quinta-feira, 21 de abril de 2011

DIVERSÃO ...NAS CULTURAS URBANAS (11 - FINAL)

DIVERSÃO, RECREAÇÃO, LUDICIDADE, E ÓCIO NAS  CULTURAS  URBANAS (11 - FINAL)

(continuação da entrevista de Domenico de Mais a Mário Persona)



Pergunta: O senhor disse que gostaria de alimentar seus dias de ócio criativo no Brasil. Como isto seria possível num país que, apesar de sua dança, oralidade, alegria e sensualidade, é extremamente injusto socialmente ?



Domenico De Masi: Diz Oscar Niemeyer, isto é, o maior arquiteto vivo: "O que conta não é a arquitetura mas os amigos, a vida e este mundo injusto que devemos modificar". E diz também: "Se eu fosse um homem rico, me envergonharia". Se eu vivesse no Brasil, procuraria imitar Oscar Niemeyer.






Pergunta: A natureza das empresas hoje é bem diferente daquilo que o senhor imagina como sendo ideal. O senhor acredita que mudanças drásticas precisariam ser feitas em todo o sistema produtivo para poder abraçar uma nova forma de trabalho?


Domenico De Masi: Não. Podem começar também em empresas individuais. Quando uma empresa inaugura um modelo organizacional baseado em minhas idéias, ganha muito mais e os seus trabalhadores são muito mais felizes.


Pergunta: Como o senhor vê a contribuição da Internet e de uma sociedade voltada para o virtual na concretização de suas idéias ?

Domenico De Masi: A Internet é uma oportunidade maravilhosa. Estou feliz em viver em um mundo onde existe a Internet.

Pergunta: Que conselho o senhor daria a um empresário que quer redesenhar sua empresa levando em consideração suas idéias ?

Domenico De Masi: Que venha para a Itália, para minha escola, e fique conosco todo o tempo necessário para projetar uma empresa feliz.

Pergunta: Na relação de trabalho, o senhor acha que o Estado deve ajudar a direcionar para o ideal ou simplesmente tirar sua mão do processo e deixar que ele aconteça naturalmente ?

Domenico De Masi: No contexto humano, nada acontece naturalmente: tudo é fruto da inteligência, da programação e da vontade das pessoas. Só o liberalismo crê que o mercado resolve "naturalmente" todos os problemas.

Pergunta: Quanto mais a sua teoria é debatida mais empresas surgem com conceitos duvidosos: desenvolvem uma nova visão da escravidão onde o chicote é um sistema interno de comunicação terrorista que apregoa o trabalho e a servidão como único bálsamo para o desenvolvimento profissional. Gostaríamos que o senhor comentasse esta questão e dissesse quanto tempo vai demorar para estas empresas perceberem o equívoco.

Domenico De Masi: Muitos seres humanos são masoquistas. Depois se tornam sádicos. Depois se tornam sadomasoquistas. Não sei se ou quando as minhas idéias triunfarão. O meu dever é difundi-las e agir tenazmente para que se firmem o mais rápido possível.

Pergunta: Quando o homem vai usar a tecnologia favoravelmente a um estilo de vida enriquecedor?

Domenico De Masi: Ricos economicamente? Hoje já é usada com esta finalidade. Ricos humanamente? Quando substituirmos uma sociedade competitiva por uma sociedade solidária.

Pergunta: É possível humanizar o capitalismo ?

Domenico De Masi: O capitalismo é baseado no egoísmo e na competitividade: isto é, sobre premissas brutais, não humanas. Portanto é impossível humanizá-lo.

Pergunta: A nanotecnologia prevê um futuro sem fome, doenças, velhice e trabalho. O natural seria estar desempregado e fertilizando uma sociedade efetivamente criativa e ociosa. Mas como somos impulsionados pelas ambições pessoais de TER e não de SER, esta mudança de foco drástica não seria pura utopia, relegando a nanotecnologia a categoria de não compatível com a espécie humana?

Domenico De Masi: A espécie humana sempre combate a sua incansável luta contra a morte, a dor, a miséria, o cansaço. Um bilhão de pessoas já conseguiu vencer esta batalha contra a dor, a miséria e o cansaço. Resta a morte, mesmo se vivemos o dobro de nossos bisavós.

Pergunta: Como o senhor sente o ócio contemplativo, o ócio pelo ócio, o simples prazer de contemplar a vida ?

Domenico De Masi: Eu não gosto do ócio puro: depois de um pouco de tempo, me aborrece. Eu gosto do ócio "criativo": isto é, a síntese do trabalho, do estudo e da diversão. O ócio criativo nunca me aborrece. Nem mesmo se tenho que responder a 22 perguntas. 






Mario Persona é consultor, escritor e palestrante. Esta crônica faz parte dos temas apresentados em suas palestras. Veja emwww.mariopersona.com.br



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