"ARQUITETO CONDENA ÁREA DE LAZER ENTRE VIAS DE FLUXO"
[Publ. no jornal "A Tarde", Salvador, Bahia, Brasil, 16 de novembro de 2010, p. A9)
Nota do Blog
Desde que o atual prefeito de Salvador (Bahia-Brasil) aprovou a construção de áreas e praças de lazer sobre lajotas que passaram a cobrir rios e riachos urbanos (na Avenida Centenário, no bairro do Imbuí), arquitetos, urbanistas, engenheiros, técnicos e militantes ambientais e moradores e visitantes puseram-se a discutir e debater a viabilidade e as consequências dessas práticas.
Mais recentemente, a Prefeitura vem construindo as referidas praças e áreas, no vão, no espaço vazio, do canteiro central da Avenida Bonocô, que faz ligação entre a região central e a área de influência do Shopping Iguatemi e do futuro Shopping Bela Vista. Sobre esse canteiro central corre a estrutura por sobre a qual passarão as composições do Metrô que circularão na área a ceu aberto.
O jornal "A Tarde" publicou em sua edição de ontem, 16 de novembro, entrevista com o Arquiteto e Urbanista Heliodório Sampaio, professor da Universidade Federal da Bahia (UFBa). A entrevista critica a intervenção no canteiro central da Avenida Bonocô e dá informações importantes a quem se preocupa com o uso do espaço urbano para o lazer coletivo.
Vicente
#######
"O arquiteto e professor titular da Faculdade de Arquitetura da UFBa., Heliodório Sampaio, afirma que em todo o mundo o canteiro central é usado como área de segurança para o tráfego de veículos e que a existência de uma única passarela seria um "convite à transgressão". Confira a entrevista.
Qual a opinião do senhor sobre a praça do Bonocô?
Mais um equívoco da prefeitura. Primeiro: um canteiro central de uma via arterial não é local adequado para usos de recreação e lazer, sobretudo pelas questões de segurança (tráfego intenso) e de poluição do ar (respirado). Segundo: contraria o PDDU [Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano] e as regras de uso e ocupação do solo, vigentes. Terceiro: gasta mal os parcos recursos públicos em projetos mal elaborados.
O fato da cidade ter poucas áreas de lazer justificaria o uso do espaço?
Claro que não justifica nada. Uma coisa é ausência de área de lazer, outra é, em nome da falta de áreas equipadas se ocupar de forma intensiva os canteiros centrais das avenidas arteriais. A demanda é real, mas a solução é mais um desastre urbanístico.
Há alguma norma a ser seguida para escolha de áreas de lazer nas cidades?
Sim, há regras para a distribuição e localização de tais espaços. Os manuais de urbanismo definem o que é um parque de bairro, de uma zona da cidade, ou da cidade como um todo, ou até de uma região (por exemplo: os parques metropolitanos são equipamentos regionais e não só da cidade). O raio de atendimento pode ir de uma escala a pé, numa caminhada, até o uso do transporte coletivo ou individual, depende da natureza do parque. Mas os neourbanistas e os atuais gestores são autistas, e/ou analfabetos. Não escutam nem estudam nada.
Qual deve ser a distância do ponto de travessia até a passarela para inibir o pedestre de atravessar pela avenida?
São 2 km de extensão. É um tipo de "parque linear" num vale, com apenas uma passarela de acesso aos bairros nas encostas: é um convite à transgressão. O pedestre vai fatalmente tentar encurtar distâncias, como acontece na BR-324. Então, no mínimo, é um projeto absurdo em termos de acessibilidade, e bizonho em termos de atividades alí postas. Imagine uma criança, um idoso ou um cadeirante que queira acessar o espaço? nada da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) parece estar contemplado. Aliás, a burla às normas é a regra e não uma excessão em Salvador".
Assinar:
Postar comentários (Atom)
É uma pena que o urbanista Heliodório Sampaio esteja criticando algo que nem ficou pronto e que pelo visto não conhece. O acesso ao canteiro está previsto por 4 rampas através das passarelas que foram projetadas por Lelé.
ResponderExcluirNa mesma reportagem mostra que a população está muito satisfeita com o espaço de lazer, apenas não consegue esperar que seja inaugurada.