sábado, 14 de maio de 2011

OLIVEIRA - Lendo a metrópole comunicacional (2 - FINAL)

Lendo a metrópole comunicacional: culturas juvenis, estéticas e práticas políticas1  (2 – FINAL)

Profa. Dra. Rita de Cássia Alves Oliveira2
Centro Universitário SENAC – SP – Brasil



Duas fortes características articulam a produção desses grafites, stickers e pichações à vida cotidiana da metrópole vivenciada pelos jovens: a vida noturna e a velocidade. Estas categorias definem quando e como essas atividades são desenvolvidas. As intervenções urbanas juvenis e a vida noturna da metrópole são coisas quase indissociáveis. A noite é, antes de tudo, o momento dos sonhos, dos devaneios, das intimidades e da libertação dos desejos e do desconhecido; a escuridão permite a subversão das ordens estabelecidas, é estímulo à imaginação e à embriaguez. A vida noturna do Homo sapiens encontrou na utilização do fogo a possibilidade da constituição de novas relações e novo imaginário. Cerca de 800 mil anos antes da nossa era, a introdução do fogo no cotidiano humano libertou a vigília e também o sono, oferecendo segurança noturna:


“o fogo cria o lar, lugar de proteção e de refúgio; o fogo permite o sono profundo do homem, ao contrário dos outros animais, cujo sono é sempre marcado pelo alerta. É bem possível, também, que o fogo favoreça o desenvolvimento e a liberdade do sonho[...]” (Morin, 1975: 68).
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Ainda hoje, ao redor do fogo, em meio às labaredas e às sombras noturnas, acontecem as conversas noturnas, as trocas afetivas, as afinidades. Com a iluminação pública das cidades, especialmente a elétrica, no século XX, a vida noturna ganha novos ares, marcadamente entre os jovens. Nos seus fluxos noturnos os jovens ganham a cidade deixando suas marcas. Celso Gitahy, grafiteiro atuante em São Paulo nos anos de 1980 e 1990, registrou em seu livro O que é graffiti?, suas memórias sobre o desenvolvimento da pichação e especialmente do grafite na cidade.

Seu relato é testemunho das ações e intenções do grafiteiro, por meio da própria ótica desses jovens. Nesta narrativa encontramos diversas referências à vida noturna como cenário dessas intervenções urbanas:


Em 1980, o grupo, em mais de uma ação noturna, estendeu 100 metros de plástico vermelho pelos cruzamentos e entradas do anel viário da avenida Paulista com a rua da Consolação (1999: 52).


O grafite e a pichação encontram na noite seus momentos produtivos e criativos; é à noite que esses jovens se encontram, organizam-se, perambulam pela cidade, transgridem. Sobre as intervenções nos metrôs de Paris no início dos anos de 1980, mais uma vez a vida noturna:


[...] todos produziam em ateliê sobre papel e, após o fechamento do metrô, permaneciam por ali para que durante a madrugada pudessem colar seus trabalhos sobre os cartazes publicitários (1999: 43).


À noite, eles podem ser o que desejam; se transformam em sujeitos, dizem o que pensam. Nesta cidade noturna a ação repressora é menos efetiva e as possibilidades de sucesso são maiores; é o momento da liberdade, da ação, da criação de sentidos e das sociabilidades juvenis.

A velocidade aparece como um segundo atributo dessas manifestações; a rapidez é fundamental para que o trabalho seja finalizado sem que a repressão se efetue. Isso acaba por transformar-se numa característica valorizada pelos jovens nesse tipo de prática urbana:


Speedy Graphito autodenominava-se o mais rápido dos artistas de rua. Levava consigo um relógio-despertador, com o qual cronometrava suas ações. (Gitahy, 1999: 42)


As técnicas (uso do spray, por exemplo), adaptam-se e colaboram para esse processo criativo cronometrado, acelerado e fugaz que acompanha a velocidade da metrópole contemporânea. As  mediações tecnológicas que permeiam o cotidiano da metrópole definem novas formas de percepção do tempo e do espaço; a compressão do tempo é a base das transformações rápidas e da aceleração geral dos fluxos de mensagens, idéias, pessoas e imagens pelo planeta mundializado. Derivam daí a volatilidade, a efemeridade, a descartabilidade e a instantaneidade do cotidiano contemporâneo. É a primazia do presente: o futuro parece algo desinteressante, distante, indefinível; o passado apresenta-se fragmentado, embaralhado, citação de vivências difusas e perpetuadas pelos meios de comunicação de massa. A velocidade transforma-se num valor: é a cultura fast, a vida cronometrada, a tentativa de vencer a passagem do tempo. A vida metropolitana assume a velocidade e a aceleração como suas características principais: velocidade dos fluxos de automóveis, trens e transeuntes; das transformações arquitetônicas e urbanas ao redor da especulação imobiliária; das tecnologias em mutação que tornam obsoletas, hoje, as novidades de ontem. As habilidades desejáveis para esses meninos e meninas, suas artes de fazer (Certeau, 1996) envolvem marcadamente a rapidez. Ser veloz transforma-se em qualidade.

As marcas juvenis espalhadas pela cidade também adquirem as características derivadas da compressão do tempo: são efêmeras, voláteis, transitórias; são feitas para durar pouco, para serem retiradas por agentes da limpeza pública, para receberem outras intervenções, para serem modificadas, anuladas, eliminadas.

Por meio das intervenções urbanas, esses jovens refazem sua relação com a metrópole; transformam paredes, muros e postes em territórios apropriados, repletos de afetividades, relações, histórias. Nas cidades, no final do século XX, as intervenções urbanas trazem o mais recente capítulo dessa grafologia recheada dos imaginários juvenis. Basta lermos. Mesmo com a popularização dessas atividades, com sua absorção pela publicidade, sua divulgação pela mídia e diluição do seu perfil político, essas práticas culturais não perderam seu caráter subversivo, espontâneo, gratuito e efêmero.
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3.     Escrituras juvenis em São Paulo: sociabilidades e ações políticas


Essas intervenções juvenis retratam a história visual da sociedade, documentam situações, estilos de vida, apontam atores sociais e rituais, revelam e alimentam imaginários, afetos, relações, medos, desejos, frustrações. As escrituras juvenis são formas de expressão resultantes de suas práticas cotidianas, a começar pela construção das identidades e dos pertencimentos grupais que resistem à homogeneização e à indiferença da sociedade midiática.

As intervenções urbanas manifestam-se também em novas formas de sociabilidade juvenil. Michel Maffesoli (2000) já apontou a importância das afetividades na constituição das comunidades emocionais transitórias, as “tribos urbanas”, como ficaram mais conhecidas. São comunidades de afetividades intensas e instáveis, por meio das quais os jovens definem suas identidades e pertencimentos. A prática da pichação, do grafite ou da colagem de stickers e lambe-lambes organiza as sociabilidades e pertencimentos, delimita identidades e apropriações simbólicas, propicia o compartilhamento de estéticas, visões de mundo e universos simbólicos.

Os pichadores organizam-se em gangues e grifes; dentro da sua “guerra feita com tintas (...) todos se conhecem e se identificam pelo tipo de código pichado (Gitahy, 1999: 24). Os grafiteiros estruturam-se em grupos e coletivos. Estas formas de organização grupal trabalham a relação indivíduo/sociedade possibilitando combinações e inserções alternativas àquelas oferecidas pelas instituições formais, como a classe social, a família, os partidos políticos, as igrejas etc.

Os coletivos são organizações abertas, dotadas de formas horizontais de trabalho6 ; contêm grupos, indivíduos, associações e redes. Envolvem artistas independentes e jovens que entendem que o trabalho em conjunto é uma excelente estratégia para a viabilização dos projetos individuais ou grupais. Os coletivos propõem processos de trabalho em grupos e aglutinações de pessoas. É uma maneira consciente de relação que se realiza na ação. São aglutinações por afinidades e sabedorias interdisciplinares, mesmo que anarquicamente organizadas; produzem uma arte que dialoga com vários conhecimentos, como arquitetura, política, geografia, história, sociologia, ciência, artes gráficas e plásticas. Há nesses coletivos uma consciência do trabalho realizado com o outro, mesmo afirmando a individualidade ou o anonimato.

Seja nas gangues e grifes dos pichadores, seja nos coletivos de grafiteiros, o viés político, mesmo que efêmero, pontual, instantâneo e descartável, é evidente e central nas suas ações. Tal qual nos movimentos dos sem-terra e sem-teto, essas práticas juvenis marcam o intenso questionamento sobre a propriedade privada e os espaços públicos. “O que pensará o proprietário do espaço ao ver sua propriedade grafitada?”, pensam estes “transgressores” depois de conquistados seus objetivos (Gitahy, 1999: 32). Eis a constante e silenciosa disputa simbólica e estética que envolve questões geracionais, classistas e políticas dessas práticas e disputas.

Os muros, tapumes, postes e caixas de telefonia são, para os jovens, espaços onde os grupos inscrevem suas marcas e batizam o território; são parte importante das suas práticas territoriais. Ao se apropriar simbolicamente dos espaços urbanos, esses jovens os transformam e eles ganham novo status no cotidiano da metrópole: de lugares de passagem e pouco propícios às construções identitárias e às relações grupais, passam a ser territórios recheados de afetividades, memórias, relações e identidades (Augé, 1994). A produção e distribuição dos adesivos, pichações e grafites tornam o grupo coeso em torno de objetivos comuns e se convertem em signo de identificação territorial. Fazem parte das estratégias concretas de apropriação espacial, da construção de um território próprio: as culturas juvenis distinguem, com suas marcas, os espaços urbanos por elas apropriados (Feixa, 1998). A intenção é criar uma cidade imaginária, apropriar-se da metrópole, criar novos roteiros de apropriação, produzir espaços utópicos, inventar zonas autônomas temporárias - como as festas e raves, dotadas de regras de conduta próprias (Bey, 2001). Ao subverterem mensagens publicitárias, signos institucionais, a sinalização do metrô e as ações de controle com ironia, consciência e atitude, esses jovens transformam a paisagem urbana atuando nas “fendas” das formalizadas organizações sociais e políticas contemporâneas.

A escrita jovem que invade as metrópoles atesta que, para eles, não há demarcação de territórios para a luta ou o debate políticos. O rock, o rap e o grafite recolocam as questões-chave da contracultura: consciência, expressão e denúncia (Martín-Barbero, 1998). Essas intervenções urbanas juvenis “comunicações sutilmente subversivas” (Downing, 2002:155), do rol das mídias radicais, essas manifestações alternativas que emergem das culturas populares e dos movimentos sociais:
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A mídia radical poderia ser facilmente interpretada de duas maneiras diferentes: como necessária para construir a contra-hegemonia, mas desfrutando um poder apenas temporário, somente nos períodos de tensão política, ou como parte do anseio de  expressar o disruptivo e profundamente arraigado descontentamento das massas
(2002:50)


As mídias radicais analisadas por John Downing ligam-se, no geral, aos movimentos sociais e propõem que as estruturas econômicas e políticas necessitam de mudanças urgentes; buscam estratégias, suportes e formas alternativas de comunicação para travar uma luta hegemônica que dê voz às camadas sociais menos favorecidas do ponto de vista político, econômico e social. Essas comunicações subversivas são discursos radicais; são formas de disputas simbólicas que acontecem no âmbito da cultura através das fendas, das brechas e das fronteiras das experiências vividas; são atitudes comunicativas constituídas como resistências culturais e políticas com base nas práticas cotidianas. Essas históricas mídias radicais envolvem produções gráficas e audiovisuais, mas também manifestações públicas, mídias têxteis e acessórios, formas de usar o corpo, e o uso de espaços públicos. São mídias radicais as colchas confeccionadas nos anos de escravidão nos Estados Unidos e utilizadas como forma de comunicação clandestina entre os negros: penduradas em público, supostamente para arejar, essas colchas continham detalhes insignificantes nos seus bordados, que orientavam como fugir para o norte. Os grafites das décadas de 1970 e 1980 em Moscou: em inglês, as inscrições juvenis nas paredes dos sombrios edifícios sobre as bandas internacionais de rock desafiavam o governo, que via nesse consumo a perigosa, decadente e insalubre influência estrangeira sobre a juventude soviética. Os grafites políticos nos banheiros das universidades nigerianas no começo dos anos de 1990 bradavam contra a repressão política: o banheiro transformou-se num meio para estender a conversa política proibida a públicos mais amplos por meio de suas mensagens rápidas, breves e radicais. Em todos estes exemplos temos a intenção da criação de uma esfera pública alternativa, a busca por formas inusitadas de luta e organização políticas.

Essas linguagens juvenis, que colorem as cidades, fazem parte das formas de intervenção e de atuação política desses meninos e meninas da virada do milênio: num momento em que os partidos políticos já não conseguem mais organizar e dar um sentido único a essas disputas, eles expressam sua indignação com a apropriação dos territórios e com a constituição de pequenos grupos de afinidades artísticas ou ideológicas (temáticas como a ecologia ou o consumismo que articulam os encontros). No lugar da atuação política convencional e institucionalizada, esses jovens apontam para uma prática política mais pulverizada, atomizada e transitória. A performance, instantaneidade e a efemeridade marcam as ações coletivas e a durabilidade das suas produções culturais; o resultado são painéis de fragmentos que exigem leitura anárquica, rápida e direta, mas recheados de sentido. Reclama o grafiteiro Eduardo Saretta:


[…] se pode publicidade, por que não posso colar meu adesivo em um poste? Usamos os mesmos meios que a publicidade, mas não queremos vender nada, fazemos antipublicidade 6


Essa forma de atuação apresenta esses jovens como sujeitos potentes dotados de poder transformador da cultura. Eles são agentes, são prossumidores (Kerchkove, 1997), são consumidores/receptores que também produzem sentidos, estéticas, formas e conteúdos. As linguagens juvenis dos grafites, dos stickers e das pichações, pouco a pouco, vão se impondo e se acomodando ao nosso olhar e atenção. Como homens da multidão, passamos e não os vemos. Ou não os compreendemos.

NOTAS:
1. Artigo apresentado ao XII Encontro da FELAFACS, eixo temático "La política: dinamicas de poder y resistencia".
2. Street stickers, em inglês: adesivos de produção caseira e individual que são espalhados pelas ruas como forma de manifestação artística anônima.
3.http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/revistas_link.cfm?Edicao_Id=211&Artigo_ID=3248&IDCategoria=3518&reftype=2 Acessado em 26 de junho de 2006.
4. CARLI, Martina. Adesivos invadem os cantos das cidades brasileiras: uma nova vertente artística começa a emergir em locais inusitados das metrópoles. http://www.obaoba.com.br/noticias/revistao/213/comportamento.asp. Acesso em 26 de junho de 2006.
5. Disponível em: . Acesso em: 2/3/2006.
6.http://www.sescsp.org.br/sesc/revistas/revistas_link.cfm?Edicao_Id=211&Artigo_ID=3248&IDCategoria=3518&reftype=2 Acessado em 26 de junho de 2006.
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