sábado, 10 de julho de 2010

A ALMA ... (6) - sábado à noite

A ALMA NOTURNA DAS CIDADES (6) – sábado à noite

Unforgettable, that's what you are
Unforgettable though near or far
Like a song of love that clings to me
How the thought of you does things to me

Unforgettable in every way
And forever more, that's how you'll stay
That's why, darling, it's incredible
That someone so unforgettable
Thinks that I am unforgettable too

[ … Instrumental interlude... ]

Unforgettable in every way
And forever more, that's how you'll stay
That's why, darling, it's incredible
That someone so unforgettable
Thinks that I am unforgettable too


(Nat King Cole – “Unforgettable”)


Vicente Deocleciano Moreira


Que venham ao nosso reino Dorival Caymmi e Carlos Guinle (“Sábado em Copacabana”):

“Depois de trabalhar toda semana/ Meu sábado não vou desperdiçar
Já fiz o meu programa prá esta noite/E já sei por onde começar.

Um bom lugar pra encontrar/ Copacabana /Prá passear a beira mar/ Copacabana
Depois um bar, a meia luz/ Copacabana/ Eu esperei por esta noite/ uma semana

Um bom jantar, depois dançar/ Copacabana/ Prá se amar, um só lugar/ Copacabana
E a noite passa/ Tão depressa/ Mas vou voltar lá prá semana
Se eu encontrar um novo amor/ Copacabana”





Com voz e interpretação inconfundíveis, o carioca Farnésio Dutra e Silva (mais conhecido como Dick Farney – 14/11/1921 - 4/8/1987) imortalizou-se e a Copacabana (Rio de Janeiro - Brasil) em duas canções: nesta, “Sábado em Copacabana”, e na outra - “Copacabana” (João de Barro e Alberto Ribeiro). A ponto de avisados e desavisados pensarem tratar-se de composições de sua autoria.
“Copacabana” mostra o famoso bairro em sua versão solar, diurna. “Sábado em Copacabana” é a face noturna. Interessante observar como o sábado (aí e em outros exemplos) tem ligações íntimas com a noite. O sábado por sua vez encontra, na noite, a moldura perfeita.

Sexta-feira à noite tem seu charme, sem dúvida, mas é ainda “a noite logo depois do trabalho ... de segunda a sexta”, o escritório, o trabalho (do qual a pessoa acabou de se libertar). Na sexta-feira à noite, está presente o cheiro das roupas e do suor do dia ... dia de trabalho. E assuntos do trabalho, não raras vezes, ressuscitam nos assuntos tratados entre um gole e outro, entre uma comida e outra, na noitada das sextas-feiras. O patrão agradece.

Solidão

Principalmente nas cidades grandes, dentro do automóvel ou do apartamento, a solidão de quem vive sempre só parece doer mais sexta à noite que na noite de sábado. É que na sexta à noite dá mais vontade de sair com alguém - amigo(a), futuro(a) namorado(a) – e isso vem alimentar os sonhos mais vigorosos de libertação acompanhada.

Com a palavra e a canção, Belchior ("Paralelas")

“Dentro do carro, sobre o trevo/ A 100 por hora, ô meu amor/ Só tens agora os carinhos do motor/ No escritório, onde trabalho e fico rico/ Quanto mais eu multiplico diminui o meu amor.

Em cada luz de mercúrio/ Vejo a luz do teu olhar/ Passas praças, viadutos/ Nem te lembras de voltar/ De voltar, de voltar...

No corcovado quem abre os braços sou eu/ Copacabana, esta semana, o mar sou eu/ Como é perversa a juventude do meu coração/ Que só entende o que é cruel, o que é paixão

E as paralelas dos pneus na água das ruas/ São duas estradas nuas/ Onde foges do que é teu/ No apartamento, oitavo andar / Abro a vidraça e grito quando o carro passa
Teu infinito sou eu/

Sou eu, sou eu, sou eu
No corcovado quem abre os braços sou eu/ Copacabana, esta semana, o mar sou eu/ Como é perversa a juventude do meu coração/ Que só entende o que é cruel, o que é paixão “



A solidão no sábado à noite tende a ser marcada por um certo ‘conformismo’, pelo exercício da criatividade em buscar compensações, suplências, na TV, na música, no livro ... ou mesmo em algum trabalho trazido para casa; o prazo final/fatal é segunda-feira. Há pessoas que trabalham sábado até meio dia ou o dia todo, mas não é comum ‘largar’ o trabalho e ir direto ao bar, ao restaurante. Passa-se em casa, banho, roupa limpa e ..., festa! ... e rua! Um bar à meia luz ... “Eu esperei por esta noite uma semana” ...

Um bom jantar, depois dançar. O bar, a espera, o jantar, o restaurante ... isto é nada mais que o próprio espírito sabático noturno.

“Quer jantar, hoje, comigo?”

Jantar, num sábado. Não são poucas as opiniões que elegem o jantar como a refeição eminentemente humana pela sua sofisticação e glamour – independentemente do maior ou menor luxo dos pratos, das bebidas ou do bar ou restaurante. No jantar é de 'bom tom' comer pouco e bem, beber pouco e fino. Jamais tonelada pantagruélica e o "beber os mares" do almoço. O jantar é momento mais delicado que o almoço e o café da manhã. O convite para um jantar (ainda que não seja à luz de velas ou mediante outro artifício romântico) está envolvido num clima de afetividade, amor ou promessa de relacionamento amoroso. Um casal que está jantando dá margens a 'suspeições': "aí tem coisa !!!". Esse mesmo casal não desperta essa 'suspeição' se estiver almoçando ou tomando um cafezinho.

O café da manhã e o desjejum abrem o dia; afinal, não podemos sair a desmaiar por aí. O almoço é por demais instrumental, gastro-pragmático e dá contorno e tempero a conversas de negócios e de atividades profissionais em geral. Ser convidado a almoçar à luz de velas é, no mínimo, estranho e macabro. Requinte sugestivo de antropofagia ... lembra velório de defunto.


“Quer jantar, hoje, comigo?”. Incontáveis são os prefácios amorosos que começam com este convite.



O manto noturno da cidade cobre, esconde, alegrias, tristezas, promessas .. todos os olhares de promessa ... e momentos de descontração formal próprio de um jantar.

Enfim, na noite dos sábados, “todos os gatos [urbanos] são pardos”.

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Sugestão para hoje (sábado) à noite

Nossa sugestão: ver/rever o filme “Os embalos de sábado à noite”
titulo original: (Saturday Night Fever)
lançamento: 1977 (EUA)
direção: John Badham
atores: John Travolta , Karen Lynn Gorney , Barry Miller , Joseph Cali , Paul Pape
duração: 112 min
gênero: Drama

Sinopse

“Tony Manero (John Travolta), um jovem do Brooklyn e um excelente dançarino de disco music, só encontra significado na vida quando dança, pois passar a semana trabalhando em uma loja de tintas não o gratifica de forma nenhuma. Assim ele se perfuma, se veste de um jeito fashion e vai para a discoteca no final de semana. Sob a influência de seu irmão, um padre frustrado, e de Stephanie (Karen Lynn Gorney), sua parceira de dança, começa a questionar a maneira como encara a vida e a limitação de suas perspectivas. Paralelamente Tony vive uma crise amorosa, enquanto se prepara para participar de um concurso em uma discoteca.”

Fonte: Blog ADORO CINEMA

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