terça-feira, 19 de abril de 2011

DIVERSÃO ... NAS CULTURAS URBANAS (9)

DIVERSÃO ... NAS CULTURAS URBANAS (9)

"Cérebro parado oficina de satanás"
(ditado popular brasileiro)

Vicente Deocleciano Moreira

Antes de entrar na reflexão sobre o ÓCIO, quero ainda insistir -  permitam-me -  na diferença entre DIVERSÃO e LUDICIDADE e DIVERSÃO e RECREAÇÃO., Insistir com ‘apenas’ três  exemplos:

1 - Crianças brincando, de modo autônomo,  de futebol numa quadra de esporte estão se DIVERTINDO cada uma delas, estão DIVERTINDO a platéia e esta, por sua vez está SE DIVERTINDO. Porém, na quadra ao lado, um professor de Educação Física ou de futebol está  ensinando/orientando sobre o como jogar futebol (técnicas, regras, etc.) um outro grupo de crianças; nesse caso está havendo RECREAÇÃO. E se esse mesmo professor ou um seu colega está orientando a platéia sobre regras de futebol e/ou de como se comportar bem ao assistir um jogo (nada de xingamentos contra o juiz, nada de palavrões ...) a platéia está sendo alvo de uma prática RECREATIVA;

2 – Se você está SE DIVERTINDO/SE DISTRAINDO ao assistir, do sofá da sala, o jogo de seu time transmitido pela TV ... claro, é o caso de um DIVERSÃO. Os 90 minutos (ou mais) que vocês está dedicando a essa atividade poderia estar sendo preenchidos por um trabalho, um ritual religioso ... e aí, evidentemente, não teríamos DIVERSÃO. Mas se aparece, em sua casa, alguém que lhe oriente sobre a maneira correta de sentar sobre um sofá (coluna ereta, palma dos pés apoiados sobre o chão, queixo levantado, ingestão de líquido, controle das emoções , etc. não há mais DIVERSÃO e sim RECREAÇÃO pois, doravante, o seu ato de sentar-se no sofá e assistir o jogo TV está sendo dirigido, monitorado, orientado por outra pessoa. Ai temos RECREAÇÃO.

3 – Nas escolas de diversos níveis, públicas ou particulares, acontece a tão esperada HORA DO RECREIO. Ao tocar a sirene,  a música convencionadas para a  ocasião, estudantes saem disparados e movido por uma energia que mais parece que irá jogá-los por cima dos  portões ou dos muros  da escola em direção aos braços da ‘liberdade’. Penso que  HORA DO RECREIO não deveria ser os 15 ou 20 minutos em que os professores “se livram” e “se escondem” dos estudantes – e vice-versa; não deveria ser reduzida à sonhada HORA DO LANCHE, seja o lanche trazido de casa ou o comprado à cantina ou à porta da escola. E sim, um momento de comida e brincadeiras, de descanso DIRIGIDO – no meçhor sentido da expressão – por um RECREADOR  profissional que coordenaria e incentivaria uma série de atividades descontraídas e informais. 

A inexistência deste professional não retira da HORA DO RECREIO o caráter DIRIGISTA da RECREAÇÃO. Quem DIRIGE, então, a HORA DO RECREIO? O tempo pré –estabelecido (15, 20 m inutos) e a sirene ou a música que marca o começo e, também o fim da HORA DO RECREIO.


Vamos ao ÓCIO. Estamos entendendo por ÓCIO o nada fazer, o radical,  extremo e polar oposto do NEGÓCIO. E NEGÓCIO (NEG+ÓCIO) é, por conseguinte, tudo que nega o ÓCIO. NEGÓCIO, pois, é tudo o que nega o ÓCIO. E não é  NEGÓCIO apenas no sentido econômico, empresarial, comercial.  Costumamos dizer, e com muito acerto, que: “Ela fez um bom negócio ao casar com ele, ou a aceitar o emprego. Divertir-se, fazer higiene mental, deixar-se recrear tudo isso é um bom negócio para a saúde.

Há alguns anos, discutindo os diversos conceitos de ÓCIO com universitários de Educação Física, lhes fiz  a seguinte proposta:

- Deveriam, ao chegar em casa, permanecer no ÓCIO, durante 15 a 20 minutos. Durante o ÓCIO estavam proibidas as seguintes atividades que, essencialmente, negariam o ÓCIO: ler, fazer meditação, ver TV e ouvir rádio, estudar, pentear-se, vestir-se, levantar de onde quer que estivessem (deitado ou sentado).

Resultado: nenhum(a)  do(a) s universitário(a)s sequer conseguiu ficar 10 minutos em ÓCIO.

AMANHÃ, MAIS ÓCIO

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