SÃO AS PERDAS DE MARÇO FECHANDO O VERÃO ... NUMA MESMA SEMANA, SE FORAM DOIS BRASILEIROS COMO O MESMO NOME: JOSÉ.: JOSÉ MINDLIN e ALFREDO JOSÉ (JOHNNY ALF)
JOHNNY ALF, um dos precursores da Bossa Nova, morreu ontem aos 80 anos, em Santo André (São Paulo - Brasil), depois de sofrer por três anos de um câncer de próstata.
Nascido na Vila Isabel de Noel Rosa (um dos nossos homenageados deste 2010), em 19 de maio de 1929, seu nome de batismo era Alfredo José da Silva. Cantor, compositor e pianista, foi influenciado pelos filmes musicais norteamericanos com trilhas sonoras de autoria de celebridades como George Gershwin e Cole Porter. Também o influenciaram Nat King Cole e, no Brasil, Silvio Caldas, Orlando Silva e Dircinha Batista.
Sobre Johnny Alf, Ruy Castro escreveu "A Quinze Minutos da Bossa Nova" como introdução à coleção de CD (Coleção Folha 50 anos de Bossa Nova) publicada pelo jornal Folha de São Paulo (São Paulo - Brasil), em 2008:
Como seria o universo a alguns minutos da sua própria criação, antes que os sóis explodissem, as estrelas congelassem e os oceanos elegessem os seus leitos? Eis uma pergunta difícil de responder - não há muitas fontes confiáveis. Bem mais fácil é saber como era a bossa nova, digamos, a quinze minutos antes de ser criada. Estava sendo fermentada ao teclado de um piano no pequeno bar do hotel Plaza, na avenida Princesa Isabel, no Rio, bem na fronteira entre o Leme e Copacabana. O ano era 1954, entrando por 1955, e o jovem ao piano - Johnny Alf, 25 anos - representava aquilo que, no futuro, alguém chamaria de cult. Em meados dos anos 50, Johnny Alf já era cult para toda uma geração, e ninguém sabia. Nem ele.
Ruy Castro
"Ah, se a juventude que esta brisa canta
Ficasse aqui comigo mais um pouco
Eu poderia esquecer a dor
De ser tão só prá ser um sonho ....
Aí então quem sabe alguém chegasse
Buscando um sonho em forma de desejo
Felicidade então pra nós seria ...
E depois que a tarde nos trouxesse a lua
O amor chegasse, eu não resistiria,
E a madrugada acalentaria a nossa paz ...
Fica, ó brisa fica, pois talvez quem sabe
O inesperado faça uma surpresa
E traga alguém que queira te escutar
E junto a mim queira ficar ..."
Ninguém melhor do que Johnny Alf interpretou esta música, "Eu e a brisa"
Quem nos anos 70 (século XX) não cantou esta música nos degráus e nos bares dentro e fora das faculdades. Desafinadamente , tudo bem. Mas os desafinados sempre tiveram um coração. E naqueles anos - desafinados ou não - a canção estava alí, nossos corações ... alhures .... ou alí defronte ...
Obrigado, Johnny Alf - em meu nome e em nome de toda uma geração que sabe bem do que estou dizendo, recordando e, portanto, vivendo.
Obrigado, também, a Geni Borges, que o incentivou a aprender piano clássico.
Abraços,
Vicente
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