domingo, 3 de abril de 2011

SLAVOJ ŽIŽEK / livro O mais sublime dos histéricos . Hegel com Lacan

Grupo de Estudos e Pesquisa Produção Escrita e Psicanálise – GEPPEP / USP comenta ZIZEK, Slavoj. O mais sublime dos histéricos . Hegel com Lacan

ZIZEK, Slavoj. O mais sublime dos histéricos . Hegel com Lacan. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991.

O mais sublime dos histéricos, de Slavoj Zizek, é uma obra instigante e, ao mesmo tempo, incômoda. Seu caráter instigante advém exatamente da releitura crítica de diversos conceitos caros ao conhecimento acumulado pela humanidade, enquanto certa sensação de estranhamento, que alcança, em determinados pontos, o incômodo, ocorre devido à densidade do pensamento do autor, que, através do encontro que promove entre Hegel e Lacan, traz para as páginas deste livro o debate de uma série de conceituações formuladas e reelaboradas no decorrer da história do conhecimento.


Zikek procura compreender a atual sociedade por meio de uma reflexão sobre a ideologia vista como um fenômeno que se aproxima do que talvez pudéssemos chamar de “sintoma do desejo pelo poder”: poder ser, poder estar, poder dizer... Assim sendo, estudar esta sua obra passa por novos questionamentos acerca da estrutura social do capitalismo, pois, para ele, entender a complexidade do ideário de igualdade das classes sociais ultrapassa o desafio de problematizar a ideologia enquanto “falsa consciência”.

A tese central do livro versa sobre a necessidade de ver, nas relações sociais, o que há de “ mais-gozar”, aquilo que, em suas palavras, consiste no “excedente, o resto que escapa à rede da troca universal [...]”.(Zizek, 1991, p. 156). Segundo o autor, ao fazê-lo, poderíamos entender, com maio pertinência, a impossibilidade da existência de trocas rigorosamente equivalentes. Ademais, poderíamos tomar conhecimento da dificuldade de mensurar as trocas, pois, se é fácil medir o que se paga com dinheiro, como contabilizar o gozo que, em qualquer tipo de negociação, pode ser obtido por cada qual?

A obra de Zizek interessa ao Grupo de Estudos e Pesquisa Produção Escrita e Psicanálise - GEPPEP , especialmente, porque traz uma importante contribuição para a releitura do signo lingüístico saussureano. Ao dar a ver como o olhar culturalmente “treinado” petrifica os significados, nos convoca a analisar a produção escrita da contemporaneidade colocando a dimensão dos significantes em relevo. Ao fazê-lo, abre-se para o pesquisador a possibilidade de capturar o excedente que rompe com o imobilismo das ideologias e, conseqüentemente, inaugurar uma profícua discussão sobre a possibilidade de criação no seio das instituições, em especial, na universidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário