CONTEUDO LIVRE
DRAUZIO VARELLA - Por amor
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O amor havia entrado em sua vida pela porta do supermercado. O sorriso dela iluminava a loja toda --------------------------------------------------------------------------------
QUANDO VI o tamanho das filas diante dos caixas, desanimei. Tinha ido ao supermercado para comprar um mísero pacote de café, pretensão insignificante comparada à dos donos dos carrinhos abarrotados à minha frente.
Na dúvida se ia embora ou levava o café, vi que um funcionário se aproximou:
"Faz tempo que o senhor não aparece".
"É. Muito trabalho."
Ele hesitou alguns segundos.
"O senhor não está se lembrando de mim."
Aparentava 40 e poucos anos, não era alto nem baixo, nem forte nem fraco, tinha o cabelo cortado rente, vestia camisa azul claro e gravata listada, características que não me ajudaram. Olhei discretamente para o crachá, mas a fotografia com o nome estava virada para o lado de dentro.
Ele veio em meu socorro.
"Sou o gerente. O senhor não pôde me reconhecer porque eu perdi 24 quilos."
Sorriu orgulhoso e virou o crachá para mostrar a foto tirada antes do emagrecimento.
"Veja como eu era. Meu rosto estava tão inchado que os olhos pareciam de chinês. O pescoço, em vez de vir do queixo para dentro, fazia uma dobra e se projetava para frente feito papo de galo esganado." Com um gesto desenhou no ar o volume do pescoço antigo, depois apertou-o e puxou a pele três vezes para mostrar como estava magro agora.
Perguntei se tinha feito cirurgia para reduzir o estômago. Quase ofendido, explicou que havia mudado os hábitos alimentares e comprado uma esteira. Quando eu quis saber de onde viera a motivação para tão difícil empreitada, olhou sério para mim.
"Do amor."
O amor havia entrado em sua vida pela porta do supermercado. Segundo disse, a moça tinha olhos de mel e um sorriso que iluminava a loja inteira.
"Ela queria saber em que prateleira estava o leite condensado. Quando me virei para responder, perdi a naturalidade. Ela abaixou o olhar. Amor à primeira vista."
O encontro o surpreendeu num momento de fragilidade; fazia pouco que tinha terminado um casamento de 12 anos sem filhos, mas com brigas a perder a conta, provocadas pelos ciúmes que a esposa tinha de todas as mulheres que chegavam num raio de dez metros do marido, incluídas as freguesas da loja de eletrodomésticos na qual ele era vendedor.
"Chegou a pôr peruca e óculos escuros para me vigiar no trabalho. Era o cão vestido de saia. Por causa de um escândalo que ela armou, fui obrigado a pedir demissão."
A moça do sorriso recusou com delicadeza a ajuda que ele ofereceu na visita seguinte ao supermercado. Na terceira ocasião, cumprimentou-o assim que entrou. Na quarta, trocaram algumas palavras.
Desde então, a imagem dessa mulher passou a fazer parte do cotidiano solitário do gerente. As ações mais triviais do dia a dia eram realizadas como se ela estivesse presente. Ir para o trabalho se tornou fonte de prazer e de ansiedade contínua à espera de que ela viesse. Eram cinzentos os dias em que não a via; radiantes quando acontecia o contrário. Começou o regime e comprou a esteira. Gordo como estava, jamais teria coragem para confessar seus sentimentos.
Quando já tinha perdido dez quilos, o destino colocou os dois na plataforma do metrô. No trem, conversaram com timidez; ela falou do trabalho no escritório de arquitetura; ele, dos percalços de gerenciar mais de 30 funcionários. Nenhuma palavra mais íntima.
Daí em diante, os encontros no supermercado se tornaram mais frequentes e menos formais. Chegavam a rir sem motivo das coisas que diziam um para o outro.
Uma noite ela entrou quando já estavam fechando as portas. Vinte e dois quilos mais magro, ele tirou o crachá e pediu licença para acompanhá-la até a esquina.
No caminho confessou estar apaixonado pela primeira vez na vida e propôs que se casassem. "Meu coração levou uma punhalada. Ela respondeu: "Que pena, estou de casamento marcado". Não fui capaz de segurar as lágrimas, só consegui dizer que esperaria para fazê-la feliz, se mudasse de ideia."
"E o que aconteceu?"
"Nunca mais apareceu. Há mais de dois meses. Não sei onde mora nem onde trabalha. Acho que foi embora por medo de fraquejar."
E acrescentou com ar pensativo, acariciando o pescoço:
"De fato, eu fiquei muito bonito".
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Postado por conteudo livre Marcadores: Drauzio Varella às 10:21
sábado, 31 de julho de 2010
L Sophie: A eliminação da Amnésia Cultural na Martinica
O CEAO e APNB convidam para palestra - Lumina Sophie: A eliminação da Amnésia Cultural na Martinica
De: Ceao - Centro de Estudos Afro-OrientaisAdicionar a contatos
Para: vicentedeocleciano@yahoo.com.br
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CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
A palestra trata da recente emergência das canções, músicas e cultura popular afro-caribenha na Martinica. Com atenção para as narrativas, poesia e visão de mundo, a autora lança luzes sobre as experiências de mulheres afro-caribenhas numa pespectiva cross-cultural.
Palestrante: Profa. Dra. Brenda F. Berrian
Departamento de Estudos Africanos, Estudos sobre a Mulher e Letras da Universidade de Pittsburgh - USA
Debatedoras:
Profa. Dra. Florentina Souza – CEAO e PPGLL-UFBa
Secretária Estadual Luiza Bairros, SEPROMI
Data: 10 de agosto de 2010, terça-feira.
Horário: 18:30 hsLocal: CEAO - Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40060-055. Salvador - Bahia Tel (71) 3283-5502/| E-mail: ceao@ufba.br
(Clique aqui para ver o convite)
CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 3322-8070 - E-mail: ceao@ufba.br - Site: www.ceao.ufba.br
De: Ceao - Centro de Estudos Afro-Orientais
Para: vicentedeocleciano@yahoo.com.br
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CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
A palestra trata da recente emergência das canções, músicas e cultura popular afro-caribenha na Martinica. Com atenção para as narrativas, poesia e visão de mundo, a autora lança luzes sobre as experiências de mulheres afro-caribenhas numa pespectiva cross-cultural.
Palestrante: Profa. Dra. Brenda F. Berrian
Departamento de Estudos Africanos, Estudos sobre a Mulher e Letras da Universidade de Pittsburgh - USA
Debatedoras:
Profa. Dra. Florentina Souza – CEAO e PPGLL-UFBa
Secretária Estadual Luiza Bairros, SEPROMI
Data: 10 de agosto de 2010, terça-feira.
Horário: 18:30 hsLocal: CEAO - Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40060-055. Salvador - Bahia Tel (71) 3283-5502/| E-mail: ceao@ufba.br
(Clique aqui para ver o convite)
CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 3322-8070 - E-mail: ceao@ufba.br - Site: www.ceao.ufba.br
sexta-feira, 30 de julho de 2010
C. Calligaris - Eu sou atriz pornô, e daí?
Contardo Calligaris - Eu sou atriz pornô, e daí?
Contardo Calligaris
29 JULHO 2010
Eu sou atriz pornô, e daí?
(Folha de S. Paulo, 29/07/2010, p. E10)
________________________________________
É uma ideia antiga: uma mulher, se ousa desejar, só pode ser "a puta", com a qual tudo é permitido
________________________________________
RESISTI A pedidos e pressões para que comentasse o caso do goleiro Bruno. Não gosto de especular sobre investigações inacabadas ou acusações ainda não julgadas.
No entanto, especialmente nos crimes midiáticos, sempre há fatos e atos que merecem comentário e que não dependem da culpa ou da inocência de suspeitos ou acusados.
Por exemplo, durante a investigação sobre a morte de Isabella Nardoni, o fato mais interessante era a agitação da turba: diante da delegacia de polícia, os linchadores pulavam e gritavam indignados só quando aparecia, nas câmeras de TV, a luz vermelha da gravação.
Há turbas parecidas no caso do goleiro Bruno. E, além das turbas, também alguns delegados de polícia parecem se agitar especialmente quando as câmeras estão ligadas, o que, provavelmente, não contribui ao progresso das investigações.
Mas o que me tocou, nestes dias, foi outra coisa. Segundo o advogado Ércio Quaresma Firpe, que defende o goleiro Bruno, a polícia estaria investigando um crime inexistente, pois Eliza Samudio estaria viva e se manteria em silêncio e escondida pelo prazer de ver o Bruno acusado e preso. Para perpetrar essa vingança, aliás, Eliza não hesitaria em abandonar o próprio filho de cinco meses.
É uma linha de defesa que faz sentido, visto que, até aqui, o corpo de Eliza não apareceu. Mas o advogado Firpe, para melhor transformar a vítima presumida em acusada, tentou apontar supostas falhas no caráter de Eliza soltando uma pérola: "Essa moça", ele disse, "é atriz pornô".
Posso imaginar a expressão que acompanhou essa declaração: o tom maroto que procura a cumplicidade de quem escuta, uma levantadinha de sobrancelhas para que a alusão confira um valor especialmente escuso à letra do que é dito.
Estou romanceando? Acho que não. De mesa de restaurante em balcão de bar, já faz semanas que ouço comentários parecidos, de homens e mulheres, mas sobretudo de homens: Eliza Samudio era "uma maria chuteira", uma mulher fácil.
Será que essas "características" de Eliza absolvem seus eventuais assassinos? Claro que não, protestariam imediatamente os autores desses comentários. Mas o fato é que suas palavras deixam pairar no ar a ideia de que, de alguma forma, a vítima (se é que é vítima mesmo, acrescentaria o advogado Firpe) fez por merecer.
Pense nos inúmeros comentários sobre o caso de Geisy Arruda, aluna da Uniban: tudo bem, os colegas queriam estuprá-la, isso não se faz, mas, também, como é que ela vai para a faculdade com aquele vestidinho curto e tal?
No processo contra um estuprador, por exemplo, é usual que a defesa remexa na vida sexual da vítima tentando provar sua facilidade e sua promiscuidade, como se isso diminuísse a responsabilidade do estuprador. Isso acontece até quando a vítima é menor: estuprou uma menina de 12 anos? Cadeia nele; mas, se a menina se prostituía nas ruas da cidade, é diferente, não é?
Diante de um júri popular, essas considerações funcionam, de fato, como circunstâncias atenuantes: talvez estuprar "uma puta" não seja bem estupro.
Em suma, quando a vítima é uma mulher e seu algoz é um homem, é muito frequente (e bem-vindo pela defesa) que surja a dúvida: será que o assassino ou o estuprador não foi "provocado" pela sua vítima?
Atrás dessa dúvida recorrente há uma ideia antiga: o desejo feminino, quando ele ousa se mostrar, merece punição. Para muitos homens, o corpo feminino é o da mãe, que deve permanecer puro, ou, então, o da puta, ao qual nenhum respeito é devido: uma mulher, se ela deseja, só pode ser a puta com a qual tudo é permitido (estuprá-la, estropiá-la).
Além disso, se as mulheres tiverem desejo sexual próprio, elas terão expectativas quanto à performance dos homens; só o que faltava, não é? Também, se as mulheres tiverem desejo próprio, por que não desejariam outros homens melhores do que nós?
Seja como for, para protestar contra a observação brejeira do advogado Firpe, mandei fazer uma camiseta com a escrita que está no título desta coluna. Mas o ideal seria que ela fosse adotada pelas mulheres. Podem mandar fazer, sem problema; o advogado Firpe não tem "copyright" da frase.
às 01:57
Contardo Calligaris
29 JULHO 2010
Eu sou atriz pornô, e daí?
(Folha de S. Paulo, 29/07/2010, p. E10)
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É uma ideia antiga: uma mulher, se ousa desejar, só pode ser "a puta", com a qual tudo é permitido
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RESISTI A pedidos e pressões para que comentasse o caso do goleiro Bruno. Não gosto de especular sobre investigações inacabadas ou acusações ainda não julgadas.
No entanto, especialmente nos crimes midiáticos, sempre há fatos e atos que merecem comentário e que não dependem da culpa ou da inocência de suspeitos ou acusados.
Por exemplo, durante a investigação sobre a morte de Isabella Nardoni, o fato mais interessante era a agitação da turba: diante da delegacia de polícia, os linchadores pulavam e gritavam indignados só quando aparecia, nas câmeras de TV, a luz vermelha da gravação.
Há turbas parecidas no caso do goleiro Bruno. E, além das turbas, também alguns delegados de polícia parecem se agitar especialmente quando as câmeras estão ligadas, o que, provavelmente, não contribui ao progresso das investigações.
Mas o que me tocou, nestes dias, foi outra coisa. Segundo o advogado Ércio Quaresma Firpe, que defende o goleiro Bruno, a polícia estaria investigando um crime inexistente, pois Eliza Samudio estaria viva e se manteria em silêncio e escondida pelo prazer de ver o Bruno acusado e preso. Para perpetrar essa vingança, aliás, Eliza não hesitaria em abandonar o próprio filho de cinco meses.
É uma linha de defesa que faz sentido, visto que, até aqui, o corpo de Eliza não apareceu. Mas o advogado Firpe, para melhor transformar a vítima presumida em acusada, tentou apontar supostas falhas no caráter de Eliza soltando uma pérola: "Essa moça", ele disse, "é atriz pornô".
Posso imaginar a expressão que acompanhou essa declaração: o tom maroto que procura a cumplicidade de quem escuta, uma levantadinha de sobrancelhas para que a alusão confira um valor especialmente escuso à letra do que é dito.
Estou romanceando? Acho que não. De mesa de restaurante em balcão de bar, já faz semanas que ouço comentários parecidos, de homens e mulheres, mas sobretudo de homens: Eliza Samudio era "uma maria chuteira", uma mulher fácil.
Será que essas "características" de Eliza absolvem seus eventuais assassinos? Claro que não, protestariam imediatamente os autores desses comentários. Mas o fato é que suas palavras deixam pairar no ar a ideia de que, de alguma forma, a vítima (se é que é vítima mesmo, acrescentaria o advogado Firpe) fez por merecer.
Pense nos inúmeros comentários sobre o caso de Geisy Arruda, aluna da Uniban: tudo bem, os colegas queriam estuprá-la, isso não se faz, mas, também, como é que ela vai para a faculdade com aquele vestidinho curto e tal?
No processo contra um estuprador, por exemplo, é usual que a defesa remexa na vida sexual da vítima tentando provar sua facilidade e sua promiscuidade, como se isso diminuísse a responsabilidade do estuprador. Isso acontece até quando a vítima é menor: estuprou uma menina de 12 anos? Cadeia nele; mas, se a menina se prostituía nas ruas da cidade, é diferente, não é?
Diante de um júri popular, essas considerações funcionam, de fato, como circunstâncias atenuantes: talvez estuprar "uma puta" não seja bem estupro.
Em suma, quando a vítima é uma mulher e seu algoz é um homem, é muito frequente (e bem-vindo pela defesa) que surja a dúvida: será que o assassino ou o estuprador não foi "provocado" pela sua vítima?
Atrás dessa dúvida recorrente há uma ideia antiga: o desejo feminino, quando ele ousa se mostrar, merece punição. Para muitos homens, o corpo feminino é o da mãe, que deve permanecer puro, ou, então, o da puta, ao qual nenhum respeito é devido: uma mulher, se ela deseja, só pode ser a puta com a qual tudo é permitido (estuprá-la, estropiá-la).
Além disso, se as mulheres tiverem desejo sexual próprio, elas terão expectativas quanto à performance dos homens; só o que faltava, não é? Também, se as mulheres tiverem desejo próprio, por que não desejariam outros homens melhores do que nós?
Seja como for, para protestar contra a observação brejeira do advogado Firpe, mandei fazer uma camiseta com a escrita que está no título desta coluna. Mas o ideal seria que ela fosse adotada pelas mulheres. Podem mandar fazer, sem problema; o advogado Firpe não tem "copyright" da frase.
às 01:57
CURSO CASTRO ALVES 2010 - V COLÓQUIO DE LITERATURA BAIANA
CURSO CASTRO ALVES 2010 - V COLÓQUIO DE LITERATURA BAIANA
22 a 24 de setembro - das 14h30 às 19h30 - Carga horária: 20 h
Academia de Letras da Bahia
PONTO DE CULTURA ESPAÇO DAS LETRAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA E DIVERSIDADE CULTURAL- DLA/UEFS
Local: ALB - Av Joana Angélica, 198 Nazaré- Salvador- BA - tel (71) 3321-4308
--------------------------------------------------------------------------------
INSCRIÇÕES:
Prezados(as) colegas e colaboradores:
Este ano, o Curso Castro Alves 2010 e o V Colóquio de Literatura Baiana acontecem nos dias 22, 23 e 24 de setembro de 2010, na Academia de Letras da Bahia.
Além das mesas principais (aguardem o programa final) às 17h, teremos sessões de comunicações nos 3 dias, das 14h30 às 16h40.
São apenas 40 vagas para comunicações sobre autores, obras, temas e questões de literatura baiana.
As inscrições para apresentação de trabalho vão até o dia 31/08/2010, mas só enquanto houver vaga.
O(a) interessado(a) deve preencher a ficha, e enviar, com o título, seu nome e instituição e resumo de 5 a 8 linhas.
Para ouvintes em geral, a inscrição custará 5 reais, e será até o início do curso. São apenas 120 vagas no total.
As inscrições só serão aceitas enquanto houver vaga.
Para participar, por favor, solicitar e/ou preencher a ficha de inscrição (cf. abaixo) e enviar para o e-mail aleilton50@gmail.com.br
Ao enviar a ficha, aguardar a CARTA DE ACEITE.
Para apresentar trabalho, o interessado poderá efetuar o pagamento da taxa de inscrição conforme instruções que receberá anexas à carta de aceite.
Serão conferidos certificados de 20 horas aos participantes (com valor de atividade complementar para graduandos).
Após o evento, haverá uma seleçao dos trabalhos apresentados para um livro a ser publicado em 2011.
Pedimos, por obséquio, divulgar esta circular a alunos, colegas e outros eventuais interessados.
Atenciosamente:
Aleilton Fonseca - Coordenador
(Recorte esta ficha, cole num e-mail, precnha e envie para aleilton50@gmail.com )
FICHA DE INSCRIÇÃO
Identificação:
Nome completo:
Profissão:
Instituição:
Endereço completo:
Tel:
e-mail:
Forma e taxa de Inscrição:
( ) OUVINTES (Estudante, graduados, etc) - valor: R$ 5,00 - a pagar na Academia, no primeiro dia do evento.
( ) Estudante/graduação c/Apres. de Comunicação (IC ou pesquisa, com o nome do orientador) - valor R$ 20,00
( ) Profissional/pós-graduando/outro (c/ Apres. de Comunicação) - valor R$ 50,00
Titulo da Comunicação:
Nome/instituição
Orientador/instituição (quando for o caso)
Resumo de 5 linhas:
Data: ___/08/2010.
OBS: Após o envio, aguardar o e-mail de ACEITE, e isntruções para consolidar a inscrição
PROGRAMA DO EVENTO
16/09 - Quarta-feira
14h30 - Sessões 1, 2 e 3 - Comunicações de Literatura Baiana
17h00 - Conferência
18h30 - Apresentação artística
17/09 - Quinta-feira
14h30 - Sessões 4, 5 e 6 - Comunicações de Literatura Baiana
17h00 - Mesa redonda
18/09 - Sexta-feira
14h30 - Sessões 7, 8 e 9 - Comunicações de Literatura Baiana
17h00 - Conferência
18h20 - Encerramento
18h30 - Apresentação artística
Presidente: Edivaldo M. Boaventura (ALB)
Coordenador: Aleilton Fonseca (UEFS/ALB)
22 a 24 de setembro - das 14h30 às 19h30 - Carga horária: 20 h
Academia de Letras da Bahia
PONTO DE CULTURA ESPAÇO DAS LETRAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LITERATURA E DIVERSIDADE CULTURAL- DLA/UEFS
Local: ALB - Av Joana Angélica, 198 Nazaré- Salvador- BA - tel (71) 3321-4308
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INSCRIÇÕES:
Prezados(as) colegas e colaboradores:
Este ano, o Curso Castro Alves 2010 e o V Colóquio de Literatura Baiana acontecem nos dias 22, 23 e 24 de setembro de 2010, na Academia de Letras da Bahia.
Além das mesas principais (aguardem o programa final) às 17h, teremos sessões de comunicações nos 3 dias, das 14h30 às 16h40.
São apenas 40 vagas para comunicações sobre autores, obras, temas e questões de literatura baiana.
As inscrições para apresentação de trabalho vão até o dia 31/08/2010, mas só enquanto houver vaga.
O(a) interessado(a) deve preencher a ficha, e enviar, com o título, seu nome e instituição e resumo de 5 a 8 linhas.
Para ouvintes em geral, a inscrição custará 5 reais, e será até o início do curso. São apenas 120 vagas no total.
As inscrições só serão aceitas enquanto houver vaga.
Para participar, por favor, solicitar e/ou preencher a ficha de inscrição (cf. abaixo) e enviar para o e-mail aleilton50@gmail.com.br
Ao enviar a ficha, aguardar a CARTA DE ACEITE.
Para apresentar trabalho, o interessado poderá efetuar o pagamento da taxa de inscrição conforme instruções que receberá anexas à carta de aceite.
Serão conferidos certificados de 20 horas aos participantes (com valor de atividade complementar para graduandos).
Após o evento, haverá uma seleçao dos trabalhos apresentados para um livro a ser publicado em 2011.
Pedimos, por obséquio, divulgar esta circular a alunos, colegas e outros eventuais interessados.
Atenciosamente:
Aleilton Fonseca - Coordenador
(Recorte esta ficha, cole num e-mail, precnha e envie para aleilton50@gmail.com )
FICHA DE INSCRIÇÃO
Identificação:
Nome completo:
Profissão:
Instituição:
Endereço completo:
Tel:
e-mail:
Forma e taxa de Inscrição:
( ) OUVINTES (Estudante, graduados, etc) - valor: R$ 5,00 - a pagar na Academia, no primeiro dia do evento.
( ) Estudante/graduação c/Apres. de Comunicação (IC ou pesquisa, com o nome do orientador) - valor R$ 20,00
( ) Profissional/pós-graduando/outro (c/ Apres. de Comunicação) - valor R$ 50,00
Titulo da Comunicação:
Nome/instituição
Orientador/instituição (quando for o caso)
Resumo de 5 linhas:
Data: ___/08/2010.
OBS: Após o envio, aguardar o e-mail de ACEITE, e isntruções para consolidar a inscrição
PROGRAMA DO EVENTO
16/09 - Quarta-feira
14h30 - Sessões 1, 2 e 3 - Comunicações de Literatura Baiana
17h00 - Conferência
18h30 - Apresentação artística
17/09 - Quinta-feira
14h30 - Sessões 4, 5 e 6 - Comunicações de Literatura Baiana
17h00 - Mesa redonda
18/09 - Sexta-feira
14h30 - Sessões 7, 8 e 9 - Comunicações de Literatura Baiana
17h00 - Conferência
18h20 - Encerramento
18h30 - Apresentação artística
Presidente: Edivaldo M. Boaventura (ALB)
Coordenador: Aleilton Fonseca (UEFS/ALB)
quinta-feira, 29 de julho de 2010
GILBERTO DIMENSTEIN Os "bunkers" da cidade de São Paulo
GILBERTO DIMENSTEIN Os "bunkers" da cidade de São Paulo
O MELHOR da cidade de São Paulo está num "bunker" de 520 metros quadrados e paredes de 1,90 metro de largura, construído para evitar o vazamento de radiatividade. Inaugurado neste mês, esse espaço, que fica no Hospital das Clínicas, abriga uma máquina capaz de detectar precocemente um tumor ainda em estágio molecular.
O projeto foi desenvolvido em parceria com o Sírio-Libanês e o Instituto do Câncer Octavio Frias de Oliveira. Neste, aliás, desenvolveu-se uma técnica inovadora para reduzir os efeitos da quimioterapia com o uso da acupuntura.
Sem entrar nesse tipo de "bunker", é impossível conhecer a engenhosidade de São Paulo. O que ocorre neste fim de semana, com a Virada Cultural, quando a cidade sai às ruas e exibe seus talentos, é, na vida local, uma raríssima exceção.
No geral, São Paulo é uma cidade com muros de catracas e crachás, distante da rua.
Na quinta-feira passada, na vizinhança do espaço que abriga a máquina que detecta câncer, num pequeno auditório do subsolo do Masp (outro desses "bunkers"), discutia-se arte, urbanismo, tecnologia da informação e o futuro das cidades.
Graças aos recursos tecnológicos, que propiciaram a conexão com plateias de Manchester (no Reino Unido), de Istambul (na Turquia), de Sendai (no Japão) e de Vancouver (no Canadá), era como se todos compartilhassem o mesmo espaço.
A poucos metros dali, quase no mesmo nível de solo, a tecnologia promovia o encontro de jovens que resolveram tirar a roupa dentro do metrô.
Para entender São Paulo, é preciso observar como esses "bunkers" da modernidade convivem com a explícita barbárie, visível nas ruas. Barbárie foi a chacina de mendigos que ocorreu no bairro do Jaçanã na semana passada. Ou o fato de ocorrer, a cada 15 dias, um estupro numa escola pública (até numa creche já houve estupro).
Se a avenida Paulista é um símbolo da cidade, as crianças e os adolescentes que formam territórios do crack também o são. Criaram uma verdadeira cidade dentro da cidade, a chamada "cracolândia".
O movimento mais interessante de São Paulo é a resistência dos "bunkers" contra a barbárie. Na sexta-feira, foi lançado, durante a conferência do Ethos (entidade voltada à responsabilidade empresarial), um movimento de algumas das empresas mais importantes do país para apoiar projetos na cidade. A ideia é que trabalhem sobre metas comuns. O conceito de bairro educador vem sendo desenvolvido em favelas como Heliópolis e Paraisópolis - nesta, aliás, começa a ser montada uma orquestra sinfônica.
Se, de um lado, vemos a barbárie nos indicadores das escolas públicas paulistanas, de outro vemos crescer o número de "bunkers" de algumas das melhores cabeças da cidade pensando e tramando sobre como melhorar o ensino. Cresce o número de empresários que apoiam a gestão de escolas, bem como o de entidades que estudam e propõem soluções educacionais e articulações nacionais. Desse encontro, saiu a ideia de mobilizar o país para atingir uma educação de qualidade até 2022, quando se comemorará o bicentenário da independência.
Áreas como a praça Roosevelt e o Baixo Augusta, onde imperava apenas a marginalidade, tornaram-se "bunkers" para o lançamento de novos talentos da música e do teatro.
Neste fim de semana, podemos apreciar a efervescência da vida cultural paulistana, quando as multidões dominam as ruas, e os talentos se apresentam em palcos a céu aberto. Espremem-se, quase lado a lado, nomes que vão de Sidney Magal a Céu, passando por Pitty e pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, em meio ao desfile de fãs fantasiados como os heróis de histórias em quadrinhos e vídeos japoneses.
Neste ano, a diferença é que ocorre uma ocupação da "cracolândia", onde foram instalados palcos de dança e música erudita, de modo que Schumann e Tchaikovski se misturam com os meninos do crack.
Na semana passada, foi anunciado o consórcio que ganhou a licitação para realizar o projeto de reurbanização da região. Alguns dos arquitetos recuperaram áreas deterioradas de Manchester e San Francisco (EUA).
Está aí a síntese do problema paulistano, com seus "bunkers" de resistência: vamos ficar mais próximos da música nas ruas ou dos meninos do crack?
PS- Podem me chamar de ingênuo, mas a minha vivência cotidiana nessa resistência me permite apostar na vitória da cidade. Cada vez mais pessoas influentes entram nesses "bunkers" de civilidade, todas incomodadas por viver em meio ao caos e ao medo. Cresce a sofisticação do capital humano, além de aumentar a escolaridade -e isso não combina com a barbárie das ruas.
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Postado por conteudo livre Marcadores: Gilberto Dimentein às 10:13
Postado por Vicente Deocleciano Moreira às 15:44
O MELHOR da cidade de São Paulo está num "bunker" de 520 metros quadrados e paredes de 1,90 metro de largura, construído para evitar o vazamento de radiatividade. Inaugurado neste mês, esse espaço, que fica no Hospital das Clínicas, abriga uma máquina capaz de detectar precocemente um tumor ainda em estágio molecular.
O projeto foi desenvolvido em parceria com o Sírio-Libanês e o Instituto do Câncer Octavio Frias de Oliveira. Neste, aliás, desenvolveu-se uma técnica inovadora para reduzir os efeitos da quimioterapia com o uso da acupuntura.
Sem entrar nesse tipo de "bunker", é impossível conhecer a engenhosidade de São Paulo. O que ocorre neste fim de semana, com a Virada Cultural, quando a cidade sai às ruas e exibe seus talentos, é, na vida local, uma raríssima exceção.
No geral, São Paulo é uma cidade com muros de catracas e crachás, distante da rua.
Na quinta-feira passada, na vizinhança do espaço que abriga a máquina que detecta câncer, num pequeno auditório do subsolo do Masp (outro desses "bunkers"), discutia-se arte, urbanismo, tecnologia da informação e o futuro das cidades.
Graças aos recursos tecnológicos, que propiciaram a conexão com plateias de Manchester (no Reino Unido), de Istambul (na Turquia), de Sendai (no Japão) e de Vancouver (no Canadá), era como se todos compartilhassem o mesmo espaço.
A poucos metros dali, quase no mesmo nível de solo, a tecnologia promovia o encontro de jovens que resolveram tirar a roupa dentro do metrô.
Para entender São Paulo, é preciso observar como esses "bunkers" da modernidade convivem com a explícita barbárie, visível nas ruas. Barbárie foi a chacina de mendigos que ocorreu no bairro do Jaçanã na semana passada. Ou o fato de ocorrer, a cada 15 dias, um estupro numa escola pública (até numa creche já houve estupro).
Se a avenida Paulista é um símbolo da cidade, as crianças e os adolescentes que formam territórios do crack também o são. Criaram uma verdadeira cidade dentro da cidade, a chamada "cracolândia".
O movimento mais interessante de São Paulo é a resistência dos "bunkers" contra a barbárie. Na sexta-feira, foi lançado, durante a conferência do Ethos (entidade voltada à responsabilidade empresarial), um movimento de algumas das empresas mais importantes do país para apoiar projetos na cidade. A ideia é que trabalhem sobre metas comuns. O conceito de bairro educador vem sendo desenvolvido em favelas como Heliópolis e Paraisópolis - nesta, aliás, começa a ser montada uma orquestra sinfônica.
Se, de um lado, vemos a barbárie nos indicadores das escolas públicas paulistanas, de outro vemos crescer o número de "bunkers" de algumas das melhores cabeças da cidade pensando e tramando sobre como melhorar o ensino. Cresce o número de empresários que apoiam a gestão de escolas, bem como o de entidades que estudam e propõem soluções educacionais e articulações nacionais. Desse encontro, saiu a ideia de mobilizar o país para atingir uma educação de qualidade até 2022, quando se comemorará o bicentenário da independência.
Áreas como a praça Roosevelt e o Baixo Augusta, onde imperava apenas a marginalidade, tornaram-se "bunkers" para o lançamento de novos talentos da música e do teatro.
Neste fim de semana, podemos apreciar a efervescência da vida cultural paulistana, quando as multidões dominam as ruas, e os talentos se apresentam em palcos a céu aberto. Espremem-se, quase lado a lado, nomes que vão de Sidney Magal a Céu, passando por Pitty e pela Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, em meio ao desfile de fãs fantasiados como os heróis de histórias em quadrinhos e vídeos japoneses.
Neste ano, a diferença é que ocorre uma ocupação da "cracolândia", onde foram instalados palcos de dança e música erudita, de modo que Schumann e Tchaikovski se misturam com os meninos do crack.
Na semana passada, foi anunciado o consórcio que ganhou a licitação para realizar o projeto de reurbanização da região. Alguns dos arquitetos recuperaram áreas deterioradas de Manchester e San Francisco (EUA).
Está aí a síntese do problema paulistano, com seus "bunkers" de resistência: vamos ficar mais próximos da música nas ruas ou dos meninos do crack?
PS- Podem me chamar de ingênuo, mas a minha vivência cotidiana nessa resistência me permite apostar na vitória da cidade. Cada vez mais pessoas influentes entram nesses "bunkers" de civilidade, todas incomodadas por viver em meio ao caos e ao medo. Cresce a sofisticação do capital humano, além de aumentar a escolaridade -e isso não combina com a barbárie das ruas.
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Postado por conteudo livre Marcadores: Gilberto Dimentein às 10:13
Postado por Vicente Deocleciano Moreira às 15:44
quarta-feira, 28 de julho de 2010
LANÇAMENTO DO LAPIS
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA
ÁREA DE CONHECIMENTO DE ANTROPOLOGIA
NÚCLEO DE ANTROPOLOGIA DA SAÚDE (NUAS)
LANÇAMENTO DO LAPIS
O NUAS comunica o lançamento do LAPIS (Laboratório de Políticas Públicas e Sociais e de Intervenção Social) no dia de ontem 27 de julho de 2010..
• O LAPIS resgata, conforma e ressignifica a experiência do NUAS com estudos, pesquisas e reuniões internas à UEFS,com nossa participação em eventos nacionais e internacionais publicações e com os relacionamentos com grupos da UEFS e de outras universidades brasileiras (sobre Violência).
Tudo isso e mais o resgate crítico do quadro de violência que se agiganta e se revigora, a cada dia, no Brasil nos favoreceu dirigir uma nova visão sobre este fenômeno e fato social.
Tanto que Violência será o eixo focal sobre que se movimentarão as primeiras discussões sobre políticas públicas, políticas sociais e propostas de intervenção social. do LAPIS
Por outro lado e sob uma dimensão mais ampla, o LAPIS não é nem se pretende um órgão complementar ou suplementar da UEFS. É um expediente da práxis acadêmica, ( um expediente teórico prático e prático teórico) que unirá Ensino, Extensão e Pesquisa.
A experiência piloto, planejada no recesso 2010. 1 – 2010.2, será implamtada e implementada no semestre 2010.2. Essa experiência envolverá, inicialmente, professores e disciplinas da Área de Conhecimento de Antropologia. Ou seja, os professores desta Área que estiverem interessados em participar dos laboratórios e oficinas do LAPIS incluirão na carga horária de suas disciplinas, uma espécie de “estágio” de seus alunos no LAPIS. Nesse “estágio” (com carga horária a ser definida previamente), os alunos – em pequenos grupos e com a presença e participação do professor – discutirão conceitos de políticas públicas, políticas sociais e intervenções sociais em torno de temas e linhas de ação que tenham afinidades com os conteúdos da disciplina. Esses conteúdos, por sua vez, deverão estar afinados (direta ou indiretamente) com temas e alvos das políticas públicas, políticas sociais e intervenções sociais.
As atividades do LAPIS funcionarão na sala do NUAS
Vicente D, Moreira
Coord. Do NUAS
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E FILOSOFIA
ÁREA DE CONHECIMENTO DE ANTROPOLOGIA
NÚCLEO DE ANTROPOLOGIA DA SAÚDE (NUAS)
LANÇAMENTO DO LAPIS
O NUAS comunica o lançamento do LAPIS (Laboratório de Políticas Públicas e Sociais e de Intervenção Social) no dia de ontem 27 de julho de 2010..
• O LAPIS resgata, conforma e ressignifica a experiência do NUAS com estudos, pesquisas e reuniões internas à UEFS,com nossa participação em eventos nacionais e internacionais publicações e com os relacionamentos com grupos da UEFS e de outras universidades brasileiras (sobre Violência).
Tudo isso e mais o resgate crítico do quadro de violência que se agiganta e se revigora, a cada dia, no Brasil nos favoreceu dirigir uma nova visão sobre este fenômeno e fato social.
Tanto que Violência será o eixo focal sobre que se movimentarão as primeiras discussões sobre políticas públicas, políticas sociais e propostas de intervenção social. do LAPIS
Por outro lado e sob uma dimensão mais ampla, o LAPIS não é nem se pretende um órgão complementar ou suplementar da UEFS. É um expediente da práxis acadêmica, ( um expediente teórico prático e prático teórico) que unirá Ensino, Extensão e Pesquisa.
A experiência piloto, planejada no recesso 2010. 1 – 2010.2, será implamtada e implementada no semestre 2010.2. Essa experiência envolverá, inicialmente, professores e disciplinas da Área de Conhecimento de Antropologia. Ou seja, os professores desta Área que estiverem interessados em participar dos laboratórios e oficinas do LAPIS incluirão na carga horária de suas disciplinas, uma espécie de “estágio” de seus alunos no LAPIS. Nesse “estágio” (com carga horária a ser definida previamente), os alunos – em pequenos grupos e com a presença e participação do professor – discutirão conceitos de políticas públicas, políticas sociais e intervenções sociais em torno de temas e linhas de ação que tenham afinidades com os conteúdos da disciplina. Esses conteúdos, por sua vez, deverão estar afinados (direta ou indiretamente) com temas e alvos das políticas públicas, políticas sociais e intervenções sociais.
As atividades do LAPIS funcionarão na sala do NUAS
Vicente D, Moreira
Coord. Do NUAS
CHÃO (10/ GRAN FINALE) - PESSOA, CAETANO e MILTON
CHÃO DE MEMÓRIA URBANAS (10 - GRAN FINALE)- PESSOA, CAETANO e MILTON
GRAN FINALE
Muito Obrigado a vocês, minhas amigas, meus amigos, por esses dias ... pisando em pedras ancestrais ... e viajando ora em trens das cores puxados por marias fumaças ... ora no trem-bala japonês. Sentirei saudades; esperando, embarcando e desembarcando nas estações antigas e acolhedoras, nesses olhos e ouvidos da história.
Mundo, 28 de julho de 2010.
Vicente
FERNANDO PESSOA
"Todo cais é uma saudade de pedra"
CAETANO VELOSO - "Trem das Cores"
A franja na encosta
Cor de laranja
Capim rosa chá
O mel desses olhos luz
Mel de cor ímpar
O ouro ainda não bem verde da serra
A prata do trem
A lua e a estrela
Anel de turquesa
Os átomos todos dançam
Madruga
Reluz neblina
Crianças cor de romã
Entram no vagão
O oliva da nuvem chumbo
Ficando
Pra trás da manhã
E a seda azul do papel
Que envolve a maçã
As casas tão verde e rosa
Que vão passando ao nos ver passar
Os dois lados da janela
E aquela num tom de azul
Quase inexistente, azul que não há
Azul que é pura memória de algum lugar
Teu cabelo preto
Explícito objeto
Castanhos lábios
Ou pra ser exato
Lábios cor de açaí
E aqui, trem das cores
Sábios projetos:
Tocar na central
E o céu de um azul
Celeste celestial
MILTON NASCIMENTO e FERNANDO BRANT - "Encontros e Despedidas"
Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida
GRAN FINALE
Muito Obrigado a vocês, minhas amigas, meus amigos, por esses dias ... pisando em pedras ancestrais ... e viajando ora em trens das cores puxados por marias fumaças ... ora no trem-bala japonês. Sentirei saudades; esperando, embarcando e desembarcando nas estações antigas e acolhedoras, nesses olhos e ouvidos da história.
Mundo, 28 de julho de 2010.
Vicente
FERNANDO PESSOA
"Todo cais é uma saudade de pedra"
CAETANO VELOSO - "Trem das Cores"
A franja na encosta
Cor de laranja
Capim rosa chá
O mel desses olhos luz
Mel de cor ímpar
O ouro ainda não bem verde da serra
A prata do trem
A lua e a estrela
Anel de turquesa
Os átomos todos dançam
Madruga
Reluz neblina
Crianças cor de romã
Entram no vagão
O oliva da nuvem chumbo
Ficando
Pra trás da manhã
E a seda azul do papel
Que envolve a maçã
As casas tão verde e rosa
Que vão passando ao nos ver passar
Os dois lados da janela
E aquela num tom de azul
Quase inexistente, azul que não há
Azul que é pura memória de algum lugar
Teu cabelo preto
Explícito objeto
Castanhos lábios
Ou pra ser exato
Lábios cor de açaí
E aqui, trem das cores
Sábios projetos:
Tocar na central
E o céu de um azul
Celeste celestial
MILTON NASCIMENTO e FERNANDO BRANT - "Encontros e Despedidas"
Mande notícias do mundo de lá
Diz quem fica
Me dê um abraço, venha me apertar
Tô chegando
Coisa que gosto é poder partir
Sem ter planos
Melhor ainda é poder voltar
Quando quero
Todos os dias é um vai-e-vem
A vida se repete na estação
Tem gente que chega pra ficar
Tem gente que vai pra nunca mais
Tem gente que vem e quer voltar
Tem gente que vai e quer ficar
Tem gente que veio só olhar
Tem gente a sorrir e a chorar
E assim, chegar e partir
São só dois lados
Da mesma viagem
O trem que chega
É o mesmo trem da partida
A hora do encontro
É também de despedida
A plataforma dessa estação
É a vida desse meu lugar
É a vida desse meu lugar
É a vida
terça-feira, 27 de julho de 2010
CHÃO ... (10) - Chegam os trilhos do 'Trem Republicano'
CHÃO DE MEMÓRIAS URBANAS (10)
A REGIÃO
ITU - SALTO - [ 16/07 ]
Chegam os trilhos do 'Trem Republicano'
Notícia publicada na edição de 16/07/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 8 do caderno A
Cerca de seis quilômetros de trilhos estão sendo transportados de Rio Claro para Itu e Salto, a fim de viabilizar a implantação do trem turístico entre as duas cidades, como parte do projeto Maria Fumaça/Trem Republicano. A retirada foi autorizada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Denit) e teve início na manhã de terça-feira. O transporte é feito de caminhão, por funcionários de empresa contratada pelas prefeituras de Salto e Itu, e a previsão é que seja concluído em até três semanas. O trajeto do Trem Republicano terá extensão de sete quilômetros e deve começar a funcionar no segundo semestre de 2011, mas falta definir a empresa que vai operar o circuito e fornecer o material rodante.
Além dos trilhos de Rio Claro, pertencente à antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro, o Denit sinalizou a possível liberação de mais alguns quilômetros de malha ferroviária na cidade de Bauru. No momento, um levantamento é feito na tentativa de encontrar outros possíveis trilhos para completar o trajeto. Até ontem, quatro carretas carregadas cada uma com 50 metros de trilhos haviam chegado a Salto. O material data da chegada da ferrovia na em Rio Claro, em 1875, mas estaria em prefeitas condições.
A empresa responsável pelo transporte é a Maruca Comércio e Serviços Ltda., de Campinas, que venceu licitação para os serviços de implantação da ferrovia e revitalização das estações das duas cidade. Segundo o presidente do Conselho Municipal de Turismo (Comtur) de Salto, Wanderley Rigolin, as obras começarão após o período eleitoral. Serão duas frentes de trabalho simultâneas, uma partindo da estação de Salto e outra de Itu, destacou. A estimativa, adiantou, é que as obras sejam concluídas em até oito meses após o seu início.
A linha do Trem Republicano aproveitará o traçado da antiga Estrada de Ferro Ytuana, desativada na década de 1980 e que ligava Campinas a Itu. A via, inaugurada inicialmente em 1873, será parcialmente reconstruída. Os trechos urbanos estão desativados desde a década de 1980. O projeto total do trem custará R$ 10 milhões e o consórcio das duas cidades já recebeu R$ 4 milhões em investimentos do Ministério do Turismo, e aguarda a liberação de mais R$ 1 milhão para as obras.
Num primeiro momento, técnicos das duas cidades escolheram uma locomotiva, uma maria-fumaça datada de 1899, restaurada, para ser usada no passeio. Mas conforme Rigolin, a definição do material rodante será feita pela empresa que ganhar a licitação para explorar o serviço. Analisamos que o mais viável é operar em esquema de concessão e caberá à empresa também fornecer a maria-fumaça, concluiu.
A REGIÃO
ITU - SALTO - [ 16/07 ]
Chegam os trilhos do 'Trem Republicano'
Notícia publicada na edição de 16/07/2010 do Jornal Cruzeiro do Sul, na página 8 do caderno A
Cerca de seis quilômetros de trilhos estão sendo transportados de Rio Claro para Itu e Salto, a fim de viabilizar a implantação do trem turístico entre as duas cidades, como parte do projeto Maria Fumaça/Trem Republicano. A retirada foi autorizada pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Denit) e teve início na manhã de terça-feira. O transporte é feito de caminhão, por funcionários de empresa contratada pelas prefeituras de Salto e Itu, e a previsão é que seja concluído em até três semanas. O trajeto do Trem Republicano terá extensão de sete quilômetros e deve começar a funcionar no segundo semestre de 2011, mas falta definir a empresa que vai operar o circuito e fornecer o material rodante.
Além dos trilhos de Rio Claro, pertencente à antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro, o Denit sinalizou a possível liberação de mais alguns quilômetros de malha ferroviária na cidade de Bauru. No momento, um levantamento é feito na tentativa de encontrar outros possíveis trilhos para completar o trajeto. Até ontem, quatro carretas carregadas cada uma com 50 metros de trilhos haviam chegado a Salto. O material data da chegada da ferrovia na em Rio Claro, em 1875, mas estaria em prefeitas condições.
A empresa responsável pelo transporte é a Maruca Comércio e Serviços Ltda., de Campinas, que venceu licitação para os serviços de implantação da ferrovia e revitalização das estações das duas cidade. Segundo o presidente do Conselho Municipal de Turismo (Comtur) de Salto, Wanderley Rigolin, as obras começarão após o período eleitoral. Serão duas frentes de trabalho simultâneas, uma partindo da estação de Salto e outra de Itu, destacou. A estimativa, adiantou, é que as obras sejam concluídas em até oito meses após o seu início.
A linha do Trem Republicano aproveitará o traçado da antiga Estrada de Ferro Ytuana, desativada na década de 1980 e que ligava Campinas a Itu. A via, inaugurada inicialmente em 1873, será parcialmente reconstruída. Os trechos urbanos estão desativados desde a década de 1980. O projeto total do trem custará R$ 10 milhões e o consórcio das duas cidades já recebeu R$ 4 milhões em investimentos do Ministério do Turismo, e aguarda a liberação de mais R$ 1 milhão para as obras.
Num primeiro momento, técnicos das duas cidades escolheram uma locomotiva, uma maria-fumaça datada de 1899, restaurada, para ser usada no passeio. Mas conforme Rigolin, a definição do material rodante será feita pela empresa que ganhar a licitação para explorar o serviço. Analisamos que o mais viável é operar em esquema de concessão e caberá à empresa também fornecer a maria-fumaça, concluiu.
segunda-feira, 26 de julho de 2010
CHÃO ... (9) - O BONDE ELÉTRICO NO RECIFE
CHÃO DE MEMÓRIAS URBANAS (9) - O BONDE ELÉTRICO NO RECIFE
ROCHA, tudo que pudesse apaziguar a mente que não se cansa de pensar. Assim nasceu a palavra vinda de minha rocha.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
O BONDE ELÉTRICO NO RECIFE
O serviço de bondes elétricos foi inaugurado oficialmente no dia 13 de maio de 1914, em cerimônia festiva, com a presença do então governador do Estado de Pernambuco, o general Emydio Dantas Barreto e outras autoridades. O povo foi às ruas do centro da cidade para ver o novo e moderno meio de transporte, administrado pela companhia inglesa Tramways. A história do bonde elétrico no Recife está intimamente vinculada à história política e social da cidade. Afinal, foram praticamente quarenta anos de circulação desse veículo pelas ruas do Recife. O bonde acompanhou o progresso, as mudanças socioeconômicas, a moda, as ascensões e quedas de governos.
O bonde elétrico era um veículo urbano de tração elétrica que circulava sobre trilhos e se destinava ao transporte coletivo de passageiros e/ou de cargas. O nome bonde deriva-se do termo inglês bond(bônus). Na Inglaterra, quando da criação dessa modalidade de transporte coletivo, foi lançada uma campanha pública de bônus(bond) visando angariar fundos para instalação do serviço. Daí surgiu o nome brasileiro bonde. Os bondes eram altos, mas possuíam estribos para facilitar a subida dos passageiros. Mediam três metros de largura,tinham bancos largos de madeira que davam para acomodar cinco ou seis pessoas,em cada um. Nos bondes maiores, de dois truques (conjunto de dois eixos de rodas sobre o qual se assentam as extremidades do chassi dos vagões, para lhes permitir entrar em curvas), as cadeiras podiam virar para um e outro lado. As linhas de ida e volta, com dois carros cruzando um com o outro, tomavam praticamente toda a largura das ruas que, em geral, mediam, no máximo, oito metros.
As viagens morosas para os bairros distantes do centro da cidade, com as pessoas sentadas bem juntas umas das outras, em ambiente arejado, favoreciam as conversas, as leituras de jornais,livros e revistas, as amizades e os namoros. Era proibido fumar nos três primeiros bancos, no salão dos carros de primeira classe. O cumprimento rigoroso dos horários dos bondes era uma exigência da companhia, prevalecendo as normas de pontualidade britânicas. Além das tabelas de horários, entregues aos motorneiros, havia os relógios registradores, nos quais os motorneiros eram obrigados a registrar as viagens de ida e volta.
Logo às primeiras horas do dia,começava o ruído das rodas de ferro do bonde sobre os trilhos. Era o único meio de transporte coletivo disponível para ricos e pobres, já que o automóvel era artigo de luxo, importado dos Estados Unidos e só pouquíssimas pessoas o possuíam. Todos usavam o bonde. A partir da meia-noite, começavam a deixar as oficinas (estações) da companhia os chamados bondes de empregados, que eram usados também pelas pessoas que trabalhavam à noite, os gráficos, os policiais, o pessoal das docas do Porto, e também os boêmios. A partir das três horas da manhã, os bondes começavam a funcionar cumprindo a tabela normal de horário das linhas da Várzea, Dois Irmãos, Tejipió, Casa Amarela, Beberibe, Peixinhos, Boa Viagem, Olinda. Mais tarde, quando o dia já estava claro, saíam os bondes das outras linhas: Água Fria, Campo Grande, Ponte D'Uchoa, Iputinga, Areias, Casa Forte, Zumbi, Derby, Largo da Paz, Pina e Jiquiá.
Atrelados aos carros de primeira classe, desciam dos subúrbios da zona oeste da cidade, principalmente Várzea e Dois Irmãos, os reboques de segunda classe, cheios de fardos de verduras, de cestos e balaios de frutas, e trouxas de todo tipo de mercadoria, destinados aos mercados e comércio em geral. Havia também bondes fechados. O bonde Zeppelin, por exemplo, era o mais bonito coletivo sobre os trilhos, que trafegava somente na linha de Olinda, conduzindo um carro-reboque, com as mesmas características e de igual tamanho do carro-motor. Das oito horas em diante, os bondes circulavam com sua plena capacidade, para acompanhar a movimentação do comércio,dos bancos, das agências de navegação e repartições públicas. À meia-noite, os bondes eram recolhidos às estações de Santo Amaro, Fernandes Vieira e João Alfredo.
Fonte: Fundação Joaquim Nabuco
Postado por Rafael Rocha às 03:58
Marcadores: Tramways
Postado por Vicente Deocleciano Moreira às 13:43
Postado por Vicente Deocleciano Moreira às 13:47
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ROCHA, tudo que pudesse apaziguar a mente que não se cansa de pensar. Assim nasceu a palavra vinda de minha rocha.
sexta-feira, 23 de maio de 2008
O BONDE ELÉTRICO NO RECIFE
O serviço de bondes elétricos foi inaugurado oficialmente no dia 13 de maio de 1914, em cerimônia festiva, com a presença do então governador do Estado de Pernambuco, o general Emydio Dantas Barreto e outras autoridades. O povo foi às ruas do centro da cidade para ver o novo e moderno meio de transporte, administrado pela companhia inglesa Tramways. A história do bonde elétrico no Recife está intimamente vinculada à história política e social da cidade. Afinal, foram praticamente quarenta anos de circulação desse veículo pelas ruas do Recife. O bonde acompanhou o progresso, as mudanças socioeconômicas, a moda, as ascensões e quedas de governos.
O bonde elétrico era um veículo urbano de tração elétrica que circulava sobre trilhos e se destinava ao transporte coletivo de passageiros e/ou de cargas. O nome bonde deriva-se do termo inglês bond(bônus). Na Inglaterra, quando da criação dessa modalidade de transporte coletivo, foi lançada uma campanha pública de bônus(bond) visando angariar fundos para instalação do serviço. Daí surgiu o nome brasileiro bonde. Os bondes eram altos, mas possuíam estribos para facilitar a subida dos passageiros. Mediam três metros de largura,tinham bancos largos de madeira que davam para acomodar cinco ou seis pessoas,em cada um. Nos bondes maiores, de dois truques (conjunto de dois eixos de rodas sobre o qual se assentam as extremidades do chassi dos vagões, para lhes permitir entrar em curvas), as cadeiras podiam virar para um e outro lado. As linhas de ida e volta, com dois carros cruzando um com o outro, tomavam praticamente toda a largura das ruas que, em geral, mediam, no máximo, oito metros.
As viagens morosas para os bairros distantes do centro da cidade, com as pessoas sentadas bem juntas umas das outras, em ambiente arejado, favoreciam as conversas, as leituras de jornais,livros e revistas, as amizades e os namoros. Era proibido fumar nos três primeiros bancos, no salão dos carros de primeira classe. O cumprimento rigoroso dos horários dos bondes era uma exigência da companhia, prevalecendo as normas de pontualidade britânicas. Além das tabelas de horários, entregues aos motorneiros, havia os relógios registradores, nos quais os motorneiros eram obrigados a registrar as viagens de ida e volta.
Logo às primeiras horas do dia,começava o ruído das rodas de ferro do bonde sobre os trilhos. Era o único meio de transporte coletivo disponível para ricos e pobres, já que o automóvel era artigo de luxo, importado dos Estados Unidos e só pouquíssimas pessoas o possuíam. Todos usavam o bonde. A partir da meia-noite, começavam a deixar as oficinas (estações) da companhia os chamados bondes de empregados, que eram usados também pelas pessoas que trabalhavam à noite, os gráficos, os policiais, o pessoal das docas do Porto, e também os boêmios. A partir das três horas da manhã, os bondes começavam a funcionar cumprindo a tabela normal de horário das linhas da Várzea, Dois Irmãos, Tejipió, Casa Amarela, Beberibe, Peixinhos, Boa Viagem, Olinda. Mais tarde, quando o dia já estava claro, saíam os bondes das outras linhas: Água Fria, Campo Grande, Ponte D'Uchoa, Iputinga, Areias, Casa Forte, Zumbi, Derby, Largo da Paz, Pina e Jiquiá.
Atrelados aos carros de primeira classe, desciam dos subúrbios da zona oeste da cidade, principalmente Várzea e Dois Irmãos, os reboques de segunda classe, cheios de fardos de verduras, de cestos e balaios de frutas, e trouxas de todo tipo de mercadoria, destinados aos mercados e comércio em geral. Havia também bondes fechados. O bonde Zeppelin, por exemplo, era o mais bonito coletivo sobre os trilhos, que trafegava somente na linha de Olinda, conduzindo um carro-reboque, com as mesmas características e de igual tamanho do carro-motor. Das oito horas em diante, os bondes circulavam com sua plena capacidade, para acompanhar a movimentação do comércio,dos bancos, das agências de navegação e repartições públicas. À meia-noite, os bondes eram recolhidos às estações de Santo Amaro, Fernandes Vieira e João Alfredo.
Fonte: Fundação Joaquim Nabuco
Postado por Rafael Rocha às 03:58
Marcadores: Tramways
Postado por Vicente Deocleciano Moreira às 13:43
Postado por Vicente Deocleciano Moreira às 13:47
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FCCV - Incontinência midiática
FCCV / FORUM COMUNITÁRIO DE COMBATE À VIOLÊNCIA
Leitura de fatos violentos publicados na mídia
Ano 10, nº 23, 26/07/10
Incontinência midiática
Bruno, o ex-goleiro do Flamengo, está algemado no interior de um avião que o conduz, juntamente com seu amigo Macarrão, para Belo Horizonte. Além dos dois, integram o conjunto de passageiros policiais do estado de Minas Gerais que estão investigando o desaparecimento de Elisa Samúdio. O vôo tem como objetivo a transferência dos dois envolvidos no caso para uma unidade prisional mineira. Por tudo isso é possível afirmar que aqueles dois passageiros, naquela circunstância, estão sob a responsabilidade do Estado.
A aeronave, em termos físicos, pode ser descrita como uma cápsula indevassável. Não há como imaginar a ação de “janelas indiscretas” captando as imagens do que ocorre no interior do avião. A mídia necessita da “colaboração” de pelo menos um dos integrantes da embarcação para ter acesso aos relatos da viagem. Em princípio, a cobertura jornalística fica restrita aos tempos anterior e posterior ao translado, ao famoso adeus e ao seja bem-vindo, enquanto o tempo de percurso fica secreto, deixando em aberto a curiosidade: o que acontece naquele avião? E cresce aí aquela vontade de ser uma mosca para caber no cenário daquele transporte aéreo.
E eis que aquela “mosquinha” está embarcada e consegue entrevistar o goleiro Bruno e gravar as imagens. Ele é inocente e se mostra surpreso e decepcionado com o, até então, fiel amigo Macarrão. Descreve o encontro com Elisa como uma situação fortuita e se mostra alheio às circunstâncias relativas ao seu provável assassinato.
A entrevista entra no ar do programa Fantástico do dia 18 de julho de 2010, em uma demonstração de onipresença midiática. Ao lado das “precipitações” de Bruno, que ainda não havia incorporado o tom adequado às declarações próprias à defesa diante da condição de suspeito, atua conforme a sua experiência de fonte portadora de prestígio angariado no âmbito do futebol. Ele opta por falar e, em sua fala, devolve a bola para Macarrão, fechando o seu gol para possíveis ataques. As imagens permitem uma pergunta de fundo. Quem as teria gravado? E depois dessa questão elementar, como que sob a ação de uma tempestade, cai por terra o caráter indevassável do avião. E onde estão os furos naquela missão?
É interessante se observar que a incumbência policial não se contém diante da missão midiática, como se a segunda, em certo sentido, se impusesse à primeira, tornando inviável a discrição diante da possibilidade de sucesso da imagem de personagens envolvidos, inclusive daqueles que ocupam cargos públicos. Provavelmente o excesso de midiaticidade do caso Bruno tenha contaminado o procedimento policial a ponto de a mídia ser incluída como parte do aparato, como instância a ser favorecida com respostas que indiquem desempenho das instituições e de seus peritos.
Este modelo de atenção especial à mídia não se restringe à circunstância aqui focalizada que dá conta de uma entrevista em ambiente aéreo não tripulado por representantes dos meios de comunicação. Atualmente, é possível notar a “coincidência” entre as ações policiais e midiática em torno de um mesmo caso. Em plena madrugada, a polícia e um jornalista participam de uma ação no centro histórico de Salvador na qual são abordados usuários de drogas e um homem em conflito com a mulher. E o jornalista diz em tom irônico dirigido aos seus concorrentes: “Quem ronca não vê bronca!”. Ele integra a ação como parte natural da circunstância, dando à mesma a condição de ser propagandeada e, assim, evidenciar que, enquanto a cidade dorme a polícia age.
No cenário de delegacias, várias vezes aparecem jornalistas de programas de televisão entrevistando suspeitos e imprimindo, para efeito midiático, um alto teor de acusação que é incompatível à condição legal de suspeito. Há que se lembrar que naquele espaço há ritos a serem obedecidos e, ao contrário do que se pode intuir pela incontinência midiática , é um espaço no qual o Estado deve oferecer garantia a todos os que ali se encontram detidos. E um dos direitos daqueles que se acham em tal situação é justamente o de permanecer calado, de se negar a responder a qualquer pergunta. Não tem sido esta a prática dos detidos ao serem, insistente e desrespeitosamente, instados a falar à “autoridade midiática”.
Voltando ao caso Bruno, a situação tornou muito evidente a colaboração da polícia para com a mídia, especialmente para o progra-ma Fantástico, levando, temporariamente, ao desligamento da delegada que presidia o inquérito e que se encontrava no avião. Este efeito sugere a necessidade de se tomar distância mínima entre as ações e objetivos da polícia e da mídia, do contrário a chance de contágio na condução do processo pelos interesses midiáticos pode ter efeitos danosos e irreversíveis.
As instituições públicas devem conter-se diante do fascínio operado pela mídia e tê-la como instrumento extremamente adequado para a divulgação e familiarização dos papeis desempenhados por todos os órgãos públicos e não aceitar os seus scripts sensacionalistas que tornam comercializáveis questões de justiça e de ética pública
Leitura de fatos violentos publicados na mídia
Ano 10, nº 23, 26/07/10
Incontinência midiática
Bruno, o ex-goleiro do Flamengo, está algemado no interior de um avião que o conduz, juntamente com seu amigo Macarrão, para Belo Horizonte. Além dos dois, integram o conjunto de passageiros policiais do estado de Minas Gerais que estão investigando o desaparecimento de Elisa Samúdio. O vôo tem como objetivo a transferência dos dois envolvidos no caso para uma unidade prisional mineira. Por tudo isso é possível afirmar que aqueles dois passageiros, naquela circunstância, estão sob a responsabilidade do Estado.
A aeronave, em termos físicos, pode ser descrita como uma cápsula indevassável. Não há como imaginar a ação de “janelas indiscretas” captando as imagens do que ocorre no interior do avião. A mídia necessita da “colaboração” de pelo menos um dos integrantes da embarcação para ter acesso aos relatos da viagem. Em princípio, a cobertura jornalística fica restrita aos tempos anterior e posterior ao translado, ao famoso adeus e ao seja bem-vindo, enquanto o tempo de percurso fica secreto, deixando em aberto a curiosidade: o que acontece naquele avião? E cresce aí aquela vontade de ser uma mosca para caber no cenário daquele transporte aéreo.
E eis que aquela “mosquinha” está embarcada e consegue entrevistar o goleiro Bruno e gravar as imagens. Ele é inocente e se mostra surpreso e decepcionado com o, até então, fiel amigo Macarrão. Descreve o encontro com Elisa como uma situação fortuita e se mostra alheio às circunstâncias relativas ao seu provável assassinato.
A entrevista entra no ar do programa Fantástico do dia 18 de julho de 2010, em uma demonstração de onipresença midiática. Ao lado das “precipitações” de Bruno, que ainda não havia incorporado o tom adequado às declarações próprias à defesa diante da condição de suspeito, atua conforme a sua experiência de fonte portadora de prestígio angariado no âmbito do futebol. Ele opta por falar e, em sua fala, devolve a bola para Macarrão, fechando o seu gol para possíveis ataques. As imagens permitem uma pergunta de fundo. Quem as teria gravado? E depois dessa questão elementar, como que sob a ação de uma tempestade, cai por terra o caráter indevassável do avião. E onde estão os furos naquela missão?
É interessante se observar que a incumbência policial não se contém diante da missão midiática, como se a segunda, em certo sentido, se impusesse à primeira, tornando inviável a discrição diante da possibilidade de sucesso da imagem de personagens envolvidos, inclusive daqueles que ocupam cargos públicos. Provavelmente o excesso de midiaticidade do caso Bruno tenha contaminado o procedimento policial a ponto de a mídia ser incluída como parte do aparato, como instância a ser favorecida com respostas que indiquem desempenho das instituições e de seus peritos.
Este modelo de atenção especial à mídia não se restringe à circunstância aqui focalizada que dá conta de uma entrevista em ambiente aéreo não tripulado por representantes dos meios de comunicação. Atualmente, é possível notar a “coincidência” entre as ações policiais e midiática em torno de um mesmo caso. Em plena madrugada, a polícia e um jornalista participam de uma ação no centro histórico de Salvador na qual são abordados usuários de drogas e um homem em conflito com a mulher. E o jornalista diz em tom irônico dirigido aos seus concorrentes: “Quem ronca não vê bronca!”. Ele integra a ação como parte natural da circunstância, dando à mesma a condição de ser propagandeada e, assim, evidenciar que, enquanto a cidade dorme a polícia age.
No cenário de delegacias, várias vezes aparecem jornalistas de programas de televisão entrevistando suspeitos e imprimindo, para efeito midiático, um alto teor de acusação que é incompatível à condição legal de suspeito. Há que se lembrar que naquele espaço há ritos a serem obedecidos e, ao contrário do que se pode intuir pela incontinência midiática , é um espaço no qual o Estado deve oferecer garantia a todos os que ali se encontram detidos. E um dos direitos daqueles que se acham em tal situação é justamente o de permanecer calado, de se negar a responder a qualquer pergunta. Não tem sido esta a prática dos detidos ao serem, insistente e desrespeitosamente, instados a falar à “autoridade midiática”.
Voltando ao caso Bruno, a situação tornou muito evidente a colaboração da polícia para com a mídia, especialmente para o progra-ma Fantástico, levando, temporariamente, ao desligamento da delegada que presidia o inquérito e que se encontrava no avião. Este efeito sugere a necessidade de se tomar distância mínima entre as ações e objetivos da polícia e da mídia, do contrário a chance de contágio na condução do processo pelos interesses midiáticos pode ter efeitos danosos e irreversíveis.
As instituições públicas devem conter-se diante do fascínio operado pela mídia e tê-la como instrumento extremamente adequado para a divulgação e familiarização dos papeis desempenhados por todos os órgãos públicos e não aceitar os seus scripts sensacionalistas que tornam comercializáveis questões de justiça e de ética pública
FAC MONTESSORIANA - I SEMANA DE INTEGRAÇÃO COM A COMUNIDADE
FACULDADE MONTESSORIANA
I SEMANA DE INTEGRAÇÃO COM A COMUNIDADE DA FAMA
APRESENTAÇÃO
Uma semana de oficinas, mini-cursos e palestras abertos à comunidade e totalmente gratuitos! Essa é a proposta da I Semana de Integração com a Comunidade da FAMA.
Estabelecer uma relação de interação e de aprendizagem mútua com a comunidade, difundindo conhecimento e auxiliando no seu desenvolvimento.
LOCAL
Faculdade Montessoriano de Salvador
Rua Abelardo Andrade de Carvalho, nº05 Boca do Rio - Salvador - Ba.
CERTIFICAÇÃO
Os participantes receberão seus certificados logo após a participação em cada oficina, mini-curso ou palestra.
INSCRIÇÕES GRATUITAS
Presencial – FAMA (Boca do Rio)
Por telefone - (71) 3371-5643
PROGRAMAÇÃO
Segunda-feira, 02/08
19 às 22:00 - Aula Pública: Academia e vida cotidiana: uma relação que precisa existir. (Tema provisório)
20:30 às 22:00 O conselho tutelar e sua atuação na sociedade Ingrid Barros
Terça-feira, 03/08
18:30 às 20:00 Fui demitido: quais são os meus direitos? Ingrid Barros
18:30 às 20:00 Como organizar o seu orçamento pessoal Mariana Faria
18:30 às 21:00 Empreendedorismo pessoal Marcos Baruch
18:30 às 22:00 Eu, minha mãe e minha avó... Marta Alencar
18:30 às 22:00 O lúdico na Educação Infantil Patrícia Argollo
ter e qui, das 18:30 às 22:00 Jogos teatrais como recursos didático-pedagógicos Fábio Dal Gallo
18:30 às 22:00 Libras Marcela Farias
18:30 às 22:00 A função social do saber Tereza Cristina Carneiro
20:30 às 22:00 A importância da previdência social para o trabalhador Ingrid Barros
Quarta-feira, 04/08
18:30 às 22:00 Recriação cênica de contos afro-brasileiros Janice Nicolin
18:30 às 22:00 Do currículo à entrevista: dicas para quem procura emprego Eurides Soares
18:30 às 20:00 Quer abrir ou tem um negócio? Saiba como aproveitar as oportunidades! Carlos Amaral
20:30 às 22:00 A violência contra a mulher no caso "Bruno" Moacir Carvalho
20:30 às 22:00 Finanças pessoais Marcos Baruch
20:30 às 22:00 A questão do limite na educação da criança e do adolescente Marília Soares
Quinta-feira, 05/08
18:30 às 22:00 Meu filho é surdo, o que faço? Marcela Farias
18:30 às 22:00 Brincando também se aprende: trabalhando com jogos matemáticos Jurema Rosas
18:30 às 20:00 A influência interdisciplinar das ciências humanas e sociais Tereza Cristina Carneiro
18:30 às 20:00 Dúvidas recorrentes sobre Direito do Consumidor Ana Carina Nossa
18:30 às 20:00 Como usar o cartão de crédito sem se endividar Elvira Cavalcanti
18 às 22:00 Educadores e comunidade LGTB no combate à homofobia Vânia Galvão
Emiliano José
Ana Carolina Reis
Francisco Hamilton
20:30 às 22:00 O conselho tutelar e sua atuação na sociedade Ingrid Barros
Sexta-feira, 06/07
18:30 às 20:30 Trabalhando com artes plásticas visuais na Educação Infantil Jurema Rosas
18:30 às 20:30 O trabalhador doméstico: direitos e deveres Ingrid Barros
18:30 às 20:30 Criatividade no trabalho Mirian Lemos
18:30 às 20:30 Como organizar o seu orçamento pessoal Mariana Faria
18:30 às 20:30 Educação, psicanálise e formação docente Adriana Ponte
Obs.: A quantidade de participantes para cada atividade será limitada em função das necessidades de cada tema.
PARTICIPE E TRAGA SEUS AMIGOS!
FACULDADE MONTESSORIANO
DE SALVADOR
Diretor Geral
Juraci Saraiva Matos
Coordenadora Geral
Adriana Pinheiro
Coordenadora do Curso de Administração
Luciana Amado
Coordenadora do Curso de Pedagogia
Adriana Pinheiro
Coordenadora do Núcleo de Apoio ao Estudante (NAE)
Shiniata Menezes
I SEMANA DE INTEGRAÇÃO COM A COMUNIDADE
Coordenação Geral do Evento
Adriana Pinheiro
Equipe de Organização
Adriana Pinheiro
Luciana Amado
Shiniata Menezes
Equipe de Apoio
Andréa Monteiro
Diego Nicolin
Rosana Matos
Vagner Paixão
I SEMANA DE INTEGRAÇÃO COM A COMUNIDADE DA FAMA
APRESENTAÇÃO
Uma semana de oficinas, mini-cursos e palestras abertos à comunidade e totalmente gratuitos! Essa é a proposta da I Semana de Integração com a Comunidade da FAMA.
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LOCAL
Faculdade Montessoriano de Salvador
Rua Abelardo Andrade de Carvalho, nº05 Boca do Rio - Salvador - Ba.
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INSCRIÇÕES GRATUITAS
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PROGRAMAÇÃO
Segunda-feira, 02/08
19 às 22:00 - Aula Pública: Academia e vida cotidiana: uma relação que precisa existir. (Tema provisório)
20:30 às 22:00 O conselho tutelar e sua atuação na sociedade Ingrid Barros
Terça-feira, 03/08
18:30 às 20:00 Fui demitido: quais são os meus direitos? Ingrid Barros
18:30 às 20:00 Como organizar o seu orçamento pessoal Mariana Faria
18:30 às 21:00 Empreendedorismo pessoal Marcos Baruch
18:30 às 22:00 Eu, minha mãe e minha avó... Marta Alencar
18:30 às 22:00 O lúdico na Educação Infantil Patrícia Argollo
ter e qui, das 18:30 às 22:00 Jogos teatrais como recursos didático-pedagógicos Fábio Dal Gallo
18:30 às 22:00 Libras Marcela Farias
18:30 às 22:00 A função social do saber Tereza Cristina Carneiro
20:30 às 22:00 A importância da previdência social para o trabalhador Ingrid Barros
Quarta-feira, 04/08
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Quinta-feira, 05/08
18:30 às 22:00 Meu filho é surdo, o que faço? Marcela Farias
18:30 às 22:00 Brincando também se aprende: trabalhando com jogos matemáticos Jurema Rosas
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18:30 às 20:00 Dúvidas recorrentes sobre Direito do Consumidor Ana Carina Nossa
18:30 às 20:00 Como usar o cartão de crédito sem se endividar Elvira Cavalcanti
18 às 22:00 Educadores e comunidade LGTB no combate à homofobia Vânia Galvão
Emiliano José
Ana Carolina Reis
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Sexta-feira, 06/07
18:30 às 20:30 Trabalhando com artes plásticas visuais na Educação Infantil Jurema Rosas
18:30 às 20:30 O trabalhador doméstico: direitos e deveres Ingrid Barros
18:30 às 20:30 Criatividade no trabalho Mirian Lemos
18:30 às 20:30 Como organizar o seu orçamento pessoal Mariana Faria
18:30 às 20:30 Educação, psicanálise e formação docente Adriana Ponte
Obs.: A quantidade de participantes para cada atividade será limitada em função das necessidades de cada tema.
PARTICIPE E TRAGA SEUS AMIGOS!
FACULDADE MONTESSORIANO
DE SALVADOR
Diretor Geral
Juraci Saraiva Matos
Coordenadora Geral
Adriana Pinheiro
Coordenadora do Curso de Administração
Luciana Amado
Coordenadora do Curso de Pedagogia
Adriana Pinheiro
Coordenadora do Núcleo de Apoio ao Estudante (NAE)
Shiniata Menezes
I SEMANA DE INTEGRAÇÃO COM A COMUNIDADE
Coordenação Geral do Evento
Adriana Pinheiro
Equipe de Organização
Adriana Pinheiro
Luciana Amado
Shiniata Menezes
Equipe de Apoio
Andréa Monteiro
Diego Nicolin
Rosana Matos
Vagner Paixão
domingo, 25 de julho de 2010
CHÃO ... (8) - Ferrovia Curitiba - Paranaguá
CHÃO DE MEMÓRIAS URBANAS (8)- Ferrovia Curitiba - Paranaguá
História da Ferrovia Curitiba - Paranaguá
GUIA GEOGRÁFICO PARANÁ
(Fonte: Ministério dos Transportes)
A ferrovia começou a ser construída em 1880 e visava ligar o litoral do Paraná a Curitiba, buscando o desenvolvimento da região e conectando o Porto de Paranaguá ao Sul do Brasil. Foi uma das mais ousadas obras da época e um imenso desafio de engenharia. A execução do projeto contou com mais de 9 mil homens, muitos faleceram durante a construção, devido às condições segurança muito precária. A ferrovia foi inaugurada em 02 de fevereiro de 1885.
São 110 km de extensão, 14 túneis, 30 pontes e muitos viadutos. Destacam-se a Ponte São João, com 55 m de altura, e o Viaduto Carvalho, ligado ao Túnel do Rochedo, assentado sobre cinco pilares de alvenaria na encosta da rocha.
A ferrovia Curitiba - Paranaguá representa um extraordinário feito da engenharia do século 19, no Brasil. Representou um enorme avanço para o desenvolvimento da região, na época. Atualmente, é um dos mais interessantes passeios turísticos do Paraná, onde se pode ver reservas ecológicas da Serra do Mar.
Histórico
A construção da ferrovia começou oficialmente em fevereiro de 1880. Considerada impraticável por inúmeros engenheiros europeus à época, a obra teve início em três frentes simultâneas: entre Paranaguá e Morretes (42 km), entre Morretes e Roça Nova (38 km) e entre Roça Nova e Curitiba (30 km).
O objetivo era estreitar a relação entre as cidades do litoral paranaense e a capital do estado, com vistas ao desenvolvimento social do litoral. Além disso, era imprescindível ligar o Porto de Paranaguá aos estados do Sul do Brasil, para que se desse vazão à produção de grãos dos estados e, dessa forma, garantir apoio ao desenvolvimento econômico da região.
Para a obra, foram recrutados mais de 9.000 homens, que ganhavam entre dois e três mil réis por jornada. A maioria deles vivia em Curitiba ou no litoral, e era composta de imigrantes que trabalhavam na lavoura. Mais da metade desses homens faleceu durante a construção da ferrovia, frente às condições precárias de segurança.
O esforço e ousadia de trabalhadores braçais, engenheiros e outros profissionais resultou numa das mais ousadas obras da engenharia mundial. Depois de cinco anos, a ferrovia foi inaugurada em 02 de fevereiro de 1885. Participaram da primeira viagem engenheiros, autoridades federais e locais, jornalistas e outros convidados. A viagem entre Paranaguá e Curitiba durou nove horas: ao chegar à Capital, mais de 5.000 pessoas aguardavam o trem.
Em seus cento e dez quilômetros de extensão, a ferrovia guarda centenas de obras de arte da engenharia: são 14 túneis, 30 pontes e inúmeros viadutos de grande vão. Destacam-se a Ponte São João, com 55 metros de altura, e o Viaduto Carvalho, ligado ao Túnel do Rochedo, assentado sobre cinco pilares de alvenaria na encosta da rocha - a passagem por esse trecho provoca a sensação de uma viagem pelo ar, como se o trem estivesse flutuando. Foi a primeira obra com essas características a ser construída no mundo.
Poucos destinos no Brasil têm o valor histórico dos passeios pelos trilhos da Serra Verde Express. É compromisso da Empresa mantê-lo em funcionamento de forma sustentável, com respeito à Serra do Mar que cerca todo o caminho e também às pessoas que fazem possível sua existência: turistas, funcionários da Empresa e outros profissionais do Turismo.
História da Ferrovia Curitiba - Paranaguá
GUIA GEOGRÁFICO PARANÁ
(Fonte: Ministério dos Transportes)
A ferrovia começou a ser construída em 1880 e visava ligar o litoral do Paraná a Curitiba, buscando o desenvolvimento da região e conectando o Porto de Paranaguá ao Sul do Brasil. Foi uma das mais ousadas obras da época e um imenso desafio de engenharia. A execução do projeto contou com mais de 9 mil homens, muitos faleceram durante a construção, devido às condições segurança muito precária. A ferrovia foi inaugurada em 02 de fevereiro de 1885.
São 110 km de extensão, 14 túneis, 30 pontes e muitos viadutos. Destacam-se a Ponte São João, com 55 m de altura, e o Viaduto Carvalho, ligado ao Túnel do Rochedo, assentado sobre cinco pilares de alvenaria na encosta da rocha.
A ferrovia Curitiba - Paranaguá representa um extraordinário feito da engenharia do século 19, no Brasil. Representou um enorme avanço para o desenvolvimento da região, na época. Atualmente, é um dos mais interessantes passeios turísticos do Paraná, onde se pode ver reservas ecológicas da Serra do Mar.
Histórico
A construção da ferrovia começou oficialmente em fevereiro de 1880. Considerada impraticável por inúmeros engenheiros europeus à época, a obra teve início em três frentes simultâneas: entre Paranaguá e Morretes (42 km), entre Morretes e Roça Nova (38 km) e entre Roça Nova e Curitiba (30 km).
O objetivo era estreitar a relação entre as cidades do litoral paranaense e a capital do estado, com vistas ao desenvolvimento social do litoral. Além disso, era imprescindível ligar o Porto de Paranaguá aos estados do Sul do Brasil, para que se desse vazão à produção de grãos dos estados e, dessa forma, garantir apoio ao desenvolvimento econômico da região.
Para a obra, foram recrutados mais de 9.000 homens, que ganhavam entre dois e três mil réis por jornada. A maioria deles vivia em Curitiba ou no litoral, e era composta de imigrantes que trabalhavam na lavoura. Mais da metade desses homens faleceu durante a construção da ferrovia, frente às condições precárias de segurança.
O esforço e ousadia de trabalhadores braçais, engenheiros e outros profissionais resultou numa das mais ousadas obras da engenharia mundial. Depois de cinco anos, a ferrovia foi inaugurada em 02 de fevereiro de 1885. Participaram da primeira viagem engenheiros, autoridades federais e locais, jornalistas e outros convidados. A viagem entre Paranaguá e Curitiba durou nove horas: ao chegar à Capital, mais de 5.000 pessoas aguardavam o trem.
Em seus cento e dez quilômetros de extensão, a ferrovia guarda centenas de obras de arte da engenharia: são 14 túneis, 30 pontes e inúmeros viadutos de grande vão. Destacam-se a Ponte São João, com 55 metros de altura, e o Viaduto Carvalho, ligado ao Túnel do Rochedo, assentado sobre cinco pilares de alvenaria na encosta da rocha - a passagem por esse trecho provoca a sensação de uma viagem pelo ar, como se o trem estivesse flutuando. Foi a primeira obra com essas características a ser construída no mundo.
Poucos destinos no Brasil têm o valor histórico dos passeios pelos trilhos da Serra Verde Express. É compromisso da Empresa mantê-lo em funcionamento de forma sustentável, com respeito à Serra do Mar que cerca todo o caminho e também às pessoas que fazem possível sua existência: turistas, funcionários da Empresa e outros profissionais do Turismo.
CRÔNICA DOMINICAL DE 25 DE JULHO DE 2010
DOMINGO DE CHUVA
Alexandre Drayton
Alexandre Drayton, nascido em Fortaleza (CE), enquanto se especializava na área médica na França, encontrava tempo, em “domingos de chuva”, para escrever crônicas sobre os acontecimentos cotidianos e, sobretudo, a saudade que se abate sobre os que vivem longe de sua pátria.
Domingo, mais um dia como tantos outros, no frio janeiro da Cidade Luz. Dia de lavar a roupa suja, de tentar arrumar a bagunça (permanente!) da casa, de passar o pano no chão, de pensar na semana que começa. Um momento de reflexão desleixada, de estudar o atrasado, dia diferente talvez.
E' pena que a météo não ajudou, empurrando todo mundo algumas horas a mais na cama. Vento, chuva, frio e tempo cinzento podem vencer a idéia de visitar um museu gratuitamente, como é o caso do primeiro domingo de cada mês. E sou capaz de apostar que muitos cederam à tentação da preguiça e, absortos neste clima envolvente, em pouco ou quase nada pensaram.
E comigo não foi diferente. Até que a físico-química dependência de “checar“ o e-mail, fez-me vir ao tal computador. Eis-me aqui, donc, sem sono e com o estoque de sites a visitar esgotado, tentando escrever algo que tenha sentido ao fim.
Experimento dar uma sacudida e animada no espírito, saindo um pouco para espiar o tempo. Teve jeito não: as amigas ventania e temperatura baixa me receberam com pompa e circunstância. Sem outra opção entrei, e teimoso como sou, recomecei a teclar.
Foi difícil não sentir o que se tenta afastar num dia como esse: a tal da cruel saudade. Palavra impar, que dizem só existir em português, chegou sem pedir licença. Entrou, puxou a cadeira e, saboreando um café amargo com Malboro ligths, pôs-se a me incomodar. Esboçando uma resistência esqueço-me dela por longos segundos, ao fim dos quais recebo um direto de direita, perdendo por knock-out.
Numa ultima tentativa, ensaio comparar àquela do inicio, quando cheguei, essa de hoje. Queria ver se tinha amadurecido, se era mais forte, se podia vir a ser exemplo para os amigos recém-desembarcados. Uma vez mais, o gongo deu-lhe ganho de causa. Houvera de fato apenas uma mudança de nomes, pois a antiga Senhora Saudade hoje se chamava La Madame Nostalgie.
E assim continuei a senti-la, na certeza de que uma vez mais um mundo de lembranças viria-me à mente. Pensei na família distante, nos amigos que ha’ muito não vejo, em praia, na comidinha gostosa do fundo da panela. Imaginei coisas simples, lugares comuns, mentiras infantis e os tempos de infância. Em verdade, senti-me só.
Vi, portanto, que solidão e saudade são almas gêmeas. Velhas conhecidas de outrora, promovem incômodos e aleatórios encontros, onde tentam desafiar o sorriso e a alegria, banindo-os para longe algumas vezes. E foi justamente num desses rendez-vous casuais em que vi-me metido. Pensei poder sair de fininho, mas ao final do corredor encontrei porta fechada.
Não existia outra alternativa, a não ser mascar feito chiclete e digerir sozinho minha angústia. Injusto seria fazer conjecturas, pois tristeza que se preze não se explica, sente-se. E caminhando por essa mesma estrada, imaginei os milhares de solitários mundo afora: habitantes de um mesmo universo, do grande consciente coletivo poeticamente chamado la solitude.
Mas percebi que esta mesma solidão, inenarrável, dura e difícil, tinha outras facetas. Não era a maior de todas, pois conseguia guardar traços de beleza dentro de si. A maior solidão, na verdade, é dos quem não amam e fecham-se no absoluto vazio do nada. Solitários são aqueles que temem a ajuda mútua e que não partilham com o próximo os pequenos segundos da vida. Triste e mísero é o homem que evita sentir suas emoções, permutando solidariedade com egoísmo. A maior solidão é a dos que não acreditam e fazem de seus sentimentos algo torpe, que reflete o amargo e apaga a luz do bem-viver. Solidão real é aquela do infeliz que perdeu suas esperanças, vivendo um pesadelo constante, permeado de pseudo-angústias e cego em relação ao belo mundo ao seu redor.
Eu, do alto dessas tolas idéias, acreditando na vida e num mundo melhor, vi-me um feliz e pequeno solitário, nada mais. Pois, como bem disse o poetinha:
— “A fé desentope as artérias; a descrença é que dá câncer“.
Alexandre Drayton
Alexandre Drayton, nascido em Fortaleza (CE), enquanto se especializava na área médica na França, encontrava tempo, em “domingos de chuva”, para escrever crônicas sobre os acontecimentos cotidianos e, sobretudo, a saudade que se abate sobre os que vivem longe de sua pátria.
Domingo, mais um dia como tantos outros, no frio janeiro da Cidade Luz. Dia de lavar a roupa suja, de tentar arrumar a bagunça (permanente!) da casa, de passar o pano no chão, de pensar na semana que começa. Um momento de reflexão desleixada, de estudar o atrasado, dia diferente talvez.
E' pena que a météo não ajudou, empurrando todo mundo algumas horas a mais na cama. Vento, chuva, frio e tempo cinzento podem vencer a idéia de visitar um museu gratuitamente, como é o caso do primeiro domingo de cada mês. E sou capaz de apostar que muitos cederam à tentação da preguiça e, absortos neste clima envolvente, em pouco ou quase nada pensaram.
E comigo não foi diferente. Até que a físico-química dependência de “checar“ o e-mail, fez-me vir ao tal computador. Eis-me aqui, donc, sem sono e com o estoque de sites a visitar esgotado, tentando escrever algo que tenha sentido ao fim.
Experimento dar uma sacudida e animada no espírito, saindo um pouco para espiar o tempo. Teve jeito não: as amigas ventania e temperatura baixa me receberam com pompa e circunstância. Sem outra opção entrei, e teimoso como sou, recomecei a teclar.
Foi difícil não sentir o que se tenta afastar num dia como esse: a tal da cruel saudade. Palavra impar, que dizem só existir em português, chegou sem pedir licença. Entrou, puxou a cadeira e, saboreando um café amargo com Malboro ligths, pôs-se a me incomodar. Esboçando uma resistência esqueço-me dela por longos segundos, ao fim dos quais recebo um direto de direita, perdendo por knock-out.
Numa ultima tentativa, ensaio comparar àquela do inicio, quando cheguei, essa de hoje. Queria ver se tinha amadurecido, se era mais forte, se podia vir a ser exemplo para os amigos recém-desembarcados. Uma vez mais, o gongo deu-lhe ganho de causa. Houvera de fato apenas uma mudança de nomes, pois a antiga Senhora Saudade hoje se chamava La Madame Nostalgie.
E assim continuei a senti-la, na certeza de que uma vez mais um mundo de lembranças viria-me à mente. Pensei na família distante, nos amigos que ha’ muito não vejo, em praia, na comidinha gostosa do fundo da panela. Imaginei coisas simples, lugares comuns, mentiras infantis e os tempos de infância. Em verdade, senti-me só.
Vi, portanto, que solidão e saudade são almas gêmeas. Velhas conhecidas de outrora, promovem incômodos e aleatórios encontros, onde tentam desafiar o sorriso e a alegria, banindo-os para longe algumas vezes. E foi justamente num desses rendez-vous casuais em que vi-me metido. Pensei poder sair de fininho, mas ao final do corredor encontrei porta fechada.
Não existia outra alternativa, a não ser mascar feito chiclete e digerir sozinho minha angústia. Injusto seria fazer conjecturas, pois tristeza que se preze não se explica, sente-se. E caminhando por essa mesma estrada, imaginei os milhares de solitários mundo afora: habitantes de um mesmo universo, do grande consciente coletivo poeticamente chamado la solitude.
Mas percebi que esta mesma solidão, inenarrável, dura e difícil, tinha outras facetas. Não era a maior de todas, pois conseguia guardar traços de beleza dentro de si. A maior solidão, na verdade, é dos quem não amam e fecham-se no absoluto vazio do nada. Solitários são aqueles que temem a ajuda mútua e que não partilham com o próximo os pequenos segundos da vida. Triste e mísero é o homem que evita sentir suas emoções, permutando solidariedade com egoísmo. A maior solidão é a dos que não acreditam e fazem de seus sentimentos algo torpe, que reflete o amargo e apaga a luz do bem-viver. Solidão real é aquela do infeliz que perdeu suas esperanças, vivendo um pesadelo constante, permeado de pseudo-angústias e cego em relação ao belo mundo ao seu redor.
Eu, do alto dessas tolas idéias, acreditando na vida e num mundo melhor, vi-me um feliz e pequeno solitário, nada mais. Pois, como bem disse o poetinha:
— “A fé desentope as artérias; a descrença é que dá câncer“.
MUNDO VASTO MUNDO ... O TREM-BALA JAPONÊS
MUNDO VASTO MUNDO DE 25 DE JULHO DE 2010
Bom Dia Brasil
REDE GLOBO DE TELEVISÃO - 23/07/2010 07h52 - Atualizado em 23/07/2010 08h07
Trem-bala japonês tem conforto de avião e velocidade de carro de F1
O trem-bala funciona praticamente de forma automática. Quando o maquinista precisa falar algo, basta tocar na tela. Conheça essa supermáquina.
ROBERTO KOVALICK e KATSUMI SUZUKI Tóquio
Você já deve ter ouvido falar: o Brasil quer o trem-bala - para ligar o Rio de Janeiro a São Paulo. Quem pega o trem no Japão, na França, na Inglaterra já sentiu a diferença. Não se ouve nada. É uma supermáquina.
A aparência e a velocidade deram origem ao apelido. A eficiência e a pontualidade fizeram com que se transformasse em um símbolo do Japão, o primeiro país a ter um trem-bala. Cinco décadas atrás, os japoneses tinham um desafio semelhante ao do Brasil: organizar uma Olimpíada, a de 1964, e melhorar o tráfego entre as duas principais cidades, Tóquio e Osaka, que ficam a 400 quilômetros uma da outra, mais ou menos a mesma distância entre Rio de Janeiro e São Paulo.
Hoje, o Shinkansen - como o trem-bala é chamado - liga todas as principais cidades do país, transportando 336 milhões de passageiros por ano - o triplo da população do Japão. E, quando atrasa, a média é de 18 segundos. Ou seja, ninguém percebe.
"É muito organizado, principalmente em relação aos horários", diz um francês que, patrioticamente, completa: "como o trem-bala da França”.
Na cabine de comando do trem-bala, o velocímetro mostra a velocidade máxima que ele pode chegar: são 315 km/h. Outra coisa que se percebe é que não há muitos botões. O trem-bala funciona praticamente de forma automática. Quando o maquinista precisa falar algo, basta tocar na tela.
O chefe da engenharia mostra como o trem consegue ser rápido e - ao mesmo tempo - confortável. Ele é todo lacrado, como um avião, e as portas são fechadas sob pressão.
Shugi Eguchi, do Ministério dos Transportes, diz que a experiência japonesa mostra que o trem-bala é a forma mais eficiente de transporte para distâncias médias.
O único inconveniente do trem-bala é o preço. Uma viagem equivalente a Rio-São Paulo custa em torno de R$ 300. Durante a viagem, percebe-se imediatamente como é confortável. As poltronas giram automaticamente para os passageiros viajarem virados para a frente do trem.
Há outros confortos, como o banheiro, onde tudo funciona sem precisar apertar nenhum botão. Tudo é automático. O trem não balança e treme bem pouco. Faz barulho, mas menos do que dentro de um avião.
Tem comissária de bordo, para quando der aquela fomezinha. Conforto e uma paisagem passando rapidamente pela janela para lembrar que estamos viajando na velocidade de um Fórmula 1 na reta de chegada.
Bom Dia Brasil
REDE GLOBO DE TELEVISÃO - 23/07/2010 07h52 - Atualizado em 23/07/2010 08h07
Trem-bala japonês tem conforto de avião e velocidade de carro de F1
O trem-bala funciona praticamente de forma automática. Quando o maquinista precisa falar algo, basta tocar na tela. Conheça essa supermáquina.
ROBERTO KOVALICK e KATSUMI SUZUKI Tóquio
Você já deve ter ouvido falar: o Brasil quer o trem-bala - para ligar o Rio de Janeiro a São Paulo. Quem pega o trem no Japão, na França, na Inglaterra já sentiu a diferença. Não se ouve nada. É uma supermáquina.
A aparência e a velocidade deram origem ao apelido. A eficiência e a pontualidade fizeram com que se transformasse em um símbolo do Japão, o primeiro país a ter um trem-bala. Cinco décadas atrás, os japoneses tinham um desafio semelhante ao do Brasil: organizar uma Olimpíada, a de 1964, e melhorar o tráfego entre as duas principais cidades, Tóquio e Osaka, que ficam a 400 quilômetros uma da outra, mais ou menos a mesma distância entre Rio de Janeiro e São Paulo.
Hoje, o Shinkansen - como o trem-bala é chamado - liga todas as principais cidades do país, transportando 336 milhões de passageiros por ano - o triplo da população do Japão. E, quando atrasa, a média é de 18 segundos. Ou seja, ninguém percebe.
"É muito organizado, principalmente em relação aos horários", diz um francês que, patrioticamente, completa: "como o trem-bala da França”.
Na cabine de comando do trem-bala, o velocímetro mostra a velocidade máxima que ele pode chegar: são 315 km/h. Outra coisa que se percebe é que não há muitos botões. O trem-bala funciona praticamente de forma automática. Quando o maquinista precisa falar algo, basta tocar na tela.
O chefe da engenharia mostra como o trem consegue ser rápido e - ao mesmo tempo - confortável. Ele é todo lacrado, como um avião, e as portas são fechadas sob pressão.
Shugi Eguchi, do Ministério dos Transportes, diz que a experiência japonesa mostra que o trem-bala é a forma mais eficiente de transporte para distâncias médias.
O único inconveniente do trem-bala é o preço. Uma viagem equivalente a Rio-São Paulo custa em torno de R$ 300. Durante a viagem, percebe-se imediatamente como é confortável. As poltronas giram automaticamente para os passageiros viajarem virados para a frente do trem.
Há outros confortos, como o banheiro, onde tudo funciona sem precisar apertar nenhum botão. Tudo é automático. O trem não balança e treme bem pouco. Faz barulho, mas menos do que dentro de um avião.
Tem comissária de bordo, para quando der aquela fomezinha. Conforto e uma paisagem passando rapidamente pela janela para lembrar que estamos viajando na velocidade de um Fórmula 1 na reta de chegada.
sábado, 24 de julho de 2010
VI SemCine homenageia Pasolini com restrospectiva
PORTAL DO SERVIDOR - ESTADO DA BAHIA
Salvador, 24 de julho de 2010
Agenda Cultural
VI SemCine homenageia o cineasta Pier Paolo Passolini com restrospectiva
Ultima Atualização: 23/07/2010 às 15:49:22
O Clube de Desconto do Servidor fez parceria com a 6ª edição do Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, que será realizado de segunda, 26, a sábado, 31 de julho, em Salvador. Servidor público estadual terá 50% de desconto na inscrição com o pagamento de R$ 15,00 pelo pacote que inclui todos os filmes da mostra principal no Teatro Castro Alves, da mostra retrospectiva Pasolini no Goethe Institut – ICBA e um diálogo com Miguel Littin e Tariq Ali sobre o tema Cinema, Cultura e Política. A inscrição também dá direito a certificado de participação.
Confira também as atrações da Agenda Cultural da Funceb para este final de semana em todo o Estado.
Programação do SenCine
Ao todo, serão exibidos 55 filmes, em mostras de longas internacionais, retrospectiva Pasolini, (foto) competitiva de curtas nacionais, curtas premiados pela Academia Européia de Cinema, curtas internacionais e curtas Petrobrás. A Mostra Retrospectiva Pasolini ocorrerá no Goethe Institut – ICBA, as outras sessões ocorrerão no Teatro Castro Alves.
Entre os longas metragens estão títulos como South of The Border, de Oliver Stone, e Immobilité, de Mark Amerika, conceituado pela revista Time como um dos 100 mais importantes inovadores do mundo, que fará o lançamento nacional de sua obra.
Na Mostra EFA, dos curtas indicados ao 22nd European Short Films Award/2009, destaque para o curta-metragem Poste Restante, do diretor polonês, Marcel Lozinski, que consagrou-se vencedor do Prêmio de Melhor Curta Europeu.
Mesas Redondas
Pesquisadores e diretores de cinema, renomados internacionalmente, participarão dos debates que serão realizados durante o evento, abordando temas como “A Fronteira Sutil entre a Realidade e a Ficção”, “Dramaturgia nas Telas” e “A Arte da Montagem”, esta última, uma das mais aguardadas pelos profissionais da sétima arte, contará com a participação de Isabelle Rathery, Susan Korda, Ricardo Miranda e Peter Przygodda.
O SemCine é uma realização da VPC Cinemavídeo e Universidade Federal da Bahia, com o patrocínio do Ministério da Cultura, Governo da Bahia (Fazcultura) e copatrocínio do Cinema do Brasil, Apex. O valor da inscrição é de R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia), para estudantes e maiores de 60 anos e servidores públicos estaduais.
A inscrição pode ser confirmada na Coordenação do VI Semcine, na Rua Augusto Vianna, s/nº, Reitoria da UFBA, de segunda a sexta-feira das 9 às 13h e das 14h às 18h, onde poderá ser efetuado o pagamento. Ou através de depósito em conta corrente do banco Itaú, Ag. 0705, C.C 24569-4 e envio do comprovante de depósito pelo fax 71 3283.7017 ou através do email:inscricoes@seminariodecinema.com.br.
Para fazer a inscrição o servidor deve apresentar o crachá funcional com foto ou o contracheque acompanhado da identidade.
O Clube de Desconto já reúne 146 empresas parceiras de 29 segmentos. Com até 50% de abatimentos no valor de produtos e serviços, o clube foi criado pela Saeb e regulamentado pelo decreto 11.568, contemplando cerca de 260 mil servidores estaduais ativos (efetivos e temporários), inativos e pensionistas.
Esta é a primeira parceria entre o Clube de Desconto e um envento cultural. Nas últimas semanas, passaram a oferecer descontos para os servidores empresas de segmentos distintos. Redes como Dismel, Saraiva e a Romannel já aderiram ao programa, oferecendo descontos na compra de produtos para construção, livros e jóias folheadas, respectivamente.
Veja aqui a lista de estabelecimentos que fazem parte do Clube de Desconto do Servidor.
Mais informações
(71) 3283-7017
www.seminariodecinema.com.br
http://seminariodecinema.blogspot.com/
http://twitter.com/SEMCINE
http://www.facebook.com/profile.php?id=100001071956581
http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=8727871013408650338
http://www.youtube.com/user/semcine
http://www.flickr.com/photos/semcine
Salvador, 24 de julho de 2010
Agenda Cultural
VI SemCine homenageia o cineasta Pier Paolo Passolini com restrospectiva
Ultima Atualização: 23/07/2010 às 15:49:22
O Clube de Desconto do Servidor fez parceria com a 6ª edição do Seminário Internacional de Cinema e Audiovisual, que será realizado de segunda, 26, a sábado, 31 de julho, em Salvador. Servidor público estadual terá 50% de desconto na inscrição com o pagamento de R$ 15,00 pelo pacote que inclui todos os filmes da mostra principal no Teatro Castro Alves, da mostra retrospectiva Pasolini no Goethe Institut – ICBA e um diálogo com Miguel Littin e Tariq Ali sobre o tema Cinema, Cultura e Política. A inscrição também dá direito a certificado de participação.
Confira também as atrações da Agenda Cultural da Funceb para este final de semana em todo o Estado.
Programação do SenCine
Ao todo, serão exibidos 55 filmes, em mostras de longas internacionais, retrospectiva Pasolini, (foto) competitiva de curtas nacionais, curtas premiados pela Academia Européia de Cinema, curtas internacionais e curtas Petrobrás. A Mostra Retrospectiva Pasolini ocorrerá no Goethe Institut – ICBA, as outras sessões ocorrerão no Teatro Castro Alves.
Entre os longas metragens estão títulos como South of The Border, de Oliver Stone, e Immobilité, de Mark Amerika, conceituado pela revista Time como um dos 100 mais importantes inovadores do mundo, que fará o lançamento nacional de sua obra.
Na Mostra EFA, dos curtas indicados ao 22nd European Short Films Award/2009, destaque para o curta-metragem Poste Restante, do diretor polonês, Marcel Lozinski, que consagrou-se vencedor do Prêmio de Melhor Curta Europeu.
Mesas Redondas
Pesquisadores e diretores de cinema, renomados internacionalmente, participarão dos debates que serão realizados durante o evento, abordando temas como “A Fronteira Sutil entre a Realidade e a Ficção”, “Dramaturgia nas Telas” e “A Arte da Montagem”, esta última, uma das mais aguardadas pelos profissionais da sétima arte, contará com a participação de Isabelle Rathery, Susan Korda, Ricardo Miranda e Peter Przygodda.
O SemCine é uma realização da VPC Cinemavídeo e Universidade Federal da Bahia, com o patrocínio do Ministério da Cultura, Governo da Bahia (Fazcultura) e copatrocínio do Cinema do Brasil, Apex. O valor da inscrição é de R$ 30,00 (inteira) e R$ 15,00 (meia), para estudantes e maiores de 60 anos e servidores públicos estaduais.
A inscrição pode ser confirmada na Coordenação do VI Semcine, na Rua Augusto Vianna, s/nº, Reitoria da UFBA, de segunda a sexta-feira das 9 às 13h e das 14h às 18h, onde poderá ser efetuado o pagamento. Ou através de depósito em conta corrente do banco Itaú, Ag. 0705, C.C 24569-4 e envio do comprovante de depósito pelo fax 71 3283.7017 ou através do email:inscricoes@seminariodecinema.com.br.
Para fazer a inscrição o servidor deve apresentar o crachá funcional com foto ou o contracheque acompanhado da identidade.
O Clube de Desconto já reúne 146 empresas parceiras de 29 segmentos. Com até 50% de abatimentos no valor de produtos e serviços, o clube foi criado pela Saeb e regulamentado pelo decreto 11.568, contemplando cerca de 260 mil servidores estaduais ativos (efetivos e temporários), inativos e pensionistas.
Esta é a primeira parceria entre o Clube de Desconto e um envento cultural. Nas últimas semanas, passaram a oferecer descontos para os servidores empresas de segmentos distintos. Redes como Dismel, Saraiva e a Romannel já aderiram ao programa, oferecendo descontos na compra de produtos para construção, livros e jóias folheadas, respectivamente.
Veja aqui a lista de estabelecimentos que fazem parte do Clube de Desconto do Servidor.
Mais informações
(71) 3283-7017
www.seminariodecinema.com.br
http://seminariodecinema.blogspot.com/
http://twitter.com/SEMCINE
http://www.facebook.com/profile.php?id=100001071956581
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CHÃO ... (7) O Bonde em Cena (Rio de Janeiro)
CHÃO DE MEMÓRIAS URBANAS (7) O Bonde em Cena (Rio de Janeiro)
PORTAL LUIS NASSIF
CONSTRUINDO CONHECIMENTO
O Bonde em Cena
• Postado por Teatro de Revista em 2 fevereiro 2010 às 21:00
• Exibir blog de Teatro de Revista
Por Henrique Marques Porto
A Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro perdeu em 2009 a oportunidade de festejar duas grandes efemérides: os 150 anos do Teatro de Revista e do início da circulação dos primeiros Bondes Puxados a Burro. Ambos aqui chegaram praticamente juntos, no ano de 1859. Com exceção dos burros, que estes já tínhamos até em demasia, vieram do exterior, de terras estranhas, mas logo foram adaptados aos nossos usos e costumes e à nossa cultura. Não houve no mundo Revista como a brasileira, embora inspirada no teatro que se fazia em Paris e em Lisboa. E os bondes que aqui rodavam não rodavam como lá, mesmo controlados por administradores estrangeiros, principalmente canadenses.
Por mais de um século as Revistas e os Bondes marcariam a vida do Rio de Janeiro, contribuindo para a formação cultural da cidade, moldando a vida social, desenvolvendo hábitos e costumes, criando enfim os fundamentos do espírito carioca. Interferiram na própria paisagem da cidade. Os Bondes serpenteando imponentes e bonachões por trilhos espalhados por todos os bairros da cidade; os teatros abrindo-se ao povo com seus letreiros, convidando-o a entrar e ficar à vontade.
Durante o dia bondes apinhados de gente equilibrando-se nos estribos na correria suada para o trabalho. Entre eles os malabarismos quase circenses dos “condutores” –cobradores que percorriam os vagões pelos estribos tilintando moedas nas mãos-chocalhos. O calote era livre apenas para os que tinham a rara habilidade de pegar um bonde em movimento e saltar dele andando na primeira aproximação do condutor. À noite, vazios e românticos para acolher e conduzir em passeios os casais de namorados. Os teatros de dia fechados, de noite abertos para o riso e a alegria do povo.
Os Bondes e os Teatros eram, cada um a seu modo, locais de convivênvia e de expressão e construção da cultura popular. Eram espaços democráticos. Todo mundo andava de bonde e ia aos teatros, fossem ricos, remediados ou pobres.
A chegada dos bondes ao Rio foi cercada por ares de pioneirismo. Em 1859 apenas a França utilizava Bondes como meio de transporte de massa urbano. No início puxados a burro, logo depois a vapor. Mas sem aposentar os burros, que até nome de logradouro deram à cidade, como o Largo do Tanque em Jacarepaguá, onde havia um grande bebedouro para matar a sede dos animais que vinham puxando vagão desde Cascadura. Mais adiante surgiram os bondes à bateria, até a enorme evolução para os bondes elétricos. Rodavam em todo o Brasil, que chegou a ter a maior frota de bondes abertos do mundo. No final da década de 1930 circulavam 4.200 carros de passageiros em cerca de 2.250 km de linhas. O Rio de Janeiro teve um dos primeiros sistemas elétricos do mundo, e aponta-se a vizinha cidade de Niterói como a primeira do mundo a utilizar bondes movidos a bateria.
Transportando diariamente tanta gente era o ambiente perfeito para a propaganda e a publicidade de toda sorte de produtos. Sem contar os baleiros, os vendedores de bilhetes de loteria e o sem número de mascates e ambulantes. E foi nos bondes que apareceu o reclame mais famoso da história da propaganda brasileira, conhecido até por quem nunca colocou os pés no estribo de um reboque.
"Veja, ilustre passageiro,
O belo tipo fagueiro
Que o senhor tem ao seu lado.
No entanto, acredite.
Quase morreu de bronquite!
Salvou-o o Rhum Creosotado."
O autor é ninguém mais ninguém menos do que o jornalista, escritor e revistógrafo Bastos Tigre. Pioneiro da publicidade brasileira, o pernambucano Tigre escreveu poemas, peças de revista e fundou a primeira agência de publicidade nacional.
A Revista não teve a mesma e imediata receptividade que os bondes. Foi olhada com suspeita, foi rejeitada e até proibida. Mas resistiu e se impôs. O encontro, o flerte entre os dois era diário, com o bonde transportando o público que lotava os teatros e levando-o de volta para casa. O encontro definitivo, o enlace era inevitável e apenas uma questão de tempo. E aconteceu por fim nos teatros da Praça Tiradentes. Nos palcos!
Em 1927, por exemplo, Marques Porto e Ary Pavão o usaram como cenário e chegaram a transformar o Bond em personagem principal de dois impagáveis quadros da burleta A Mulata. O primeiro é intitulado Engenho Novo, linha de bonde do subúrbio carioca, cujo cenário é um bonde com o mesmo nome, que entra em cena conduzindo mais de dez passageiros. Entre eles estão o português Herodes Sampaio e a mulata Salomé, vestidos de noivos, que vão se casar num cartório. Um fiscal de linha faz o bonde parar numa cancela para a passagem de um trem que ainda está a quilômetros e muitas horas de distância. Empaca o casamento do português com a mulata e ali fica por dias, por meses, por anos esperando a liberação da linha.
- Ma ô bandêra, perche no dêxa passá c’o bond? -pergunta o motorneiro italiano.
-Tu não vê que o trem já tá saindo de Petrópolis! É por isso que na Alemanha há tanto desastre!
-responde o bandeira.
- Ma io sono italiano, capisca, figlio dum cane!
- Filho dum cano é você! No Brasil não há pressa!
- Per Dio Santo...
- Você perdeu o santo e eu daqui a pouco perco a ... santa paciência!
E a coisa vai por aí, com rifeiro, baleiro, verdureira (uma portuguesa de “Bizeu”), mata-mosquito, bolina “agoniando” sorrateiro uma mocinha que está acompanhada pela mãe e um português cada vez mais neurastênico com a demora absurda e com a ameaça de ficar sem a mulata com a chegada inesperada de Tico Tico Mão na Roda, mulato e chofer de madame, sobre quem Salomé comenta:
“-Foi na companhia dele que eu perdi meus tempo”.
O quadro fecha com um número musical. Um “Vira” puxado pela verdureira e cantado e dançado por todos. Fecha o pano e entram em cena o Compère e a Comère (condutores do espetáculo). Na cortina comentam a representação. São também os autores trocando dois dedos de prosa com o público:
- O bonde em cena já não é novidade. -diz a Comère.
- É um recurso do autor que não pode fazer a charge política... -responde o Compère.
- Admira-me como os nossos autores conseguem fazer tanta revista por ano...
- Por ano? Fazem-nas por dia, por hora, por minuto!
- Em que fonte irão beber tantas idéias?
- Você não leu a entrevista do Pirandello com um burro?
- Eu não entendo a linguagem dos burros...
- Mas há muito literato que entende...
- E daí?”
- Consultam as últimas novidades da Folies Bergers, Nuevo Mundo, London Comedy, Almanaque de Anedotas e mais a graça de toda gente...
- Irmãs Paula do humorismo nacional. (E saem)
O texto, que tem o estilo de Ary Pavão, aproveita para dar uma alfinetada na intelectualidade patrícia que vivia a fazer pouco caso da revista e não gostava muito de bondes. O duplo sentido pode estar também presente. Quem seriam as “Irmãs Paulas do humorismo nacional”? Os revistógrafos ou os “literatos”?
A cortina reabre para o segundo ato com um número musical, seguido de outro quadro, continuação do que encerrou o anterior. O nome agora é Engenho Velho -outra piada com linha de bonde, esta referindo-se a antigo bairro do Rio, cujo centro era o Largo da Segunda-Feira, na Tijuca. É o mesmo bonde com o nome da linha trocado e os mesmos personagens do quadro anterior. O mato cresceu em volta, o bonde está corroído e gasto, há roupas estendidas em seu teto, a secar, todos estão mais velhos e vestindo roupas puídas. Herodes, o português, montou sua barbearia no local, a verdureira cultiva “coives e nabiças” numa horta, o baleiro cresceu e suas roupas ficaram curtas e até uma criança nasceu ali, no bonde! Produto de investida mais audaciosa do bolina, que a esta altura está foragido.
Depois de tanto tempo, a Light (que controlava os bondes) manda cobrar dos passageiros-moradores o consumo de energia, provocando a revolta de todos. E o quadro termina com protestos, quebradeira e fuga geral.
Ou seja, a idéia dos quadros sugere a vida vivida num Bonde! Com seus personagens típicos, as mazelas dos serviços públicos, as encrencas da vida cotidiana e as situações criadas naqueles vehículos que tiveram enorme importância para os costumes e a vida social do Rio de Janeiro. Importância cuja dimensão só a Revista foi capaz de compreender.
Os Bondes, que não poluíam, foram retirados em nome do que se convencionou chamar de “progresso”, e para abrir caminho à invasão dos carros e ônibus que queimam gasolina e óleo diesel. A Revista, já com pouco público, mal via parar um bonde em frente a um teatro.
A vida do Rio de Janeiro estava mudando, assim como mudavam seus tipos característicos, que logo desapareceriam para sempre. Os bondes foram desmontados e vendidos como sucata nos anos 1960. O derradeiro bonde a circular foi um Alto da Boa Vista, que fez sua última e solitária viagem em 1967, acompanhado por poucos passageiros. Sob as ruas do Rio atual estão enterrados seus restos: os velhos trilhos por onde deslizavam preguiçosos, festivos e barulhentos. Não foi muito diferente a sorte da Revista.
Os Bondes e o Teatro de Revista chegaram juntos ao Rio de Janeio em 1859 e juntos o deixaram pouco mais de cem anos depois. E nunca mais se viu uma cidade como aquela.
PORTAL LUIS NASSIF
CONSTRUINDO CONHECIMENTO
O Bonde em Cena
• Postado por Teatro de Revista em 2 fevereiro 2010 às 21:00
• Exibir blog de Teatro de Revista
Por Henrique Marques Porto
A Cidade de São Sebastião do Rio de Janeiro perdeu em 2009 a oportunidade de festejar duas grandes efemérides: os 150 anos do Teatro de Revista e do início da circulação dos primeiros Bondes Puxados a Burro. Ambos aqui chegaram praticamente juntos, no ano de 1859. Com exceção dos burros, que estes já tínhamos até em demasia, vieram do exterior, de terras estranhas, mas logo foram adaptados aos nossos usos e costumes e à nossa cultura. Não houve no mundo Revista como a brasileira, embora inspirada no teatro que se fazia em Paris e em Lisboa. E os bondes que aqui rodavam não rodavam como lá, mesmo controlados por administradores estrangeiros, principalmente canadenses.
Por mais de um século as Revistas e os Bondes marcariam a vida do Rio de Janeiro, contribuindo para a formação cultural da cidade, moldando a vida social, desenvolvendo hábitos e costumes, criando enfim os fundamentos do espírito carioca. Interferiram na própria paisagem da cidade. Os Bondes serpenteando imponentes e bonachões por trilhos espalhados por todos os bairros da cidade; os teatros abrindo-se ao povo com seus letreiros, convidando-o a entrar e ficar à vontade.
Durante o dia bondes apinhados de gente equilibrando-se nos estribos na correria suada para o trabalho. Entre eles os malabarismos quase circenses dos “condutores” –cobradores que percorriam os vagões pelos estribos tilintando moedas nas mãos-chocalhos. O calote era livre apenas para os que tinham a rara habilidade de pegar um bonde em movimento e saltar dele andando na primeira aproximação do condutor. À noite, vazios e românticos para acolher e conduzir em passeios os casais de namorados. Os teatros de dia fechados, de noite abertos para o riso e a alegria do povo.
Os Bondes e os Teatros eram, cada um a seu modo, locais de convivênvia e de expressão e construção da cultura popular. Eram espaços democráticos. Todo mundo andava de bonde e ia aos teatros, fossem ricos, remediados ou pobres.
A chegada dos bondes ao Rio foi cercada por ares de pioneirismo. Em 1859 apenas a França utilizava Bondes como meio de transporte de massa urbano. No início puxados a burro, logo depois a vapor. Mas sem aposentar os burros, que até nome de logradouro deram à cidade, como o Largo do Tanque em Jacarepaguá, onde havia um grande bebedouro para matar a sede dos animais que vinham puxando vagão desde Cascadura. Mais adiante surgiram os bondes à bateria, até a enorme evolução para os bondes elétricos. Rodavam em todo o Brasil, que chegou a ter a maior frota de bondes abertos do mundo. No final da década de 1930 circulavam 4.200 carros de passageiros em cerca de 2.250 km de linhas. O Rio de Janeiro teve um dos primeiros sistemas elétricos do mundo, e aponta-se a vizinha cidade de Niterói como a primeira do mundo a utilizar bondes movidos a bateria.
Transportando diariamente tanta gente era o ambiente perfeito para a propaganda e a publicidade de toda sorte de produtos. Sem contar os baleiros, os vendedores de bilhetes de loteria e o sem número de mascates e ambulantes. E foi nos bondes que apareceu o reclame mais famoso da história da propaganda brasileira, conhecido até por quem nunca colocou os pés no estribo de um reboque.
"Veja, ilustre passageiro,
O belo tipo fagueiro
Que o senhor tem ao seu lado.
No entanto, acredite.
Quase morreu de bronquite!
Salvou-o o Rhum Creosotado."
O autor é ninguém mais ninguém menos do que o jornalista, escritor e revistógrafo Bastos Tigre. Pioneiro da publicidade brasileira, o pernambucano Tigre escreveu poemas, peças de revista e fundou a primeira agência de publicidade nacional.
A Revista não teve a mesma e imediata receptividade que os bondes. Foi olhada com suspeita, foi rejeitada e até proibida. Mas resistiu e se impôs. O encontro, o flerte entre os dois era diário, com o bonde transportando o público que lotava os teatros e levando-o de volta para casa. O encontro definitivo, o enlace era inevitável e apenas uma questão de tempo. E aconteceu por fim nos teatros da Praça Tiradentes. Nos palcos!
Em 1927, por exemplo, Marques Porto e Ary Pavão o usaram como cenário e chegaram a transformar o Bond em personagem principal de dois impagáveis quadros da burleta A Mulata. O primeiro é intitulado Engenho Novo, linha de bonde do subúrbio carioca, cujo cenário é um bonde com o mesmo nome, que entra em cena conduzindo mais de dez passageiros. Entre eles estão o português Herodes Sampaio e a mulata Salomé, vestidos de noivos, que vão se casar num cartório. Um fiscal de linha faz o bonde parar numa cancela para a passagem de um trem que ainda está a quilômetros e muitas horas de distância. Empaca o casamento do português com a mulata e ali fica por dias, por meses, por anos esperando a liberação da linha.
- Ma ô bandêra, perche no dêxa passá c’o bond? -pergunta o motorneiro italiano.
-Tu não vê que o trem já tá saindo de Petrópolis! É por isso que na Alemanha há tanto desastre!
-responde o bandeira.
- Ma io sono italiano, capisca, figlio dum cane!
- Filho dum cano é você! No Brasil não há pressa!
- Per Dio Santo...
- Você perdeu o santo e eu daqui a pouco perco a ... santa paciência!
E a coisa vai por aí, com rifeiro, baleiro, verdureira (uma portuguesa de “Bizeu”), mata-mosquito, bolina “agoniando” sorrateiro uma mocinha que está acompanhada pela mãe e um português cada vez mais neurastênico com a demora absurda e com a ameaça de ficar sem a mulata com a chegada inesperada de Tico Tico Mão na Roda, mulato e chofer de madame, sobre quem Salomé comenta:
“-Foi na companhia dele que eu perdi meus tempo”.
O quadro fecha com um número musical. Um “Vira” puxado pela verdureira e cantado e dançado por todos. Fecha o pano e entram em cena o Compère e a Comère (condutores do espetáculo). Na cortina comentam a representação. São também os autores trocando dois dedos de prosa com o público:
- O bonde em cena já não é novidade. -diz a Comère.
- É um recurso do autor que não pode fazer a charge política... -responde o Compère.
- Admira-me como os nossos autores conseguem fazer tanta revista por ano...
- Por ano? Fazem-nas por dia, por hora, por minuto!
- Em que fonte irão beber tantas idéias?
- Você não leu a entrevista do Pirandello com um burro?
- Eu não entendo a linguagem dos burros...
- Mas há muito literato que entende...
- E daí?”
- Consultam as últimas novidades da Folies Bergers, Nuevo Mundo, London Comedy, Almanaque de Anedotas e mais a graça de toda gente...
- Irmãs Paula do humorismo nacional. (E saem)
O texto, que tem o estilo de Ary Pavão, aproveita para dar uma alfinetada na intelectualidade patrícia que vivia a fazer pouco caso da revista e não gostava muito de bondes. O duplo sentido pode estar também presente. Quem seriam as “Irmãs Paulas do humorismo nacional”? Os revistógrafos ou os “literatos”?
A cortina reabre para o segundo ato com um número musical, seguido de outro quadro, continuação do que encerrou o anterior. O nome agora é Engenho Velho -outra piada com linha de bonde, esta referindo-se a antigo bairro do Rio, cujo centro era o Largo da Segunda-Feira, na Tijuca. É o mesmo bonde com o nome da linha trocado e os mesmos personagens do quadro anterior. O mato cresceu em volta, o bonde está corroído e gasto, há roupas estendidas em seu teto, a secar, todos estão mais velhos e vestindo roupas puídas. Herodes, o português, montou sua barbearia no local, a verdureira cultiva “coives e nabiças” numa horta, o baleiro cresceu e suas roupas ficaram curtas e até uma criança nasceu ali, no bonde! Produto de investida mais audaciosa do bolina, que a esta altura está foragido.
Depois de tanto tempo, a Light (que controlava os bondes) manda cobrar dos passageiros-moradores o consumo de energia, provocando a revolta de todos. E o quadro termina com protestos, quebradeira e fuga geral.
Ou seja, a idéia dos quadros sugere a vida vivida num Bonde! Com seus personagens típicos, as mazelas dos serviços públicos, as encrencas da vida cotidiana e as situações criadas naqueles vehículos que tiveram enorme importância para os costumes e a vida social do Rio de Janeiro. Importância cuja dimensão só a Revista foi capaz de compreender.
Os Bondes, que não poluíam, foram retirados em nome do que se convencionou chamar de “progresso”, e para abrir caminho à invasão dos carros e ônibus que queimam gasolina e óleo diesel. A Revista, já com pouco público, mal via parar um bonde em frente a um teatro.
A vida do Rio de Janeiro estava mudando, assim como mudavam seus tipos característicos, que logo desapareceriam para sempre. Os bondes foram desmontados e vendidos como sucata nos anos 1960. O derradeiro bonde a circular foi um Alto da Boa Vista, que fez sua última e solitária viagem em 1967, acompanhado por poucos passageiros. Sob as ruas do Rio atual estão enterrados seus restos: os velhos trilhos por onde deslizavam preguiçosos, festivos e barulhentos. Não foi muito diferente a sorte da Revista.
Os Bondes e o Teatro de Revista chegaram juntos ao Rio de Janeio em 1859 e juntos o deixaram pouco mais de cem anos depois. E nunca mais se viu uma cidade como aquela.
sexta-feira, 23 de julho de 2010
CHÃO ... (6) - "Da Bahia-Minas estrada natural ..."
CHÃO DE MEMÓRIAS URBANAS (6) - "Da Bahia-Minas estrada natural ..."
Ponta de areia ponto final
Da Bahia-Minas estrada natural
Que ligava Minas ao porto ao mar
Caminho de ferro mandaram arrancar
Velho maquinista com seu boné
Lembra do povo alegre que vinha cortejar
Maria fumaça não canta mais
Para moças flores janelas e quintais
Na praça vazia um grito um oi
Casas esquecidas viúvas nos portais
(Milton Nascimento & Fernando Brant - "Ponta de Areia")
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.
E. F. Bahia-Minas (1891-1912)
Chemins de Fer Federaux de l'Est Bresilien (1912-1936)
E. F. Bahia-Minas (1936-1965)
Viação Férrea Centro-Oeste (1965-1966)
PONTA DA AREIA
Município de Caravelas, BA
E. F. Bahia-Minas - km 0 (1960) BA-0199
Inauguração: 1881
Uso atual: demolida sem trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d (já demolido)
HISTORICO DA LINHA:
A E. F. Bahia a Minas começou a ser aberta em 1881, ligando finalmente Caravelas, no litoral baiano, à serra de Aimorés, na divisa com Minas Gerais, um ano depois. Somente em 1898 a ferrovia chegaria a Teófilo Otoni, e em 1918, a Ladainha. Em 1930 atingiu Schnoor. Em 1941, chegou a Alfredo Graça, e, em 1942, chegou em Arassuaí, seu ponto final definitivo.
A ferrovia originalmente pertencia à Provincia da Bahia; em 1897 passou a ser propriedade do Estado de Minas Gerais, para, em 1912, passar a ser administrada pelos franceses da Chemins de Fer Federaux de L'Est Brésilien até 1936, retornando nesse ano a ser uma ferrovia isolada. Em 1965, foi encampada pela V. F. Centro-Oeste e finalmente extinta em 1966. Embora tenha havido planos para a união da ferrovia com a Vitória-Minas, tal nunca ocorreu e ela permaneceu isolada.
A ESTAÇÃO
A estação foi inaugurada em 1881. Ficava na localidade de Ponta da Areia, aparentemente criada para ser o km zero da ferrovia. Em 1881, inauguraram-se os primeiros 500 metros da ferrovia a partir dessa estação, num gessto simbólico. Somente em 09.11.1882 é que a ferrovia começou a operar, chegando à serra dos Aimorés. "Devido a sérios distúrbios havidos em maio findo em Ponta da Areia, sede da estação inicial, do escritório central, das oficinas e mais dependencias desta Estrada, e no qual esteve envolvido quase todo o seu pessoal, não houve no ano findo (1908) a devida regularidade no tráfego desta estrada". (Mensagem apresentada a Assemblea Geral Legislativa do Estado da Bahia na abertura da 1a Sessão Ordinaria da 10a Legislatura pelo Dr. João Ferreira de Araujo Pinho, Governador da Bahia, 1909). O que teria havido? Uma revolta? Por qual motivo?
As condições da estrada não eram boas: no mesmo relatório, havia reclamações do engenheiro fiscal quanto ao estado dos trilhos, "estragados pelo uso de 25 anos". A estação, até os anos 1940, chamava-se Central. Somente nessa época é que teve o nome alterado para o da localidade. "De Caravela para Ponta de Areia, costumavam ir pessoas e cargas pequenas, como peixe. Lá, ancoravam navios que eram carregados com madeira bruta, que vinha de Aimorés, Argolo e Artur Castilho.
Aquilo era tudo mataria. O Areriacararí era um navio de dois ou três porões, que saía pendendo de madeira. Tinha as pitombas, lugares que eram enchidos com madeira bruta. Em cada balcão daqueles, trabalhava-se com pranchas dia e noite, descarregando. Havia uma pessoa que ia emendando as toras em cordas, para embarcar nos navios" (Oronilides de Oliveira, ex-telegrafista da Baiminas). A estação foi fechada em 1966, com o fim das atividades da ferrovia. "Uma semana antes do carnaval de 1980 estive em Ponta de Areia para conhecer a estação. Infelizmente só havia ruínas. Segundo um funcionário da Aeronáutica que trabalhava na Base de Caravelas, e que tinha sido funcionário da E. F. Bahia-Minas, e transferido para a Aeronáutica após a extinção da ferrovia, o prefeito de Caravelas, do PMDB, queria fazer uma praça onde ficava o terminal de Ponta de Areia. Com medo do tombamento da estação por causa da música do Milton Nascimento, o prefeito autorizou a população a retirar todo material de construção que quizesse do prédio principal da estação. Assim tudo foi retirado.
Fotografei o que sobrou: as ruínas da estação, do pier, das oficinas e a caixa d'agua" (Carlos Augusto Leite Pereira, 11/2007). "Ponta de areia, ponto final/da Bahia Minas, estrada natural/Que ligava Minas ao porto,/ao mar,/caminho de ferro/mandaram arrancar/Velho maquinista com seu boné/lembra o povo alegre/que vinha cortejar/Maria-fumaça não canta mais,/para moças flores,/janelas e quintais/Na praça vazia um grito, um ai,/casas esquecidas,/viúvas nos portais" (Ponta de Areia - Milton Nascimento e Fernando Brant)
(Fonte: Carlos Augusto Leite Pereira, 2007; Oronilides de Oliveira; Mensagem apresentada a Assemblea Geral Legislativa do Estado da Bahia na abertura da 1a Sessão Ordinaria da 10a Legislatura pelo Dr. João Ferreira de Araujo Pinho, Governador da Bahia, 1909; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960)
Atualização: 21.03.2010
Ponta de areia ponto final
Da Bahia-Minas estrada natural
Que ligava Minas ao porto ao mar
Caminho de ferro mandaram arrancar
Velho maquinista com seu boné
Lembra do povo alegre que vinha cortejar
Maria fumaça não canta mais
Para moças flores janelas e quintais
Na praça vazia um grito um oi
Casas esquecidas viúvas nos portais
(Milton Nascimento & Fernando Brant - "Ponta de Areia")
Página elaborada por Ralph Mennucci Giesbrecht.
E. F. Bahia-Minas (1891-1912)
Chemins de Fer Federaux de l'Est Bresilien (1912-1936)
E. F. Bahia-Minas (1936-1965)
Viação Férrea Centro-Oeste (1965-1966)
PONTA DA AREIA
Município de Caravelas, BA
E. F. Bahia-Minas - km 0 (1960) BA-0199
Inauguração: 1881
Uso atual: demolida sem trilhos
Data de construção do prédio atual: n/d (já demolido)
HISTORICO DA LINHA:
A E. F. Bahia a Minas começou a ser aberta em 1881, ligando finalmente Caravelas, no litoral baiano, à serra de Aimorés, na divisa com Minas Gerais, um ano depois. Somente em 1898 a ferrovia chegaria a Teófilo Otoni, e em 1918, a Ladainha. Em 1930 atingiu Schnoor. Em 1941, chegou a Alfredo Graça, e, em 1942, chegou em Arassuaí, seu ponto final definitivo.
A ferrovia originalmente pertencia à Provincia da Bahia; em 1897 passou a ser propriedade do Estado de Minas Gerais, para, em 1912, passar a ser administrada pelos franceses da Chemins de Fer Federaux de L'Est Brésilien até 1936, retornando nesse ano a ser uma ferrovia isolada. Em 1965, foi encampada pela V. F. Centro-Oeste e finalmente extinta em 1966. Embora tenha havido planos para a união da ferrovia com a Vitória-Minas, tal nunca ocorreu e ela permaneceu isolada.
A ESTAÇÃO
A estação foi inaugurada em 1881. Ficava na localidade de Ponta da Areia, aparentemente criada para ser o km zero da ferrovia. Em 1881, inauguraram-se os primeiros 500 metros da ferrovia a partir dessa estação, num gessto simbólico. Somente em 09.11.1882 é que a ferrovia começou a operar, chegando à serra dos Aimorés. "Devido a sérios distúrbios havidos em maio findo em Ponta da Areia, sede da estação inicial, do escritório central, das oficinas e mais dependencias desta Estrada, e no qual esteve envolvido quase todo o seu pessoal, não houve no ano findo (1908) a devida regularidade no tráfego desta estrada". (Mensagem apresentada a Assemblea Geral Legislativa do Estado da Bahia na abertura da 1a Sessão Ordinaria da 10a Legislatura pelo Dr. João Ferreira de Araujo Pinho, Governador da Bahia, 1909). O que teria havido? Uma revolta? Por qual motivo?
As condições da estrada não eram boas: no mesmo relatório, havia reclamações do engenheiro fiscal quanto ao estado dos trilhos, "estragados pelo uso de 25 anos". A estação, até os anos 1940, chamava-se Central. Somente nessa época é que teve o nome alterado para o da localidade. "De Caravela para Ponta de Areia, costumavam ir pessoas e cargas pequenas, como peixe. Lá, ancoravam navios que eram carregados com madeira bruta, que vinha de Aimorés, Argolo e Artur Castilho.
Aquilo era tudo mataria. O Areriacararí era um navio de dois ou três porões, que saía pendendo de madeira. Tinha as pitombas, lugares que eram enchidos com madeira bruta. Em cada balcão daqueles, trabalhava-se com pranchas dia e noite, descarregando. Havia uma pessoa que ia emendando as toras em cordas, para embarcar nos navios" (Oronilides de Oliveira, ex-telegrafista da Baiminas). A estação foi fechada em 1966, com o fim das atividades da ferrovia. "Uma semana antes do carnaval de 1980 estive em Ponta de Areia para conhecer a estação. Infelizmente só havia ruínas. Segundo um funcionário da Aeronáutica que trabalhava na Base de Caravelas, e que tinha sido funcionário da E. F. Bahia-Minas, e transferido para a Aeronáutica após a extinção da ferrovia, o prefeito de Caravelas, do PMDB, queria fazer uma praça onde ficava o terminal de Ponta de Areia. Com medo do tombamento da estação por causa da música do Milton Nascimento, o prefeito autorizou a população a retirar todo material de construção que quizesse do prédio principal da estação. Assim tudo foi retirado.
Fotografei o que sobrou: as ruínas da estação, do pier, das oficinas e a caixa d'agua" (Carlos Augusto Leite Pereira, 11/2007). "Ponta de areia, ponto final/da Bahia Minas, estrada natural/Que ligava Minas ao porto,/ao mar,/caminho de ferro/mandaram arrancar/Velho maquinista com seu boné/lembra o povo alegre/que vinha cortejar/Maria-fumaça não canta mais,/para moças flores,/janelas e quintais/Na praça vazia um grito, um ai,/casas esquecidas,/viúvas nos portais" (Ponta de Areia - Milton Nascimento e Fernando Brant)
(Fonte: Carlos Augusto Leite Pereira, 2007; Oronilides de Oliveira; Mensagem apresentada a Assemblea Geral Legislativa do Estado da Bahia na abertura da 1a Sessão Ordinaria da 10a Legislatura pelo Dr. João Ferreira de Araujo Pinho, Governador da Bahia, 1909; Guia Geral das Estradas de Ferro do Brasil, 1960)
Atualização: 21.03.2010
quinta-feira, 22 de julho de 2010
UMA TRAGÉDIA DE SUCESSO ABSOLUTO.- Leitura de fatos violentos publicados na mídia, Ano 10, nº 22, 22/07/10
UMA TRAGÉDIA DE SUCESSO ABSOLUTO.
FORUM COMUNITÁRIO DE COMBATE À VIOLÊNCIA - Salvador, Ba- Brasil - Terça-feira, 22 de Julho de 2010 17:34:23 Leitura de fatos violentos publicados na mídia, Ano 10, nº 22, 22/07/10
Na sinaleira você encontrará um vendedor de DVD oferecendo o filme pornô estrelado por Elisa Samúdio. Alguns exemplares estão embalados com capas confeccionadas após o desaparecimento de Elisa e nas quais há uma foto dela e do ex-goleiro do Flamengo, embora este último não atue no filme. Certamente os ambulantes apostam na comercialização do produto diante do sucesso midiático relativo ao desaparecimento da atriz e da suspeita de responsabilidade do goleiro Bruno pela sua morte.
A ação do camelô pode ser vista como uma extensão dos grandes meios de comunicação de massa que se converteram ao caso, transformando o fato em referência primária para a elaboração de variados produtos que têm como elementos centrais Elisa, na condição de vítima, e Bruno, no papel de algoz. Em torno destas figuras, em posições nucleares, circula um conjunto de suspeitos associados a Bruno e, ao lado da vítima tem o seu filho de quatro meses, espécie de DNA da trama, seus pais e algumas amigas. Um terceiro núcleo é figurado pela presença estatal, através da atuação de integrantes da polícia e, em posição secundária, do ministério público e de peritos especializados convidados para desempenharem papeis de caráter técnico. Em situações episódicas aparecem outros atores que têm ocupado o lugar de representantes do mundo que fica do lado de fora contíguo ao âmago da vida e dos implicados e da situação criminosa.
Diante da espécie de firmeza ou consistência midiática do “caso principal” os meios de comunicação têm explorado possibilidades de extensão a partir de inquietações como: quem é Bruno, para além de sua condição de goleiro? Do mesmo jeito se pergunta: quem é Elisa? O que fazem os amigos inseparáveis de Bruno? Quem é o delegado que preside o inquérito?
O êxito midiático em torno dessas cogitações tem mobilizado os meios de comunicação em busca de frações biográficas dos envolvidos, permitindo a consolidação dos papéis sugeridos para estes através de passagens de suas vidas que parecem indicar convergência moral com as hipóteses de envolvimento propostas pelo núcleo central da trama. Assim, de Bruno são encontrados vestígios de frieza quando ele deu apenas 2 mil reais quando a sua mãe precisou ou quando se descobriu um irmão seu que estava trabalhando em um município do Piauí como funcionário da limpeza pública.
Para Elisa são identificados sinais de um comportamento arriscado em busca de um homem rico com quem pretendia ter um filho. Por estes sinais ela ocupa a categoria de vítima-culpada, uma vez que são encontradas evidências de que construía estratégias para se aproximar de jogadores famosos, um tipo de prática que pode ser vista como alpinismo social.
Cobram-se, especialmente de Bruno, vínculos com pessoas dotados de valores “edificantes” e sobre isto são construídos produtos através dos quais o jogador é apreciado sob o prisma da decepção e, sobretudo, do desapontamento, considerando-se ser a sua face pública de atleta tão contrária à de suspeito de assassinato. Neste sentido, ele trai o time, o esporte, o País e, sobretudo, o pressuposto cultural de que o esporte é quase sinônimo de paz, é campo antagônico à violência.
Enquanto cresce a receptividade do público em torno do assunto, a mídia deriva para outras áreas de atenção e revela imagens comprometedoras relativas ao núcleo institucional tais como a denúncia de que o provável executor de Elisa, o Bola, teria sido expulso da polícia mineira e, anos depois, veio a ser homenageado pela corporação por treinamentos prestados a policiais. E na linha dos fragmentos biográficos, sobre o delegado que conduz o inquérito são atribuídas informações preocupantes que vão de corrupção a facilitação de fuga de presos.
Enquanto estas “páginas” requentam o caso em capítulos diários surgem outras revelações que abrem possibilidade para novos investimentos midiáticos, a exemplo de um efeito de entrevista concedida pelo irmão de Bruno no Piauí através da qual ele foi localizado pela justiça do Maranhão, onde ele é considerado foragido. E assim, todos os dias são renovados os compromissos com o público de transmissão continuada de informações sobre a trama.
O desaparecimento de Elisa (de seu corpo) é componente relevante para a manutenção da expectativa dos receptores. Ao lado disso, as cenas de encarceramento de Bruno e dos outros acusados têm proporcionado uma catarse em um País onde a justiça tarda e falha enquanto crescem os crimes que levam à morte. Talvez a população precise ver ou ouvir, ao menos nas páginas dos jornais, nas ondas de rádio e nas telas da TV a imagem de que a justiça está se movendo.
A justiça se movendo celeremente. Talvez seja a mais ansiada novela da vida brasileira, a ser gravada ao vivo e com a participação de todos os torcedores que hoje cumprem o papel de receptores das ofertas midiáticas, confeccionadas de acordo com o sucesso dos envolvidos nas tramas.
Voltando do cruzamento do trânsito, você pode acionar a Internet para se atualizar sobre o caso Bruno e se sentir em dia com mais esta oferta, esta promoção do nosso tempo.blica de atleta to desapontamento considerando-se a sua face
FORUM COMUNITÁRIO DE COMBATE À VIOLÊNCIA - Salvador, Ba- Brasil - Terça-feira, 22 de Julho de 2010 17:34:23 Leitura de fatos violentos publicados na mídia, Ano 10, nº 22, 22/07/10
Na sinaleira você encontrará um vendedor de DVD oferecendo o filme pornô estrelado por Elisa Samúdio. Alguns exemplares estão embalados com capas confeccionadas após o desaparecimento de Elisa e nas quais há uma foto dela e do ex-goleiro do Flamengo, embora este último não atue no filme. Certamente os ambulantes apostam na comercialização do produto diante do sucesso midiático relativo ao desaparecimento da atriz e da suspeita de responsabilidade do goleiro Bruno pela sua morte.
A ação do camelô pode ser vista como uma extensão dos grandes meios de comunicação de massa que se converteram ao caso, transformando o fato em referência primária para a elaboração de variados produtos que têm como elementos centrais Elisa, na condição de vítima, e Bruno, no papel de algoz. Em torno destas figuras, em posições nucleares, circula um conjunto de suspeitos associados a Bruno e, ao lado da vítima tem o seu filho de quatro meses, espécie de DNA da trama, seus pais e algumas amigas. Um terceiro núcleo é figurado pela presença estatal, através da atuação de integrantes da polícia e, em posição secundária, do ministério público e de peritos especializados convidados para desempenharem papeis de caráter técnico. Em situações episódicas aparecem outros atores que têm ocupado o lugar de representantes do mundo que fica do lado de fora contíguo ao âmago da vida e dos implicados e da situação criminosa.
Diante da espécie de firmeza ou consistência midiática do “caso principal” os meios de comunicação têm explorado possibilidades de extensão a partir de inquietações como: quem é Bruno, para além de sua condição de goleiro? Do mesmo jeito se pergunta: quem é Elisa? O que fazem os amigos inseparáveis de Bruno? Quem é o delegado que preside o inquérito?
O êxito midiático em torno dessas cogitações tem mobilizado os meios de comunicação em busca de frações biográficas dos envolvidos, permitindo a consolidação dos papéis sugeridos para estes através de passagens de suas vidas que parecem indicar convergência moral com as hipóteses de envolvimento propostas pelo núcleo central da trama. Assim, de Bruno são encontrados vestígios de frieza quando ele deu apenas 2 mil reais quando a sua mãe precisou ou quando se descobriu um irmão seu que estava trabalhando em um município do Piauí como funcionário da limpeza pública.
Para Elisa são identificados sinais de um comportamento arriscado em busca de um homem rico com quem pretendia ter um filho. Por estes sinais ela ocupa a categoria de vítima-culpada, uma vez que são encontradas evidências de que construía estratégias para se aproximar de jogadores famosos, um tipo de prática que pode ser vista como alpinismo social.
Cobram-se, especialmente de Bruno, vínculos com pessoas dotados de valores “edificantes” e sobre isto são construídos produtos através dos quais o jogador é apreciado sob o prisma da decepção e, sobretudo, do desapontamento, considerando-se ser a sua face pública de atleta tão contrária à de suspeito de assassinato. Neste sentido, ele trai o time, o esporte, o País e, sobretudo, o pressuposto cultural de que o esporte é quase sinônimo de paz, é campo antagônico à violência.
Enquanto cresce a receptividade do público em torno do assunto, a mídia deriva para outras áreas de atenção e revela imagens comprometedoras relativas ao núcleo institucional tais como a denúncia de que o provável executor de Elisa, o Bola, teria sido expulso da polícia mineira e, anos depois, veio a ser homenageado pela corporação por treinamentos prestados a policiais. E na linha dos fragmentos biográficos, sobre o delegado que conduz o inquérito são atribuídas informações preocupantes que vão de corrupção a facilitação de fuga de presos.
Enquanto estas “páginas” requentam o caso em capítulos diários surgem outras revelações que abrem possibilidade para novos investimentos midiáticos, a exemplo de um efeito de entrevista concedida pelo irmão de Bruno no Piauí através da qual ele foi localizado pela justiça do Maranhão, onde ele é considerado foragido. E assim, todos os dias são renovados os compromissos com o público de transmissão continuada de informações sobre a trama.
O desaparecimento de Elisa (de seu corpo) é componente relevante para a manutenção da expectativa dos receptores. Ao lado disso, as cenas de encarceramento de Bruno e dos outros acusados têm proporcionado uma catarse em um País onde a justiça tarda e falha enquanto crescem os crimes que levam à morte. Talvez a população precise ver ou ouvir, ao menos nas páginas dos jornais, nas ondas de rádio e nas telas da TV a imagem de que a justiça está se movendo.
A justiça se movendo celeremente. Talvez seja a mais ansiada novela da vida brasileira, a ser gravada ao vivo e com a participação de todos os torcedores que hoje cumprem o papel de receptores das ofertas midiáticas, confeccionadas de acordo com o sucesso dos envolvidos nas tramas.
Voltando do cruzamento do trânsito, você pode acionar a Internet para se atualizar sobre o caso Bruno e se sentir em dia com mais esta oferta, esta promoção do nosso tempo.blica de atleta to desapontamento considerando-se a sua face
CHÃO ... (5.2) - Copacabana, calçadas de pedras portuguesas em Copacabana
CHÃO DE MEMÓRIA URBANAS (5.2)Copacabana, calçadas de pedras portuguesas em Copacabana
ON THE ROCKS
Um artigo de Cora Rónai sobre as pedras portuguesas no Rio de Janeiro
Transcrevo abaixo um texto antológico sobre a questão das pedras portuguesas no Rio de Janeiro redigido pela brilhCHÃO DE MEMÓRIAS URBANAS (5.2)- Calçadas de pedras portuguesas em Copacabanaante jornalista Cora Rónai, nas páginas de O Globo de 14 de maio de 2009. Trata-se de um texto definitivos com argumentos sobre a importância do calçamento em mosaico e a necessidade de sua preservação. De tão importante, tirei uma cópia e a entreguei pessoalmente ao arquiteto Alfredo Gastal, correto e competente diretor do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico, em Brasília, DF.
(HGougon, 18 de maio de 2009)
Volta e meia, as nossas calçadas de pedras portuguesas ficam sob fogo cruzado. 0 argumento é sempre o mesmo: o perigo que a falta de manutenção representa para os transeuntes. Mas, se o problema é a manutenção, por que tirar as pedras? 0 que leva alguém a supor que uma cidade incapaz de manter um calçamento de pedras portuguesas será capaz de manter um calçamento de qualquer outra coisa?
Já vimos este filme durante o Rio-Cidade, quando almas iluminadas tiraram as pedrinhas da Avenida Copacabana, substituindo-as por materiais supostamente mais resistentes. Hoje, passados 15 anos, sofremos com as consequências: não há nada mais feio, pobre ou antigo do que aquele cimento. Será que é isso que queremos para a cidade toda?!
Não sei se vocês se lembram, mas, na época, enquanto desqualificava as pedrinhas na Zona Sul, a prefeitura construía, na Ilha do Governador, mais de 15 quilômetros de calçadas... em pedra portuguesa! Coerência, para que vos quero? O pior é que estou convencida de que as pedras removidas em Copacabana foram revendidas, a peso de ouro, para a obra da Ilha; mas isso são outros 500. Ou 500 mil. O fato é que, ao contrário do que gostam de pregar seus detratores, os mosaicos são uma excelente forma de calçamento, que vêm provando seu valor há milhares de anos. Variações das nossas calçadas usadas na Mesopotâmia, no Egito e na antiguidade greco-romana sobreviveram a toda espécie de desastre e podem ser vistas até hoje. É verdade que, no máximo, enfrentaram terremotos e erupções de vulcões, e não administrações do Cesar Maia; mas, ainda assim...
Duvido que outras formas de calçamento se conservem tão bem através dos séculos. Para ter idéia de como se comportam atualmente, basta ver as ruas lindas e impecáveis de Lisboa, onde é quase impossível, se não impossível de todo, ver pedra fora do lugar.
O diretor-adjunto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, Cristóvão Duarte, também pensa assim. Em artigo publicado no site do GLOBO no último dia 28, ele aponta, entre as vantagens dos mosaicos de pedras portuguesas, a sua imbatível flexibilidade, que permite acompanhar os menores declives do terreno e todas as formas geométricas encontradas pelo caminho; a economia do sistema, que reaproveita sempre o mesmo material, e dispensa o uso de cimento (basta que as pedras sejam assentadas bem próximas umas às outras, e não de qualquer maneira, como se faz aqui); a praticidade do assentamento, que pode ser aberto para obras subterrâneas e fechado em seguida com um mínimo de barulho e transtorno; e a sua capacidade drenante.
Esse é um ponto particularmente interessante. As pedras são (ou deveriam ser) assentadas sobre uma camada de areia que, por sua vez, recobre um solo compactado e devidamente preparado para drenar as águas superficiais. Ou seja: choveu, a calçada se enxuga rápido e sozinha. Para isso, porém, as pedrinhas devem ser instaladas como manda a boa técnica, sem uso de cimento ou aderentes. A única "desvantagem" das pedras portuguesas em relação aos outros tipos de calçamento é o custo. Elas são muito mais baratas e, por conseguinte, muito menos lucrativas para quem faz as obras. Nós sabemos o que significa o custo Brasil, mas, sinceramente, já estava na hora de isso mudar! Muito melhor e mais barato do que desfazer todas as calçadas e enfear o Rio era criar um curso permanente de calceteiros, que formasse mão de obra especializada no assentamento de pedrinhas. Fazendo a coisa certa, em breve poderíamos até exportar know-how, já que, por acaso, temos as calçadas mais famosas do mundo. No mais, é como diz o professor Cristóvão:
"Uma cidade precisa ser construída e reconstruída todos os dias, pedrinha por pedrinha, tal como os mestres calceteiros nos ensinaram ao longo da História das cidades. A força de cada pedrinha decorre da força do sistema como um todo, gerado pelo fato de todas as pedrinhas compartilharem, solidárias, o mesmo projeto de cidade."
ON THE ROCKS
Um artigo de Cora Rónai sobre as pedras portuguesas no Rio de Janeiro
Transcrevo abaixo um texto antológico sobre a questão das pedras portuguesas no Rio de Janeiro redigido pela brilhCHÃO DE MEMÓRIAS URBANAS (5.2)- Calçadas de pedras portuguesas em Copacabanaante jornalista Cora Rónai, nas páginas de O Globo de 14 de maio de 2009. Trata-se de um texto definitivos com argumentos sobre a importância do calçamento em mosaico e a necessidade de sua preservação. De tão importante, tirei uma cópia e a entreguei pessoalmente ao arquiteto Alfredo Gastal, correto e competente diretor do Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico, em Brasília, DF.
(HGougon, 18 de maio de 2009)
Volta e meia, as nossas calçadas de pedras portuguesas ficam sob fogo cruzado. 0 argumento é sempre o mesmo: o perigo que a falta de manutenção representa para os transeuntes. Mas, se o problema é a manutenção, por que tirar as pedras? 0 que leva alguém a supor que uma cidade incapaz de manter um calçamento de pedras portuguesas será capaz de manter um calçamento de qualquer outra coisa?
Já vimos este filme durante o Rio-Cidade, quando almas iluminadas tiraram as pedrinhas da Avenida Copacabana, substituindo-as por materiais supostamente mais resistentes. Hoje, passados 15 anos, sofremos com as consequências: não há nada mais feio, pobre ou antigo do que aquele cimento. Será que é isso que queremos para a cidade toda?!
Não sei se vocês se lembram, mas, na época, enquanto desqualificava as pedrinhas na Zona Sul, a prefeitura construía, na Ilha do Governador, mais de 15 quilômetros de calçadas... em pedra portuguesa! Coerência, para que vos quero? O pior é que estou convencida de que as pedras removidas em Copacabana foram revendidas, a peso de ouro, para a obra da Ilha; mas isso são outros 500. Ou 500 mil. O fato é que, ao contrário do que gostam de pregar seus detratores, os mosaicos são uma excelente forma de calçamento, que vêm provando seu valor há milhares de anos. Variações das nossas calçadas usadas na Mesopotâmia, no Egito e na antiguidade greco-romana sobreviveram a toda espécie de desastre e podem ser vistas até hoje. É verdade que, no máximo, enfrentaram terremotos e erupções de vulcões, e não administrações do Cesar Maia; mas, ainda assim...
Duvido que outras formas de calçamento se conservem tão bem através dos séculos. Para ter idéia de como se comportam atualmente, basta ver as ruas lindas e impecáveis de Lisboa, onde é quase impossível, se não impossível de todo, ver pedra fora do lugar.
O diretor-adjunto da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ, Cristóvão Duarte, também pensa assim. Em artigo publicado no site do GLOBO no último dia 28, ele aponta, entre as vantagens dos mosaicos de pedras portuguesas, a sua imbatível flexibilidade, que permite acompanhar os menores declives do terreno e todas as formas geométricas encontradas pelo caminho; a economia do sistema, que reaproveita sempre o mesmo material, e dispensa o uso de cimento (basta que as pedras sejam assentadas bem próximas umas às outras, e não de qualquer maneira, como se faz aqui); a praticidade do assentamento, que pode ser aberto para obras subterrâneas e fechado em seguida com um mínimo de barulho e transtorno; e a sua capacidade drenante.
Esse é um ponto particularmente interessante. As pedras são (ou deveriam ser) assentadas sobre uma camada de areia que, por sua vez, recobre um solo compactado e devidamente preparado para drenar as águas superficiais. Ou seja: choveu, a calçada se enxuga rápido e sozinha. Para isso, porém, as pedrinhas devem ser instaladas como manda a boa técnica, sem uso de cimento ou aderentes. A única "desvantagem" das pedras portuguesas em relação aos outros tipos de calçamento é o custo. Elas são muito mais baratas e, por conseguinte, muito menos lucrativas para quem faz as obras. Nós sabemos o que significa o custo Brasil, mas, sinceramente, já estava na hora de isso mudar! Muito melhor e mais barato do que desfazer todas as calçadas e enfear o Rio era criar um curso permanente de calceteiros, que formasse mão de obra especializada no assentamento de pedrinhas. Fazendo a coisa certa, em breve poderíamos até exportar know-how, já que, por acaso, temos as calçadas mais famosas do mundo. No mais, é como diz o professor Cristóvão:
"Uma cidade precisa ser construída e reconstruída todos os dias, pedrinha por pedrinha, tal como os mestres calceteiros nos ensinaram ao longo da História das cidades. A força de cada pedrinha decorre da força do sistema como um todo, gerado pelo fato de todas as pedrinhas compartilharem, solidárias, o mesmo projeto de cidade."
quarta-feira, 21 de julho de 2010
MAC, 14 anos - Feira de Santana - Bahia - Brasil
MAC comemora 14 anos com diversificada programação cultural
Posted: 20 Jul 2010 09:29 AM PDT
LOCAL: Museu de Arte Contemporânea Raimundo Oliveira
Feira de Santana - Bahia - Brasil
DIA: 22/07/2010
HORÁRIO: 20 Horas
Posted: 20 Jul 2010 09:29 AM PDT
LOCAL: Museu de Arte Contemporânea Raimundo Oliveira
Feira de Santana - Bahia - Brasil
DIA: 22/07/2010
HORÁRIO: 20 Horas
SALVADOR LACERADA (jornal "A Tarde", 21/07/2010)
SALVADOR LACERADA. Editorial do jornal "A Tarde", Salvador, 21 de julho de 2010, p.A3)
Triste, pesarosa Salvador dos velhos casarões coloniais. Ainda belos de ver, de fora - mas quem neles reside, à falta de opções, coabita com o risco permanente. As chuvas se fazem anunciar, chegam, sepultam moradores e encontram autoridades, apesar das catástrofes no sudeste, e em Alagoas e Pernambuco, expostas à tragédia anunciada.
Há 111 prédios tombados que A TARDE mapeou. Tombados e esquecidos. O tombamento de fato vem com os aguaceiros. Há também 444 mil imóveis construídos irregularmente. Existe a Sucom, para o controle e ordenamento do uso do solo, o Crea, órgão técnico de engenharia e arquitetura, a Codesal, de defesa civil, o Iphan, tutor do patrimônio histórico e artístico, o PDDU costurado em sigilo. Leis em geral satisfatórias, no entanto remotas. A fiscalização é um logro.
Um dia, a "terra da felicidade", como diz a canção, desperta sacudida por temporais, às vezes pouco agressivos, mas resistentes - e se deixa lacerar. O final de semana ressaltou o martírio de Eliélson Carvalho Santos, de 40 anos, a quem um médico amparado por bombeiros amputou o braço esquerdo, para que o retirassem dois escombros de um prédio na Conceição da Praia. Três pessoas morreram em Pernambués.
Um desastre vem, passa, outros se formam qual nuvem pressaga. Porque inexiste até mesmo a tentativa de coordenação dos recursos disponíveis. Município, Estado, União parecem propensos a institucionalizar o sofrimento popular, não obstante o Projeto Documenta, da Caixa, para restauração de prédios, casarões, logradouros e o mais que a burocracia trava, emperra, retarda.
O perigo ronda o Comércio, com 30 casarões de alto risco, o Centro Histórico, com 24 em situação idêntica, e se adensa em 52 prédios de médio risco, mais 23 de baixo risco, no Barbalho, Nazaré, Saúde, Dois de Julho, Barroquinha e outros sítios. O estado já obtivera R$ 700 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para uma atrasada cirurgia facial.
Triste, pesarosa Salvador dos velhos casarões coloniais. Ainda belos de ver, de fora - mas quem neles reside, à falta de opções, coabita com o risco permanente. As chuvas se fazem anunciar, chegam, sepultam moradores e encontram autoridades, apesar das catástrofes no sudeste, e em Alagoas e Pernambuco, expostas à tragédia anunciada.
Há 111 prédios tombados que A TARDE mapeou. Tombados e esquecidos. O tombamento de fato vem com os aguaceiros. Há também 444 mil imóveis construídos irregularmente. Existe a Sucom, para o controle e ordenamento do uso do solo, o Crea, órgão técnico de engenharia e arquitetura, a Codesal, de defesa civil, o Iphan, tutor do patrimônio histórico e artístico, o PDDU costurado em sigilo. Leis em geral satisfatórias, no entanto remotas. A fiscalização é um logro.
Um dia, a "terra da felicidade", como diz a canção, desperta sacudida por temporais, às vezes pouco agressivos, mas resistentes - e se deixa lacerar. O final de semana ressaltou o martírio de Eliélson Carvalho Santos, de 40 anos, a quem um médico amparado por bombeiros amputou o braço esquerdo, para que o retirassem dois escombros de um prédio na Conceição da Praia. Três pessoas morreram em Pernambués.
Um desastre vem, passa, outros se formam qual nuvem pressaga. Porque inexiste até mesmo a tentativa de coordenação dos recursos disponíveis. Município, Estado, União parecem propensos a institucionalizar o sofrimento popular, não obstante o Projeto Documenta, da Caixa, para restauração de prédios, casarões, logradouros e o mais que a burocracia trava, emperra, retarda.
O perigo ronda o Comércio, com 30 casarões de alto risco, o Centro Histórico, com 24 em situação idêntica, e se adensa em 52 prédios de médio risco, mais 23 de baixo risco, no Barbalho, Nazaré, Saúde, Dois de Julho, Barroquinha e outros sítios. O estado já obtivera R$ 700 milhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) para uma atrasada cirurgia facial.
CHÃO ... (5.1) Copacabana, calçadas de pedras portuguesas em Copacabana
CHÃO DE MEMÓRIAS URBANAS (5.1)- Calçadas de pedras portuguesas em Copacabana
MOSAICOS DO BRASIL, apresentados por Gougon, jornalista, mosaicólogo (hgougon@hotmail.com)
A chegada da pedra portuguesa ao Brasil
No Brasil, a escolha de Pereira Passos para prefeito do Rio de Janeiro no alvorecer do Século XX veio abrir um novo ciclo de desenvolvimento urbano para a cidade. Já era um homem septuagenário, havia estudado em Paris, onde bebeu da experiência revolucionária que Haussmann empreendera na cidade, após a derrota da Comuna, rasgando avenidas majestosas e dando à capital francesa a feição que guarda ainda hoje. Conhecido como o "bota abaixo", Pereira Passos arrasou com o morro do Castelo, pondo por terra cerca de 600 casas e rasgando a fórceps a chamada Avenida Central, em 1905, que seria rebatizada de Avenida Rio Branco, dois dias depois da morte do Barão, em 1912.
Para calçar a nova Avenida, fez vir de Portugal um grupo de calceteiros portugueses e, também, as pedras portuguesas (calcáreo branco e basalto negro). A quantidade era enorme e, além de calçar toda a Avenida, com desenhos variados, conforme o local onde era aplicado, as pedras ainda foram calçar, em 1906, a Avenida Atlântica, construída também por sua iniciativa, viabilizando os bairros de Copacabana e do Leme através da abertura do túnel do Leme no início daquele ano.
Pereira Passos foi o grande modernizador da cidade do Rio de Janeiro. Deve-se a ele, igualmente, a decisão de construir o Teatro Municipal, uma reprodução menor do Teatro da Ópera de Paris, onde buscou inspiração e até obras dos artistas que a ornamentaram, como foi o caso do atelier parisiense do mosaicista Gian Domenico Facchinna, o grande italiano da região do Frioul, a quem a História deve a invenção do mosaico de colocação indireta. Mas esta é outra história para outro capítulo, a ser contada depois com mais detalhes.
As importações de pedras portuguesas efetuadas por Pereira Passos nunca mais se repetiram. Logo foram identificadas enormes jazidas próximas ao Rio de Janeiro, mas a denominação das pedras ficou. Hoje, suas extrações são variadas e espalhadas por todo o país, mas é de se destacar o Paraná como um dos maiores fornecedores.
Em Copacabana, o desenho das ondas, imitando o mar, ficou para sempre com a cara do bairro, tornando-se um logotipo internacional. O desenho foi trazido pelos calceteiros portugueses, mas não tinha então a volúpia curvilínea que se nota hoje. Um bom testemunho é a foto, muito divulgada desde 1922, retratando a marcha dos 18 do Forte que no dia 5 de Julho daquele ano rebelaram-se contra o governo e fizeram um pacto de morte, enfrentando as forças legalistas infinitamente mais numerosas e mais equipadas. Do movimento, sobreviveram apenas dois oficiais, com muitos ferimentos: os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes. O gesto heróico iria marcar o início do movimento tenentista, que teria presença avassaladora na vida política do país até a morte do último "tenente", o marechal Cordeiro de Farias, no início do governo Figueiredo. Mas este já é outro mosaico, o mosaico da vida política brasileira, para ser conversado em outro espaço.
Para concluir, vale observar que o primeiro calçamento de "ondas", criado e executado pelos calceteiros portugueses, não levava em consideração as ondas da praia, ignorando o padrão conceitual de dar-lhes "continuidade" ao movimento das ondas. Ao contrário, as "ondas" do desenho original eram modestas em sua curvatura e perpendiculares às ondas do mar.
O paralelismo só foi adotado no início dos anos 30, depois que mais uma ressaca das grandes arrebentou com boa parte do piso. Mais pra frente, durante a grande reforma dos anos 70, que duplicou a pista e a extensão da praia, o paisagista Roberto Burle Marx assumiu a responsabilidade de refazer a orla.
Calçada da praia em frente ao Copacabana Palace
No calçamento junto à praia o paisagista teve o bom senso de manter o mesmo desenho de curvas, sugerindo o paralelismo às ondas do mar. Apenas sensualizou as curvas, ampliando-as até o limite do calçadão.
Com o alargamento da Avenida Atlântica, que ganhou duas pistas de tráfego e um canteiro central, Burle Marx ocupou todos os espaços das calçadas, elaborando desenhos tanto para o calçamento junto aos prédios quanto para o piso da área central da pista.
Os calceteiros portugueses que fizeram as calçadas da Avenida Rio Branco entre 1905 e 1908 também pavimentaram a área em frente ao Teatro Municipal, depois conhecida por Cinelândia. O piso original foi mantido por muitas décadas. Ao final dos anos 90 e início do século XXI, o prefeito César Maia modificou o calçamento da Cinelândia e de muitas outras áreas públicas do Rio de Janeiro, dando uma feição mais moderna às calçadas, mas fazendo uso, também, das velhas e práticas pedras portuguesas.
Fontes
Livros:
"Olhar o chão", Editora CAsa da Moeda, Lisboa. (Ana Cabrera, Marília Nunes e Henrique Dias), 1990
"Mesmo por baixo dos meus pés (uma viagem pela Calçada Portuguesa)", de Ernesto Matos, Edição de autor, 1999
"Catálogo Panorama", da Bisazza Mosaico
sites: http://www.jornaldapaisagem.com.br/artigos/set_art-001.htm
Burle Marx: O Brasil nas calçadas de Copacabana por Edgardo Mário Ruiz
Fotos: Piso do Castelo de S. Jorge, Lisboa, 1842
Praça dos Restauradores, Lisboa,Fragmento de piso de calçada com pedras multicoloridas, Lisboa, Marcha dos 18 do Forte, Copacabana, 1922
Curvas atuais do calçadão de Copacabana, Burle Marx
Vista de cima do calçadão de Copa próximo aos prédios, Burle Marx
MOSAICOS DO BRASIL, apresentados por Gougon, jornalista, mosaicólogo (hgougon@hotmail.com)
A chegada da pedra portuguesa ao Brasil
No Brasil, a escolha de Pereira Passos para prefeito do Rio de Janeiro no alvorecer do Século XX veio abrir um novo ciclo de desenvolvimento urbano para a cidade. Já era um homem septuagenário, havia estudado em Paris, onde bebeu da experiência revolucionária que Haussmann empreendera na cidade, após a derrota da Comuna, rasgando avenidas majestosas e dando à capital francesa a feição que guarda ainda hoje. Conhecido como o "bota abaixo", Pereira Passos arrasou com o morro do Castelo, pondo por terra cerca de 600 casas e rasgando a fórceps a chamada Avenida Central, em 1905, que seria rebatizada de Avenida Rio Branco, dois dias depois da morte do Barão, em 1912.
Para calçar a nova Avenida, fez vir de Portugal um grupo de calceteiros portugueses e, também, as pedras portuguesas (calcáreo branco e basalto negro). A quantidade era enorme e, além de calçar toda a Avenida, com desenhos variados, conforme o local onde era aplicado, as pedras ainda foram calçar, em 1906, a Avenida Atlântica, construída também por sua iniciativa, viabilizando os bairros de Copacabana e do Leme através da abertura do túnel do Leme no início daquele ano.
Pereira Passos foi o grande modernizador da cidade do Rio de Janeiro. Deve-se a ele, igualmente, a decisão de construir o Teatro Municipal, uma reprodução menor do Teatro da Ópera de Paris, onde buscou inspiração e até obras dos artistas que a ornamentaram, como foi o caso do atelier parisiense do mosaicista Gian Domenico Facchinna, o grande italiano da região do Frioul, a quem a História deve a invenção do mosaico de colocação indireta. Mas esta é outra história para outro capítulo, a ser contada depois com mais detalhes.
As importações de pedras portuguesas efetuadas por Pereira Passos nunca mais se repetiram. Logo foram identificadas enormes jazidas próximas ao Rio de Janeiro, mas a denominação das pedras ficou. Hoje, suas extrações são variadas e espalhadas por todo o país, mas é de se destacar o Paraná como um dos maiores fornecedores.
Em Copacabana, o desenho das ondas, imitando o mar, ficou para sempre com a cara do bairro, tornando-se um logotipo internacional. O desenho foi trazido pelos calceteiros portugueses, mas não tinha então a volúpia curvilínea que se nota hoje. Um bom testemunho é a foto, muito divulgada desde 1922, retratando a marcha dos 18 do Forte que no dia 5 de Julho daquele ano rebelaram-se contra o governo e fizeram um pacto de morte, enfrentando as forças legalistas infinitamente mais numerosas e mais equipadas. Do movimento, sobreviveram apenas dois oficiais, com muitos ferimentos: os tenentes Siqueira Campos e Eduardo Gomes. O gesto heróico iria marcar o início do movimento tenentista, que teria presença avassaladora na vida política do país até a morte do último "tenente", o marechal Cordeiro de Farias, no início do governo Figueiredo. Mas este já é outro mosaico, o mosaico da vida política brasileira, para ser conversado em outro espaço.
Para concluir, vale observar que o primeiro calçamento de "ondas", criado e executado pelos calceteiros portugueses, não levava em consideração as ondas da praia, ignorando o padrão conceitual de dar-lhes "continuidade" ao movimento das ondas. Ao contrário, as "ondas" do desenho original eram modestas em sua curvatura e perpendiculares às ondas do mar.
O paralelismo só foi adotado no início dos anos 30, depois que mais uma ressaca das grandes arrebentou com boa parte do piso. Mais pra frente, durante a grande reforma dos anos 70, que duplicou a pista e a extensão da praia, o paisagista Roberto Burle Marx assumiu a responsabilidade de refazer a orla.
Calçada da praia em frente ao Copacabana Palace
No calçamento junto à praia o paisagista teve o bom senso de manter o mesmo desenho de curvas, sugerindo o paralelismo às ondas do mar. Apenas sensualizou as curvas, ampliando-as até o limite do calçadão.
Com o alargamento da Avenida Atlântica, que ganhou duas pistas de tráfego e um canteiro central, Burle Marx ocupou todos os espaços das calçadas, elaborando desenhos tanto para o calçamento junto aos prédios quanto para o piso da área central da pista.
Os calceteiros portugueses que fizeram as calçadas da Avenida Rio Branco entre 1905 e 1908 também pavimentaram a área em frente ao Teatro Municipal, depois conhecida por Cinelândia. O piso original foi mantido por muitas décadas. Ao final dos anos 90 e início do século XXI, o prefeito César Maia modificou o calçamento da Cinelândia e de muitas outras áreas públicas do Rio de Janeiro, dando uma feição mais moderna às calçadas, mas fazendo uso, também, das velhas e práticas pedras portuguesas.
Fontes
Livros:
"Olhar o chão", Editora CAsa da Moeda, Lisboa. (Ana Cabrera, Marília Nunes e Henrique Dias), 1990
"Mesmo por baixo dos meus pés (uma viagem pela Calçada Portuguesa)", de Ernesto Matos, Edição de autor, 1999
"Catálogo Panorama", da Bisazza Mosaico
sites: http://www.jornaldapaisagem.com.br/artigos/set_art-001.htm
Burle Marx: O Brasil nas calçadas de Copacabana por Edgardo Mário Ruiz
Fotos: Piso do Castelo de S. Jorge, Lisboa, 1842
Praça dos Restauradores, Lisboa,Fragmento de piso de calçada com pedras multicoloridas, Lisboa, Marcha dos 18 do Forte, Copacabana, 1922
Curvas atuais do calçadão de Copacabana, Burle Marx
Vista de cima do calçadão de Copa próximo aos prédios, Burle Marx
terça-feira, 20 de julho de 2010
BOA NOTÍCIA DE CACHOEIRA - RESTAURAÇÃO
BOA NOTÍCIA DE CACHOEIRA - RESTAURAÇÃO DO PRÉDIO DO ANTIGO CINETEATRO GLÓRIA
Construído em 1922, o prédio (Praça Teixeira de Freitas - Cachoeira - Bahia - Brasil) será incorporado ao patrimônio da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). Foi naugurado em 1923, com exibição de filmes do cinema mudo e o ingresso custava 500 réis.
Mais recentemente, chegou a exibir "Sete Noivas para Sete Iemãos", "E o vento levou ...", dentre outros sucessos que atraiam e lotavam a praça de cinéfilos vestidos de terno de casemira acompanhados de senhoras e senhoritas de vestidos e bolsas caras e leques sempre à mão.
As matinês do domingo seguinte eram anunciadas, no interior da sala, por um locutor -o Sr. Adilson Nascimento hoje com 81 anos.
Apresentaram-se no Cineteatro Glória celebridades como Vicente Celestino, Ângela Maria, Silvio Caldas, Dóris Monteiro, Orlando Dias e Luiz Gonzaga.
No ano em que o cinema baiano completa 100 anos de existência, sem dúvida uma boa notícia.
Construído em 1922, o prédio (Praça Teixeira de Freitas - Cachoeira - Bahia - Brasil) será incorporado ao patrimônio da Universidade Federal do Recôncavo Baiano (UFRB). Foi naugurado em 1923, com exibição de filmes do cinema mudo e o ingresso custava 500 réis.
Mais recentemente, chegou a exibir "Sete Noivas para Sete Iemãos", "E o vento levou ...", dentre outros sucessos que atraiam e lotavam a praça de cinéfilos vestidos de terno de casemira acompanhados de senhoras e senhoritas de vestidos e bolsas caras e leques sempre à mão.
As matinês do domingo seguinte eram anunciadas, no interior da sala, por um locutor -o Sr. Adilson Nascimento hoje com 81 anos.
Apresentaram-se no Cineteatro Glória celebridades como Vicente Celestino, Ângela Maria, Silvio Caldas, Dóris Monteiro, Orlando Dias e Luiz Gonzaga.
No ano em que o cinema baiano completa 100 anos de existência, sem dúvida uma boa notícia.
CHÃO ... (4) - O FUTURO NAS LINHAS DO PASSADO: SALVADOR - BAHIA - BRASIL
CHÃO DE MEMÓRIAS URBANAS (4)-O FUTURO NAS LINHAS DO PASSADO: SALVADOR - BAHIA - BRASIL
O melhor o tempo esconde, longe, muito longe
Mas bem dentro aqui, quando o bonde dava a volta ali
No cais de Araújo Pinho, tamarindeirinho
Nunca me esqueci onde o imperador fez xixi
Cana doce Santo Amaro, gosto muito raro
Trago em mim por ti, e uma estrela sempre a luzir
Bonde da Trilhos Urbanos vão passando os anos
E eu não te perdi, meu trabalho é te traduzir
Rua da Matriz ao Conde no trole ou no bonde
Tudo é bom de vê, seu Popó do Maculelê
Mas aquela curva aberta, aquela coisa certa
Não dá prá entender o Apolo e o rio Subaé
Pena de Pavão de Krishna, maravilha, vixe Maria
Mãe de Deus, será que esses olhos são meus ?
Cinema transcendental, Trilhos Urbanos
Gal cantando o Balancê
Como eu sei lembrar de você
(Caetano Veloso - "Trilhos Urbanos")
Vicente Deocleciano Moreira
vicentedeocleciano@yahoo.com.br
vicentedeocleciano@gmail.com
A "Companhia Trilhos Urbanos", com seus bondes puxados por burros, serviu Santo Amaro da Purificação (Bahia-Brasil), cidade natal de Caetano Veloso, nos séculos XIX e XX.
Mas é de Salvador, as três fotografias que tenho diiante de mim, neste momento: uma de 1875 que mostra o cotidiano de uma praça, localizada na Cidade Baixa, que veio a receber o nome Praça Marechal Deodoro; na segunda foto, de 1920, o Relógio de São Pedro (Cidade Alta) localizado no vértice de sua praceta (praça pequena: tenho, ainda, a praça (depois conhecida como "Praça Castro Alves").
A Praça Marechal Deodoro localizava-se (e ainda se localiza) a beira mar ou sobre o aterro que foi realizado sobre o mar e a praia originais. Um logradouro bem conservado em seu calçamento e jardins com destaque para um deles em que se observa uma vegetação rasteira que desenha uma estrela. Margeando os jardins pequenas árvores que parecem recém (im)plantadas. No mar, à semelhança de um pequeno porto, embarcações ancoradas e, no horizonte, a península de Itapagipe. Belos prédios, talvez trapiches. Homens de terno andam pelas ruas. Três carroças e respectivos carroceiros. E um bonde trafegando no sentido oposto ao das carroças.
No Relógio de São Pedro (até hoje (2010) assim se denomina, popularmente, o trecho da Avenida Sete de Setembro sob o 'olhar' do relógio, um homem e um adolescente em trajes de trabalho (parecem carregadores, trabalhadores braçais) cruzam, sobre calçamento em pedras, com homens de terno e chapéu. Um automóvel e uma carroça estão estacionados. Um bonde passa sob belos postes e kuminárias "art nouveau".
A foto da Praça Castro Alves é particularmente rica em detalhes: calçamento em pedras, e o 'abrigo' - equipamento com serviço de café e de bar onde transeuntes aguardavam o bonde; sobre seu teto, propagandas de "Guaraina" e "Guarany" e outras palavras pouco legíveis. Este 'abrigo', a exemplo de tantos outros que davam encanto à cidade, não mais existe. Inexiste, também, o prédio original do Cine Thetaro Guarany, embora os prédios que sediavam o jornal "A Tarde" e um outro fazendo esquina esquina com a então glamurosa Rua Chile ainda estão presentes. Há automóveis estacionados na praça e na Rua Chile. Quatro bondes cruzam a praça.
É fácil constatar, nas três fotos de diferentes logradouros e épocas, a presença de calaçamentos em pedras e a circulação de bondes elétricos. Parece que, mesmo sem que sequer pudéssemos então imaginar, profetizar, os bondes e seus trilhos apontavam não só para os dias daquele presente ... mas traçavam linhas que, do passado, apontavam para o transporte hoje (2010) mais recomendável para as cidades do presente e do futuro: o transporte de massa sobre trilhos. Sem falar no calçamento que áreas antigas de diversas cidades do Brasil e do Mundo lutam para preservar.
O melhor o tempo esconde, longe, muito longe
Mas bem dentro aqui, quando o bonde dava a volta ali
No cais de Araújo Pinho, tamarindeirinho
Nunca me esqueci onde o imperador fez xixi
Cana doce Santo Amaro, gosto muito raro
Trago em mim por ti, e uma estrela sempre a luzir
Bonde da Trilhos Urbanos vão passando os anos
E eu não te perdi, meu trabalho é te traduzir
Rua da Matriz ao Conde no trole ou no bonde
Tudo é bom de vê, seu Popó do Maculelê
Mas aquela curva aberta, aquela coisa certa
Não dá prá entender o Apolo e o rio Subaé
Pena de Pavão de Krishna, maravilha, vixe Maria
Mãe de Deus, será que esses olhos são meus ?
Cinema transcendental, Trilhos Urbanos
Gal cantando o Balancê
Como eu sei lembrar de você
(Caetano Veloso - "Trilhos Urbanos")
Vicente Deocleciano Moreira
vicentedeocleciano@yahoo.com.br
vicentedeocleciano@gmail.com
A "Companhia Trilhos Urbanos", com seus bondes puxados por burros, serviu Santo Amaro da Purificação (Bahia-Brasil), cidade natal de Caetano Veloso, nos séculos XIX e XX.
Mas é de Salvador, as três fotografias que tenho diiante de mim, neste momento: uma de 1875 que mostra o cotidiano de uma praça, localizada na Cidade Baixa, que veio a receber o nome Praça Marechal Deodoro; na segunda foto, de 1920, o Relógio de São Pedro (Cidade Alta) localizado no vértice de sua praceta (praça pequena: tenho, ainda, a praça (depois conhecida como "Praça Castro Alves").
A Praça Marechal Deodoro localizava-se (e ainda se localiza) a beira mar ou sobre o aterro que foi realizado sobre o mar e a praia originais. Um logradouro bem conservado em seu calçamento e jardins com destaque para um deles em que se observa uma vegetação rasteira que desenha uma estrela. Margeando os jardins pequenas árvores que parecem recém (im)plantadas. No mar, à semelhança de um pequeno porto, embarcações ancoradas e, no horizonte, a península de Itapagipe. Belos prédios, talvez trapiches. Homens de terno andam pelas ruas. Três carroças e respectivos carroceiros. E um bonde trafegando no sentido oposto ao das carroças.
No Relógio de São Pedro (até hoje (2010) assim se denomina, popularmente, o trecho da Avenida Sete de Setembro sob o 'olhar' do relógio, um homem e um adolescente em trajes de trabalho (parecem carregadores, trabalhadores braçais) cruzam, sobre calçamento em pedras, com homens de terno e chapéu. Um automóvel e uma carroça estão estacionados. Um bonde passa sob belos postes e kuminárias "art nouveau".
A foto da Praça Castro Alves é particularmente rica em detalhes: calçamento em pedras, e o 'abrigo' - equipamento com serviço de café e de bar onde transeuntes aguardavam o bonde; sobre seu teto, propagandas de "Guaraina" e "Guarany" e outras palavras pouco legíveis. Este 'abrigo', a exemplo de tantos outros que davam encanto à cidade, não mais existe. Inexiste, também, o prédio original do Cine Thetaro Guarany, embora os prédios que sediavam o jornal "A Tarde" e um outro fazendo esquina esquina com a então glamurosa Rua Chile ainda estão presentes. Há automóveis estacionados na praça e na Rua Chile. Quatro bondes cruzam a praça.
É fácil constatar, nas três fotos de diferentes logradouros e épocas, a presença de calaçamentos em pedras e a circulação de bondes elétricos. Parece que, mesmo sem que sequer pudéssemos então imaginar, profetizar, os bondes e seus trilhos apontavam não só para os dias daquele presente ... mas traçavam linhas que, do passado, apontavam para o transporte hoje (2010) mais recomendável para as cidades do presente e do futuro: o transporte de massa sobre trilhos. Sem falar no calçamento que áreas antigas de diversas cidades do Brasil e do Mundo lutam para preservar.
segunda-feira, 19 de julho de 2010
CHÃO ... (3) - ASFALTAR, ASFALTAR, ASFALTAR ... ANTES QUE NOS CUBRA O BOM SENSO
CHÃO DE MEMÓRIAS URBANAS (3.1)
"Escrever, escrever, escrever ...
antes que nos cubra a demência ..."
(Antonio Brasileiro - poeta feirense/Feira de Santana)
ASFALTAR, ASFALTAR, ASFALTAR ... ANTES QUE NOS CUBRA O BOM SENSO
Vicente Deocleciano Moreira
vicentedeocleciano@gmail.com
vicentedeocleciano@yahoo.com.br
http://www.viverascidades.blogspot.com
Calçamentos ("cabeça de nêgo", paralelepípedos, lajotas ...) e trilhos de ferro por onde passaram carruagens, automóveis, ônibus e (sobre os trilhos de ferro) bondes, de uma cidade, parecem transformados em seres animados (seres com alma pulsante) quando os transfigurmamos em museus a céu aberto. Quando os lemos como guardiães da identidade e da memória de uma cidade.
Calçamentos ("cabeça de nêgo", paralelepípedos, lajotas ...) e trilhos de ferro por onde passaram carruagens, automóveis, ônibus e (sobre os trilhos de ferro) bondes têm feito parte da ecologia da parte mais antiga de uma cidade; em muitas delas, esses calçamentos volta e meia sofrem ameças de serem sepultados por camadas e sobrecamadas de asfalto.
O asfalto, segundo as mentalidades provincianas, dá um toque de "modernidade" ao sítio urbano. Alma pequena, essa inspiração sempre e sempre volta a ameaçar o calçamento do Pelourinho, Santo Antonio Além do Carmo, Terreiro de Jesus e proximidades, em Salvador- sítios que estão sempre na mira dos abutres asfaltadores de plantão. Essas mesmas mentalidades insaciáveis de provincianismo levantam a bandeira da defesa da lógica do automóvel. Dirigir sobre tais tipos de pisos urbanos faz tremer e "faz folga" nos automóveis e outros veículos.
Foi essa mesma mentalidade que partiu da ameaça para o asfaltamento concreto e sepultou os paralelepípedos da Avenida Getúlio Vargas e ruas vizinhas em Feira de Santana (Bahia)para facilitar a "vida" dos automóveis. E, na capital Salvador, substituiu as pedras portuguesas do passeio do Porto da Barra, por plaquinhas de mármore para "facilitar" a vida de transeuntes e (eventuais e sazonais) praticantes matinais e crepusculares de "cooper". Uma das consequências disso nas duas cidades: aumento expressivo da temperatura principalmente no verão.
Foi essa mesma mentalidade que "iluminou" de trevas infernais a afirmação de um político brasileiro que disse que, se fosse prefeito de Roma derrubaria o Coliseu para facilitar a circulação de automóveis na capital italiana.
Trilhos urbanos têm tido, nas cidades subdesenvolvidas, os inglórios destinos do sepultamento asfáltico e da exumação. Cidades européias proporcionam encanto e elegância aos seus cenários urbanos mantendo trilhos que fazem bondes modernos e vistosos cortarem o centro da cidade onde também circulam transeuntes, ônibus e automóveis. Em Alagoinhas (Bahia - Brasil) a bela estação ferroviária São Francisco, de vigoroso e pujante estilo inglês, está abandonada e literalmente sucateada em suas estruturas e adereços de ferro. Vagões conduzem apenas cargas industriais sobre trilhos que cortam a cidade e, quando passam, "atrapalham" com encarrafamentos automóveis e motoristas impacientes.
Ponho-me a meditar sobre o pouco que retaria ao bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro, sem os trilhos de seu famoso bonde; e também como a ausência deste veículo deixaria pobre e soliário os arcos (antigos aquedutos) do Largo da Carioca.
Peço aos leitores deste Blog, seguidores de alguma religião, que façam preces e orações para que a cidade do Rio de Janeiro jamais tenha ou eleja um prefeito que queira "modernizar" o calçadão de Cocapacabana substituindo-o por placas de granito e cimento.
"Modernizar" é mais fácil, barato e eleitoreiro do que conservar o calçamento, horizontalizando-o, nivelando-o e refazendo seus rejuntamentos.
"Escrever, escrever, escrever ...
antes que nos cubra a demência ..."
(Antonio Brasileiro - poeta feirense/Feira de Santana)
ASFALTAR, ASFALTAR, ASFALTAR ... ANTES QUE NOS CUBRA O BOM SENSO
Vicente Deocleciano Moreira
vicentedeocleciano@gmail.com
vicentedeocleciano@yahoo.com.br
http://www.viverascidades.blogspot.com
Calçamentos ("cabeça de nêgo", paralelepípedos, lajotas ...) e trilhos de ferro por onde passaram carruagens, automóveis, ônibus e (sobre os trilhos de ferro) bondes, de uma cidade, parecem transformados em seres animados (seres com alma pulsante) quando os transfigurmamos em museus a céu aberto. Quando os lemos como guardiães da identidade e da memória de uma cidade.
Calçamentos ("cabeça de nêgo", paralelepípedos, lajotas ...) e trilhos de ferro por onde passaram carruagens, automóveis, ônibus e (sobre os trilhos de ferro) bondes têm feito parte da ecologia da parte mais antiga de uma cidade; em muitas delas, esses calçamentos volta e meia sofrem ameças de serem sepultados por camadas e sobrecamadas de asfalto.
O asfalto, segundo as mentalidades provincianas, dá um toque de "modernidade" ao sítio urbano. Alma pequena, essa inspiração sempre e sempre volta a ameaçar o calçamento do Pelourinho, Santo Antonio Além do Carmo, Terreiro de Jesus e proximidades, em Salvador- sítios que estão sempre na mira dos abutres asfaltadores de plantão. Essas mesmas mentalidades insaciáveis de provincianismo levantam a bandeira da defesa da lógica do automóvel. Dirigir sobre tais tipos de pisos urbanos faz tremer e "faz folga" nos automóveis e outros veículos.
Foi essa mesma mentalidade que partiu da ameaça para o asfaltamento concreto e sepultou os paralelepípedos da Avenida Getúlio Vargas e ruas vizinhas em Feira de Santana (Bahia)para facilitar a "vida" dos automóveis. E, na capital Salvador, substituiu as pedras portuguesas do passeio do Porto da Barra, por plaquinhas de mármore para "facilitar" a vida de transeuntes e (eventuais e sazonais) praticantes matinais e crepusculares de "cooper". Uma das consequências disso nas duas cidades: aumento expressivo da temperatura principalmente no verão.
Foi essa mesma mentalidade que "iluminou" de trevas infernais a afirmação de um político brasileiro que disse que, se fosse prefeito de Roma derrubaria o Coliseu para facilitar a circulação de automóveis na capital italiana.
Trilhos urbanos têm tido, nas cidades subdesenvolvidas, os inglórios destinos do sepultamento asfáltico e da exumação. Cidades européias proporcionam encanto e elegância aos seus cenários urbanos mantendo trilhos que fazem bondes modernos e vistosos cortarem o centro da cidade onde também circulam transeuntes, ônibus e automóveis. Em Alagoinhas (Bahia - Brasil) a bela estação ferroviária São Francisco, de vigoroso e pujante estilo inglês, está abandonada e literalmente sucateada em suas estruturas e adereços de ferro. Vagões conduzem apenas cargas industriais sobre trilhos que cortam a cidade e, quando passam, "atrapalham" com encarrafamentos automóveis e motoristas impacientes.
Ponho-me a meditar sobre o pouco que retaria ao bairro de Santa Tereza, no Rio de Janeiro, sem os trilhos de seu famoso bonde; e também como a ausência deste veículo deixaria pobre e soliário os arcos (antigos aquedutos) do Largo da Carioca.
Peço aos leitores deste Blog, seguidores de alguma religião, que façam preces e orações para que a cidade do Rio de Janeiro jamais tenha ou eleja um prefeito que queira "modernizar" o calçadão de Cocapacabana substituindo-o por placas de granito e cimento.
"Modernizar" é mais fácil, barato e eleitoreiro do que conservar o calçamento, horizontalizando-o, nivelando-o e refazendo seus rejuntamentos.
CEAO lançamento de livro e mini curso
CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
Lançamento do livro Memorial Mãe Menininha do Gantois - Seleta do Acervo
22 de julho de 2010 | 19 horas | Casa do Gantois, Rua Mãe Menininha do Gantois, n23, Federação, Salvador/BA
Veja o convite: pdf | jpg
CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 3322-8070 - E-mail: ceao@ufba.br - Site: www.ceao.ufba.br
CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
Minicurso com Dra. PENDA MBOW – DAKAR, SENEGAL:
O Islã na África Ocidental e questões de gênero, autoridade, identidade e modernidade.
3-5 de agosto de 2010 | 18.30 às 20.30h | CEAO – Largo dois de julho, Salvador – BA
Mais informações: pdf | Word
CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 33 22-8070 - E-mail: ceao@ufba.br - Site:
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22 de julho de 2010 | 19 horas | Casa do Gantois, Rua Mãe Menininha do Gantois, n23, Federação, Salvador/BA
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Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 3322-8070 - E-mail: ceao@ufba.br - Site: www.ceao.ufba.br
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Minicurso com Dra. PENDA MBOW – DAKAR, SENEGAL:
O Islã na África Ocidental e questões de gênero, autoridade, identidade e modernidade.
3-5 de agosto de 2010 | 18.30 às 20.30h | CEAO – Largo dois de julho, Salvador – BA
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Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
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