O METRO URBANO DO METRÔ (1)
Quem me chamou
Me procurou
Quem quis ouvir minha voz
Quem escreveu
Quem perguntou por mim
Quem falou e chorou?
Quem me telefonou
Seus dramas contou
Pois se sentia sozinho
É meu amigo
É isso que eu tenho no mundo, em qualquer lugar
Moram no rio
São paulo e salvador
Em barcelona estão
Escrevem em paris
Roma e xangrilá
É bom assim
Ser a voz que alegra alguém além do oceano
Além das nações
A brasileira voz
Que se emociona
Que acredita e fala e vive o humano
Amor
(Milton Nascimento & Fernando Brant - "Quem Perguntou Por Mim")
Vicente Deocleciano Moreira
A palavra METRO (sem acento circunflexo) aparece no título deste texto como referência e reverência ao original grego μέτρον (metron) que, no geral em português, significa MEDIDA. O título foi inspirado na frase atribuída a Jesus Cristo: “O pai que ama seu filho não lhe poupa a vara”. Lida 'ao pé da letra' (que 'mata') e não ao 'pé do espírito' (que 'vivifica'.), e pensada longe da informação histórica (que liberta da ignorâncioa e do preconceito), a palavra VARA é interpretada, comumente: como chicote, "cipó caboclo", vara de bater, tanger ou ameaçar animais e filhos desobedientes … uma interpretação que pode criar problemas nestes tempos brasileiros em que é proibido (por lei) pais, mães e (ir)reponsáveis espancar os filhos.
Na frase de autoria atribuída a Jesus Cristo, VARA – na verdade – é um tipo de medida dos tempos bíblicos que antecedeu, em milênios, o metro. Mas, apesar da ancianidade, em muitos rincões deste mundo vasto mundo ainda é usada (como outrora) para medir tecidos, terrenos ... distâncias em geral. Bem longe de pregar o espancamento dos filhos, a frase cristiana aconselha que os pais não abdiquem de impor limites (VARAS) aos seus filhos. Nada mais contemporâneo que este conselho de mais de dois mil anos de idade e de verdade.
METRÔ é o transporte de massa realizado através de vagões que em geral trafegam debaixo do solo das cidades, embora possa percorrer alternadamente trechos a céu aberto; ou mesmo percorrê-los integralmente – o chamado “metrô de superfície”. A palavra METRÔ, de origem francesa, é a expressão reduzida de CHÉMIN DE FER MÉTROPOLITAIN (Estrada de Ferro Metropolitana), e tem largo uso em diversos países mesmo naqueles em que este tipo de transporte é chamado SUBWAY, UNDERGROUND, U-BAHN ou T-BANA.
No Brasil, a maior rede é a do Metrô de São Paulo com 65,9 km . Até final de 2010, mantido o projeto de expansão e adicionado às obras de integração com a rede da CPTM, deverá ter alcançar extensão total de 240 km. Mais de duas vzes a distância São Paulo-Campinas, Salvador-Feira de Santana.
O METRO URBANO DO METRÔ significa as limitações, as varas, os metros, as medidas que gestrores, técnicos e cidadãos devem exercer sobre o Metrô.
O título O METRO URBANO DO METRÔ, por outro ou pelo mesmo lado, quer sugerir que o gestor urbano (prefeito, secretários) que ama sua “filha” (a cidade) não lhe deve poupar a VARA (o METRO). Também não deve poupar o METRO ao Metrô, o 'filho' da cidade.
A gestão municipal de uma cidade precisa – hoje mais que ontem – impor limites às políticas públicas fantasiosas e eleitoreiras que defendem o Metrô com única (ou mais ‘moderna’, a mais "chique" ou "chic"?) alternativa para a expansão do transporte de massa.
Ao menos é esta a lição - uma das lições melhor dizendo - que a entrevista de Jaime Lerner (ver as duas últimas postagens deste Blog) oferece ao Estado (municipal, estadual, federal) e seus gestores e técnicos e à sociedade civil.
Para o senso comum dos cidadãos, mas também para o senso científico, político e administrativo de prefeitos e técnicos, o Metrô é o recurso mais moderno (mais "chique" ou "chic"?) e de maior resolutividade para os crescentes problemas de mobilidade e transporte de massa nas grandes cidades em todo o Mundo: "Oropa, França e Bahia".
Mesmo sendo um "senhor" centenário no Mundo, et pour cause (não sem razão, com toda a razão)com as belíssimas salas de espera do Metrô de Moscou, o velho Metrô prossegue alimentando as fantasias de modernidades de quem mora e administra cidades. Todos parecem esquecer que o uso da superfície traz custos e tempo de obra bem menores que cavar, trilhar e energizar subsolos e subsolos. Lerner defende a superfície integrada aos sistemas e nos faz enxergar a cristalinidade de um fato: pela superfície pode ser transportada a mesma quantidade de pessoas que são conduzíveis pelo subsolo.
Nosso urbanista na ONU, critica a expectativa, a quimera, de uma rede “completa” de Metrô seja no Rio, São Paulo ou Salvador. Diríamos, do lugar em que discursa este Blog, que os trilhos do Metrô crescem em progressão aritmética e a cidade, seu solo, população, problemas, demandas de serviços e de políticas públicas se expandem e se agravam em progressão geométrica. O Metrô não tem condições de correr e alcançar e satisfazer – completamente – toda a cidade, qualquer que seja a cidade.
Londres tem o Metrô mais antigo do Mundo, mas hoje está trazendo problemas para os usuários. Porém, segundo Lerner, Paris tem o melhor Metrô do Mundo graças ao seu conhecido e eficiente sistema de integrações.
"Pegue em Paris, o melhor metrô do mundo. Se você tiver que pegar a estação Montparnasse, Châtelet ou République, você fica andando 20 minutos embaixo da terra. Quando você contar o tempo de grande circulação, tá bom, na superfície é mais lento. Mas, em compensação, as integrações são feitas em questão de segundos. Acredito seriamente que é possível metronizar a superfície. Tenho discutido isso em algumas cidades do mundo. A tendência é os metrôs andarem mais rápido, cortarem estações... "
(entrevista a Terra Magazine)
Ao defender a, por assim dizer “redescoberta” da superfície, Lerner cita o seguinte exemplo:
"… em relação à mobilidade existem hoje, no mundo, 83 cidades que estão usando sistema de transporte de superfície. São cidades grandes, como Seul, Cidade do México, Bogotá, Los Angeles. Eles estão implantando o BRT (Bus Rapid Transit), de Curitiba". (
entrevista a Terra Magazine)
(Amanhã, sexta-feira, prossegue O METRO URBANO DO METRÔ)
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário