quarta-feira, 9 de março de 2011

"JÁ É CARNAVAL, CIDADE, ACORDA PRA VER" (5 - FINAL)

"JÁ É CARNAVAL, CIDADE, ACORDA PRA VER*" (5 - FINAL)
(* Gerônimo, cantor e compositor baiano - Salvador - Bahia - Brasil)


Vicente Deocleciano Moreira
vicentedeocleciano@yahoo.com.br


RECIFE - OLINDA - PERNAMBUCO - BRASIL

ALCEU VALENÇA e outros ilustres pernambucanos

(Alceu Valença)


A exemplo dos baianos Moraes Moreira, Gerônimo e Caetano Veloso, o pernambucano Alceu Valença e seus ilustres conterrâneos são cantores e compositores de Carnaval assentados. Ou seja, suas obras carvalescas estão assentadas nos bairros e localidades de suas cidades natais ou adotivas - respectivamente
Salvador e Recife-Olinda (Brasil).

O frevo - "que é pernambucano", como reconhece Moraes Moreira - é ritmo dos que mais se prestam a este mister. Claro que Gerônimo quando compõe e canta É d'Oxum  ...

 ... Nessa cidade todo mundo é d'Oxum
Homem, menino, menina, mulher
Toda gente irradia magia
Presente na água doce
Presente na água salgada
Presente na água doce
Presente na água salgada

E toda cidade brilha
Seja tenente ou filho de pescador
Ou importante desembargador
Se der presente é tudo uma coisa só
A força que mora n'água
Não faz distinção de cor
E toda cidade é d'Oxum
É d'Oxum
É d'Oxum
Eu vou navegar
Eu vou navegar nas ondas do mar
Eu vou navegar nas ondas do mar

Iá aguibá Oxum aurá olu adupé ...

... nem precisa ser 'bom entendedor' ["para bom entendedor, meia palavra basta" - dito popular brasileiro] para concluir que a cidade é Salvador, capital da Bahia. Gerônimo, aí, pede a ajuda do apoio ontológico-mágico-religioso do orixá Oxum (do Candomblé, religião afro-brasileira) para exaltar a beleza, a vaidade e o narcisimo dos soteropolitanos, ou seja, dos que - homem, menino, menina ou mulhar - nasceram em Salvador. Oxum, orixá da água doce, gosta de receber presentes que enalteçam a vaidade feminina,  é representada pelo imaginário ginoantropomórfico de uma bela, sensual e quase desnuda mulher negra enfeitada de brincos e - como um Narciso de uma outra  mitologia -  olhando-se num espelho que sempre leva à mão. O ritmo de É d'Oxum poderia ser frevo? Sim ... afinal a música - pedindo a vênia de Nietzsche - é da circunscrição simbólica de Dioniso e não de Apolo. Mas o ritmo afoxé com que ao menos Gerônimo canta a música tem - como nenhum outro - a tonalidade e as matizes ritmicas da(s)  cultura(s) afro-baiana.

O frevo como ritmo do assentamento une, para além da amizade e da nordestinidade, Moares Moreira, Gerônimo, Caetano Veloso e Alceu Valença.

Ontem, na terça-feira  do carnaval de  Salvador, Moraes Moreira e Saulo Fernandes (também baiano) - a convite deste último -  realizaram o Encontro dos Trios. Trios elétricos. Onde? Na Praça Castro Alves. E., com isso, deram mais um hálito de vida à praça e ao centrão da capital baiana que, carnaval após carnaval, parece agonizar com a maior divulgação e concentração elitizada do circuito Barra - Ondina onde reinam os hotéis de luxo, os camarotes de luxo habitados pelo apoio luxuoso das celebridades nativas  nacionais e internacionais; e  do business.

Saulo Fernandes e Moraes Moreira realizaram ontem (dia 8/março/2011) aa profecias baianas dos poetas Antonio de Castro Alves e Caetano Veloso:

Castro Alves  - "A praça é do povo como o céu é do condor"

Caetano Veloso - "Frevo Novo":

"A praça Castro Alves é do povo
como o céu é do avião
um frevo novo, eu peço um frevo novo
todo mundo na praça
e muita gente sem graça no salão.

Mete o cotovelo e vai abrindo o caminho
Pegue no meu cabelo pra não se perder e terminar sozinho
O tempo passa mas, na raça eu chego lá
É aqui nessa praça que tudo vai ter de pintar"





(sombrinha multicolorida - símbolo e significante  do frevo/carnaval de Recife e Olinda)


O Carnaval da minha janela

Alceu Valença

O verão está chegando
E com ele o carnaval
Salve Piaba de Ouro
meu maracatu rural
Salve Olinda portuguesa
E Maurício de Nassau
Paixão pelo Pernambuco
Pelo P de Portugal
Por Olinda, por Holanda
Por Maurício de Nassau
Pelo Recife, magia nos
dias de carnaval




Evocação Nº 1
Nelson Ferreira
Felinto, Pedro Salgado, Guilherme, Fenelon
Cadê teus blocos famosos
Bloco das Flores, Andaluzas, Pirilampos, Apôs-Fum
Dos carnavais saudosos

Na alta madrugada
O coro entoava
Do bloco a marcha-regresso
E era o sucesso dos tempos ideais
Do velho Raul Moraes
Adeus adeus minha gente
Que já cantamos bastante
E Recife adormecia
Ficava a sonhar
Ao som da triste melodia





        Veneza Americana

Nelson Ferreira e Ziul Matos

É Veneza americana
Do mais lindo céu de anil
Minha terra hospitaleira
Namorada do Brasil!
Teus coqueiros junto ao mar
No seu doce farfalhar
A trazer tranqüilidade
Crescem, crescendo a beleza
Desta cidade Veneza
Ninho de felicidade.
E o Capibaribe a rir
No seu curso a seguir
Da cidade a própria vida
A poesia imorredoura
A mensagem sedutora,
Da Veneza tão querida


Hino da Pitombeira

Alex Caldas

Nós somos da Pitombeira
Não brincamos muito mal,
Se a turma não saísse
Não havia carnaval
Bate-bate com doce, eu também quero,
Eu também quero, eu também quero.
A Turma da Pitombeira
Tem seis dedos em cada mão
E o P que tem na testa
Faz parte da confusão
Bate-bate com doce...
Pitombeira só tem dez letras
E uma significação
Pitomba é fruta besta
Que se compra com qualquer tostão
Bate-bate com doce...
A Turma da Pitombeira
Na cachaça é a maior,
O doce é sem igual e como ponche é ideal
Se a Turma não saísse não havia carnaval.


Hino dos Batutas de São José

Frevo-de-bloco de João Santiago

Eu quero entrar na folia, meu bem,
Você sabe lá o que é isso,
Batutas de São José
isso é parece que tem feitiço...
Batutas tem atração
Que ninguém pode resistir,
Um frevo desses que faz
Demais a gente se distinguir...
Deixa o frevo rolar,
Eu só quero saber
Se você vai ficar,
Ai meu bem sem você
Não há carnaval,
Vamos cair no passo

Hino do elefante de Olinda

Clídio Nigro e Clóvis Vieira

Ao som dos clarins de Momo
O povo aclama com todo ardor,
O Elefante exaltando as suas tradições
E também seu esplendor.
Olinda, este meu canto
Foi inspirado em teu louvor,
Entre confetes, serpentinas
Venho te oferecer
com alegria o meu amor.
Olinda, quero cantar, a ti esta canção,
Teus coqueirais, o teu sol, o teu mar,
Faz vibrar meu coração de amor
a sonhar, minha Olinda sem igual,
Salve o teu carnaval!


Valores do passado

Edgar Moraes

Bloco das Flores, Andaluzas, Cartomantes, Camponeses,
Apôis Fum e o Bloco Um Dia Só,
Os corações futuristas, Bobos em Folia,
Pirilampos de Tejipió,
A Flor da Magnólia,
Lyra do Charminon, Sem Rival,
Jacarandá, a Madeira da Fé,
Crisântemos, Se Tem Bote,
E Um Dia de Carnaval...
Pavão Dourado, Camelo de Ouro e Dedé
Os queridos Batutas da Boa Vista,
E os Turunas de São José,
Príncipes dos Príncipes brilhou, Lira da Noite também
ficou,
E o Bloco da Saudade assim recorda,
Tudo que passou...










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