quinta-feira, 6 de maio de 2010

AS PRAÇAS E A QUALIDADE DA VIDA E DO BEM-ESTAR NAS CIDADES (4 - FINAL)

AS PRAÇAS E A QUALIDADE DA VIDA E DO BEM-ESTAR NAS CIDADES (4 – FINAL)


Hoje eu acordei com saudades de você,
Beijei aquela foto que você me ofertou,
Sentei naquele banco da pracinha só porque,
Foi lá que começou o nosso amor.

Senti que os passarinhos todos me reconheceram,
Pois eles entenderam toda a minha solidão,
Ficaram tão tristonhos e até emudeceram,
Aí então eu fiz esta canção:

A mesma praça, o mesmo banco,
As mesmas flores o mesmo jardim,
Tudo é igual mas estou triste,
Porque não tenho você perto de mim.(estribilho).

Beijei aquela árvore tão linda onde eu,
Com meu canivete um coração eu desenhei,
Escrevi no coração o meu nome junto ao seu,
E meu grande amor então jurei.

O guarda ainda é o mesmo que um dia me pegou,
Roubando uma rosa amarela prá você,
Ainda tem balanço, tem gangorra, meu amor,
Crianças que não param de correr(estribilho).

Aquele bom velhinho pipoqueiro foi quem viu,
Quando envergonhado, de amor eu lhe falei,
Ainda é o mesmo sorveteiro que assistiu,
Ao primeiro beijo que lhe dei.

E a gente vai crescendo, vai crescendo, o tempo passa,
E nunca esquece a felicidade que encontrou,
Sempre eu vou lembrar do nosso banco lá na praça,
Foi lá que começou o nosso amor(estribilho).
(

(Carlos Imperial – “A Praça”)


Vicente Deocleciano Moreira
vicentedeocleciano@yahoo.com.br
vicentedeocleciano@gmail.com
FONTE DIRETA Blog http://www.viverascidades.blogspot.com



Quem são os habitantes das praças e o que lá fazem?

Praças são repúblicas dentro de cidades. Repúblicas mesmo no sentido de RES PUBLICA - Coisa Pública. E como coisa pública é mesmo que 'coração de mãe' ... há lugar para todos e todos cabem dentro dela: ocupados almoçando da marmita ao meio dia; desocupados no maior sono à meia noite; namorados; idosos jogando dama ou dominó; sem teto; pipoqueiros, sorveteiros, lanchonetes móveis; bancas de jornais; bancas de frutas, artesãos; transeuntes cansados; observadores da vida alheia; pedintes; pessoas com transtornos mentais ... onde achar, nessas mal traçadas linhas, espaço o suficiente para falar de todos esses ‘donos’ da praça?

Cidades tendem a ser mais e mais excludentes com seus megaprojetos globalizados de bairros particulares (escolas, shopping centers, academias ... sem precisar sair do "bairro") megaempreendimentos construídos sobre os alicerces das desapropriações e das expulsões dos pobres Nem mesmo Hanoi, do outro lado do mundo (como veremos na Resenha do próximo domingo - 9 de maio), parece escapar desse destino traçado pelo capitalismo e pela globalização dos nossos dias.

Logo ali, em outros espaços da cidade, há sempre marcas das novas formas globais e mundializadoras de exclusão dos mais pobres e desassistidos para os mais distantes lugares sem infraestrutura por perto. Ao contrário do que acontece com as ruas, bairrose centros comerciais de uma cidade que separam e descartam os mais pobres, as praças dessa mesma cidade acolhem, abraçam e emolduram convivências pacíficas entre os pobres e ricos, negros e brancos, nativos e estrangeiros. Praças cobrem de 'igualdade' vários diferentes.

Praças são, também, lugares de memória:

E a gente vai crescendo, vai crescendo, o tempo passa,
E nunca esquece a felicidade que encontrou,
Sempre eu vou lembrar do nosso banco lá na praça,
Foi lá que começou o nosso amor(estribilho)


(Carlos Imperial - "A Praça")



Quem passa no ônibus, no automóvel, ou a pé apressado para chegar logo ao trabalho o que pensa de alguém que, em plena segunda-feira, está refestelado num banco de praça?

O que pensam brasileiros e outros ocidentais do hábito do chinês de dormir, após o almoço, ou em qualquer outra ocasião, em pleno dia, num banco de praça?

Praças são pulmões para a cidade mesmo quando elas não reúnem a quantidade de arbustos, árvores ... de verde enfim ... que merecem ter. São também - reinventando e reiterando a tradição grega da agora – espaços de informação, trocas de novidades e de fofocas, lugar de por em dia, as dificuldades da vida e do céu/inferno da cidadee o dise-me-disse sobre tudo e todos. São lugares de memória.

De que tipo de ócio se ocupam os habitantes das praças? Do ócio puro, do ócio criativo (a teoria de Domenico de Mais), do dolce far niente (a delícia de não fazer, de nada fazer)? ... Numa praça, essas nuances semânticas e conceituais ficam dissolvidas e perdoadas.. Praças são insuperáveis ... e nem mesmo os pragmáticos calçadões ainda que impeçam a circulação de veículos em massa e sejam dotados de bancos ou outros equipamentos de lazer contemplativo ou ativo, conseguem substituí-las.

Como pensar numa cidade – na menor e na maior cidade do mundo – sem uma só praça?

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