segunda-feira, 11 de abril de 2011

DIVERSÃO ... NAS CULTURAS URBANAS (2)


DIVERSÃO ... NAS CULTURAS URBANAS (2)






"Roma não foi feita  num só dia"
(dito popular brasileiro)




Vicente Deocleciano Moreira


Pra início de conversa, vamos lembrar que, em "Assim Falava Zaratustra"/Nietzsche, o saltibanco tentou cumprir sua missão de DIVERTIR a população da cidade que fora visitada por Zaratustra logo após seu autoexílio nas montanhas. As pessoas pararam para ver o artista e, assim, desviaram, divertiram/divergiram do  que estavam fazendo ou podiam estar a fazer de sério, produtivo, cumprimento de deveres ...  O palhaço derruba o saltibanco (que morre na queda) e, ato contínuo,  os moradores deixam a diversão para voltar à  versão, à rotina sem novidades, aos compromissos  do dia-a-dia.


(Parque de diversões)


Mas não é só na cidade de Zaratustra que a diversão atrai milhares de pessoas. Também em cidades reais e de todo o tamanho, um circo, um parque de diversões mobiliza centenas de sedentos e sedentas de "circo", dando férias ou descanso ao "pão". Esses equipamentos promotores de alegria e emoção somente são fixos, permanentes nas grandes cidades a exemplo de São Paulo (Brasil). Na mor parte das vezes, eles são nômades, não permanecem muito tempo em um só bairro, em uma só cidade. 

Roda gigante, chapéu mexicano, trem, lagarta, tiro ao alvo, laça carteiras de cigarros ou outros objetos, cama elástica, túnel malassombrado,  balança, balanço, gaiolas, xícaras giratórias, carrossel,  montanha russa, enterprise, navio viking, carrinhos, etc ... etc ... etc ... são equipamentos de diversão (de puro estresse, alguns) instalados a céu aberto sem promessa de permanência ad eternum ... em algum terreno baldio, campo livre, ou vazio urbano disponível (na cidade). E fazem de alguns poucos dias não raras vezes o único período de festa, fora dos calendários oficiais e religiosos.

Poucas coisas soariam mais estranhas do que  alguém dizer que vai a um parque de diversões num desses modernos shopping centers . A estranheza se deveria ao fato de a imagem que, jovens ou idosos, temos dos parques de diversões atende às características apresentadas no parágrafo anterior. Modernos shopping centers não têm  o que se pode chamar de parques de diversões, e sim game centers, play lands, ou designações semelhantes ... sempre em inglês. Traduzir estas designações não faz marketing e o empresário corre o risco de perder clientes. Claro que, mesmo assim, o caráter e o papel de equipamento de/para diversão permanece seguindo como um arquétipo o velho e insubstituível parque de diversões com os atrativos descritos no terceiro parágrafo desta postagem e mais: vendedores de maças do amor, pipocas, "churrasquinho de gato", balas e guloseimas diversas, algodão doce, sorvete, crepes, etc.

Os tais modernos shopping centers não há dúvida que conseguem  divertir com suas parafernálias eletro-eletrônicas e computadorizadas; mas lá prevalece a lógica do jogo, da competição.




(Jogos em Game Center)


Competimos com as máquinas, competimos com nossos filhos, como por exemplo em mesas que - mediante inserção de moedas ou fichas compradas previamente - fazem deslizar pequenos discos; nosso adversário (filhos, amigo, cônjuge, namorada ...) têm que ter bons reflexos para evitar que esses discos sejam atirados contra o orifício, uma pequena fossa,  que têm que defender, numa diversão divertidamente estressante. E belicista.

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Até amanhã. 

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