domingo, 5 de setembro de 2010

O BRASIL NÃO É SÓ LITORAL

O BRASIL NÃO É SÓ LITORAL

Uma notícia está chegando lá do Maranhão
Não deu no rádio, no jornal ou na televisão
Veio no vento que soprava lá no litoral
De Fortaleza, de Recife e de Natal
A boa nova foi ouvida em Belém, Manaus,
João Pessoa, Teresina e Aracaju
E lá do norte foi descendo pro Brasil central
Chegou em Minas, já bateu bem lá no sul

Aqui vive um povo que merece mais respeito
Sabe, belo é o povo como é belo todo amor
Aqui vive um povo que é mar e que é rio
E seu destino é um dia se juntar
O canto mais belo será sempre mais sincero
Sabe, tudo quanto é belo será sempre de espantar
Aqui vive um povo que cultiva a qualidade
Ser mais sábio que quem o quer governar

A novidade é que o Brasil não é só litoral
É muito mais, é muito mais que qualquer zona sul
Tem gente boa espalhada por esse Brasil
Que vai fazer desse lugar um bom país
Uma notícia está chegando lá do interior
Não deu no rádio, no jornal ou na televisão
Ficar de frente para o mar, de costas pro Brasil
Não vai fazer desse lugar um bom país

(Repete Última Estrofe)
(

Milton Nascimento “- Noticias Do Meu Brasil)”


Vicente D. Moreira


Como eu disse na postagem de ontem (TÓTENS URBANOS –CATEDRAL DE MARINGÁ), morei no Paraná em 1973.

Quando vi, pela primeira vez, a Catedral de Maringá (1972), ainda em obras, mais jovem do que hoje que eu era fiquei boquiaberto com a grandiosidade daquele monumento religioso (um dos mais elevados da América Latina e um dos dez do Mundo.
Ante a catedral de Maringá ficamos boquiabertos quando nossos olhos – como os meus olhos até então (1972/1973) - estão acostumados com o barroco das cidades históricas de Minas Gerais e de Salvador (e do Nordeste em geral); e, por que não (?) com os góticos tardios e de gosto discutível da arquitetura religiosa de Norte a Sul do Brasil.

Tivesse continuado a morar no Paraná iria, in loco, dar minha contribuição (pequena que pudesse ter sido) à divulgação turística das cidades não litorâneas e das áreas rurais do Paraná; ao menos do Paraná.

No interior do interior do Paraná, tive a sorte de conhecer “sítios” (lá eles chamam de sítio o que chamamos de fazenda) de propriedade de ucranianos e alemães. Num deles, cujo idioma falado e pensado era alemão e inglês, autosuficiente da produção de energia elétrica à produção de manteiga, conheci um trabalhador (prestigiado e dignificado pelos proprietários), negro, nascido no interior da Bahia e migrado para o mundo paranaense. Era (é) casado com uma alemã (quase transparente de tão branca), filhos muito muito lindos. Conversamos em português (claro!), mas ele – emocionado - me disse que fazia anos e anos que não falava esse velho idioma de Camões ... “última flor do Lácio inculta e bela” – como diria (e disse ) nosso poeta Olavo Bilac.
Havia “se acostumado” a expressar-se em alemão e inglês. E estava visivelmente feliz.
Nunca me esqueci do forte cheiro de menta que invadia todos os cantos do “sítio” – cheiro que parecia querer nos poupar a respiração ... que parecia insistir em nos substituir os pulmões.

Bem. Tudo isso só pra dizer que muitos do que estão começando a viajar para o litoral neste feriadão de Sete de Setembro de 2010. Muitos brasileiros e estrangeiros que poderiam estar “fugindo” do belo litoral brasileiro e voando para o não-litoral do Brasil se estivessem - influenciados por uma vigorosa política de turismo que divulgasse e insistisse que o Brasil não é só litoral. Sem contar que – inclusive neste feriadão – há passagens de avião, em promoção, que estão mais baratas, rápidas e seguras que ônibus e automóvel.

O interior do Brasil pode contar com vocês no próximo feriadão (de 12 de outubro)?

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