CRÔNICA DOMINICAL DE 13 DE JUNHO DE 2010
Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
O pescador me confirmou
Que o passarinho lhe cantou
Que vem aí bom tempo
Dou duro toda semana
Senão pergunte à Joana
Que não me deixa mentir
Mas, finalmente é domingo
Naturalmente, me vingo
Eu vou me espalhar por aí
No compasso do samba
Eu disfarço o cansaço
Joana debaixo do braço
Carregadinha de amor
Vou que vou
Pela estrada que dá numa praia dourada
Que dá num tal de fazer nada
Como a natureza mandou
Vou
Satisfeito, a alegria batendo no peito
O radinho contando direito
A vitória do meu tricolor
Vou que vou
Lá no alto
O sol quente me leva num salto
Pro lado contrário do asfalto
Pro lado contrário da dor
Um marinheiro me contou
Que a boa brisa lhe soprou
Que vem aí bom tempo
Um pescador me confirmou
Que um passarinho lhe cantou
Que vem aí bom tempo
Ando cansado da lida
Preocupada, corrida, surrada, batida
Dos dias meus
Mas uma vez na vida
Eu vou viver a vida
Que eu pedi a Deus
(Chico Buarque - “Bom Tempo”)
Um domingo sem sol é uma heresia contra o domingo. Domingo, dia do Senhor, que combina com o sol (a luz, o “faça-se a luz!) precisa ser de sol.
O que consola é que se há um dia em que dificilmente chove é o domingo – salvo em casos de temporais, de invernos rigorosos que estão aí desde a segunda-feira. Não tenho estatística para provar que quase todos os domingos são dias de sol. Tenho, todo nós temos, apenas uma difusa memória afetiva para sustentar essa afirmação.
Humanos, somos animais do desejo e não da necessidade como é o caso dos demais que cobrem e habitam a Terra. Penso que nosso desejo de que faça/continue fazendo/finalmente haja ... sol no domingo, penso que esse nosso desejo é tão grande e tão forte que é capaz de bloquear a nossa memória de domingos chuvosos ou cinzentos em nossas vidas.
Quando chove, faz frio, num domingo ... e não podemos, então, mergulhar no mar, rio, lago ou piscina, temos que arranjar alternativas outras de mergulho: o nosso interior; o livro; os jornais do primeiro ao último caderno; a cama sob lençóis; mergulhar os olhos nas nuvens cinzentas; mergulhar no ar; mergulhar na transmissão do futebol ...
“Satisfeito, a alegria batendo no peito
O radinho contando direito
A vitória do meu tricolor”
Chico Buarque torce para o Fluminense do Rio de Janeiro.
Nos RARÍSSIMOS domingos chuvosos mergulhar é preciso, viver não é preciso.
E Djavan, que nos presenteou com "Nem um Dia", nos consola:
Um dia frio
Um bom lugar prá ler um livro
E o pensamento lá em você
Eu sem você não vivo
Um dia triste
Toda fragilidade incide
E o pensamento lá em você
E tudo me divide (bis)
Longe da felicidade e todas as suas luzes
Te desejo como ao ar
Mais que tudo
És manhã na natureza das flores
Mesmo por toda riqueza dos sheiks árabes
Não te esquecerei um dia
Nem um dia
Espero com a força do pensamento
Recriar a luz que me trará você
E tudo nascerá mais belo
O verde faz do azul com o amarelo
O elo com todas as cores
Pra enfeitar amores gris(bis)
Há esperança para um domingo chuvoso: se o arco-iris pintar o céu pela manhã ... pode fazer sol. Porém, se essa pintura aparecer depois do meio dia ... haverá poucas esperanças de sol porque, segundo a sabedoria meteorológica popular, "arco-iris de tarde não vem debalde".
Bom domingo, quer ele seja herético quer não.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário