segunda-feira, 29 de março de 2010

ACRO-SOTERÓ-POLIS / SALVADOR 461 ANOS

ACRO-SOTERÓ-POLIS / SALVADOR 461 ANOS
Vicente Deocleciano Moreira
vicentedeocleciano@yahoo;com.br
vicentedeocleciano@gmail.com


Tomé de Souza fundou Salvador, em 29 de março de 1549. Na praia do Porto da Barra, existe um marco simbolizando sua chegada aproximadamente naquele local, há 461 anos.

São Salvador cresceu dali em diante sob forma de acrópole não por um partido diríamos hoje urbanístico, mas pela adequação das necessidades geomilitares de defesa e ataque (ante as ameaças de índios, europeus e demais invasores) ao relevo e à geografia física daquela que foi a primeira capital do Brasil. A experiência da união Estado e Igreja Católica, em Portugal, foi repetida na colônia.

O Brasil e a Bahia receberam Tomé de Souza e seus acompanhantes já com quase meio século de história (1500-1549). Por força desta união, também a Igreja Católica adaptou ao relevo e à geografia física suas necessidades e interesses - por assim dizer - georreligiosos de defesa e ataque (ante as ameaças dos pagãos e infiéis).

Estado e Igreja Católica deram à luz São Salvador. O nome não nega os cromossomas “y” e “x” herdados de cada uma das duas instituições. São Salvador não nega o santo (catolicismo) e a salvação (militarismo).
Porém, com o passar dos séculos e antes do divórcio Estado/Igreja, temos Salvador, na oralidade e na escrita correntes, e não mais – nunca mais! – São Salvador.

(Se ao desembarcar no aeroporto de Salvador (capital da Bahia), alguém teve sua bagagem desviada para San Salvador (xapital de El Salvador), este episódio pode ser até trágico para a pessoa prejudicada e cômico para as demais ... porém não nos ajuda aqui e agora).

O fato é que Salvador desde sempre é a cidade da salvação instalada em acrópole. Daí ... Acro-soteró-polis.

No berço e, desde a tenra infância, ela foi nutrida pelas mitologias salvacionistas ou soterológicas [sotero (grego) = salvação]. Sua bandeira, uma das mais antigas do Brasil, exibe o desenho de uma pomba com um trevo ao bico. A pomba que, pssados quarenta dias e quarenta noites de dilúvio, a pomba retornou à arca de Noé com uma folha ao buço para avisar à reipulação que as águas já haviam baixado em algum lugar a ponto de a ave ter encontrado algum sinal de terra firme, de vida vegetal ao menos.

Emoldurando a bandeira, uma inscrição em latim: “Sic illa ad arcam reversa est”; então, a pomba voltou à arca – depois do dilúvio bíblico, evidentemente.

Militares, governantes e religiosos exploraram com maestria as condições topográficas, geológicas e geográficas de Salvador. Nas terras mais elevadas, as hierofanias das torres das igrejas católicas pedindo a Deus proteção e salvação . Fortes militares e faróis, nos outeiros e em terras avançadas para o mar, apontam seus bastiões e colunas na direção do céu e na direção do mar para nos salvar dos inimigos dos reinos deste mundo e das ilusões do mar que desnorteiam navios e navegadores.

Quem nasce em Salvador é soteropolitano(a); e por causa do destino e da missão salvacionistas da cidade, está salvo. Salvo de que? Está salvo.

FONTE DIRETA – Blog http://www.viverascidaes.blogspot.com

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