MUNDO VASTO MUNDO HÁ UM ANO (20/fev/2010 - 20/fev/2011
sábado, 20 de fevereiro de 2010
ENCHENTE DE PARIS FAZ CEM ANOS - ENTREVISTA - FINAL
TERCEIRA POSTAGEM
ENCHENTE EM PARIS FAZ CEM ANOS (JAN/1910-JAN/ 2010)
ENTREVISTA DO PROF. JACKSON À FOLHA DE S. PAULO – F I N A L
(edição de 14 de fevereiro de 2010, pp. 4-5, Cad Mais!) - FINAL
FOLHA – Que áreas da capital foram mais atingidas?
JACKSON – Os distritos de números 1 a 9 e os de números 12 a 16 foram atingidos em alguma medida.
Mas, muitas das cidades acima e abaixo do Sena também foram tomadas pelas águas.
Mesmo partes que não haviam sido atingidas foram afetadas por cortes no fornecimento de gás e eletricidade, deixando as pessoas expostas ao frio e à escuridão em meio ao rigoroso inverno [a temperatura de Paris, em janeiro daquele ano, foi de 1ºC].
Em alguns casos, por semanas a fio.
FOLHA – Foi o primeiro grande evento midiático do século?
JACKSON – Não foi o primeiro desastre a ser acompanhado amplamente pela mídia.
Os terremotos de 1906, em San Francisco (EUA), e o de Messina (Itália), em 1908, também haviam sido largamente relatados e fotografados. Contudo, a imagística da inundação de 1910 foi muito importante.
Pessoas em todo o mundo viam, nos jornais e nas revistas, imagens da cidade inundada e enviavam dinheiro para ajudar.
A Cruz Vermelha e outras agências vendiam álbuns de fotografia como estratégia para levantar fundos. Muitas pessoas compravam cópias de fotos, algumas em forma de cartão-postal, para ter uma lembrança do desastre.
FOLHA – Qual foi o papel das novas tecnologias na propagação midiática da inundação?
JACKSON – A enchente de 1910 ocorreu num momento em que o desenvolvimento da tecnologia havia tornado muito mais fácil tirar fotografias.
As câmeras se tornaram mais fáceis de carregar e, por consequência, mais fáceis de movimentar em áreas atingidas.
Os jornais de grande circulação (frequentemente sensacionalistas nas coberturas) já existiam havia décadas, mas foi naquela época que passaram a estampar fotos em suas páginas.
FOLHA – Essa foi a razão porque teve um efeito tão grande sobre a opinião pública mundial – muito maior, por exemplo, do que o terremoto em San Francisco?
JACKSON – O terremoto em San Francisco também teve um impacto poderoso sobre a opinião pública, dada a dimensão do fato. Mas Paris era uma cidade tão icônica que a tragédia se tornou, em vários sentidos, muito mais pavorosa.
Ela era vista como a capital da cultura, da arte e da literatura, e em muitas pessoas de todas as partes do mundo a visitavam regularmente.
Paris também era vista como uma das cidades mais modernas do mundo, devido à reforma urbana de Haussmann. Gente de todo o mundo viera à capital durante as exposições universais, em fins do século 19, que culminaram na exposição de 1990, para poder ver sua beleza e modernidade.
Isso tornou Paris especial para muitas pessoas, razão porque a enchente foi tão chocante. Era difícil acreditar que uma cidade tão famosa pudesse um dia correr tamanho perigo.
ENCHENTE EM PARIS FAZ CEM ANOS (JAN/1910-JAN/ 2010)
ENTREVISTA DO PROF. JACKSON À FOLHA DE S. PAULO – F I N A L
(edição de 14 de fevereiro de 2010, pp. 4-5, Cad Mais!) - FINAL
FOLHA – Que áreas da capital foram mais atingidas?
JACKSON – Os distritos de números 1 a 9 e os de números 12 a 16 foram atingidos em alguma medida.
Mas, muitas das cidades acima e abaixo do Sena também foram tomadas pelas águas.
Mesmo partes que não haviam sido atingidas foram afetadas por cortes no fornecimento de gás e eletricidade, deixando as pessoas expostas ao frio e à escuridão em meio ao rigoroso inverno [a temperatura de Paris, em janeiro daquele ano, foi de 1ºC].
Em alguns casos, por semanas a fio.
FOLHA – Foi o primeiro grande evento midiático do século?
JACKSON – Não foi o primeiro desastre a ser acompanhado amplamente pela mídia.
Os terremotos de 1906, em San Francisco (EUA), e o de Messina (Itália), em 1908, também haviam sido largamente relatados e fotografados. Contudo, a imagística da inundação de 1910 foi muito importante.
Pessoas em todo o mundo viam, nos jornais e nas revistas, imagens da cidade inundada e enviavam dinheiro para ajudar.
A Cruz Vermelha e outras agências vendiam álbuns de fotografia como estratégia para levantar fundos. Muitas pessoas compravam cópias de fotos, algumas em forma de cartão-postal, para ter uma lembrança do desastre.
FOLHA – Qual foi o papel das novas tecnologias na propagação midiática da inundação?
JACKSON – A enchente de 1910 ocorreu num momento em que o desenvolvimento da tecnologia havia tornado muito mais fácil tirar fotografias.
As câmeras se tornaram mais fáceis de carregar e, por consequência, mais fáceis de movimentar em áreas atingidas.
Os jornais de grande circulação (frequentemente sensacionalistas nas coberturas) já existiam havia décadas, mas foi naquela época que passaram a estampar fotos em suas páginas.
FOLHA – Essa foi a razão porque teve um efeito tão grande sobre a opinião pública mundial – muito maior, por exemplo, do que o terremoto em San Francisco?
JACKSON – O terremoto em San Francisco também teve um impacto poderoso sobre a opinião pública, dada a dimensão do fato. Mas Paris era uma cidade tão icônica que a tragédia se tornou, em vários sentidos, muito mais pavorosa.
Ela era vista como a capital da cultura, da arte e da literatura, e em muitas pessoas de todas as partes do mundo a visitavam regularmente.
Paris também era vista como uma das cidades mais modernas do mundo, devido à reforma urbana de Haussmann. Gente de todo o mundo viera à capital durante as exposições universais, em fins do século 19, que culminaram na exposição de 1990, para poder ver sua beleza e modernidade.
Isso tornou Paris especial para muitas pessoas, razão porque a enchente foi tão chocante. Era difícil acreditar que uma cidade tão famosa pudesse um dia correr tamanho perigo.
(FIM)
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