sábado, 9 de outubro de 2010

O ALABAMA, um jornal crítico e chistoso (9 - FINAL)

O ALABAMA, um jornal crítico e chistoso (9 - FINAL)

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Nota do Blog

Chegamos ao fim de uma viagem à Salvador pré Abolição (século XIX); uma viagem conduzida pela crítica de costumes exercida pelo jornal O ALABAMA. Crítica transparente quanto à sua visão condenatória do Candomblé, apelando sempre para a intervenção da autoridade policial. Muito ficou por postar e por dizer, mas a necessidade de renovação das temáticas postadas pelo Blog falou mais alto.

Os exemplares originais do jornal estão no Instituto Geográfico e Histórico da Bahia localizado na Av. 7 Setembro, 94 - Piedade -Centro Salvador - Bahia - Brasil
CEP 40060-001
TEL (0xx)71 3329-4507.

A publicação que alimentou as nossas nove últimas postagens, infelizmente está esgotado há três décadas. Pode-se buscar informações sobre a mesma na sede do Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia: Rua 28 de Setembro, nº 15 - Centro Histórico de Salvador,Centro, Salvador-BA - CEP: 40.020-246 - Tel.: 71 3117.6400


Creio que a postagem de ontem (CANDOMBLÉ)deva ter atraído a curiosidade para a perseguição da polícia, da igreja católica e da imprensa contra a prática do Candomblé. Recomendo a leitura do livro "Na Gamela do feitiço", do antropólogo Julio Braga.


Forte e agradecido abraço,

Vicente


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CATOLICOS - CATOLICISMO


PEDIDOS DE PROVIDÊNCIAS AO ARCEBISPO

Salvador, 12 jan 1864, p. 1

Officio ao Exm. Revm. Sr. arcebispo ...

Ao mesmo Exm. Sr., pedindo-lhe que ordene a um Sr. conego que quando quiser comprar cajus compre em sua casa e não no corredor do collegio, muito mais quando dizem por ahi as mas lingoas, que já a compra de cajus em mãos da creoula Maria, da rua das Laranjeiras fora a origem de ser despedido um pobre empregado, por que não teve olhos para ver e boca para caçlar, devendo dar-se por feliz esse Sr. conego com tão pouco por ora, pois muito mais merece.


Pelourinho, centro antigo de Salvador. Área de cobertura do jornal O ALABAMA

Salvador, 17 abr. 1870. p. 5

- Frade, para que anda seduzindo a moça?
- Pelo contrário, pretendo apatrocinal-a.
- Frade o patrocinio que v. pretende da-lhe é atril-a na prostituição. Pois é esse o preceito de sua ordem?
- Onde está a pobreza e humildade nesta acção, tão reprovável pára qualquer homem quanto mais para sua classe?
- Sr. as minhas intenções são puras.
- Quew refinada hippocrisia encobre este hábito com que v. illude o mundo!
- Seja por S. Francisco!
- Como é relalsado!
- Um dia entrou v. em uma casa on de estava de visita, com sua velha mãe, uma moça pobre mas bella. Estendeu para ella olhos cubiçosos e sahiu dali com pensamentos luricos e desejos sensuaes. Quando voltou para vel-a não a encontrou mais, nem lhe disseram para onde tenha ido.
- Mas o diabo em sua obra do mal, facilita os meios aos que lhe servem de instrumento.
- Por acaso, fanando v. pelo Maciel de Baixo deu com a velha na janella de uma casa.
- "Então, é ahi que mora?" foi sua pergunta.
- É, Sr. padre, não quer entrar?
- Cahiu-lhe a sopa no mel.
Desse dia em diante frequenta v. todos os dias a casa, leva presentes, escreve cartas, dá beliscões as escondidas, pede beijos e abraços.
- A outra familia que mora tambem na casa tem bufado com escandalo e até já houve plano de expulsá-lo a trote, mas com attenção ao seu caracter de sacerdote guardam algum escrupulo, como se fosse digno de respeito aquelle que não honra a classe a que pertence.
- Estou a repetir que so desejo apatrocinar a menina.
- Frade, o patrocinio de S. Antonio precisa ella para não cahir no laço seductor que lhe arma v.

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Salvador, 01 set. 1870, p.4

Se um sujeito deve e quer ausentar se da terra, assiste aos credores o poder de embagar-lhe a viagem.
Com todo direito.
Mas na egreja o negócio ainda é mais fino; morre o homem e embora nada deva não tendo dinheiro para os passaportes parochiaes, fica impossibilitado de seguir seu caminho de alem-tumulo.
O que foi v. excogitar.
Dizem que foi o que aconteceu ao cadaver de umn menino, o qual por nascer de mãe pobrissima, teve depois de morto de ficar em casa de infusão, por mais de 48 horas porque aquella sem dinheiro qieria que o vigário lhe desse guia, com prejuizo de seu bolso.
Quem lhe contou?
Um sujeito morador na rocinha do Barros a estrada.
Então o caso foi na rua do Paço?
Isso.
Admira! o padre Rocha Viana passa por charidoso.
E tanto é, que depois das 48 horas quando o corpo já estyava em decomposição conhecendo que realmente a mulher
era pobre, deu a guia.

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