terça-feira, 10 de maio de 2011

A CIDADE COMO ARTE DO ENCONTRO ... (2)


A CIDADE COMO ARTE DO ENCONTRO, EMBORA HAJA TANTO DESENCONTRO PELA CIDADE (2)

A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida. É preciso encontrar as coisas certas da vida, para que ela tenha o sentido que se deseja. Assim, a escolha de uma profissão também é a arte do encontro, porque a vida só adquire vida, quando a gente empresta a nossa vida, para o resto da vida.”
(Vinicius de Moraes)


SINAL FECHADO
Paulinho da Viola

- Olá! Como vai?
- Eu vou indo. E você, tudo bem?
- Tudo bem! Eu vou indo, correndo pegar meu lugar no futuro... E
você?
- Tudo bem! Eu vou indo, em busca de um sono tranqüilo...
Quem sabe?
- Quanto tempo!
- Pois é, quanto tempo!
- Me perdoe a pressa - é a alma dos nossos negócios!
- Qual, não tem de quê! Eu também só ando a cem!
- Quando é que você telefona? Precisamos nos ver por aí!
- Pra semana, prometo, talvez nos vejamos...Quem sabe?
- Quanto tempo!
- Pois é...quanto tempo!
- Tanta coisa que eu tinha a dizer, mas eu sumi na poeira das
ruas...
- Eu também tenho algo a dizer, mas me foge à lembrança!
- Por favor, telefone - Eu preciso beber alguma coisa,
rapidamente...
- Pra semana...
- O sinal...
- Eu procuro você...
- Vai abrir, vai abrir...
- Eu prometo, não esqueço, não esqueço...
- Por favor, não esqueça, não esqueça...
- Adeus!
- Adeus!
- Adeus!

Clique http://letras.terra.com.br/paulinho-da-viola/48064/ para ouvir e ver a interpretação  de  Paulinho da Viola - compositor e cantor  de "Sinal Fechado", e o arranjo contundente, voraz e veraz.
Clique http://letras.terra.com.br/chico-buarque/369176/ para ouvir a interpretação de Chico Buarque de Hollanda &  Maria  Betânia

Que outros sinais vermelhos, para além daqueles dos semáforos (destinados a motoristas e pedestres), estão fechados para a comunicação entre moradores das cidades? A  problemática dos sinais fechados mais e mais se agrava, mais e mais avançam as tecnologias da comunicação. Se pensamos que esses avanços aproximariam as pessoas, as tornariam mais comunicativas ... cometemos um grande equívoco, um erro de avaliação e um desvio na  pontaria. Ou então, o equívoco é pensar a comunicação urbana do século XXI com a cabeça do século XX ou XIX. Pode ser.

"Me perdoe a pressa". Não só a pressa deve ser perdoada, mas também os esquecimentos ... os verdadeiros (honestos) e os falsos (desonestos). É o caso daquela piada:  "Fulano, telefone para mim!" e não dá o telefone. "Vá lá em casa!" e não dá o endereço. "Vamos marcar pra gente se encontrar!" - e não telefona, e não marca nada. Ou - pasmem! - dá o número de telefone errado.
Conseguimos a façanha do "esquecer proposital". "Mesmo com o telefone anotado na minha agenda, vou "esquecer" de telefonar". Inventamos o "esquecimento planejado" e, com isso, privamos o cérebro e seu locus mnemônico  do papel ou do privilégio de esquecer; e, claro (!) de lembrar. A pressa virou desculpa, álibi (?) ... afinal aprendemos a ser apressados, dominamos, com todas as dores do mundo,  a tecnologia da pressa, da falta de tempo.  Mas a compensação para tanta dor é que nos tornamos artesãos exímios da busca do prazer / no/do discurso da pressa e da falta de tempo.
Ou será que inventamos - contra todas as ingenuidades, contra todos os   romantismos, contra todos os iluminismos e contra todas as éticas e todos os imperativos categóricos kantianos dos séculos passados - uma nova virtude, uma nova 'ética' ?, isto é, só devemos ligar e telefonar para as pessoas que nos podem ser úteis a curto prazo, vale dizer, que nos podem emprestar dinheiro e/ou o cartão de crédito, fazer intermediações importantes, favores e facilitações, 'apadrinhar' arranjar emprego e promoções.  Que mais?
Ou será que estamos inventando uma nova (e ainda invisível) arte urbana para o  encontro, para a cidade como arte do encontro?
Pode ser também.

____________.

NOTA DO BLOG_______________
Car@ leitor@:
Lamento, estou correndo  agora; sinto muito, mas estou com o tempo apertado hoje ... e  vou encerrar aqui estas aligeiradas considerações.

Me perdoe a pressa.

Atenciosamente,
Vicente

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