domingo, 26 de setembro de 2010

BRASIL URBANO DESIGUAL

BRASIL URBANO DESIGUAL

SP abriga 14 das 15 cidades mais desenvolvidas do país

PEDRO SOARES
DO RIO

(Folha de S. Paulo, S. Paulo, domingo, 26 de setembro de 2010, p.C4)

Bons indicadores em saúde e educação e um maior dinamismo no mercado de trabalho formal em 2007 levaram Araraquara (SP) ao topo do ranking das cidades mais desenvolvidas do país, segundo o Índice Firjan de Desenvolvimento Municipal.

Também num patamar de alto desenvolvimento em relação à realidade nacional, as igualmente paulistas Indaiatuba e Vinhedo ficaram em 2º e 3º, respectivamente.
Dos 15 mais altos índices municipais, 14 estavam, em 2007, em São Paulo e apenas um no Rio: Macaé (11º lugar).

Lançado em 2005, o IFDM abarca três dimensões do desenvolvimento (emprego e renda, saúde e educação) e se assemelha ao IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). Usa indicadores oficiais como mortalidade infantil, consultas de pré-natal, abertura de vagas formais e matrículas no ensino infantil.

Líder em 2006, São Caetano do Sul caiu para 13º pela piora do mercado de trabalho. 'As 15 primeiras estão muito parelhas e qualquer evolução muda a posição', diz Luciana Sá, diretora de Desenvolvimento Econômico da Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro).

Todas as cidades no topo estão no interior. Mais bem classificada entre as capitais, Curitiba surge em 47º lugar.

O país, como um todo, avançou 1,4%, na esteira principalmente da evolução em educação (alta de 4,4%).

Das 500 cidades com pior desenvolvimento, 413 estavam no Nordeste. Já São Paulo concentrava 263 das 500 mais desenvolvidas. A única cidade da região Norte entre as 500 primeiras é a paraense Parauapebas (311ª), em razão dos empregos na mineração.

Entre as capitais, a distância se repete: as mais desenvolvidas eram Curitiba (PR), Vitória (ES) e São Paulo, que perdeu o 2º lugar devido ao menor dinamismo do mercado de trabalho; Rio Branco (AC) tinha o pior índice.

Pouco menos de um terço da população (56 milhões de pessoas ou 31%) vivia, em 2007, em cidades com alto grau de desenvolvimento, contra só 0,9% em 2000.

O grande salto se deu com o ingresso de Rio e São Paulo --17 milhões vivem nas duas cidades--, entre 2000 e 2005, no rol dos municípios mais desenvolvidos graças à melhora do emprego e renda.

Outros 40 milhões viviam em condições precárias. SP, PR e RJ lideraram em 2007. Alagoas era o pior Estado.

Para a economista Sônia Rocha, do Iets (Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade), índices como o IDH e o da Firjan "comparam realidades incomparáveis" ao usarem os mesmos critérios de avaliação para cidades como São Paulo e Araraquara.

Mas ela reconhece avanços. "Estamos, desde 2004, num período de ouro. Aos indicadores sociais, que vinham melhorando de forma sustentada, se juntaram excelentes resultados em criação de postos de trabalho, nível e distribuição de renda e formalização do emprego."

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