quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

GEY ESPINHEIRA - SOCIOLOGIA DA DELINQUÊNCIA (1)

GEY ESPINHEIRA - SOCIOLOGIA DA DELINQUÊNCIA (1)




Sociólogo Gey Espinheira

Iniciamos uma série de postagens que exibirão o trabalho do sociólogo baiano (Salvador - Bahia - Brasil) Carlos Geraldo D'Andrea Espinheiura, mais conhecido como Gey Espinheira, uma referência importante e inúmeras vezes citada em estudo sobre violência urbana. No dia 17 de março deste ano, Gey Espinheira completará 2 anos de falecido (aos 62 anos de idade).

Em 1970, Gey Espinheira graduou-se em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (UFBa), concluiu Mestrado (Ciências Sociais), também pela UFBa em 1975. Dois anos depois, douturou-se em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP).

 Gey Espinheira era pesquisador do Centro de Recursos Humanos e professor adjunto da Ufba e sua produção teórica e atuação política eram voltadas para os temas  violência, democracia, direitos humanos, cidadania e educação. Era líder do Grupo de Pesquisa "Cultura, cidade e democracia: sociabilidade, representações e movimentos sociais urbanos". Escreveu vários livros e artigos; um dos últimosera autor de diversos livros e artigos. Os limites do indivíduo: mal-estar naracionalidade, os limites do indivíduo na medicina e na religião foi um de seus últimos trabalhos.


Seu  romance Relógio da Torre foi o vencedor no gênero na 2ª Edição do Concurso Literário Bahia de Todas as Letras da Editora,  da Universidade Estadual de Santa Cruz. Em 2008, pela editora da EDUFBA, publicou Metodologia e prática do trabalho em comunidade e Sociedade do Medo.

Gey Espinheira trabalhou , também, como consultor do Planejamento Estratégico Participativo de Ação do Centro de Formação do Projeto Axé.

Em dezembro de 2008, meses antes do falecimento, o Fórum Comunitário de Combate à Violência (FCCV), a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal da Bahia e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) promoveram, no encerramento das atividades do FCCV em 2008, uma homenagem ao sociólogo.

 GEY ESPINHEIRA - SOCIOLOGIA DA DELINQUÊNCIA (1)

SOCIOLOGIA DA DELINQÜÊNCIA: A INICIAÇÃO DO JOVEM

Gey Espinheira[1]



Le crime se propose aux sprits comme une sorte de plus court chemin qui va du désir à as fin sans égard au désir d’autri. Il ne considere pas les sentiments d’autri comme obstâcles – mais Il  ne connaît que les obstacles matériels.
Il en resulte que presque tous nos désirs sont criminels par essence.
VALÉRY, Paul. Oeuvres I Bibliotheque de la Pléiade. In Mêlange – Instants. Paris: Galimmard, 1997.




1. INTRODUÇÃO

Recupero algumas análises que fizemos em nossa prática de intervenção social em que mesclamos pesquisa com ação social de arte educação com jovens e disciplinas acadêmicas do programa ACC – ações curriculares em comunidades, experiência da UFBA que demonstrou grande eficácia no contato direto da Universidade com as comunidades. A nossa experiência, de longa data, nos autoriza a fazer as considerações que logo desenvolveremos neste seminário que ocupa um importante espaço de discussão de um dos temas mais controversos, precisamente por se encontrar ou em uma encruzilhada de diversas passagens, ou em um redemunho a puxar para o fundo as impressões e sensações que o fenômeno da violência proporciona.
Por que usamos estas imagens? Porque é um assunto em que todo mundo se acha entendedor; diríamos: de domínio público. Isso, por um lado; por outro, o fechamento do campo da Segurança que se considera detentor do monopólio do conhecimento e não se abre para o diálogo, o que nos levou, em seminário anterior, a acusar – e o termo é este – de autista em relação à sociedade. Esta é, portanto, uma atividade que amplia a discussão e a aprofunda, convocando, cada vez mais, outros atores e agentes que têm a violência e a segurança como preocupações maiores.
Devemos reconhecer os esforços que o professor Carlos Alberto da Costa Gomes e sua equipe têm desenvolvido para criar um fórum de discussão e monitorar, com o Observatório Interdisciplinar da Segurança Pública esta dimensão da vida humana que tanto compromete a sociedade brasileira. Neste momento, saímos juntos de mais uma experiência comunitária, a finalização do projeto Convivência, Arte & Criação, que realizamos no bairro da Mata Escura, com o apoio logístico da Escola Estadual Márcia Méccia, da Secretaria Estadual de Educação, conjugando ações de três Universidades: a Federal da Bahia, através do Centro de Recursos Humanos – CRH; e as parceiras UNIFACS e UNEB. Tivemos a autorga do edital: Novas tecnologias de prevenção do crime e violência, da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia – FAPESB (2007/2008), que contou, também, com recursos da Secretaria da Segurança Pública, mas antes podemos contabilizar a nossa ação ao longo de um ano no Subúrbio Ferroviário, com financiamento do Ministério da Justiça e em parceria Universidade Federal da Bahia e Ministério Público do Estado da Bahia, 2001/2002, resultando em 2004 na publicação do livro: “Sociabilidade e Violência: criminalidade no cotidiano de vida dos moradores do Subúrbio Ferroviário de Salvador”. Agora, publicamos: “Sociedade do Medo: teoria e método da análise sociológica em bairros populares de Salvador: juventude, pobreza e violência” e “Metodologia e prática do trabalho em comunidade”, ambos pela EDUFBA, 2008.
Anteriormente tivemos outros trabalhos de grande envergadura comunitária, mas não é o caso aqui de levantarmos o nosso currículo, mas apenas algumas informações que ajudam a nos apresentar e a legitimar as nossas reflexões, sobretudo diante de criaturas de pouca fé, que são muitas, e estão sempre dispostas a torcer o nariz diante de palestrantes, e o nosso tempo na mesa é sempre curto para a sedução, pois toda a nossa gente está contaminada pelo marketing e o logos perde espaço porque exige mais algum sacrifício.
Faço estas colocações como quem requer “habeas corpus preventivo”, porque sabemos o quanto a nossa forma franca de falar tem irritado certos segmentos que nos encaram como estranhos, quando o que queremos é trabalhar em conjunto para o bem comum. Assim, na encruzilhada, fazemos o Padê, abrimos os caminhos e por eles vamos adiante.


[1] Carlos Geraldo D’Andrea Espinheira, Doutor em Sociologia, Professor do Departamento de Sociologia nos programas de Graduação e de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal da Bahia; Pesquisador associado ao Centro de Recursos Humanos – CRH/UFBA; líder do Grupo de Pesquisa “Cultura, cidade e democracia: representações e movimentos sociais”.

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(Continua amanhã, quinta-feira)



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