GILBERTO - URBANO - GIL (5)
A RUA
Gilberto Gil
Toda rua
tem seu curso
Tem seu leito de água clara
Por onde passa a memória
Lembrando histórias de um tempo
Que não acaba
Tem seu leito de água clara
Por onde passa a memória
Lembrando histórias de um tempo
Que não acaba
De uma
rua, de uma rua
Eu lembro agora
Que o tempo, ninguém mais
Ninguém mais canta
Muito embora de cirandas
(Oi, de cirandas)
Eu lembro agora
Que o tempo, ninguém mais
Ninguém mais canta
Muito embora de cirandas
(Oi, de cirandas)
E de meninos correndo
Atrás de bandas
Atrás de bandas
Atrás de
bandas que passavam
Como o rio Parnaíba
Rio manso
Como o rio Parnaíba
Rio manso
Passava no fim da rua
E molhava seus lajedos
Onde a noite refletia
O brilho manso
O tempo claro da lua
E molhava seus lajedos
Onde a noite refletia
O brilho manso
O tempo claro da lua
Ê, São
João, ê, Pacatuba
Ê, rua do Barrocão
Ê, Parnaíba passando
Separando a minha rua
Das outras, do Maranhão
Ê, rua do Barrocão
Ê, Parnaíba passando
Separando a minha rua
Das outras, do Maranhão
De longe
pensando nela
Meu coração de menino
Bate forte como um sino
Que anuncia procissão
Meu coração de menino
Bate forte como um sino
Que anuncia procissão
Ê, minha
rua, meu povo
Ê, gente que mal nasceu
Das Dores, que morreu cedo
Luzia, que se perdeu
Macapreto, Zé Velhinho
Esse menino crescido
Das Dores, que morreu cedo
Luzia, que se perdeu
Macapreto, Zé Velhinho
Esse menino crescido
Que tem o peito ferido
Anda vivo, não morreu
Ê,
Pacatuba
Meu tempo de brincar já foi-se embora
Ê, Parnaíba
Meu tempo de brincar já foi-se embora
Ê, Parnaíba
Passando pela rua até agora
Agora por aqui estou com vontade
E eu volto pra matar esta saudade.
Agora por aqui estou com vontade
E eu volto pra matar esta saudade.
Ê, São
João, ê, Pacatuba
Ê, rua do Barrocão
Ê, rua do Barrocão
A RUA recoloca Gil como um memorialista urbano. Ele fala de um tempo pretérito ... seu tempo de menino. A rua é um bem, uma propriedade afetiva registrada no cartório do coração. Um registro que nos faz - a tod(a)s - dizer, afirmar que esta rua é a minha rua.
[Aliás já tratamos, neste Blogue, da rua como um bem afetivo]
Personagens do passado e da saudade voltama povoar as letras de Gil. Do Gilberto - urbano Gil.
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