terça-feira, 9 de março de 2010

MULHERES QUE NÃO SÓ DIZEM SIM (CONTINUAÇÃO)

DIA E SEMANA INTERNACIONAIS DA MULHER



“Niña morena y ágil, el sol que hace las frutas,
el que cuaja los trigos, el que tuerce las algas,
hizo tu cuerpo alegre, tus luminosos ojos
y tu boca que tiene la sonrisa del água”


(“Veinte poemas de amor y una canción desesperada”, Poema 19, de Pablo Neruda, poeta chileno (1904-1973), Prêmio Nobel de Literatura de 1971)




MULHERES QUE NÃO SÓ DIZEM SIM: violência sexual contra prostitutas em Feira de Santana – Bahia

(CONTINUAÇÃO)



METODOLOGIA



A pesquisa seguiu abordagem qualitativa pois, “se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. O estudo caracterizou-se como analítico abordado pelo método explorativo, levando em conta que este é um assunto pouco abordado principalmente na prostituição.



Os campos do estudo de abordagem qualitativa foram a APROFS e o “Beco da Energia”, um dos mais antigos pontos de prostituição, que está localizado no centro da cidade de Feira de Santana. Fundada em 17 de março de 2001, a associação está localizada na Praça Padre Ovídio, nº 71, sala 01, centro, Feira de Santana – Bahia - Brasil e tem por objetivos: discutir e aprofundar o conhecimento que diz respeito à prostituição, lutar pela cidadania plena dos profissionais do sexo atingindo o maior número possível de mulheres e conscientizando-as da necessidade de se organizarem e defenderem seus direitos e a valorizar seus deveres. A APROFS possui cerca de 700 associadas, das quais 400 estão fixas na cidade de Feira de Santana e 300 são flutuantes. A APROFS promove reuniões duas vezes por mês com palestras, promove vacinação para as profissionais do sexo e oficinas sobre sexo seguro na sede e em locais de trabalho dessas profissionais. Seus projetos têm se desenvolvido em parceria com a Secretaria de Saúde do município de Feira de Santana e com profissionais da saúde. A APROFS possui também caráter investigativo, denunciando crimes contra profissionais do sexo e indo à procura das desaparecidas. Em média, cinquenta mulheres frequentam a APROFS. Mas, apenas quinze comparecem às reuniões; desse total, dez concordaram em dar entrevistas que durou em média 15 minutos cada uma.



O Beco da Energia é um dos pontos de prostituição mais antigos da cidade de Feira de Santana. Existe há mais de 50 anos e liga a rua Marechal Deodoro ao Beco do Mocó, no centro da cidade. Ali havia sobrados onde eram atendidos os clientes e cerca de 20 bares freqüentados pela alta sociedade, entre pais de família mal casados, bêbados ou adolescentes inexperientes em busca de iniciação sexual, além de fugitivos da polícia. Os bares ficavam vizinhos a casas de famílias tradicionais da cidade em um convívio de respeito, funcionando a partir das 22:00h após a vizinhança ter se recolhido (BECO..., 2001)



Procuramos facilitar o contato com os sujeitos da pesquisa e a formação de um vínculo de confiança com eles. foi solicitado à APROFS. Um ofício endereçado à presidente da instituição, formalizaou o acompanhamento das atividades da associação realizadas com as profissionais do sexo que trabalham no Beco da Energia. As atividades acompanhadas pela pesquisadora na APROFS foram as reuniões que já faziam parte do cronograma da Associação, nas quais eram dados informes, orientações sobre saúde e distribuídos preservativos.



A coleta de dados foi realizada no período de dezembro de 2005 a janeiro de 2006. A entrada em campo – Beco da Energia - junto às colaboradoras desta associação[1] as quais indicavam as mulheres que atendiam as condições da pesquisa. Apresentei-me usando crachá, vestimenta padrão (blusa branca, calça jeans e sapato branco) e com prancheta.



As dez entrevistadas que se propuseram espontaneamente a nos dar entrevista e a coversar informalmente conosco, assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido em conformidade com a Resolução MS 196/96 de 10 de outubro de 1996. A pesquisa que deu orien a este artigo, foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Universidade Estadual de Feira de Santana, Protocolo Nº 047///2005 – CAAE 0049.0.059.000-05.



DIZENDO NÃO


Levantamos algumas características etárias profissionais e educacionais de cada uma das dez mulheres entrevistadas cujos nomes próprios estão substituídos por letras a fim de, eticamente, guardar-lhes o anonimato:



PROFISSIONAIS DO SEXO PROSTITUTAS



1 - Pseudônimo - Gilcélia
Idade - 33
Tempo de profissão - 10 anos
Escolaridade - 2º grau completo



2 - Pseudônimo - Elizabete
Idade - 19
Tempo de profissão -02 anos
Escolaridade - 1º grau incompleto



3 - Pseudônimo - Marlene
Idade - 41
Tempo de profissão - 04 anos
Escolaridade - 1º grau completo



4 - Pseudônimo - Gilmara
Idade - 23
Tempo de profissão - 09 anos
Escolaridade - 1º grau incompleto



5 - Pseudônimo - Joana
Idade - 21
Tempo de profissão - 03 anos
Escolaridade - 1º grau completo



6 - Pseudônimo - Selene
Idade - 26
Tempo de profissão - 04 anos
Escolaridade - 1º grau completo



7 - Pseudônimo - Neusa
Idade - 65
Tempo de profissão - 40 anos
Escolaridade - Alfabetizada



8 - Pseudônimo - Leonora
Idade - 46
Tempo de profissão - 34 anos
Escolaridade - 1º grau completo



9 - Pseudônimo - Paula
Idade - 32
Tempo de profissão - 09 anos
Escolaridade - 2º grau completo



10 - Pseudônimo - Graciete
Idade - 25
Tempo de profissão - 06 anos
Escolaridade - 3º grau



A idade destas mulheres, (conforme tabela elaborada tendo como fonte de dados o trabalho de campo) é compreendida entre 19 e 65 anos com tempo de trabalho que varia de 02 a 40 anos. A escolaridade em sua maioria é de 1º grau (incompleto e completo), com extremos de alfabetizada a 3º grau.


(AMANHÃ, QUARTA, CONTINUAÇÃO)



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