quinta-feira, 31 de março de 2011
RAUL CUTAIT - TRIBUTO A UM PACIENTE
Tributo a um paciente
RAUL CUTAIT
No Brasil, acho que José Alencar foi o exemplo público máximo de comportamento aberto, dividindo sua doença com a população em geral |
Para um médico, a perda de um paciente é sempre sentida e motivo de reflexões: foi feito o melhor? Algo poderia ter sido diferente? Foram respeitados os desejos do paciente? E os de sua família? Fui determinado e, ao mesmo tempo, acolhedor quando necessário?
Nesta semana, assim como milhões de brasileiros, lamento a perda de um de nossos mais ilustres cidadãos, José Alencar.
Ao longo de quase 14 anos de convívio como um de seus médicos, em que histórias e estórias intermináveis mesclavam-se a discussões sobre suas doenças, aprendi a estimá-lo e a respeitá-lo.
E, com a camaradagem que essa relação mágica que a medicina cria entre médicos e pacientes, sentia-me à vontade para ouvir e falar.
Mais de uma vez, em conversas reflexivas, pude lhe dizer que eu o via como exemplo de sucesso profissional, político e familiar, mas em especial como um exemplo de paciente. Nesse aspecto, o seu comportamento influenciou milhões de brasileiros, que viam nele um porta-bandeira de fé, esperança e determinação.
Quantas vezes, enquanto andávamos pelo hospital, cruzamos com pacientes que faziam questão de lhe dizer que eles se fortaleceram nas lutas contra suas doenças vendo sua força de vontade de vencer seu próprio mal.
Não é exagero dizer que suas atitudes diante da doença, da vida e da morte marcaram também muitos de nós, seus médicos.
Numa de suas cirurgias mais delicadas, há quase dois anos, ao lhe expor os riscos do procedimento com a franqueza que Alencar exigia, ele, ao perceber a inquietude de seus familiares, soltou uma frase digna de sua fé e de sua esperança: "Não quero clima de velório, mas espírito natalício". Sim, porque ele se via renascendo após a cirurgia, o que realmente aconteceu.
Na minha época de recém-formado, era quase rotineiro não contar para as pessoas que elas tinham câncer, uma doença que era, então, um estigma para muitos.
Felizmente, nos dias de hoje, tudo mudou, sendo cada vez mais comum os pacientes participarem ativamente das conversas sobre tratamento e até mesmo prognóstico, podendo sentir que seus familiares e médicos são como seus parceiros, dividindo com ele a angústia, o medo e a esperança.
Como na "Canção do Tamoio", de Gonçalves Dias, muitos logo entendem que "A vida é combate,/ Que os fracos abate,/ Que os fortes, os bravos/ Só pode exaltar".
No Brasil, acho que Alencar foi o exemplo público máximo de comportamento aberto, dividindo sua doença e seus sentimentos com a população em geral.
Foi antecedido por Mário Covas, que, quando governador, chegou a chorar em entrevista coletiva enquanto falava de si e de sua doença; por Ana Maria Braga, que, com sua capacidade de comunicação, mostrou grande dignidade ao falar de sua doença e de como a enfrentava; pela atriz Patrícia Pillar, que aumentou o time das pessoas que expuseram sua doença e ajudaram os brasileiros a entender e a conviver com o câncer.
Diga-se de passagem que, no presente, é possível curar mais de 50% de todos os casos diagnosticados de câncer, bem como ampliar o tempo de sobrevida, com qualidade e dignidade, daqueles que têm doenças incuráveis.
Na sua infindável procura pelo significado da vida, o homem usa explicações racionais, emocionais, científicas e religiosas.
Na busca de sentir que a vida valeu a pena, até mesmo sem entendê-la em sua plenitude, tenta conquistar amor, felicidade, paz, saúde, sucesso e tantas outras coisas.
Para mim, o José chegou lá!
RAUL CUTAIT, membro da Academia Nacional de Medicina e da Academia Paulista de Letras, é professor associado do Departamento de Cirurgia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e cirurgião do Hospital Sírio-Libanês.
CHICO BUARQUE E OS AMORES URBANOS (9)
2 - O MALANDRO (I)
JUCA
Chico Buarque
(1965)
Juca foi autuado em flagrante
Como meliante
Pois sambava bem diante
Da janela de Maria
Bem no meio da alegria
A noite virou dia
O seu luar de prata
Virou chuva fria
A sua serenata
Não acordou Maria
Como meliante
Pois sambava bem diante
Da janela de Maria
Bem no meio da alegria
A noite virou dia
O seu luar de prata
Virou chuva fria
A sua serenata
Não acordou Maria
Juca ficou desapontado
Declarou ao delegado
Não saber se amor é crime
Ou se samba é pecado
Em legítima defesa
Batucou assim na mesa
O delegado é bamba
Na delegacia
Mas nunca fez samba
Nunca viu Maria
Declarou ao delegado
Não saber se amor é crime
Ou se samba é pecado
Em legítima defesa
Batucou assim na mesa
O delegado é bamba
Na delegacia
Mas nunca fez samba
Nunca viu Maria
MALANDRO QUANDO MORRE
(1965)
Cai no chão
Um corpo maltrapilho
Velho chorando
Malandro do morro era seu filho
Um corpo maltrapilho
Velho chorando
Malandro do morro era seu filho
Lá no morro
De amor o sangue corre
moça chorando
Que o verdadeiro amor sempre é o que morre
De amor o sangue corre
moça chorando
Que o verdadeiro amor sempre é o que morre
Menino quando morre vira anjo
Mulher vira um flor no céu
Pinhos chorando
Malandro quando morre
Vira samba
Mulher vira um flor no céu
Pinhos chorando
Malandro quando morre
Vira samba
COM AÇÚCAR, COM AFETO
(1966)
Composição : Chico Buarque
Com açúcar, com afeto, fiz seu doce predileto
Pra você parar em casa, qual o quê!
Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é um operário, sai em busca do salário
Pra poder me sustentar, qual o quê!
No caminho da oficina, há um bar em cada esquina
Pra você comemorar, sei lá o quê!
Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo, sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo
Pra você rememorar
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Como vou me aborrecer? Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você
Pra você parar em casa, qual o quê!
Com seu terno mais bonito, você sai, não acredito
Quando diz que não se atrasa
Você diz que é um operário, sai em busca do salário
Pra poder me sustentar, qual o quê!
No caminho da oficina, há um bar em cada esquina
Pra você comemorar, sei lá o quê!
Sei que alguém vai sentar junto, você vai puxar assunto
Discutindo futebol
E ficar olhando as saias de quem vive pelas praias
Coloridas pelo sol
Vem a noite e mais um copo, sei que alegre ma non troppo
Você vai querer cantar
Na caixinha um novo amigo vai bater um samba antigo
Pra você rememorar
Quando a noite enfim lhe cansa, você vem feito criança
Pra chorar o meu perdão, qual o quê!
Diz pra eu não ficar sentida, diz que vai mudar de vida
Pra agradar meu coração
E ao lhe ver assim cansado, maltrapilho e maltratado
Como vou me aborrecer? Qual o quê!
Logo vou esquentar seu prato, dou um beijo em seu retrato
E abro os meus braços pra você
MAMBEMBE
(1972)
No palco, na praça, no circo, num banco de jardim
Correndo no escuro, pichado no muro
Você vai saber de mim
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
Mendigo, malandro, muleque, mulambo bem ou mal
Cantando
Escravo fugido, um louco varrido
Vou fazer meu festival
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
Poeta, palhaço, pirata, corisco, errante judeu
Cantando
Dormindo na estrada, no nada, no nada
E esse mundo é todo meu
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
Correndo no escuro, pichado no muro
Você vai saber de mim
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
Mendigo, malandro, muleque, mulambo bem ou mal
Cantando
Escravo fugido, um louco varrido
Vou fazer meu festival
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
Poeta, palhaço, pirata, corisco, errante judeu
Cantando
Dormindo na estrada, no nada, no nada
E esse mundo é todo meu
Mambembe, cigano
Debaixo da ponte
Cantando
Por baixo da terra
Cantando
Na boca do povo
Cantando
HOMENAGEM AO MALANDRO
(1977/1978)
Eu fui fazer um samba em homenagem
à nata da malandragem, que conheço de outros carnavais.
Eu fui à Lapa e perdi a viagem,
que aquela tal malandragem não existe mais.
Agora já não é normal, o que dá de malandro
regular profissional, malandro com o aparato de malandro oficial,
malandro candidato a malandro federal,
malandro com retrato na coluna social;
malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal.
Mas o malandro para valer, não espalha,
aposentou a navalha, tem mulher e filho e tralha e tal.
Dizem as más línguas que ele até trabalha,
Mora lá longe chacoalha, no trem da central
à nata da malandragem, que conheço de outros carnavais.
Eu fui à Lapa e perdi a viagem,
que aquela tal malandragem não existe mais.
Agora já não é normal, o que dá de malandro
regular profissional, malandro com o aparato de malandro oficial,
malandro candidato a malandro federal,
malandro com retrato na coluna social;
malandro com contrato, com gravata e capital, que nunca se dá mal.
Mas o malandro para valer, não espalha,
aposentou a navalha, tem mulher e filho e tralha e tal.
Dizem as más línguas que ele até trabalha,
Mora lá longe chacoalha, no trem da central
DESAFIO DO MALANDRO
Chico Buarque
(1985)
- Você tá pensando que é da alta sociedade
Ou vai montar exposição de souvenir de gringo
Ou foi fazer a fé no bingo em chá de caridade
Eu não sei não , eu não sei não
Só sei que você vem com five o'clock, very well, my friend
A curriola leva um choque, nego não entende
E deita e rola e sai comentando
Que grande malandro é você
- Você tá fazendo piada ou vai querer que eu chore
A sua estampa eu já conheço do museu do império
Ou mausoléu de cemitério, ou feira de folclore
Eu não sei não, eu não sei não
Só sei que você vem com reco-reco, berimbau, farofa
A curriola tem um treco, nego faz galhofa
E deita e rola e sai comentando
Que grande malandro é você
- Você que era um sujeito tipo jovial
Agora até mudou de nome
- Você infelizmente continua igual
Fala bonito e passa fome
- Vai ver que ainda vai virar trabalhador
Que horror
- Trabalho a minha nega e morro de calor
- Falta malandro se casar e ser avô
- Você não sabe nem o que é o amor
Malandro infeliz
- Amor igual ao seu, malandro tem quarenta e não diz
- Respeite uma mulher que é boa e me sustenta
- Ela já foi aposentada
- Ela me alisa e me alimenta
- A bolsa dela tá furada
- E a sua mãe tá na rua
- Se você nunca teve mãe, eu não posso falar da sua
- Eu não vou sujar a navalha nem sair no tapa
- É mais sutil sumir da Lapa
- Eu não jogo a toalha
- Onde é que acaba essa batalha?
- Em fundo de caçapa
- Eu não sei não, eu não sei não
- Só sei que você perde a compostura quando eu pego o taco
A curriola não segura, nego coça o saco
E deita e rola e sai comentando
que grande malandro é você
Ou vai montar exposição de souvenir de gringo
Ou foi fazer a fé no bingo em chá de caridade
Eu não sei não , eu não sei não
Só sei que você vem com five o'clock, very well, my friend
A curriola leva um choque, nego não entende
E deita e rola e sai comentando
Que grande malandro é você
- Você tá fazendo piada ou vai querer que eu chore
A sua estampa eu já conheço do museu do império
Ou mausoléu de cemitério, ou feira de folclore
Eu não sei não, eu não sei não
Só sei que você vem com reco-reco, berimbau, farofa
A curriola tem um treco, nego faz galhofa
E deita e rola e sai comentando
Que grande malandro é você
- Você que era um sujeito tipo jovial
Agora até mudou de nome
- Você infelizmente continua igual
Fala bonito e passa fome
- Vai ver que ainda vai virar trabalhador
Que horror
- Trabalho a minha nega e morro de calor
- Falta malandro se casar e ser avô
- Você não sabe nem o que é o amor
Malandro infeliz
- Amor igual ao seu, malandro tem quarenta e não diz
- Respeite uma mulher que é boa e me sustenta
- Ela já foi aposentada
- Ela me alisa e me alimenta
- A bolsa dela tá furada
- E a sua mãe tá na rua
- Se você nunca teve mãe, eu não posso falar da sua
- Eu não vou sujar a navalha nem sair no tapa
- É mais sutil sumir da Lapa
- Eu não jogo a toalha
- Onde é que acaba essa batalha?
- Em fundo de caçapa
- Eu não sei não, eu não sei não
- Só sei que você perde a compostura quando eu pego o taco
A curriola não segura, nego coça o saco
E deita e rola e sai comentando
que grande malandro é você
A VOLTA DO MALANDRO
Chico Buarque
(1985)
Eis o malandro na praça outra vez
Caminhando na ponta dos pés
Como quem pisa nos corações
Que rolaram nos cabarés
Caminhando na ponta dos pés
Como quem pisa nos corações
Que rolaram nos cabarés
Entre deusas e bofetões
Entre dados e coronéis
Entre parangolés e patrões
O malandro anda assim de viés
Entre dados e coronéis
Entre parangolés e patrões
O malandro anda assim de viés
Deixa balançar a maré
E a poeira assentar no chão
Deixa a praça virar um salão
Que o malandro é o barão da ralé
E a poeira assentar no chão
Deixa a praça virar um salão
Que o malandro é o barão da ralé
quarta-feira, 30 de março de 2011
BEMVINDA LUCIANA DO CARMO
BEMVINDA LUCIANA DO CARMO
Receba nosso abraço de boas vindas, você que nos chega nessa noite de 30 de março de 2011.
Muito Obrigado pelo carinho de sua escolha.
Estamos a recebê-la de bracos e corações abertos e acolhedores.
Com alegria,
Vicente
Receba nosso abraço de boas vindas, você que nos chega nessa noite de 30 de março de 2011.
Muito Obrigado pelo carinho de sua escolha.
Estamos a recebê-la de bracos e corações abertos e acolhedores.
Com alegria,
Vicente
FCCV - DE NOVO A GUERRA. CADÊ A PAZ?
FCCV (Fortum Copm unitário de Combate à Violência)Salvador - Bahia - BrasilLeitura de fatos violentos publicados na mídiaAno 11, nº 12, 29/03/11 | |
DE NOVO A GUERRA. CADÊ A PAZ? |
Não haverá a paz sem a guerra. Frase de inusitado nexo tornada banal pelas “lógicas das práticas” nos tempos atuais. À primeira vista, uma sentença inconseqüente dado o seu teor contraditório. A mensagem poderia ser pensada como um erro de digitação ou uma confusão mental do digitador. Mas a disparatada sentença atingiu o grau de medida acertada e normal na escala que mede os terremotos simbólicos da humanidade recente.
Para a sua tranquilidade, ande armado. Para garantir a paz do lugar onde você mora, tolere o extermínio de indesejáveis. Para o seu bem, seja hostil a tudo o que lhe for estranho, que não for igual aos seus valores, às suas crenças, aos seus padrões econômico e social. A sua paz depende de suas habilidades em manter distância dos estranhos, para tanto os veja sempre como inimigos, invasores, perturbadores ou opositores.
O diálogo deve ser praticado entre pessoas iguais, conhecidas, aquelas em relação às quais não há possibilidade de surpresa. O diálogo não é mais troca e sim confirmação das coisas batidas, surradas e previamente admitidas. Por ele, o que você pensa é o certo e os que pensam diferentemente disto são os errados e os perigosos por serem vetores do erro capaz de contaminar o seu ambiente, colocando em risco a sua paz.
A violência como perspectiva saneadora, como lenitivo e até como garantia de respeito aos direitos humanos assume nos dias de hoje a conformação de “agressividade do bem”. Com esta caracterização têm se justificado conflitos bélicos de grande expressão mundial e, também, atuações de caráter oficial de forças violentas no interior das nações e no âmbito do enfrentamento de conflitos que põem em perigo a segurança coletiva no cotidiano de municípios, vilas ou metrópoles.
Para se combater a violência (do mal) aplica-se a violência (do bem). Esse recurso tem se colocado às vezes como o primeiro, outras vezes como o único e, mais raramente, vem combinado com um conjunto de outras iniciativas capazes de relativizar o próprio papel da violência como ingrediente usado enquanto garantia da paz.
Nesses dias, alguns países atacam a Líbia para salvá-la de Kadaffi. O Brasil e outras nações foram contrários à proposta na reunião da ONU, mas foi vitoriosa a decisão de interferência das forças chefiadas pela OTAN. Desde então é anunciada a ofensiva destruidora a alvos militares controlados pelo ditador líbio, versão contra-argumentada pelas fontes de Kadaffi que informam sobre a existência de civis vitimados pelos ataques.
Desde a penúltima guerra contra o Iraque, a “violência do bem” ostenta uma capacidade de discernir o joio do trigo, gabando-se das suas qualidades técnicas capazes de produzir ataques “cirúrgicos” que liberam o tecido social sadio das deformidades e dos riscos de contaminação. Entretanto, não parece ser este o resultado da intervenção junto ao Iraque. Nos últimos dias, os iraquianos têm aparecido como mais uma nação insatisfeita com a ordem à qual está sujeita. Caso semelhante é registrado no Afeganistão, espaço onde se procura um homem e seus seguidores e, enquanto isso, são praticadas aberrações contra civis.
Este modo de confronto vem adquirindo certa consagração enquanto meio único de conter e combater o destempero de ditadores e de terroristas que há bem pouco tempo estavam na conta do trigo, e não do joio, conforme o conceito dos países integrantes da coalizão que ataca a Líbia para desestruturar o poder de Kadaffi. Aliás, vale lembrar o apreço recente que os líderes ocidentais demonstravam pelo ex-presidente e ditador do Egito, que renunciou ao cargo diante das pressões populares a ocupar as grandes cidades daquele país em janeiro e fevereiro últimos. Osni Mubarak não era nem de longe um exemplo de democrata enquanto cumpria importante papel como líder de nação africana estratégica para os interesses de países e negócios ocidentais. A sua permanência no poder por mais de três décadas foi fator de estabilidade para os aliados ocidentais, não gerando incômodos nem constrangimentos aos fitos democratas.
É sempre hora para se refletir: A que serve a guerra? A quem interessa um conflito bélico?
CHICO BUARQUE E OS AMORES URBANOS (8)
1 - O MORRO, A FAVELA (II)
Vicente Deocleciano Moreira
Talvez não haja tanto peso e tanta importância minerar a obra do carioca Chico Buarque no que ela retrata da relação favela (morro) e cidade ... isso para as pessoas que, por hábito, apatia, falta de tempo ou de (boa)vontade, não se debruçam sobre a patrimônio da Velha Guarda da MPB; é do feitio desses velhos/queridos compositores cantar e contar o morro, a favela ... notadamente do Rio de Janeiro (Brasil) como um locus distante e divorciado da cidade. Da cidade ... lá embaixo.
"Pivete", "Pelas Tabelas", "Estação Derradeira" e "Morro Dois Irmãos" (ver letras na postagem de ontem, terça-feira) são capazes de representar a estética buarqueana a serviço de uma compreensão sociológica (ou o inverso?) da favela, do morro ... e suas ligações orgânicas viscerais mesmo (!) com a cidade do Rio de Janeiro.
(Largo da Carioca - Rio de Janeiro - Brasil)
A expressão "Pivete" é hoje (2011) termo de bem pouco uso. Desusado mesmo. Arcaico. Talvez quem tenha hoje menos de 20 anos sequer saiba o que significa mas, há quase trinta anos, quando a letra foi escrita, significava ladrão de menor idade (menos de 18 anos de idade). O sujeito lírico de "Pivete" é um pivete morador da favela ( Morro do Borel, quem sabe [?]). Mas ele tem vida ativa na cidade ... se ainda insistimos na oposição morro X cidade que fez a delícia da Velha Guarda da MPB. Sinal de trânsito fechado, semáforo fechado (vermelho) ele entra em ação: 1) ora com uma flanela limpa vidros dos carros, ora vende gomas de mascar (chicletes) ... que são atividades ilegais pois, sendo criança, não lhe é permitido por lei trabalhar, e sim apenas estudar. Mas ...: 2) ora furta,outras vezes rouba e danifica automóveis ... atividades também ilícitas, criminosas.
(Morro do Borel)
Ilícitos, ilegalidades e atividades criminosas ... classificações e rotulagens à parte, o fato é que, Chico Buarque as utiliza para patrocinar, através do enfant terrible, o abraço físico (afetivo [?]), ecológico, sociológico e as trocas simbólicas entre moro e cidade. Entre o Morro do Borel, por exemplo, e o vizinho bairro da Tijuca (do qual faz parte) . .. a cidade enfim.
Na letra "Pelas Tabelas", a palavra FAVELA aparece oito vezes; e não é para fazer rimas fáceis na opus de um poeta que não faz rimas fáceis.
"Estação Derradeira" nos dá conta da incrível diversidade de papéis e atores nesse palco et pour cause dramático, chamado favela. morro; no caso, o Morro da Mangueira pai/mãe da Escola de Samba Mangeurira - a minha amada verde e rosa -, a preferida do coração dos nossos Chico Buarque ... Cartola, da nossa Beth Carvalho e de mais um supertime mangueirense de fazer inveja.
"Estação Derradeira" nos dá conta da incrível diversidade de papéis e atores nesse palco et pour cause dramático, chamado favela. morro; no caso, o Morro da Mangueira pai/mãe da Escola de Samba Mangeurira - a minha amada verde e rosa -, a preferida do coração dos nossos Chico Buarque ... Cartola, da nossa Beth Carvalho e de mais um supertime mangueirense de fazer inveja.
O AMOR URBANO de Chico pelo morro, pela favela, é tecido com a delicadeza de um artesão, de uma mulher rendeira nordestina ou uma bordadeira aplicada. Essa tessitura aparece nbem diversas letras, mas peço licença para pedir destaque ao lírismo - permitam-me - geológico de "Morro Dois Irmãos":
(Morro Dois Irmãos, "montanha em movimento")
Dois Irmãos, quando vai alta a madrugada
E a teus pés vão-se encostar os intrumentos
Aprendi a respeitar tua prumada
E desconfiar do teu silêncio
Penso ouvir a pulsação atravessada
Do que foi e o que será noutra existência
É assim como se a rocha dilatada
Fosse uma concentração de tempos
É assim como se o ritmo do nada
Fosse, sim, todos os ritmos por dentro
Ou, então, como um música parada
Sobre uma montanha em movimento
Dizer mais o quê ... senão ATÉ AMANHÃ ... com mais Chico Buarque de Hollanda
terça-feira, 29 de março de 2011
CHICO BUARQUE E OS AMORES URBANOS (7)
CHICO BUARQUE E OS AMORES URBANOS (7)
1 - O MORRO, A FAVELA (I)
Pivete
Francis Hime e Chico Buarque
(1972)No sinal fechado
Ele vende chiclete
Capricha na flanela
E se chama Pelé
Pinta na janela
Batalha algum trocado
Aponta um canivete
E até
Dobra a Carioca, olerê
Desce a Frei Caneca, olará
Se manda pra Tijuca
Sobe o Borel
Meio se maloca
Agita numa boca
Descola uma mutuca
E um papel
Sonha aquela mina, olerê
Prancha, parafina, olará
Dorme gente fina
Acorda pinel
Zanza na sarjeta
Fatura uma besteira
E tem as pernas tortas
E se chama Mané
Arromba uma porta
Faz ligação direta
Engata uma primeira
E até
Dobra a Carioca, olerê
Desce a Frei Caneca, olará
Se manda pra Tijuca
Na contramão
Dança pára-lama
Já era pára-choque
Agora ele se chama
Emersão
Sobe no passeio, olerê
Pega no Recreio, olará
Não se liga em freio
Nem direção
No sinal fechado
Ele transa chiclete
E se chama pivete
E pinta na janela
Capricha na flanela
Descola uma bereta
Batalha na sarjeta
E tem as pernas tortas
Fatura uma besteira
E tem as pernas tortas
E se chama Mané
Arromba uma porta
Faz ligação direta
Engata uma primeira
E até
Dobra a Carioca, olerê
Desce a Frei Caneca, olará
Se manda pra Tijuca
Na contramão
Dança pára-lama
Já era pára-choque
Agora ele se chama
Emersão
Sobe no passeio, olerê
Pega no Recreio, olará
Não se liga em freio
Nem direção
No sinal fechado
Ele transa chiclete
E se chama pivete
E pinta na janela
Capricha na flanela
Descola uma bereta
Batalha na sarjeta
E tem as pernas tortas
Pelas Tabelas
Chico Buarque
(1884)Ando com minha cabeça já pelas tabelas
Claro que ninguém se toca com a minha aflição
Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela
Eu achei que era ela puxando o cordão
Oito horas e danço de blusa amarela
Minha cabeça talvez faça as pazes assim
Quando ouvi a cidade de noite batendo as panelas
Eu pensei que era ela voltando pra
Minha cabeça de noite batendo panelas
Provavelmente não deixa a cidade dormir
Quando vi um bocado de gente descendo as favelas
Eu achei que era o povo que vinha pedir
A cabeça de um homem que olhava as favelas
Minha cabeça rolando no Maracanã
Quando vi a galera aplaudindo de pé as tabelas
Eu jurei que era ela que vinha chegando
Com minha cabeça já pelas tabelas
Claro que ninguém se toca com a minha aflição
Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela
Eu achei que era ela puxando o cordão
Oito horas e danço de blusa amarela
Minha cabeça talvez faça as pazes assim
Quando ouvi a cidade de noite batendo as panelas
Eu pensei que era ela voltando pra
Minha cabeça de noite batendo panelas
Provavelmente não deixa a cidade dormir
Quando vi um bocado de gente descendo as favelas
Eu achei que era o povo que vinha pedir
A cabeça de um homem que olhava as favelas
Minha cabeça rolando no Maracanã
Quando vi a galera aplaudindo de pé as tabelas
Eu jurei que era ela que vinha chegando
Com minha cabeça já numa baixela
Claro que ninguém se toca com a minha aflição
Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela
Eu achei que era ela puxando o cordão
Oito horas e danço de blusa amarela
Minha cabeça talvez faça as pazes assim
Quando ouvi a cidade de noite batendo as panelas
Eu pensei que era ela voltando pra
Minha cabeça de noite batendo panelas
Provavelmente não deixa a cidade dormir
Quando vi um bocado de gente descendo as favelas
Eu achei que era o povo que vinha pedir
A cabeça de um homem que olhava as favelas
Minha cabeça rolando no Maracanã
Quando vi a galera aplaudindo de pé as tabelas
Eu jurei que era ela que vinha chegando
Com minha cabeça já numa baixela
Claro que ninguém se toca com a minha aflição
Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela
Eu achei que era ela puxando o cordão
Oito horas e danço de blusa amarela
Minha cabeça talvez faça as pazes assim
Quando ouvi a cidade de noite batendo as panelas
Eu pensei que era ela voltando pra
Minha cabeça de noite batendo panelas
Provavelmente não deixa a cidade dormir
Quando vi um bocado de gente descendo as favelas
Eu achei que era o povo que vinha pedir
A cabeça de um homem que olhava as favelas
Minha cabeça rolando no Maracanã
Quando vi a galera aplaudindo de pé as tabelas
Eu jurei que era ela que vinha chegando
Com minha cabeça já pelas tabelas
Claro que ninguém se toca com a minha aflição
Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela
Dois Irmãos, quando vai alta a madrugada
E a teus pés vão-se encostar os intrumentos
Aprendi a respeitar tua prumada
E desconfiar do teu silêncio
Penso ouvir a pulsação atravessada
Do que foi e o que será noutra existência
É assim como se a rocha dilatada
Fosse uma concentração de tempos
É assim como se o ritmo do nada
Fosse, sim, todos os ritmos por dentro
Ou, então, como um música parada
Sobre um montanha em movimento
Claro que ninguém se toca com a minha aflição
Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela
Eu achei que era ela puxando o cordão
Oito horas e danço de blusa amarela
Minha cabeça talvez faça as pazes assim
Quando ouvi a cidade de noite batendo as panelas
Eu pensei que era ela voltando pra
Minha cabeça de noite batendo panelas
Provavelmente não deixa a cidade dormir
Quando vi um bocado de gente descendo as favelas
Eu achei que era o povo que vinha pedir
A cabeça de um homem que olhava as favelas
Minha cabeça rolando no Maracanã
Quando vi a galera aplaudindo de pé as tabelas
Eu jurei que era ela que vinha chegando
Com minha cabeça já pelas tabelas
Claro que ninguém se toca com a minha aflição
Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela
Eu achei que era ela puxando o cordão
Oito horas e danço de blusa amarela
Minha cabeça talvez faça as pazes assim
Quando ouvi a cidade de noite batendo as panelas
Eu pensei que era ela voltando pra
Minha cabeça de noite batendo panelas
Provavelmente não deixa a cidade dormir
Quando vi um bocado de gente descendo as favelas
Eu achei que era o povo que vinha pedir
A cabeça de um homem que olhava as favelas
Minha cabeça rolando no Maracanã
Quando vi a galera aplaudindo de pé as tabelas
Eu jurei que era ela que vinha chegando
Com minha cabeça já numa baixela
Claro que ninguém se toca com a minha aflição
Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela
Eu achei que era ela puxando o cordão
Oito horas e danço de blusa amarela
Minha cabeça talvez faça as pazes assim
Quando ouvi a cidade de noite batendo as panelas
Eu pensei que era ela voltando pra
Minha cabeça de noite batendo panelas
Provavelmente não deixa a cidade dormir
Quando vi um bocado de gente descendo as favelas
Eu achei que era o povo que vinha pedir
A cabeça de um homem que olhava as favelas
Minha cabeça rolando no Maracanã
Quando vi a galera aplaudindo de pé as tabelas
Eu jurei que era ela que vinha chegando
Com minha cabeça já numa baixela
Claro que ninguém se toca com a minha aflição
Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela
Eu achei que era ela puxando o cordão
Oito horas e danço de blusa amarela
Minha cabeça talvez faça as pazes assim
Quando ouvi a cidade de noite batendo as panelas
Eu pensei que era ela voltando pra
Minha cabeça de noite batendo panelas
Provavelmente não deixa a cidade dormir
Quando vi um bocado de gente descendo as favelas
Eu achei que era o povo que vinha pedir
A cabeça de um homem que olhava as favelas
Minha cabeça rolando no Maracanã
Quando vi a galera aplaudindo de pé as tabelas
Eu jurei que era ela que vinha chegando
Com minha cabeça já pelas tabelas
Claro que ninguém se toca com a minha aflição
Quando vi todo mundo na rua de blusa amarela
Estação Derradeira
Chico Buarque
(1987)
Rio de ladeiras
Civilização encruzilhada
Cada ribanceira é uma nação
À sua maneira
Com ladrão
Lavadeiras, honra, tradição
Fronteiras, munição pesada
São Sebastião crivado
Nublai minha visão
Na noite da grande
Fogueira desvairada
Quero ver a Mangueira
Derradeira estação
Quero ouvir sua batucada, ai, ai
Rio do lado sem beira
Cidadãos
Inteiramente loucos
Com carradas de razão
À sua maneira
De calção
Com bandeiras sem explicação
Carreiras de paixão danada
São Sebastião crivado
Nublai minha visão
Na noite da grande
Fogueira desvairada
Quero ver a Mangueira
Derradeira estação
Quero ouvir sua batucada, ai, ai
Rio de ladeiras
Civilização encruzilhada
Cada ribanceira é uma nação
À sua maneira
Com ladrão
Lavadeiras, honra, tradição
Fronteiras, munição pesada
São Sebastião crivado
Nublai minha visão
Na noite da grande
Fogueira desvairada
Quero ver a Mangueira
Derradeira estação
Quero ouvir sua batucada, ai, ai
Rio do lado sem beira
Cidadãos
Inteiramente loucos
Com carradas de razão
À sua maneira
De calção
Com bandeiras sem explicação
Carreiras de paixão danada
São Sebastião crivado
Nublai minha visão
Na noite da grande
Fogueira desvairada
Quero ver a Mangueira
Derradeira estação
Quero ouvir sua batucada, ai, ai
Morro Dois Irmãos
Chico Buarque
(1989)Dois Irmãos, quando vai alta a madrugada
E a teus pés vão-se encostar os intrumentos
Aprendi a respeitar tua prumada
E desconfiar do teu silêncio
Penso ouvir a pulsação atravessada
Do que foi e o que será noutra existência
É assim como se a rocha dilatada
Fosse uma concentração de tempos
É assim como se o ritmo do nada
Fosse, sim, todos os ritmos por dentro
Ou, então, como um música parada
Sobre um montanha em movimento
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Amanhã, quarta-feira, a segunda parte de O MORRO, A FAVELA com meus comentários
NA BAHIA - LANC COL. UNESCO HIST GERAL DA ÁFRICA NO BRASIL
NA BAHIA - LANÇAMENTO DA COLEÇÃO DA . UNESCO HISTÓRIA GERAL DA ÁFRICA NO BRASIL
A Bahia foi escolhida para sediar uma série de eventos que marcam o debate e o lançamento da edição em português da Coleção da UNESCO História Geral da África no Brasil. Entre os dias 1 e 4 de abril, especialistas africanos e brasileiros e autoridades locais e nacionais se reunirão em Salvador e Cachoeira para debater assuntos relacionados à questão, especialmente os referentes à interculturalidade e à diversidade religiosa, aspectos tão presentes na cultura baiana. O lançamento estadual acontece na segunda-feira, dia 4/04, a partir das 9h, na Reitoria da Universidade Federal da Bahia, em Salvador.
A coleção em português, editada pela UNESCO em parceria com o Ministério da Educação e lançada nacionalmente em dezembro do ano passado, contribui para a disseminação da história e da cultura africana na educação brasileira, e também para a transformação das relações étnico-raciais no país. Além de apresentar uma história desconhecida da maior parte da população brasileira, a obra refuta ideias preconcebidas a respeito da África, como a de que o continente africano era formado por tribos e não por uma sociedade organizada, por exemplo.
Entre os especialistas africanos que estarão presentes nos debates, destacam-se Jean-Michel Tali, professor da Universidade de Michigan e membro do Comitê científico da UNESCO para a elaboração do Material Pedagógico a partir da Coleção História Geral da África e Elikia Mbokolo, historiador e diretor de estudos na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris. Também estarão presentes Ali Moussa Iye, diretor do Departamento de Diversidade Cultural da UNESCO e especialistas brasileiros como Valdemir Zamparoni, da Universidade Federal da Bahia e Valter Roberto Silvério, da Universidade Federal de São Carlos, coordenador técnico da edição em português da Coleção.
O objetivo da série de encontros é promover e debater junto à sociedade o reconhecimento da importância da interseção da história africana com a brasileira, contribuindo para a construção e afirmação da identidade da sua população.
- O dia 1º/4 está reservado para a interação com grupos culturais fortemente baseados na cultura africana. Ao meio-dia, a coleção será apresentada pela UNESCO e pelos especialistas convidados para professores e estudantes do Centro de Estudos Afro-Orientais (CEAO/Ufba). À tarde, às 15h, haverá uma visita aos estudantes e dirigentes da Escola Criativa Olodum, no Pelourinho.
- O sábado, dia 2/4, está destinado a atividades na histórica cidade de Cachoeira, berço do samba de roda, Patrimônio Imaterial da Humanidade, onde será realizada uma mesa-redonda no auditório do Centro de Artes e Humanidades da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB), a partir de 9h. À tarde, serão realizadas visitas culturais, incluindo à sede da Irmandade da Boa Morte e comunidades remanescentes de quilombo.
- Na segunda, dia 4/4, o lançamento oficial da Coleção da UNESCO História Geral da África na Bahia será feito no auditório da reitoria da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em um seminário de 9h às 18h. Está sendo esperada a presença de autoridades como o governador do Estado, Jaques Wagner, o Ministro da Educação, Fernando Haddad, e a ministra da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, Luiza Bairros, além dos pesquisadores brasileiros e africanos.
Os debates irão relacionar o novo olhar para o continente africano apresentado pela Coleção com as questões atuais das relações étnico-raciais brasileiras, como a herança cultural que permeia a religiosidade do país e a construção de um novo significado para a história africana. O evento é realizado pela representação da UNESCO no Brasil em parceria com o Ministério da Educação, com a Fundação Pedro Calmon da Secretaria de Cultura da Bahia e com o Centro de Estudos Afro-Orientais da Universidade Federal da Bahia. Conheça a programação completa e todos os participantes: http://www.fpc.ba.gov.br/
Sobre a Coleção
A Coleção da UNESCO da História Geral da África, com quase 10 mil páginas, foi construída ao longo de 30 anos por 350 pesquisadores, coordenados por um comitê científico composto por 39 especialistas, dois terços deles africanos.
A obra conta a história da África a partir de uma visão de dentro do continente, usando uma metodologia interdisciplinar que envolve especialistas de áreas como história, antropologia, arqueologia, linguística, botânica, física, jornalismo, entre outros. Seu conteúdo permite novas perspectivas para os estudos e pesquisas a respeito da África e também para a disseminação das relações étnico-raciais no sistema de ensino brasileiro.
Os oito volumes que integram a coleção abordam o continente desde a pré-história até a década de 1980, passando pelo Egito Antigo, por diversas civilizações e dinastias, pelo tráfico de escravos, pela colonização europeia e pela independência dos diversos países. A África é destacada como berço da humanidade e de contribuição fundamental para a cultura e a produção do conhecimento científico mundial.
Informações UNESCO / Brasil
Aline Falco
(61) 2106-3544
aline.falco@unesco.org.br
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Assessoria de Comunicação
Fundação Pedro Calmon – SecultBA
(71) 3116-6918/ 6919/ 6676
ascom.fpc@fpc.ba.gov.brhttp://www.fpc.ba.gov.br
http://twitter.com/fpedrocalmon
www.cultura.ba.gov.br
http://plugcultura.wordpress.com
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segunda-feira, 28 de março de 2011
CHICO BUARQUE E OS AMORES URBANOS (6)
CHICO BUARQUE E OS AMORES URBANOS (6)
1 - O MORRO, A FAVELA
2 - O MALANDRO
3 - AMORES URBANOS DE CLASSE MÉDIA
Vicente Deocleciano Moreira
Na primeira postagem sobre ASSIS VALENTE E OS AMORES URBANOS - domingo, 20 de março/2011 - escreví o seguinte texto que reproduzo na íntegra:
"Estudiosos e críticos da MPB (Música Popular Brasileira) costumam estabelecer quase uma ancestralidade parental espiritual/musical/temática entre Chico Buarque de Hollanda (nascido no Rio de Janeiro em 19 de junho de 1944) e Noel Rosa (nascido no Rio de Janeiro em 11 de outubro de 1910 e falecio nesta mesma cidade em 4 de maio de 1937), ambos cantores e compostores da MPB".
Volto à ousadia de criar um laço estético entre Chico e Asssis Valente: no que os separa e no que os une. Voltaremos a este assunto, oportunamente.
Volto à ousadia de criar um laço estético entre Chico e Asssis Valente: no que os separa e no que os une. Voltaremos a este assunto, oportunamente.
Agora eu gostaria de, rapidamente, retomar à lembrança do texto da primeira postagem sobre os amores urbanos de Assis Valenteesse texto até para fazê-lo avançar para três reflexões que já fiz sobre Chico Buarque, das quais - acredito - as duas primeiras já são do conhecimento dos leitores deste Blog.
1 - O MORRO, A FAVELA
Diferentemente dos compositores e cantores, dignos e legítimos representantes da Velha Guarda da Múxica Popular Brasileira (MPB), Chico Buarque insere o morro, a favela na cidade; ele expõe as trocas simbólicas, imaginárias e sociológicas entre essas duas, por assim dizer, ecologias urbanas.
Diferentemente dos compositores e cantores, dignos e legítimos representantes da Velha Guarda da Múxica Popular Brasileira (MPB), Chico Buarque insere o morro, a favela na cidade; ele expõe as trocas simbólicas, imaginárias e sociológicas entre essas duas, por assim dizer, ecologias urbanas.
2 - O MALANDRO
O malandro, como sujeito lírico - mesmo quando ele só aparece nas entrelinhas ou à sombra da escritura existencial e afetiva-sexual do sujeito lírico feminino - em Chico Buarque tem fisionomia diferente daquela desenhada pela estética e pela 'sociologia' da Velha Guarda da MPB.
O malandro, como sujeito lírico - mesmo quando ele só aparece nas entrelinhas ou à sombra da escritura existencial e afetiva-sexual do sujeito lírico feminino - em Chico Buarque tem fisionomia diferente daquela desenhada pela estética e pela 'sociologia' da Velha Guarda da MPB.
3 - AMORES URBANOS DE CLASSE MÉDIA
A classe média (carioca ... brasileira em geral), em sua cultura, conflitos e ideologia, é levada, pelas mãos de Chico, ao seu próprio universo de AMORES URBANOS.
___________
Continuamos amanhã, terça-feira
A classe média (carioca ... brasileira em geral), em sua cultura, conflitos e ideologia, é levada, pelas mãos de Chico, ao seu próprio universo de AMORES URBANOS.
___________
Continuamos amanhã, terça-feira
EDINGTON - SALVADOR JUSTA E SUSTENTÁVEL
SALVADOR JUSTA E SUSTENTÁVEL
Diretor Presidente do Instituto EcoD, criador e publisher do Portal Ecodesenvolvimento
[Artigo puiblicado no jornal A Tarde. Salvador (Bahia - Brasil), 27 de março de 2011, p.A2]
O que é uma cidade ? O termo "cidade" é geralmente utilizado para designar uma dada entidade político-administrativa urbanizada. Mas, o que é a cidade para você? Cada um de nós, tem um desejo do que seria uma cidade boa para se viver.
O educador colombiano Bernardo Toro, cunhou uma expressão quase poética para o que seria uma cidade: “ um imaginário convocante, sedutor, que inclua os sonhos, objetivos e necessidades...” Para Toro, uma comunidade de fato se estabelece quando qualquer grupo humano se revela capaz de compartilhar um entendimento comum acerca de um determinado aspecto da realidade, de posicionar-se em relação a ele de forma coesa, com pessoas, grupos e instituições unidos por crenças, valores e sentimentos comuns e, finalmente, atuar frente às situações concretas de modo convergente e complementar, mantendo constância de propósito ao longo do tempo.
Bom, não vou falar da realidade da nossa cidade. Todos nós sabemos e sentimos. Mas a realidade é: fazemos muito pouco para mudá-la. Então, como começar a fazer essa mudança? Como por exemplo, construir uma articulação política, social e econômica capaz de comprometer a sociedade e sucessivos governos com uma agenda composta por um conjunto de metas destinadas a promoção da qualidade de vida das cidades?
Na busca dessas respostas, comuns à grande maioria das cidades latino-americanas, surge no Brasil o movimento por Cidades Justas e Sustentáveis que se organiza em forma de Rede, e já reúne cidades com São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife entre outras, que seguem o exemplo bem-sucedido de Bogotá com o movimento Bogotá Como Vamos, que, há mais de uma década, vem transformando e melhorando as condições de vida da população da capital colombiana.
Nas cidades brasileiras, a rede é formada por organizações sociais apartidárias e inter-religiosas apoiadas por lideranças comunitárias, entidades da sociedade civil, empresários, além de cidadãos interessados em mudar o panorama atual dos centros urbanos. O principal objetivo é comprometer a sociedade e sucessivos governos com comportamentos éticos, justos e que contribuam para o verdadeiro desenvolvimento sustentável. Cada movimento em suas respectivas cidades, promove atividades, articula ações e monitoram o poder público para alcançarem a eficácia e transparência das políticas públicas. Na cidade de Salvador, surge o mais novo membro da rede, o Movimento Nossa Salvador, que contará com três frentes de trabalho: programa de indicadores sociais, acompanhamento da gestão pública e educação para a cidadania.
Bom, não vou falar da realidade da nossa cidade. Todos nós sabemos e sentimos. Mas a realidade é: fazemos muito pouco para mudá-la. Então, como começar a fazer essa mudança? Como por exemplo, construir uma articulação política, social e econômica capaz de comprometer a sociedade e sucessivos governos com uma agenda composta por um conjunto de metas destinadas a promoção da qualidade de vida das cidades?
Na busca dessas respostas, comuns à grande maioria das cidades latino-americanas, surge no Brasil o movimento por Cidades Justas e Sustentáveis que se organiza em forma de Rede, e já reúne cidades com São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife entre outras, que seguem o exemplo bem-sucedido de Bogotá com o movimento Bogotá Como Vamos, que, há mais de uma década, vem transformando e melhorando as condições de vida da população da capital colombiana.
Nas cidades brasileiras, a rede é formada por organizações sociais apartidárias e inter-religiosas apoiadas por lideranças comunitárias, entidades da sociedade civil, empresários, além de cidadãos interessados em mudar o panorama atual dos centros urbanos. O principal objetivo é comprometer a sociedade e sucessivos governos com comportamentos éticos, justos e que contribuam para o verdadeiro desenvolvimento sustentável. Cada movimento em suas respectivas cidades, promove atividades, articula ações e monitoram o poder público para alcançarem a eficácia e transparência das políticas públicas. Na cidade de Salvador, surge o mais novo membro da rede, o Movimento Nossa Salvador, que contará com três frentes de trabalho: programa de indicadores sociais, acompanhamento da gestão pública e educação para a cidadania.
A partir destas frentes estão sendo formados grupos de trabalho (GTs) com eixos temáticos prioritários: educação, saúde, segurança pública, meio ambiente, mobilidade urbana, juventude, trabalho e renda entre outros. Os GTs são constituídos por representantes de entidades e cidadãos e cumprem uma agenda decidida coletivamente. Os grupos têm autonomia para planejar as ações sob a perspectiva de cada área temática e se reúnem periodicamente. O Movimento irá selecionar, sistematizar e divulgar, os principais indicadores de qualidade de vida da cidade, permitindo o acompanhamento de toda a sociedade, abrindo espaço para o debate e monitoramento sistemático da gestão pública. No lançamento do movimento no próximo dia 28 de março, véspera do aniversário da cidade de Salvador, será divulgada uma pesquisa com 61 indicadores sociais em áreas como educação, saúde, segurança e meio ambiente, para apresentar aos soteropolitanos uma fotografia da situação em que se encontra a cidade.
Assim, busca encorajar uma atitude construtiva de todos na vida da cidade: governo, empresas, institutos, organizações civis e cidadãos. O objetivo do Movimento é que a atenção colocada sobre os indicadores sociais, uma vez amplamente divulgados, potencializem o interesse de todos para o encontro de soluções, no sentido de: tornar Salvador um cidade justa e sustentável para todos. Talvez esse seja o imaginário convocante a ser perseguido por todos os cidadãos da nossa cidade.
domingo, 27 de março de 2011
NOSSO BLOG VISTO NO BRASIL E NO MUNDO
NOSSO BLOG VISTO NO BRASIL E NO MUNDO SEMANA DE 20/03/2011, às 17:00 h A 27/03/2011, às 16:00h | |||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
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