O SER HUMANO FOI FEITO PARA O DOMINGO
Vicente Deocleciano Moreira
Com muito prazer, dou continuidade, neste domingo, à leitura de "A fuga de Freud", livro de David Cohen (Tradução de Clóvis Marques, Editora Record, 2010) sobre alguns trechos biográficos de Freud, e as dificuldades da fuga de Freud & família da perseguição nazista em Viena (Áustria).
Peço licença para dividir com você, leitor paciente faz mais de ano deste Blog, um trecho que lí na quarta-feira, dia seis:
"Freud ainda podia contemplar a possibilidade de criar problemas e sentir prazer com isso. Três de seus livros - O futuro de uma ilusão (1927), explicando porque as pessoas acreditam em Deus, Woodrow Wilson (com William Bullitt, 1937), dissecando a psicologia do presidente dos Estados Unidos, e Moisés e o monoteísmo (publicado na Holanda em 1938 e na Grã Bretanha dois anos depois) - não podiam deixar de chocar. Freud se preocupava com isso , mas também adorava. Jones afirmou que Freud era um buscador da verdade, mas também era um buscador de problemas. Sem isso, entediava-se." (pag 27-28)
O título da crônica dominical de hoje O SER HUMANO FOI FEITO PARA O DOMINGO me veio desde essa escrita que acabo de destacar. Explico depois, mas ainda hoje.
Todos conhecem a história parabólica atribuída a Jesus Cristo que, alvo do estranhamento de alguém por não estar guardando o sábado, respondera que "o sábado foi feito para o homem e não o homem feito para o sábado" ... algo assim.
Leitores mais antigos deste Blog já conhecem a história de uma uma senhora alemã, minha professora de alemão (único idioma autorizado e permitido em sua classe do Instituto Cultural Brasil Alemanha/ICBA), quando eu apenas um adolescente. Diante do estranhamento e do protesto da classe ante sua prescrição de um trabalho escolar, um dever de casa, para fazermos nas férias ela nos calou a todos e todas com a seguinte resposta: "os seres humanos não foram feitos para as férias; as férias é que foram feitas para os humanos"
Leitores mais antigos deste Blog já conhecem a história de uma uma senhora alemã, minha professora de alemão (único idioma autorizado e permitido em sua classe do Instituto Cultural Brasil Alemanha/ICBA), quando eu apenas um adolescente. Diante do estranhamento e do protesto da classe ante sua prescrição de um trabalho escolar, um dever de casa, para fazermos nas férias ela nos calou a todos e todas com a seguinte resposta: "os seres humanos não foram feitos para as férias; as férias é que foram feitas para os humanos"
Respeitando Jesus Cristo e minha professora alemã de alemão, e sem querer, para mim, ai de mim!, a audácia e a ousadia de igualar-me a Freud em suas provocações dirigidas ao mundo ... sou-lhe apenas um respeitoso seguidor e um profundo admirador ... defendo porém que o ser humano foi feito para o domingo. O que seríamos sem o domingo? Caso - dificílimo! - não existisse o domingo (ou dia que o valha a depender do contexto cultural) não teríamos a chance, com que nós mesmos nos presenteamos, de construirmos o caminho da utopia povoada por gentes solidárias, cheias de promessas e de alegrias, mergulhadoras do interior do interior de cada qual, gentes esperançosas de dias tão dominicais como o próprio domingo.
Se, como é fato, são criações humanas o domingo e seu maravilhoso espírito renovador dos eternos retornos a que nos permitimos, como alguém pode aceitar a triste idéia (triste, desmamada e desarmada de esperança) de que não fomos feitos para o domingo?
Se, como é fato, são criações humanas o domingo e seu maravilhoso espírito renovador dos eternos retornos a que nos permitimos, como alguém pode aceitar a triste idéia (triste, desmamada e desarmada de esperança) de que não fomos feitos para o domingo?
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