domingo, 25 de setembro de 2011

TEMPOESIA NAS CIDADES - OLAVO BILAC

TEMPOESIA NAS CIDADES  
POSTAGENS  DE POESIAS QUE EXIBAM  ALGUM DESTAQUE À  CIDADE

VILA RICA

OLAVO BILAC
O ouro fulvo do ocaso as velhas casas cobre;
Sangram, em laivos de ouro, as minas, que a ambição
Na torturada entranha abriu da terra nobre
E cada cicatriz brilha como um brasão.
                     O ângelus plange ao longe em doloroso dobre.
                     O último ouro do sol morre na cerração.
                     E, austero, amortalhando a urbe gloriosa e pobre,
                      O crepúsculo cai como uma extrema-unção.
Agora, para além do cerro, o céu parece
Feito de um ouro ancião que o tempo enegreceu...
A neblina, roçando o chão, cicia, em prece,
                     Como uma procissão espectral que se move...
                     Dobra o sino... Soluça um verso de Dirceu...
                     Sobre a triste Ouro Preto o ouro dos astros chove.

Nenhum comentário:

Postar um comentário