quarta-feira, 30 de março de 2011

FCCV - DE NOVO A GUERRA. CADÊ A PAZ?

FCCV (Fortum Copm unitário de Combate à Violência) 

Salvador - Bahia - Brasil 

Leitura de fatos violentos publicados na mídia

Ano 11, nº 12, 29/03/11 


DE NOVO A GUERRA. CADÊ A PAZ?


            Não haverá a paz sem a guerra. Frase de inusitado nexo tornada banal pelas “lógicas das práticas” nos tempos atuais.  À primeira vista, uma sentença inconseqüente dado o seu teor contraditório. A mensagem poderia ser pensada como um erro de digitação ou uma confusão mental do digitador. Mas a disparatada sentença atingiu o grau de medida acertada e normal na escala que mede os terremotos simbólicos da humanidade recente. 



Para a sua tranquilidade, ande armado. Para garantir a paz do lugar onde você mora, tolere o extermínio de indesejáveis. Para o seu bem, seja hostil a tudo o que lhe for estranho, que não for igual aos seus valores, às suas crenças, aos seus padrões econômico e social. A sua paz depende de suas habilidades em manter distância dos estranhos, para tanto os veja sempre como inimigos, invasores, perturbadores ou opositores. 

O diálogo deve ser praticado entre pessoas iguais, conhecidas, aquelas em relação às quais não há possibilidade de surpresa. O diálogo não é mais troca e sim confirmação das coisas batidas, surradas e previamente admitidas.  Por ele, o que você pensa é o certo e os que pensam diferentemente disto são os errados e os perigosos por serem vetores do erro capaz de contaminar o seu ambiente, colocando em risco a sua paz.


A violência como perspectiva saneadora, como lenitivo e até como garantia de respeito aos direitos humanos assume nos dias de hoje a conformação de “agressividade do bem”. Com esta caracterização têm se justificado conflitos bélicos de grande expressão mundial e, também, atuações de caráter oficial de forças violentas no interior das nações e no âmbito do enfrentamento de conflitos que põem em perigo a segurança coletiva no cotidiano de municípios, vilas ou metrópoles.
Para se combater a violência (do mal) aplica-se a violência (do bem). Esse recurso tem se colocado às vezes como o primeiro, outras vezes como o único e, mais raramente, vem combinado com um conjunto de outras iniciativas capazes de relativizar o próprio papel da violência como ingrediente usado enquanto garantia da paz.

Nesses dias, alguns países atacam a Líbia para salvá-la de Kadaffi. O Brasil e outras nações foram contrários à proposta na reunião da ONU, mas foi vitoriosa a decisão de interferência das forças chefiadas pela OTAN. Desde então é anunciada a ofensiva destruidora a alvos militares controlados pelo ditador líbio, versão contra-argumentada pelas fontes de Kadaffi que informam sobre a existência de civis vitimados pelos ataques.

Desde a penúltima guerra contra o Iraque, a “violência do bem” ostenta uma capacidade de discernir o joio do trigo, gabando-se das suas qualidades técnicas capazes de produzir ataques “cirúrgicos” que liberam o tecido social sadio das deformidades e dos riscos de contaminação. Entretanto, não parece ser este o resultado da intervenção junto ao Iraque. Nos últimos dias, os iraquianos têm aparecido como mais uma nação insatisfeita com a ordem à qual está sujeita. Caso semelhante é registrado no Afeganistão, espaço onde se procura um homem e seus seguidores e, enquanto isso, são praticadas aberrações contra civis.

Este modo de confronto vem adquirindo certa consagração enquanto meio único de conter e combater o destempero de ditadores e de terroristas que há bem pouco tempo estavam na conta do trigo, e não do joio, conforme o conceito dos países integrantes da coalizão que ataca a Líbia para desestruturar o poder de Kadaffi. Aliás, vale lembrar o apreço recente que os líderes ocidentais demonstravam pelo ex-presidente e ditador do Egito, que renunciou ao cargo diante das pressões populares a ocupar as grandes cidades daquele país em janeiro e fevereiro últimos. Osni Mubarak não era nem de longe um exemplo de democrata enquanto cumpria importante papel como líder de nação africana estratégica para os interesses de países e negócios ocidentais. A sua permanência no poder por mais de três décadas foi fator de estabilidade para os aliados ocidentais, não gerando incômodos nem constrangimentos aos fitos democratas.

                 Ao que parece, o Ocidente está tendo de usar novos instrumentos para separar o joio do trigo. Por esta “nova tecnologia” muito daquilo que era considerado trigo de boa qualidade descambou para a mais nefasta forma de joio: a praga inimiga de todos. Oscilação desta natureza retira qualquer possibilidade de se reconhecer, neste estilo de combate único, a segurança quanto à justeza dos ataques e das garantias no que se refere ao respeito aos direitos humanos.

É sempre hora para se refletir: A que serve a guerra? A quem interessa um conflito bélico?
    



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