quarta-feira, 7 de julho de 2010

“Céu noturno avermelhado” – O. Sevá (4.2)

A ALMA NOTURNA DAS CIDADES “Céu noturno avermelhado” (4.2 ) – O. Sevá

(CONTINUAÇÃO)

Chamas fortes, às vezes estáveis, quase como maçaricos, às vezes bem instáveis, pulsantes, fantasmagóricas, criam grandes auras vermelhas no céu noturno nas localidades gaúchas de Triunfo ( que os porto-alegrenses podem ver, logo após o pôr do sol sobre o Guaíba...) e de Canoas, onde fica a refinaria Refap, uma das áreas industrias da Região Metropolitana de Porto Alegre. E também nas cidades paranaenses de São Mateus do Sul, ( onde se processa o xisto betuminoso, entre Curitiba e União da Vitória, vale do médio Iguaçu ) e de Araucária, ao Sul de Curitiba, iluminada pelas tochas da refinaria Repar e da Ultrafértil, cujos gases às vezes escapam e se juntam ao fétido cheiro da Cocelpa, fabricante de celulose.

As complexas etapas de obtenção, de transferência e de beneficiamento do
chorume negro ou petróleo, e de seus gases associados ( GN ) também cria o
vermelho noturno nos ceús de São José dos Campos, SP, de Betim, ao lado de
Contagem e Belo Horizonte, MG, nos céus litorâneos do distrito de Cabiúnas em Macaé, e em São Mateus, ES e também em vários trechos no alto-mar, a dezenas de km da costa, onde as noites são iluminadas por plataformas e suas tochas.

Estas chamas do desperdício ( são gases residuais, resultantes de projeto e ou
operação desbalanceada ) são também chamas da segurança ( se são gases
inflamáveis, não podem se espalhar na área, é melhor queimá-los ); é o que se repete nas áreas produtoras de petróleo e gás cujas instalações também iluminam as noites equatoriais no Nordeste e no Norte: em Carmópolis, Sergipe, em Guamaré, RN; proximo de Fortaleza, CE; na área industrial do Cabo, ao sul do Recife, e, até no Amazonas em Manaus , e no meio da selva, em Urucu e em Coari.


3. De todos, os piores lugares são os que hospedam várias grandes chamas
industriais, próximas entre si. Várias auras vermelhas no mesmo céu, ou até, todo ele avermelhado. Em São Paulo, são conhecidas as noites avermelhadas nos bairros na divisa de Santo André e Mauá, por causa das tochas da refinaria e das indústrias de Capuava; na área de Paulínia, ao norte de Campinas, com as tochas da Replan, da Rhodia, da Basf e outras, cujo brilho e reflexos são visíveis de várias cidades e estradas, incluindo o distrito de Barão Geraldo onde fica a Unicamp; e na Baixada Santista, em Cubatão com as cinco torchas da RPBC no pé da Serra do Mar, outras luzes fortes na coqueria e nos altos fornos da Cosipa, outras tochas na área de terminais de derivados de petroleo e granel químico no bairro da Alemoa, em Santos e na ilha Barnabé, área continental em frente.

As chamas e os reflexos avermelhadas também marcam algumas paisagens da Baía de Guanabara, uma delas é capaz de guiar os pilotos de aviões se aproximando do RJ por causa das chamas bruxuleantes da refinaria e da unidade de gás no distrito de Campos Elíseos em Duque de Caxias, e por ali, mais algumas, as do bairro de Manguinhos, com a refinaria Repsol e uma petroquímica, e as dos terminais das ilhas Redonda e Rasa, entre a Ilha do Governador e a margem da baía em São Gonçalo.

E paisagens do Recôncavo Baiano, onde além das tochas da refinaria RLAM em Mataripe, das indústrias do polo químico de Camaçari, se contam também as tochas de alivio da produção de gás associado ao petróleo, em terra, na faixa entre Candeias e Alagoinhas, e no litoral da Baía de Todos os Santos.


4. Claro que a poluição total do ar atmosférico se explica por uma soma dos
produtos e efeitos destas queimas visíveis com os produtos de todas as demais
queimas, em motores, turbinas, caldeiras, e em fornos, que são combustões mais controladas, feitas em lugares mais fechados, onde não se vê a chama da combustão e sua luz.

São máquinas com carrocerias e coberturas, com bocas pelas quais é sugada uma grande vazão de ar, e das quais saem canos e chaminés por onde descarregam na atmosfera os seus produtos não vendáveis.

(CONTINUA AMANHÃ, QUINTA - DIA 8/JULHO)

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