domingo, 10 de abril de 2011

CRÕNICA DOMINICAL DE 10 DE ABRIL/2011

CRÕNICA DOMINICAL DE 10 DE ABRIL/2011




O SER HUMANO FOI FEITO PARA O DOMINGO


Vicente Deocleciano Moreira




Com muito prazer, dou continuidade, neste domingo, à leitura de "A fuga de Freud", livro de David Cohen (Tradução de Clóvis Marques, Editora Record, 2010) sobre alguns trechos biográficos de Freud,  e as dificuldades da  fuga de Freud & família da perseguição nazista em Viena (Áustria).


Peço licença para dividir com você, leitor  paciente faz mais de ano deste Blog, um trecho que lí na quarta-feira, dia seis: 


"Freud  ainda podia contemplar a possibilidade de criar problemas e sentir prazer com isso.  Três de seus livros - O futuro de uma ilusão (1927), explicando porque as pessoas acreditam em Deus, Woodrow Wilson (com William Bullitt, 1937), dissecando a psicologia do presidente dos Estados Unidos, e Moisés e o monoteísmo (publicado na Holanda em 1938 e na Grã Bretanha dois anos depois) - não podiam deixar de chocar. Freud se preocupava com isso , mas também adorava. Jones afirmou que Freud era um buscador da verdade, mas também era um buscador de problemas. Sem isso, entediava-se." (pag 27-28)



O título da crônica dominical de hoje O SER HUMANO FOI FEITO PARA O DOMINGO me veio desde essa escrita que acabo de destacar. Explico depois, mas ainda hoje.


Todos conhecem  a história parabólica atribuída a Jesus Cristo que, alvo do estranhamento de alguém por não estar guardando o sábado, respondera que "o sábado foi feito para o homem e não o homem feito para o sábado" ... algo assim. 


Leitores mais antigos deste Blog já conhecem a história de uma uma senhora alemã, minha  professora de alemão (único idioma autorizado e permitido em sua classe do Instituto Cultural Brasil Alemanha/ICBA), quando eu apenas  um adolescente. Diante do estranhamento e do protesto da classe ante sua prescrição de um trabalho escolar, um dever de casa, para fazermos nas férias ela  nos calou a todos e todas  com a seguinte resposta: "os seres humanos não foram feitos para as  férias; as férias é que  foram feitas para os humanos"

Respeitando Jesus Cristo e minha professora alemã de alemão, e sem querer, para mim, ai de mim!, a audácia e a ousadia de igualar-me a Freud em suas provocações dirigidas ao mundo ... sou-lhe apenas um respeitoso seguidor e um profundo admirador ... defendo porém que o ser humano foi feito para o domingo. O que seríamos sem o domingo? Caso - dificílimo! - não existisse o domingo (ou dia que o valha a depender do contexto cultural) não teríamos a chance, com que nós mesmos nos presenteamos, de construirmos o caminho da utopia povoada por gentes solidárias, cheias de promessas e de alegrias, mergulhadoras do interior do interior de cada qual, gentes esperançosas de dias tão dominicais como o próprio domingo. 


Se, como é fato, são criações humanas  o  domingo e seu maravilhoso espírito renovador dos eternos retornos a que nos permitimos, como alguém pode aceitar a triste  idéia (triste, desmamada e desarmada  de esperança)  de que não fomos feitos para o domingo?

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