domingo, 13 de fevereiro de 2011

CRÔNICA ... DE 13 DE FEVEREIRO/2011

CRÔNICA DOMINICAL  DE 13 DE FEVEREIRO/2011

QUANDO O DOMINGO É UMA   "ESTAÇÃO DE LAZER"  - QUALQUER LAZER QUE SEJA  -  NA  LINHA  DA  SEMANA


Estava eu no Metrô de São Paulo (Brasil), um domingo desses, indo para Barra Funda, resolver algumas coisas e também rapidamente passar - a visit is a must - no Memorial da América Latina. Vagão vazio, diferentemente dos chamados dias 'úteis' (quer dizer segunda a sexta-feira), pude observar os poucos passageiros do vagão em que eu viajava. Chamou-me a atenção uma senhora, olhar tristonho, corpo e rosto marcados (penso eu!)  pelas desventuras da vida; tanto quanto seus dois (creio) filhos, cor branca e roupas bastante simples; nada de extraordinário para os atores sociais do cotidiano dominical (e semanal) da maior cidade do Brasil.

Estive por duas horas em Barra Funda, antes de pegar o Metrô de volta ao centro da cidade. E eis que encontro aquela mesma senhora e seus filhos no vagão em que me acomodei. Uma das crianças falou:

- "Olha mãe aquele rapaz que estava com a gente ...!".
- Gostei de ser chamado de  "rapaz" e me aproximei do grupo: "Boa tarde, vocês passearam muito?" (Afinal era domingo).
- "Passeamos bastante, moço!"
- "Passearam  em que lugares ... Praça da República, Viaduto do Chá, Vale do  Anhangabaú ...(?), indaguei entre animado e cheio de orgulho pela minha amada cidade.
- A mulher me interompeu: "Que nada, moço, nem saímos do Metrô ... nem pra fazer um lanche, a gente não pode gastar. Todo domingo de tarde, a gente faz esse passeio sem sair do Metrô" (seu discurso triste parecia um desabafo ou uma conclusão resignada e impotente - não sei).

Fiquei assustado, penalizado mesmo. Nada mais disse, nada mais perguntei. Apenas sorrí um sorriso sem graça e incapaz de esconder meu ar de lamento. Disse "até logo", boa sorte". O fato é que fiquei um tanto deprimido diante da situação: uma família que tem lá seu dia-adia de escola e de trabalho de segunda a sexta-feira ou sábado, porém no domingo essa linha semanal sofre um "break" e a mulher e seus filhos saem  a passear durante umas duas horas - ou toda a tarde de domingo - dentro dos subterrâneos e alguns poucos sobreterrâneos do Metrô de São Paulo ... sem ter condições financeiras para sair do "buraco", respirar algum ar menos impuro ...  comprar  pipocas e  o bilhete de volta para casa.

E até até hje não sei porque aproveitei que o Metrô parou ... me despedí daquela família ... depressa abandonei o vagão e desci/subí uma estação antes daquela que eu deveria descer/subir.

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