terça-feira, 27 de abril de 2010

REMOÇÃO DE FAVELAS DO RIO DE JANEIRO ( 2) - POR UM RIO SEM FAVELAS - entrevista com Sérgio Besserman

POR UM RIO SEM FAVELAS - entrevista com Sérgio Besserman

(Veja. São Paulo, 21 de abril de 2010 (páginas amarelas)

Ségio Besserman, 52 anos, é economista, foi presidente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre 1999 e 2002.

Besserman começa a entrevista apontando que um misto de demagogia e incompetência têm não só impedido a remoção de favelas, no Rio de Janeiro, mas também transformado o assunto em tabu. A idéia de que as pessoas que moram em lugares perigosos estejam colocando em risco suas próprias vidas não tem acabado com o assintecialismo barato que pensa dever prover de tudo os pobres do morros.

Por outro lado, há um 'pensamento obtuso' que acusa a remoção de favelas de ato de violação dos direitos humanos. Daí o inchaço urbano do Rio.

Besserman denuncia o populismo carioca que teve sua fase áurea na década de 80 (sec. XX) com o governo Leonel Brizola, "quando se chegou ao auge de proibir a entrada de policiais nas favelas. O resultado foi um surto de ocupações irregulares. Sem polícia, foi dado o sinal verde para o banditismo."

Deuncia, também, os currais eleitorais (nos morros há troca de votos por tijolos, cimento, dentaduras, bicas d'água) e a industria de favelização que, com seu braço imobiliário, abre caminho para grileiros que invadem terrenos para vendê-los depois. E para pessoas que nem moram nas favelas, mas que lá compram barracos para alugá-los

Em vários momentos, Bresserman aponta o crescimento do banditismo ('bandidagem')que domina a venda de botijões de gás e de acesso clandestino às redes de TV a cabo e a da 'glamourização da bandidagem' em que "criminosos são tratados como líderes populares".


"As favelas são lugares em que milhões de pessoas vivem sob outras leis que não o do estado de direito democrático. Na prática, elas não estão sob a Constituição brasileira."


Daí sua defesa de que o Estado, através das autoridades, entre em algumas favelas para recuperar o poder ... "primeiro passo do processo civilizatório que precisa continuar"


A Lagoa Rodrigo de Freitas é tomada como exemplo de remoção bem sucedida:

"A Lagoa Rodrigo de Freitas, cartão postal da Zona Sul carioca, é um caso emblemático dos aspectos positivos que podem se seguir a uma remoção. QWuando uma favela foi retirada dali, em 1970, os imóveis da região , cujos valores vinham sendo depreciados, inverteram a curva e passaram a se valorizar, aumentando a riqueza do bairro e da cidade, em benfício de todos. A riqueza é destruída no mesmo ritmo em que a favela se alastra."



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Um parêntesis:

O jornalista Élio Gaspari em sua coluna publicada pela Folha de São Paulo de domingo passado (S. Paulo, 25 de abril, p. A14), publicou artigo ("Cidade de Deus nunca mais") em que faz uma certa crítica a este trecho em que Bresserman elogia a intervenção na Lagoa. Diz Gaspari:

"O economista Sérgio Bresserman, presidente do IGBE durante o tucanato, deu entrevista ao repórter Oscar Cabral defendendo as remoções de favelas e exemplificou suas virtudes. "A Lagoa Rodrigo de Freitas, cartão postal da Zona Sul carioca ... etc, etc., etc."

Certo, mas faltou dizer onde terminou a curva dos moradores da favela da praia do Pinto. Eles foram nadados para Cidade de Deus, símbolo internacional da depreciação do Rio de Janeiro,profuto emblemático do urbanismo demófobo. A favela não foi removida de acordo com uma política pública. Numa noite, a comunidade foi incendiada, provavelmente por Nero, o imperador que limpou Roma."


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Retomando, então, a entrevista de Besserman. Ele reconhece haver um consenso de que é muito mais simnples e barato urbanizar que remover favelas. E aqui parece que ele e o urbanista italiano Bernardo Secchi se encontram (ver postagem de ontem, segunda-feira). Bresserman afirma que que a favelização do Rio afeta o ambiente dos negócios e reduz as chances de a cidade competir globalmente.

Encerra a entrevista com sua definição de favela:

"Para mim, a melhor de todas as definições de favela é a que a descreve como um território à margem das leis que regem o rsetante da cidade. Elas começarão a deixar de ser favelas quando o estado se livrar de seus vícios populistas paralisantes e derrotar a bandidagem que exerce poder efetivo sobre o cotidiano de milhões de brasileiros."

Um comentário:

  1. isabel figueiredo13 abril, 2011 12:39

    putz...que argumentos mais de direita o desse cara, hein! Bizarro demais...

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