domingo, 11 de julho de 2010

CRÔNICA DOMINICAL DE 10 DE JULHO DE 2010

CRÔNICA DOMINICAL DE 10 DE JULHO DE 2010


No domingo, não somente a semana mas o mundo se renova; e, dentro deste vasto mundo, também nos renovamos aos domingos. Gosto de ver como, nas manhãs desse santificado dia (do Senhor), as pessoas estufam o peito. Parecem satisfeitas consigo mesmas e, seguindo a prédica de Alberto Caeiro/Fernando Pessoa, estão de acordo com o Mundo. Ou será que, aos domingos, é também novo o ar?

Aprendemos com o antropólogo romeno Mircea Eliade que o ser humano, imitando os deuses (e, na nossa cultura o Deus judaico-cristão), renovam ou acreditam renovar o Mundo na passagem do Ano Velho para o Ano Novo – de 31 de dezembro para 1º de janeiro – todos os anos. É o Réveillon. Estando vestidos de branco, estamos vestidos da luz que, por ordem divina (“Faça-se a Luz”), tirou o Mundo das trevas. Queremos imitar Deus não só ao usarmos roupas brancas, mas também soltando fogos de artifício. Deuses quasímodos, pensamos estar a reinventar o Mundo.

E aos domingos vestimos branco e soltamos foguetes? Não necessariamente. Mas nos deixamos capturar pelo imperativo mitológico do eterno retorno. Os domingos retornam a cada semana e a renovam.

A cada domingo - cumprindo o rito do eterno retorno (tratado por Nietzsche em "Assim falava Zaratustra" e resgatado por Eliade)as pessoas religiosas renovam sua fé nos ritos de renovação (cultos, missas, pregações, preces ...) de suas instituições religiosas.

No domingo, hoje, renovamos nossas pactos pessoais, e assim prometemos (a nós mesmos, aos outros e ao Mundo) que, a partir de amanhã, a simpática segunda-feira (ou segundo dia da Criação), começaremos s dieta, os exercícios físicos, a fechar a boca e o bolso para o supérfluo.

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