terça-feira, 2 de novembro de 2010

À CIDADE COM CARINHO - PARIS/DANUSA LEÃO (1)

À CIDADE COM CARINHO - PARIS/DANUSA LEÃO (1)

DEPOIS DE PARIS

Danusa Leão
(articulista da Folha)

[Publ. jornal Folha de São Paulo. São Paulo, 7 de junho de 2009, Cad Mais!, p. 6]

A primeira frase do livro "Paris, Biografia de uma Cidade" [ed. L&PM, tradução de José Carlos Volcato e Henrique Guerra, 592 págs, R$ 94,oo], de Colin Jones, é "Nunca vemos Paris pela primeira vez, porque sempre a vemos de novo".

Isso foi escrito em 1878 por Edmondo de Amicis [escritor italiano], e a cada dia que passa é mais verdade. Quem não conhece Paria por meio dos livros que leu, das fotos e filmes que viu, sobretudo dos sonhos que sonhou?

Pergunte a alguém que nunca viajou qual a cidade que ela mais gostaria de conhecert, e a resposta virá imediata: Paris.

Desde pequena, vivo no Rio de Janeiro, mas não tenho a menor pretensão de dizer que conheço minha cidade. Os parisienses também não conhecem a deles, talvez apenas os guias de turismo a copnheçam um pouco.

E a cidade tem tanta história que, para conhecê-la profundamente - ou mesmo superficialmente - , é preciso estudá-la.

Existem moradores que vivem na margem direita do Sena e se orgulham de jamais terem atravessado o rio - e vice-versa. Eu mesma que tive a sorte de morar na cidade duas vezes - uma por dois anos, a outra por cinco -, conheço pouco Paris.


Cais do Rio Sena - Paris - França

Como das duas vezes fui para morar, nunca percorrí Paris como turista, mas me sinto persongame da música que cantada Josephine Baker - "j'ai deux amours, mon pays et Paris" [tenho dois amores, meu país e Paris] -, e nunca houve uam viagem que eu fizesse que não terminasse na "minha" cidade - o que já aconteceu dezenas de vezes. Seria inimaginável que fosse de outra maneira.

Às vezes, passo pouco tempo e como meu bairro é Saint-Germain-des-Prés, já me peguei dizendo, várias vezes:"dessa vez nem fui à Rive Droite" [margem direita].

E me sinto tão integrada à Rive Gauche [margem esquerda], que, se um dia me proibissem de ir à Rive Droite, eu sofreria um pouco, mas não me faria tão mal assim.

No fundo, muitos dos parisienses são um orgulhoso inglês, um tunisiano ou uma brasileira como eu, e, como todos os verdadeiros parisienses, somos ignorantes de nossa cidade e limitamos nossos comentários ao nosso bairro de coração ou ao cais do Sena.

(amanhã, quinta, segunda parte)

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