco – foi contido de forma violenta pelos seguranças. Ao ver a cena, Renato Russo teria ficado indignado, pois percebeu que Mauricio tinha NECESSIDADES ESPECIAIS. Renato então parou o show, deu o maior esporro nos seguranças, discursou alguma coisa para o público e convidou o Maurício para ir até o camarim com a banda. [...].Depois disso, para ele e por ele foi composta então a música Mauricio, que entrou no disco As Quatro Estações (1989). No áudio é possível ouvir Renato Russo falando sobre o episódio: http://wp.clicrbs.com.br/grings/2011/10/10/15-anos-sem-renato-russo-uma-musica-uma-historia-e-santa-maria/?topo=52,1,1,,219,e219
 
 
Já não sei dizer se ainda sei sentir
O meu coração já não me pertence
Já não quer mais me obedecer
Parece agora estar tão cansado quanto eu
Até pensei que era mais por não saber
Que ainda sou capaz de acreditar
Me sinto tão só
E dizem que a solidão até que me cai bem
Às vezes faço planos
Às vezes quero ir
Pra algum país distante
Voltar a ser feliz
 
 
Votos de Sol (Luz), Serenidade e Sabedoria.
Beijo de Luz em vossos corações.
Valdeci

terça-feira, 26 de junho de 2012

GILBERTO - URBANO - GIL (2)

GILBERTO - URBANO - GIL (2)

LAMENTO SERTANEJO

Gilberto Gil

 http://www.cifraclub.com.br/gilberto-gil/lamento-sertanejo/

Por ser de lá
Do sertão, lá do cerrado
Lá do interior do mato
Da caatinga do roçado.
Eu quase não saio
Eu quase não tenho amigos
Eu quase que não consigo
Ficar na cidade sem viver contrariado.

Por ser de lá
Na certa por isso mesmo
Não gosto de cama mole
Não sei comer sem torresmo.
Eu quase não falo
Eu quase não sei de nada
Sou como rês desgarrada
Nessa multidão boiada caminhando a esmo. 


Em "Lamento Sertanejo", o sujeito lírico é um nordestino, um sertanejo nordestinado a viver e 'ganhar o pão' na cidade e, mais que isso, um sertanejado tanto quanto (já) calejado pela luta com vistas à sobrevivência - sobrevivência em seu estado mais simples e primitivo - num ambiente societário e ecológico diferente, a cidade, em tudo diferente daquele que o viu nascer: o sertão, a seca, a caatinga

Em tudo diferente: a tessitura societária da amizade, que em nada lembra dos braços e do sorriso aberto de sua terra sertaneja natal; a alimentação, espelho daquele saudoso lugar. Preso em casa (e que casa!), sente falta da liberdade de ir e vir ... para além daquilo que está escrito na Constituição. A baixa densidade demográfica de seu torrão natal onde todos os poucos transeuntes sbaem para onde e por onde vão é, agora substituída, pela "multidão boiada caminhando a ermo". Boiada, aí, tanto no sentido da metáfora bovina como na sononímia do estar cansado (boiado).

O conforto desconfortável da cidade tenta - sem sucesso - substituir o desconfortável consforto de seu lugar de origem.

Resta o lamento, a saudade e - quem sabe! - os planos de um dia voltar.
 

segunda-feira, 25 de junho de 2012

"UM RITO DE MÃES, ROSAS E SANGUE"

        Funarte e Funcultura apresentam

“Um Rito de Mães, Rosas e Sangue”

Espetáculo recifense homenageia Lorca em seus 75 anos de falecimento e trás à cena as três tragédias rurais do autor:
Bodas de Sangue, A casa de Bernarda e Yerma

A peça será apresentada no Teatro do Movimento (UFBA) nos dias 03 e 04 de julho à preços populares

Após ganhar os prêmios de melhor figurino para Luciano Pontes e melhor iluminação para Luciana Raposo no 17º Janeiro de Grandes Espetáculos (PE), o espetáculo “Um Rito de Mães, Rosas e Sangue”, dirigido por Claudio Lira, inicia sua turnê nacional e será apresentado em quatro capitais no mês de julho: Salvador, Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro.

“Um Rito de Mães, Rosas e Sangue”, um ato poético em três quadros, traz à cena uma livre adaptação das três tragédias rurais de Garcia Lorca: “Bodas de Sangue” (1933), “Yerma” (1934) e “A Casa de Bernarda Alba” (1936). Aqui a criação de Lorca é apresentada como um espetáculo ritualístico ambientado num lugar distante, no qual o tempo e o espaço são reinventados e metaforizados dentro da cena.

A peça transforma as tragédias em quadros, onde a Mãe é o foco central do ritual cênico: é ela quem dita as regras do jogo. No primeiro quadro, Claudio Lira versa sobre a memória e o futuro da mãe no momento posterior aos acontecimentos da tragédia “Bodas de Sangue”. É o desabafo de uma mãe perante suas lembranças, seus fantasmas e o infortúnio da morte de seu filho, assassinado no dia do casamento. Diante do túmulo deste e da ausência do marido, também já morto, e com quem conviveu por apenas três anos, ela amaldiçoa as navalhas e outros objetos cortantes, enquanto vira comentário para as vizinhas. No segundo quadro, “A Casa de Bernarda”, um universo sufocante e claustrofóbico é instaurado pela mãe Bernarda Alba, que com mãos de ferro, condena as suas filhas a um luto eterno, até que alguma delas se case. No terceiro e último quadro, “Yerma”, a peça desvenda as várias Yermas, que se sobrepõem, à medida que as esperanças da personagem vão se dissipando em sua busca incessante pela maternidade.

A costura desse “tecido cênico” é feita através da combinação de duas personagens opostas, Maria Josefa, a louca mãe de Bernarda, que anseia por vida e liberdade, e a mendiga, símbolo do mau agouro presente em alguns textos de Lorca, figura que, segundo o próprio autor é a morte na iconografia dos seus textos.

A montagem conquistou o Prêmio Myriam Muniz, da Funarte, e o Fomento às Artes Cênicas, da Prefeitura do Recife, e traz no elenco, Ana Maria Ramos, Auricéia Fraga, Andrezza Alves, Daniella Travassos, Luciana Canti, Sandra Rino, Lêda Oliveira, Lano de Lins e Zé Barbosa.

Um Rito – Sua Origem
A montagem de “Um Rito de Mães, Rosas e Sangue” é fruto da união de pessoas com experiências de vida diferentes, que compartilham do desejo em estabelecer uma discussão viva e criativa sobre o fazer teatral. O embrião do projeto surgiu em 1999, na Universidade Federal de Pernambuco, com a montagem de “A Casa de Bernarda – Uma Performance Obscura”. Dez anos depois, contando com o reforço de novos profissionais que se agregaram ao projeto, retomaram os trabalhos e o pensamento continuando os estudos sobre o universo do escritor Federico Garcia Lorca, e mais especificamente sobre suas Três Tragédias Rurais.

O espetáculo estreou em maio de 2010 no Festival Palco Giratório, do SESC Pernambuco. Em seguida, realizou temporada no Teatro Hermilo Borba Filho, em Recife. Foi contemplado com os prêmios de Melhor Figurino, para Luciano Pontes, e Melhor iluminação, para Luciana Raposo, além de concorrer aos prêmios de Melhor Espetáculo e atriz Coadjuvante no 17º Janeiro de Grandes Espetáculos - PE ( 2011).
Seguiu então em turnê por diversas cidades de Pernambuco como Surubim, Jaboatão dos Guararapes (por duas vezes), Triunfo e Caruaru.

Sucesso de público e crítica, “Um Rito de Mães, Rosas e Sangue” hoje cumpre sua terceira temporada em Recife, e prepara-se para iniciar sua turnê nacional. Em paralelo com essa circulação, o grupo ensaia sua nova montagem, uma encenação da peça “Beijo no Asfalto”, cuja estreia está prevista para agosto de 2012, no Rio de Janeiro.


Sobre o Autor
Federico García Lorca, poeta e dramaturgo, nasceu em Fuente Vaqueros, Andaluzia, em 05 de junho de 1898, e foi um dos maiores poetas e dramaturgos espanhóis, bem como uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola.

De educação sofisticada, Lorca ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, depois transferiu-se para Madri. Publicou os primeiros poemas inspirados em temas relativos à Andaluzia (“Impressões e Paisagens”, 1918), à música e ao folclore (“Poemas do Canto Fundo”, 1921-1922) e aos ciganos (“Romancero Gitano”, 1928), quando ficou amigo do cineasta Luis Buñel e do pintor Salvador Dali. Concluído o curso de Direto, Lorca foi para os Estados Unidos e para Cuba, período em que escreveu seus poemas surrealistas e expressou seu horror pela brutalidade da civilização mecanizada (“Poeta em Nova Iorque” - 1940).

Voltando à Espanha, criou o grupo de teatro chamado La Barraca, e com ele percorreu o país. Lorca tinha ideias socialistas, mas foi sua homossexualidade o alvo do conservadorismo da Igreja Católica espanhola, que ao lado dos facistas ensaiava a tomada do poder. Iniciou-se aí uma das mais sangrentas guerras do século XX, prenúncio da Segunda Guerra Mundial. Com o início da guerra, Lorca, intimidado, retornou para Granada, e teve sua prisão determinada por um deputado católico, sob o argumento de que ele seria “mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver”.

Assim, num dia de agosto de 1936, sem julgamento, “A caneta calou-se” e o grande poeta foi executado pelos franquistas; seu corpo foi enterrado em lugar até hoje desconhecido. Sua voz, porém, ecoa até hoje, como o vento, por todas as partes.

Em sua curta existência, Lorca deixou pouco mais de uma dúzia de peças, grande parte consideradas obras-primas, entre elas as Três Tragédias Rurais, utilizadas por Claudio Lira para compor o espetáculo “Um Rito de Mães, Rosas e Sangue”.


FICHA TÉCNICA
Elenco: Ana Maria Ramos, Auricéia Fraga, Andrezza Alves, Daniella Travassos, Luciana Canti, Sandra Rino, Lêda Oliveira, Lano de Lins e Zé Barbosa.

Texto Original: Frederico Garcia Lorca
Dramaturgia, Encenação e Argumento: Cláudio Lira
Texto Cênico: Criação Coletiva do Grupo
Direção de Arte: Luciano Pontes
Iluminação: Luciana Raposo
Direção Musical e Preparação Vocal: Adriana Millet
Coreografias: Sandra Rino
Instrutora de Yoga: Ana Maria Ramos
Edição de Fotos e Vídeos: Tuca Siqueira
Programação Visual: Cláudio Lira
Produção Executiva: Claudio Lira, Andrezza Alves
Produção Circuito: Andrezza Alves, Patrícia Caju, Sandra Joliv
Assessoria de Imprensa Circuito: Moretti Cultura e Comunicação

SERVIÇO:
Onde: Teatro do Movimento - UFBA
Endereço: Av Adhemar de Barros,S/N - Campus de Ondina - Salvador
Contato: danca@ufba.br Telefone: 55 (71) 3245.6412
Quando: dias 03 e 04 de julho – Terça e Quarta, às 20h
Quanto: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada)
Recomendação: 16 anos
Lotação: 120 Lugares



Assessoria de Imprensa
André Moretti
Contatos
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A peça Um Rito de Mães, Rosas e Sangue homenageia Garcia Lorca aos 75 anos de seu falecimento encenando três peças Bodas de Sangue, Bernarda Alba e Yerma -CREDITO DE TUCA SIQUEIRA.JPGA peça Um Rito de Mães, Rosas e Sangue homenageia Garcia Lorca aos 75 anos de seu falecimento encenando três peças Bodas de Sangue, Bernarda Alba e Yerma -CREDITO DE TUCA SIQUEIRA.JPG
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Daniella Travassos, Sandra Rino, Ana Maria Ramos, Andrezza Alves e Luciana Canti - CREDITO DE TUCA SIQUEIRA (4).JPGDaniella Travassos, Sandra Rino, Ana Maria Ramos, Andrezza Alves e Luciana Canti - CREDITO DE TUCA SIQUEIRA (4).JPG
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Em cena Ana Maria Ramos e Auriceia Fraga - CREDITO DE TUCA SIQUEIRA (2).JPGEm cena Ana Maria Ramos e Auriceia Fraga - CREDITO DE TUCA SIQUEIRA (2).JPG
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Leda Oliveira em cena do quadro A Casa de Bernarda Alba, com Ana Maria Ramos ao fundo - CREDITO DE TUCA SIQUEIRA (5).JPGLeda Oliveira em cena do quadro A Casa de Bernarda Alba, com Ana Maria Ramos ao fundo - CREDITO DE TUCA SIQUEIRA (5).JPG
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No centro, a atriz Ana Maria Ramos, encenando A Casa de Bernarda Alba, rodeada pelas atrizes Sandra Rino, Auriceia Fraga, Daniela Travassos, Luciana Canti e Andrezza Alves - CREDITO DE TUCA SIQUEIRA.jpgNo centro, a atriz Ana Maria Ramos, encenando A Casa de Bernarda Alba, rodeada pelas atrizes Sandra Rino, Auriceia Fraga, Daniela Travassos, Luciana Canti e Andrezza Alves - CREDITO DE TUCA SIQUEIRA.jpg
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GILBERTO - URBANO - GIL (1)

GILBERTO - URBANO - GIL (1)

[fonte - jornal Folha de São Paulo. São Paulo (SP - Brasil), 25 de junho de 2012,  pag  A.12]

Entrevista da 2ª Gilberto Gil

Cada vez me desvencilho mais de minha própria história

O músico Baiano, ex-ministro da cultura, completa 70 anos amanhã e fala de religião, drogas e política


Fotos Marlene Bergamo

Gilberto Gil, em seu camarim, na última quinta-feira, na Rio+20 
Gilberto Gil, em seu camarim, na última quinta-feira,
na Rio + 20





MORRIS KACHANI
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Gilberto Gil, artista seminal da MPB e ex-ministro da Cultura (2003-2008), completa 70 anos amanhã.
Ele recebeu a reportagem da Folha em seu camarim, na última quinta, antes de se apresentar, ao lado de Andy Summers (ex-guitarrista do The Police), Fernanda Takai (Pato Fu) e Jorge Mautner, em evento fechado da Rio+20.

Em mais de uma hora de conversa, Gil falou de suas convicções políticas, criticando os tucanos e cutucando a atual ministra da Cultura, Ana de Hollanda. Pirataria, cultura digital, MPB, drogas e religião também entraram no cardápio da conversa.

No momento, o artista baiano se prepara para uma turnê europeia de seu novo show, "Concerto de Cordas & Máquinas de Ritmo", com arranjos do violoncelista Jacques Morelenbaum.

Uma das primeiras apresentações, ocorrida em maio no Theatro Municipal do Rio, contou com participação da Orquestra Petrobras Sinfônica e foi transformada em DVD, a ser lançado em novembro. Mas poderá ser vista amanhã, às 19h, no canal de Gil no YouTube (youtube.com/gilbertogil), em homenagem a seu aniversário.

Leia a seguir trechos da entrevista.


Folha - Como se sente aos 70 anos?

Gilberto Gil - Bem, nessa idade ninguém vai mudar radicalmente o modo de ver as coisas, que é uma decantação de tudo que foi vivido. Cada vez me desvencilho mais de minha própria história. Ela passa a valer e ter sentido mais para a sociedade e menos para mim mesmo.

É religioso?
Sim, nesse sentido de que Deus não é um, Deus é todos. Não professo nenhuma confissão religiosa, mas rezo todos os dias. Acredito no poder da oração. Mas as instituições religiosas, e incluo todas as ordens, estão preocupadas com política e poder. Já os evangélicos cresceram enormemente como utilitarismo sistêmico produtivista, industrialista. Hoje já é uma religião para lá da religião.

Politicamente, como você se posiciona?
Já votei no PMDB, no PT. Votei duas vezes em FHC e depois em Lula, duas vezes.
O justo meio está na igual possibilidade dos extremos. Ou seja: o centro flutua, não é uma coisa fixa, estática.

Como compara Dilma a Lula?

Primeiro, ela é mulher, o que muda muito o modo de olhar para várias questões. Os homens, por serem a classe dominante historicamente com relação às mulheres, são autocomplacentes, se permitem coisas. Eu acho que as mulheres são mais cuidadosas nesse sentido.

Que achou da foto do Maluf com Lula?
Isso me lembrou a foto dele [Maluf] com FHC, já faz tanto tempo [risos]. E é pior para o Lula, porque ele sempre foi mais identificado com a pureza do que FHC. O PT sempre foi um partido idealmente mais angelical que o PSDB. O PSDB era: "Algumas meninas já tinham alguns anos de janela". No PT, não: "As meninas estão na janela agora".

Já usou muita droga?

Maconha sim, até os 50 anos de idade, quando decidi que devia me afastar do hábito. Outras drogas, como LSD e mescalina também, na década de 1970. Gostava da maconha principalmente por causa da música. Certas sinapses desencadeavam uma liberdade auditiva. Corpo e alma percebiam essa inteligência. Costumo até brincar que tanto a bossa nova como o reggae, que têm doçura e suavidade, são gêneros que foram beneficiados pela maconha [risos].

Como está sua voz?

Melhorou. Em duas ocasiões, com diferença de dez anos, na mesma corda vocal, tive pólipos -conhecidos popularmente como calos. Nos dois casos, fiz cirurgia. De lá para cá, intensifiquei os cuidados. Estéticos inclusive. Parei de cantar com tonalidades altas e cheguei a um patamar mais compatível com a idade das cordas vocais.

Há quem diga que a MPB que se faz hoje é muito pior que antigamente.

Mudou muito. Chico [Buarque] chega a dizer que teme pelo desaparecimento da canção. Porque percebe que a canção -da forma como existiu no nosso tempo, como forma de expressão quase sagrada, com aquela aura de oração religiosa, para a qual nos empenhávamos com todo entusiasmo- está deixando de existir. A canção passou a se submeter a processos de formatação de manufatura muito específicos e, de certa forma, padronizados. De todo modo, esses processos estão sujeitos a súbitas explosões de luminosidade.

Como enxerga a pirataria?

Foi um conceito sólido enquanto se relacionava ao mundo analógico, da escassez, da distinção entre o original e a cópia. No momento em que a cultura digital borra essas fronteiras, borra também o que é e não é pirataria. Com as lupas bem ajustadas você vai encontrar pirataria aqui e acolá, mas, no olhar aberto horizontal sobre os territórios de atividade da humanidade hoje em dia, acabou [risos].

E sua obra?

No meu site você tem acesso a todos os meus discos, mas não pode baixá-los. Já quis abrir geral minha obra fonográfica, para remixes e reutilizações de outros autores com fins artísticos. Não pude porque minha gravadora não permitiu e ela detém 90% de meus fonogramas. Se eu tivesse autonomia, abriria para o mundo artístico. E para uso comercial, dependendo da finalidade, que é o que já faço com meus
"copyrights". Esses eu detenho e faço uma gestão com essa proposta.

Juca Ferreira, seu sucessor, disse que houve descontinuidade na gestão da Cultura, com Ana de Hollanda.

Depende da área. O licenciamento por "creative commons" que implementamos foi revisto. Ao mesmo tempo que deixaram de usar as licenças "creative", não criaram uma licença pública própria, como Austrália e Inglaterra fizeram. OK, você não ter o "creative" por se tratar de uma "marca" americana; mas então que se crie alguma licença pública para atender a esse tipo de interesse.

Os pontos de cultura, que eram uma de suas principais bandeiras, desidrataram.

É o que ouço em geral por aí. De alguma maneira houve um certo desânimo gerencial, administrativo, institucional, por parte do ministério. Mas tomo o cuidado de não monitorar a gestão atual: ela precisa ter autonomia para ser diferente também.

Que balanço você faz de sua gestão?

No Brasil predominava uma visão muito eurocentrista e "civilizada" sobre a produção cultural. As manifestações propriamente populares eram vistas como uma coisa chula da periferia, e o combate que o funk carioca sofre é um exemplo disso. Em minha gestão procuramos dar atenção ao protagonismo popular e à autogestão. Esse viés era uma coisa do governo Lula e que os críticos gostam de dizer que era populista. Já eu prefiro responder que esse governo era popular.


domingo, 24 de junho de 2012

GILBERTO URBANO GIL A PARTIR DE AMANHÃ

GILBERTO URBANO GIL A PARTIR DE AMANHÃ - SEGUNDA-FEIRA - DIA 25

HOJE, 24 DE JUNHO, DIA DE SÃO JOÃO,

GILBERTO GIL COMPLETA 70 ANOS
DE PRESENTES OFERECIDOS AO MUNDO COM O FLUIR DE SUA RICA EXISTÊNCIA

AMANHÃ, 25, INICIAREMOS SÉRIE DE POSTAGENS INTITULADA

GILBERTO URBANO GIL


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