quarta-feira, 11 de maio de 2011

A CIDADE COMO ARTE DO ENCONTRO ... (3)

A CIDADE COMO ARTE DO ENCONTRO, EMBORA HAJA TANTO DESENCONTRO PELA CIDADE (3)

“A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. É preciso encontrar as coisas certas da vida, para que ela tenha o sentido que se deseja. Assim, a escolha de uma profissão também é a arte do encontro, porque a vida só adquire vida, quando a gente empresta a nossa vida, para o resto da vida.”

(Vinicius de Moraes)

PAULISTA

Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto


(Avenida Paulista, inícios do século XX)



(Avenida Paulista, inícios do século XXI)



PAULISTA
Na Paulista os faróis já vão abrir...
E um milhão de estrelas
prontas pra invadir, os jardins
onde a gente aqueceu uma paixão...
Manhãs frias de abril.

Se a avenida exilou seus casarões,
quem reconstruiria nossas ilusões?
Me lembrei de contar prá você, nessa canção,
que o amor conseguiu...

Você sabe quantas noites eu te procurei,
nessas ruas onde andei?
Conta onde passeia hoje esse seu olhar...
Quantas fronteiras ele já cruzou,
no mundo inteiro de uma só cidade?

Se os seus sonhos imigraram sem deixar
nem pedra sobre pedra prá poder lembrar...
Dou razão, é difícil hospedar no coração
sentimentos assim

(Clique http://letras.terra.com.br/leila-pinheiro/491861/ para acompanhar esta bela composição de Eduardo Gudin e J. C. Costa Netto , interpretada por Leila Pinheiro; no vídeo, imagens da atual  Avenida Paulista (Sâo Paulo – SP – Brasil)

Se é possível um só coração pulsar em dois corpos distantes, esse coração é a Avenida Paulista ... esse coração, de mil e diuturnas artérias, que pulsa em São Paulo e no Brasil. Como nos movimentos sistólicos e diastólicos, ela é o fluxo apaixonante de encontros e desencontros, de fugas e desaparecimentos em suas bocas de metrô e de aconchegos no aconchego dos cafés  ... esses úteros da terra mater do café.

Não há coração de gelo que não derreta um pouco, ainda que seja pelas lágrimas dos olhos da cara, quando se “molha” os pés ou quando se mergulha de cabeça (seja o que Deus quiser!) nesse mar, nesse rio reto,  em que nunca nos perdemos ainda que os faróis dos automóveis não estejam (ainda) acesos.
Quando, a atravessamos (atentos ou  desatentos) sob o verde e sobre as faixas,  a taquicardia dos nossos vulcões interiores expulsam as lavas da incandescência da nossa paixão por esta santapecadora cidade de São Paulo – capital do Brasil ... perdão (‘ato falho’) ,,, capital do estado homônimo de São Paulo; haja santo!

Se é possível identificar em São São Paulo (Tom Zé) onde a “força da grana ergue e destrói coisas belas” (Caetano Veloso) estamos no lugar pleonástico  certo: Avenida Paulista.

A Avenida São João (também em São Paulo) pode ser o palco por excelência da ronda dos desencontros na noite paulistana. Mas desencontrar-se na Avenida Paulista, quando as estrelas dos faróis às vezes substituem as estrelas do outro céu, acima dos edifícios, angustia mais, esvazia mais ... quase ficamos a morrer.
Com paixão,
Vicente


Nenhum comentário:

Postar um comentário