BRASÍLIA 50 ANOS - A BRASÍLIA DA MINHA CABEÇA DE MENINO DE DEZ ANOS
Vicente Deocleciano Moreira
Não havia televisão na casa em que eu morava aos dez anos de idade, quando Brasília foi inaugurada, em 21 de abril de 1960, com toda a pompa e circunstância cabíveis ao ato. Acompanhei toda a festa pelo rádio. Porém, tudo o que eu tenho visto, pela TV e ao vivo na própria capital federal, me deixa uma dúvida tão incômoda como desprovida de sentido: será que, realmente, não ví a inaugoração de Brasília pela TV, em 21 de abril de 1960 - no quanto pode ter de exato esse dia? Apresso-me a responder que NÃO.
As imagens da construção e da inauguração de Brasília que até hoje, 50 anos depois, bombardeiam minha mente talvez sejam a causa da dúvida e da confusão. Ná época, me ajudaram bastante as fotografias em sépia que ví na revista "O Cruzeiro"; elas foram de grande valia para complementar as imagens que construí na minha cabeça a partir do noticiário bombástico, escandaloso vindo do rádio. Sim bombástico e escandaloso - pois, mesmo sem a concrorrência da TV, (cocorrência que hoje é tão trivial e abusada)o rádio já necessitava substituir pelos gritos a compreensível ausência de imagens visuais.
Houve grande conflito nas imagens que pintei desde o alarde radiofônico e as que ví em "O Cruzeiro". As do rádio que inisitiam tanto em alardear uma cidade futurista, de arquitetura a mais moderna do mundo, me mostravam uma cidade futurista daquela que eu via e lia nas revistas em quadrinhos do herói Flash Gordon. Quando ví as da revista qual não foi a minha decepção.
A Brasília real - a julgar pela qualidade e realidade das fotos de "O Cruzeiro" me mostraram uma Brasília muito aquém de uma cidade futurista, da capital que diziam ser a mais moderna do mundo.
Não guardo, de memória, os discursos de todos quantos falaram então. Porém jamais esquecí do eco, da reverberação metálica deles a chicotear os quatro cantos da sala.
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