Funarte
e Funcultura apresentam
“Um
Rito de Mães, Rosas e Sangue”
Espetáculo recifense homenageia Lorca em seus 75 anos de falecimento e
trás à cena as três tragédias rurais do autor:
Bodas de Sangue, A
casa de Bernarda e Yerma
A peça será apresentada no Teatro do
Movimento (UFBA) nos dias 03 e 04 de julho à preços populares
Após ganhar os prêmios de melhor figurino para Luciano
Pontes e melhor iluminação para Luciana Raposo no 17º Janeiro de Grandes
Espetáculos (PE), o espetáculo “Um Rito de Mães, Rosas e Sangue”, dirigido por Claudio Lira, inicia sua turnê nacional
e será apresentado em quatro capitais no mês de julho: Salvador, Brasília, São
Paulo e Rio de Janeiro.
“Um Rito de Mães, Rosas e Sangue”, um ato poético em três quadros, traz à cena uma
livre adaptação das três tragédias rurais de Garcia Lorca: “Bodas de Sangue”
(1933), “Yerma” (1934) e “A Casa de Bernarda Alba” (1936). Aqui a criação de Lorca é
apresentada como um espetáculo ritualístico ambientado num lugar distante, no
qual o tempo e o espaço são reinventados e metaforizados dentro da cena.
A peça transforma as tragédias em quadros, onde a Mãe
é o foco central do ritual cênico: é ela quem dita as regras
do jogo. No primeiro quadro, Claudio Lira versa sobre a memória e o futuro da
mãe no momento posterior aos acontecimentos da tragédia “Bodas de Sangue”. É o
desabafo de uma mãe perante suas lembranças, seus fantasmas e o infortúnio da
morte de seu filho, assassinado no dia do casamento. Diante do túmulo deste e
da ausência do marido, também já morto, e com quem conviveu por apenas três
anos, ela amaldiçoa as navalhas e outros objetos cortantes, enquanto vira
comentário para as vizinhas. No segundo quadro, “A Casa de Bernarda”, um universo sufocante e
claustrofóbico é instaurado pela mãe Bernarda Alba, que com mãos de ferro,
condena as suas filhas a um luto eterno, até que alguma delas se case. No
terceiro e último quadro, “Yerma”, a peça desvenda as várias Yermas, que se
sobrepõem, à medida que as esperanças da personagem vão se dissipando em sua
busca incessante pela maternidade.
A costura desse “tecido cênico” é feita
através da combinação de duas personagens opostas, Maria Josefa, a louca mãe de
Bernarda, que anseia por vida e liberdade, e a mendiga, símbolo do mau agouro
presente em alguns textos de Lorca, figura que, segundo o próprio autor é a
morte na iconografia dos seus textos.
A montagem conquistou o Prêmio Myriam Muniz, da
Funarte, e o Fomento às Artes Cênicas, da Prefeitura do Recife, e traz no
elenco, Ana Maria Ramos, Auricéia Fraga, Andrezza Alves, Daniella Travassos,
Luciana Canti, Sandra Rino, Lêda Oliveira, Lano de Lins e Zé Barbosa.
Um Rito – Sua Origem
A montagem de “Um Rito de Mães, Rosas e Sangue” é fruto da união de pessoas com experiências de vida diferentes, que compartilham
do desejo em estabelecer uma discussão viva e criativa sobre o fazer teatral. O
embrião do projeto surgiu em 1999, na Universidade Federal de Pernambuco, com a
montagem de “A Casa de Bernarda – Uma Performance Obscura”. Dez anos depois,
contando com o reforço de novos profissionais que se agregaram ao projeto,
retomaram os trabalhos e o pensamento continuando os estudos sobre o universo
do escritor Federico Garcia Lorca, e mais especificamente sobre suas Três
Tragédias Rurais.
O espetáculo estreou em maio de
2010 no Festival Palco Giratório, do SESC Pernambuco. Em seguida, realizou
temporada no Teatro Hermilo Borba Filho, em Recife. Foi contemplado com os
prêmios de Melhor Figurino, para Luciano Pontes, e Melhor iluminação, para
Luciana Raposo, além de concorrer aos prêmios de Melhor Espetáculo e atriz
Coadjuvante no 17º Janeiro de
Grandes Espetáculos - PE ( 2011).
Seguiu então em turnê por
diversas cidades de Pernambuco como Surubim, Jaboatão dos Guararapes (por duas
vezes), Triunfo e Caruaru.
Sucesso de público e crítica, “Um Rito de Mães, Rosas e Sangue” hoje cumpre sua terceira temporada em Recife, e prepara-se
para iniciar sua turnê nacional. Em paralelo com essa circulação, o grupo
ensaia sua nova montagem, uma encenação da peça “Beijo no Asfalto”, cuja
estreia está prevista para agosto de 2012, no Rio de Janeiro.
Sobre o Autor
Federico García Lorca, poeta e
dramaturgo, nasceu em Fuente Vaqueros, Andaluzia, em 05 de junho de 1898, e foi
um dos maiores poetas e dramaturgos espanhóis, bem como uma das primeiras
vítimas da Guerra Civil Espanhola.
De educação sofisticada, Lorca
ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, depois transferiu-se para
Madri. Publicou os primeiros poemas inspirados em temas relativos à Andaluzia
(“Impressões e Paisagens”, 1918), à música e ao folclore (“Poemas do Canto
Fundo”, 1921-1922) e aos ciganos (“Romancero Gitano”, 1928), quando ficou amigo
do cineasta Luis Buñel e do pintor Salvador Dali. Concluído o curso de Direto,
Lorca foi para os Estados Unidos e para Cuba, período em que escreveu seus
poemas surrealistas e expressou seu horror pela brutalidade da civilização
mecanizada (“Poeta em Nova Iorque” - 1940).
Voltando à Espanha, criou o grupo
de teatro chamado La Barraca, e com ele percorreu o país. Lorca tinha ideias
socialistas, mas foi sua homossexualidade o alvo do conservadorismo da Igreja
Católica espanhola, que ao lado dos facistas ensaiava a tomada do poder.
Iniciou-se aí uma das mais sangrentas guerras do século XX, prenúncio da
Segunda Guerra Mundial. Com o início da guerra, Lorca, intimidado, retornou
para Granada, e teve sua prisão determinada por um deputado católico, sob o
argumento de que ele seria “mais perigoso com a caneta do que outros com o
revólver”.
Assim, num dia de agosto de 1936,
sem julgamento, “A caneta calou-se” e o grande poeta foi executado pelos
franquistas; seu corpo foi enterrado em lugar até hoje desconhecido. Sua voz,
porém, ecoa até hoje, como o vento, por todas as partes.
Em sua curta existência, Lorca
deixou pouco mais de uma dúzia de peças, grande parte consideradas
obras-primas, entre elas as Três Tragédias Rurais, utilizadas por Claudio Lira
para compor o espetáculo “Um Rito de Mães, Rosas e Sangue”.
FICHA TÉCNICA
Elenco: Ana Maria Ramos, Auricéia Fraga, Andrezza Alves,
Daniella Travassos, Luciana Canti, Sandra Rino, Lêda Oliveira, Lano de Lins e
Zé Barbosa.
Texto Original: Frederico Garcia Lorca
Dramaturgia, Encenação e Argumento: Cláudio Lira
Texto Cênico: Criação Coletiva do Grupo
Direção de Arte: Luciano Pontes
Iluminação: Luciana Raposo
Direção Musical e Preparação Vocal: Adriana Millet
Coreografias: Sandra Rino
Instrutora de Yoga: Ana Maria Ramos
Edição de Fotos e Vídeos: Tuca Siqueira
Programação Visual: Cláudio Lira
Produção Executiva: Claudio Lira, Andrezza Alves
Produção Circuito: Andrezza
Alves, Patrícia Caju, Sandra Joliv
Assessoria de Imprensa Circuito: Moretti Cultura e Comunicação
SERVIÇO:
Onde: Teatro do Movimento - UFBA
Endereço: Av Adhemar de Barros,S/N - Campus de Ondina - Salvador
Contato: danca@ufba.br Telefone: 55 (71) 3245.6412
Quando: dias 03 e 04 de julho – Terça e Quarta, às 20h
Quanto: R$ 20,00 (inteira) e R$ 10,00 (meia-entrada)
Recomendação: 16 anos
Lotação: 120 Lugares
Assessoria
de Imprensa
André Moretti
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segunda-feira, 25 de junho de 2012
"UM RITO DE MÃES, ROSAS E SANGUE"
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