domingo, 28 de março de 2010

CRÔNICA DOMINICAL 28 de março de 2010

CRÔNICA DOMINICAL

Tenho observado que, aos domingos logo bem cedo, quatro, cinco horas antes das dez, muito papai sai a passear com seus filhos para que tomem sol e “fresca’. A fresca do domingo é diferente da fresca, do ar fresco, dos chamados “dias úteis” e da semana apelidada (não sem razão) de “inglesa” (o sábado).

Observo-os, estão nos quatro cantos da cidade, esses papais têm nos olhos a humilde arrogância da vingança contra os patrões (esses “pais” tão severos) de estar vivendo o domingo ... sem trabalhar ... “pernas pro ar que ninguém é de ferro”.

Vejo-lhes no sorriso a satisfação de, pequeninos, os filhos ainda estarem presos na gaiola de seu pátrio poder, da sua segurança de guerreiro vencedor da batalha da semana que passou (ou que vai começar?). Bebezinhos, levados nos braços, assim que é bom: “filho criado trabalho dobrado”. Esses zelosos papais andam pra lá e pra cá, mostram suas crias - com virtuoso orgulho - a quem vai às igrejas, templos, ashams, mesquitas e sinagogas, a Deus e ao mundo - e aos outros papais, esse mundo divino à parte.

Assobiam, sorriem, imitam cantos de pássaros, estalam os dedos para os filhotes. Não estão ‘nem aí’ para as testemunhas oculares daquele momento histórico, da tragicomédia dominical do ridículo de seus gestos e trejeitos para arrancar alguma graça, algum som engraçado de seus pequenos prisioneiros ..., ‘vítimas’ do desejo e dos quefazeres paternos. Quase parecidos com os quefazeres da maternagem.

Nunca vi mamães exibindo, publicamente - ruas, praças e matos - esses cuidados com seus filhos. Porque estou falando sobre esses homens de todas as idades e segmentos sociais que criam passarinhos em gaiolase e, aos domingos, saem por aí com suas crias engaioladas. Mulheres, nunca as vi fazendo isso.

Vicente Deocleciano Moreira

2 comentários:

  1. A pedagogia, a educação, o carinho, e o amor (que é o maior de todos) manda aos seus pais que deem simplesmente carinho aos seus filhos. A tragédia está nos pais que só conseguem fazer isto nos finais de semana. A comédia simplesmente não existe. Não existem vítimas no amor, no carinho, mas na falta dele, sim. Aí, existem muitas vítimas, distorcidas, "na vaidade da sua mente, entenebrecidas no entendimento, separadas da vida de Deus pela ignorância que há nelas, pela dureza de seus corações, os quais havido perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução para com avidez cometerem toda a impureza".

    Fica o eterno apelo não só aos pais, mas a todos nós: ame verdadeiramente, como quem semeia, rega e poda. Por que quem ama, corrige.

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  2. Muito Obrigado pelo seu comentário. Nele, há muita sabedoria e amor ao próximo - um amor especial pois é aquele que desperta o outro para o torpor das facilidades e do adiamento das decisões importante quanto aos filhos.

    Um abraço,

    Vicente

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