OLÁ! EU, VICENTE, ESTOU DE VOLTA.
Depois de alguns dias de férias natalinas, eis-me aqui de volta ao nosso Blog.
Obrigado pela confiança de sempre,
Vicente
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
SOMOS TODOS IGUAIS NESSA NOITE DE 31 DE DEZ P/ 1º DE JAN
Somos todos iguais nesta noite
Na frieza de um riso pintado
Na certeza de um sonho acabado
É o circo de novo...
Nós vivemos debaixo do pano
Entre espadas e rodas de fogo
Entre luzes e a dança das cores
Onde estão os atores..
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Vamos dançar mais uma vez...
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Vamos entrar mais uma vez...
Somos todos iguais nesta noite
Pelo ensaio diário de um drama
Pelo medo da chuva e da lama
É o circo de novo...
Nós vivemos debaixo do pano
Pelo truque malfeito dos magos
Pelo chicote dos domadores
E o rufar dos tambores...
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado...
Vamos dançar mais uma vez...
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado...
Vamos entrar mais uma vez...
Vicente Deocleciano Moreira
SOMOS TODOS IGUAIS NESSA NOITE DE 31 DE DEZEMBRO/2010 PARA 1º DE JANEIRO/2011 não só pela razões liricamente apontadas pela letra de Ivan Lins mas porque, também, cidades com tamanho variando entre São Paul,. Rio de Janeiro e... a menor cidade, o menor povoado, do Brasil estarão ritualisticamente co-memorando (lembrando coletivamente) a chegada do Ano Novo, o começo de 2011 - o primeiro ano da segunda sécada do século XXI.
Do ponto de vista antropológico, estas comemorações, Norte a Sul do Brasil, Norte a Sul do Mundo, marcam a reinvenção, a recriação do Mundo, do Universo (seja na mitologia bíblica do Velho Testamento, ou em qualquer outra mitologia de qualquer outra cultura). Colocamo-nos, urbe et orbe, do lugar de Deus, dos deuses, dos fundadores do Universo, da nossa humanidade.
No exemplo da mitologia bíblica, tudo começa com a escuridão, com as "trevas que cobriam a face do Mundo" (Gênesis), isto é com o ano de 2010 (que também já foi luz faz um ano!), com o Ano Velho. Deus disse, então, "Faça-se a Luz!" - e a Luz foi feta ... e tudo começou desde aí. Humanos de todas as cidades e de todos os campos, urbe et orbe, "em Roma e fora de Roma", imitando Deus nos vestiremos, nesta noite, de branco (a Luz) e soltaremos fogos (Luz!) - dos mais simples aos mais sofisticados tecnologica e visualmente.
"Sei que nada será como antes, amanhã"; vale dizer, nossa imitação de Deus, nosso querer ocupar o lugar do "Pai", de Deus - e já o sabemos impossível salvo no quadrante simbólico - será diferente do episódio de Babel, da Torre de Babel, pois alí já exibíamos no nosso invejável currículo, o feito/o fato de que já tínhamos construído mil e uma coisas, inclusive a cidade. E, ainda assim, a lógica do Desejo nos deixava mais e mais faltosos e mais e mais carentes de mais e mais coisas a conhecer e a fzer.
Fiquemos tranquilos, sejamos alegres, comamos, bebamos hedonísticamente, incendiemos os céus como Neros hipertresloucados, façamos barulho ... afinal Deus não criou o Mundo sob silêncio ou em silêncio. Ele alardeou ruidosamente, a Deus e ao Mundo, a sua obra de arte. Esse barulho foi uma Grande Explosão? Terá sido um Big Bang? Pessoalmente, eu aposto que SIM.
Daí que, humanos, somos todos iguais a Deus, aos Deuses, nesta noite de hoje - 31 de dezembro de 2010.
Em 31 de dezembro de 2011 ... eis "o circo de novo" ... é o mito do eterno retorno ...
FelizCIDADES em 2011 !!!
Vicente
vicentedeocleciano@yahoo.com.br
Na frieza de um riso pintado
Na certeza de um sonho acabado
É o circo de novo...
Nós vivemos debaixo do pano
Entre espadas e rodas de fogo
Entre luzes e a dança das cores
Onde estão os atores..
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Vamos dançar mais uma vez...
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Vamos entrar mais uma vez...
Somos todos iguais nesta noite
Pelo ensaio diário de um drama
Pelo medo da chuva e da lama
É o circo de novo...
Nós vivemos debaixo do pano
Pelo truque malfeito dos magos
Pelo chicote dos domadores
E o rufar dos tambores...
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado...
Vamos dançar mais uma vez...
Pede a banda
Prá tocar um dobrado
Olha nós outra vez no picadeiro
Pede a banda
Prá tocar um dobrado...
Vamos entrar mais uma vez...
Vicente Deocleciano Moreira
SOMOS TODOS IGUAIS NESSA NOITE DE 31 DE DEZEMBRO/2010 PARA 1º DE JANEIRO/2011 não só pela razões liricamente apontadas pela letra de Ivan Lins mas porque, também, cidades com tamanho variando entre São Paul,. Rio de Janeiro e... a menor cidade, o menor povoado, do Brasil estarão ritualisticamente co-memorando (lembrando coletivamente) a chegada do Ano Novo, o começo de 2011 - o primeiro ano da segunda sécada do século XXI.
Do ponto de vista antropológico, estas comemorações, Norte a Sul do Brasil, Norte a Sul do Mundo, marcam a reinvenção, a recriação do Mundo, do Universo (seja na mitologia bíblica do Velho Testamento, ou em qualquer outra mitologia de qualquer outra cultura). Colocamo-nos, urbe et orbe, do lugar de Deus, dos deuses, dos fundadores do Universo, da nossa humanidade.
No exemplo da mitologia bíblica, tudo começa com a escuridão, com as "trevas que cobriam a face do Mundo" (Gênesis), isto é com o ano de 2010 (que também já foi luz faz um ano!), com o Ano Velho. Deus disse, então, "Faça-se a Luz!" - e a Luz foi feta ... e tudo começou desde aí. Humanos de todas as cidades e de todos os campos, urbe et orbe, "em Roma e fora de Roma", imitando Deus nos vestiremos, nesta noite, de branco (a Luz) e soltaremos fogos (Luz!) - dos mais simples aos mais sofisticados tecnologica e visualmente.
"Sei que nada será como antes, amanhã"; vale dizer, nossa imitação de Deus, nosso querer ocupar o lugar do "Pai", de Deus - e já o sabemos impossível salvo no quadrante simbólico - será diferente do episódio de Babel, da Torre de Babel, pois alí já exibíamos no nosso invejável currículo, o feito/o fato de que já tínhamos construído mil e uma coisas, inclusive a cidade. E, ainda assim, a lógica do Desejo nos deixava mais e mais faltosos e mais e mais carentes de mais e mais coisas a conhecer e a fzer.
Fiquemos tranquilos, sejamos alegres, comamos, bebamos hedonísticamente, incendiemos os céus como Neros hipertresloucados, façamos barulho ... afinal Deus não criou o Mundo sob silêncio ou em silêncio. Ele alardeou ruidosamente, a Deus e ao Mundo, a sua obra de arte. Esse barulho foi uma Grande Explosão? Terá sido um Big Bang? Pessoalmente, eu aposto que SIM.
Daí que, humanos, somos todos iguais a Deus, aos Deuses, nesta noite de hoje - 31 de dezembro de 2010.
Em 31 de dezembro de 2011 ... eis "o circo de novo" ... é o mito do eterno retorno ...
FelizCIDADES em 2011 !!!
Vicente
vicentedeocleciano@yahoo.com.br
quinta-feira, 30 de dezembro de 2010
AO SUBÚRBIO COM CARINHO / GAROTO, CHICO, VINICIUS ...
GENTE HUMILDE
Composição: Garoto, Chico Buarque e Vinicius de Moraes
Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece
Que acontece de repente
Como um desejo de eu viver
Sem me notar
Igual a tudo
Quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem
Vindo de trem de algum lugar
E aí me dá
Como uma inveja dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar
São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada
Escrito em cima que é um lar
Pela varanda
Flores tristes e baldias
Como a alegria
Que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar
Composição: Garoto, Chico Buarque e Vinicius de Moraes
Tem certos dias
Em que eu penso em minha gente
E sinto assim
Todo o meu peito se apertar
Porque parece
Que acontece de repente
Como um desejo de eu viver
Sem me notar
Igual a tudo
Quando eu passo no subúrbio
Eu muito bem
Vindo de trem de algum lugar
E aí me dá
Como uma inveja dessa gente
Que vai em frente
Sem nem ter com quem contar
São casas simples
Com cadeiras na calçada
E na fachada
Escrito em cima que é um lar
Pela varanda
Flores tristes e baldias
Como a alegria
Que não tem onde encostar
E aí me dá uma tristeza
No meu peito
Feito um despeito
De eu não ter como lutar
E eu que não creio
Peço a Deus por minha gente
É gente humilde
Que vontade de chorar
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (8 - FINAL)
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (8 - FINAL)
Pathosurbi
Cidades sustentáveis ... sustentabilidade ... é o que mais se ouve falar e se lê hoje em dia. Estamos beirando o ad nauseum. Mas parece que, ao menos no Brasil e mesmo em exemplos brasileiros mais avançados, a prática urbana está longe desse discurso e ele ainda ecoa como se fora um sonho. Vejam que nos Estados Unidos o modelo de condomínio está superado, faz tempo; lá foge-se dele como o diabo foge da cruz ... antes de tudo porque ele é INSUSTENTÁVEL. Esse termo (INSUSTENTÁVEL) pode ser lido de vários modos ... do jargão técnico ao senso comum da sinonímia elementar como aquilo que não se sustenta.. Não se sustenta em que sentido? Em TODOS os sentidos.
No Brasil, do Oiapoque ao Chuí, andando para trás cidades continuam plantando recursos financeiros nababescos em condomínios horizontais e verticais. Gente vendendo falsa segurança, gente comprando essa segurança como se verdadeira fosse. Gente vendendo falsa liberdade, gente comprando essa liberdade como se verdadeira fosse.
Gente construindo, autorizando, se alegrando e apoiando/autorizando esses condomínios em nome da cidade planejada. Pura desatualização. Gente confundindo a ideia superada da cidade planejada com a URGÊNCIA do planejamento urbano. Muita confusão.
A cidade planejada é um momento cabível no Brasil 50 anos atrás. Estamos andando para trás e, pior, com meio século de atraso ... a ponto de tentarmos resolver (ingenuidade?) na individualidade do condomínio um problema de economia urbana que é coletivo.
A gestão urbana de cidades de países desenvolvidos - velhos ricos que são -está voltando os olhos para as áreas degradadas e os vazios urbanos do velho centro antigo. Cidades brasileiras parecem fugir desse centro e dos demais centros referenciais e de racionalidade urbano-financeira.
E viva o 'novo'!!!
(Cidade Medieval - Montpellier - França)
Há cidades brasileiras em que - pleno século XXI d.C - os condomínios verticais são, na verdade, altas muralhas de espigões próximas uma das outras. Refavelas chiques? Não duvido mas, muralhas por muralhas, prefiro as de Montpellier.
Brasileiros, queremos reiventar na alegria solar dos condomínios (piscinas, academias de ginástica, escolas, shoppings, churrasqueiras, parques infantis, saunas ...) as cidades medievais com seus portões e seus muros; ah, e seus soldados armados e sisudos a passear pelo cimo dos muros. Transporte urbano - esse competente desenhista de territórios - hospitais, escolas e serviços coletivos em geral sobrevivem e, pacientes, esperam extra-muros da cidade-fortaleza. Esperam pelos gentís e alegres condôminos,quando desejarem sair de suas cidades-fortalezas de armadura, escudo e capa; e também de espada em riste, caso tenham porte legal de arma. O automóvel é também uma boa espada ... com ela atacamos, com ela somos às vezes defensivos, com ela ferimos, inutilizamos e matamos; somos feridos, inutilizados e mortos.
O que está acontecendo com nossas cidades?
Pathosurbi
Cidades sustentáveis ... sustentabilidade ... é o que mais se ouve falar e se lê hoje em dia. Estamos beirando o ad nauseum. Mas parece que, ao menos no Brasil e mesmo em exemplos brasileiros mais avançados, a prática urbana está longe desse discurso e ele ainda ecoa como se fora um sonho. Vejam que nos Estados Unidos o modelo de condomínio está superado, faz tempo; lá foge-se dele como o diabo foge da cruz ... antes de tudo porque ele é INSUSTENTÁVEL. Esse termo (INSUSTENTÁVEL) pode ser lido de vários modos ... do jargão técnico ao senso comum da sinonímia elementar como aquilo que não se sustenta.. Não se sustenta em que sentido? Em TODOS os sentidos.
No Brasil, do Oiapoque ao Chuí, andando para trás cidades continuam plantando recursos financeiros nababescos em condomínios horizontais e verticais. Gente vendendo falsa segurança, gente comprando essa segurança como se verdadeira fosse. Gente vendendo falsa liberdade, gente comprando essa liberdade como se verdadeira fosse.
Gente construindo, autorizando, se alegrando e apoiando/autorizando esses condomínios em nome da cidade planejada. Pura desatualização. Gente confundindo a ideia superada da cidade planejada com a URGÊNCIA do planejamento urbano. Muita confusão.
A cidade planejada é um momento cabível no Brasil 50 anos atrás. Estamos andando para trás e, pior, com meio século de atraso ... a ponto de tentarmos resolver (ingenuidade?) na individualidade do condomínio um problema de economia urbana que é coletivo.
A gestão urbana de cidades de países desenvolvidos - velhos ricos que são -está voltando os olhos para as áreas degradadas e os vazios urbanos do velho centro antigo. Cidades brasileiras parecem fugir desse centro e dos demais centros referenciais e de racionalidade urbano-financeira.
E viva o 'novo'!!!
(Cidade Medieval - Montpellier - França)
Há cidades brasileiras em que - pleno século XXI d.C - os condomínios verticais são, na verdade, altas muralhas de espigões próximas uma das outras. Refavelas chiques? Não duvido mas, muralhas por muralhas, prefiro as de Montpellier.
Brasileiros, queremos reiventar na alegria solar dos condomínios (piscinas, academias de ginástica, escolas, shoppings, churrasqueiras, parques infantis, saunas ...) as cidades medievais com seus portões e seus muros; ah, e seus soldados armados e sisudos a passear pelo cimo dos muros. Transporte urbano - esse competente desenhista de territórios - hospitais, escolas e serviços coletivos em geral sobrevivem e, pacientes, esperam extra-muros da cidade-fortaleza. Esperam pelos gentís e alegres condôminos,quando desejarem sair de suas cidades-fortalezas de armadura, escudo e capa; e também de espada em riste, caso tenham porte legal de arma. O automóvel é também uma boa espada ... com ela atacamos, com ela somos às vezes defensivos, com ela ferimos, inutilizamos e matamos; somos feridos, inutilizados e mortos.
O que está acontecendo com nossas cidades?
quarta-feira, 29 de dezembro de 2010
FCCV - LÂMPADAS DA INCIVILIDADE - 29/12/2010
FCCV - Forum Comunitário de Combate à Violência (Salvador - Bahia - Brasil)Leitura de fatos violentos publicados na mídiaAno 10, nº 45, 29/12/10 | |
LÂMPADAS DA INCIVILIDADE |
De quem é a rua? E o corpo de cada pessoa que por ela passa, de quem é?
Essas perguntas parecem sair de um baú improvável que talvez restasse naquele sótão da antiga casa dos velhos tempos. Em meio ao pó e às teias de aranha quem sabe restam cadernos antigos e, em suas páginas, quiçá, perguntas como estas sirvam de lentes para fotografias daquele tempo dos donos da rua e dos corpos alheios.
Agora é tempo de rua pública e é quando cada pessoa possui o seu próprio corpo tal como a sua vida e sua intimidade. As vias públicas são ocupadas por estes corpos que com suas existências emprestam movimento a cada hora do tempo em sua grandeza civil. Durante os dias um jeito se incorpora, dando pressa ao caminhante em suas linhas tão retas quanto possível, de tal modo que são poucos os que desenham em seus rastros oscilações ou vaivens espontâneos e dissonantes. Uma onda humana caminha para chegar e não para caminhar.
Nas noites, mesmo neste nosso tempo de tanto medo, há muitos jovens que fazem do verbo sair um afazer. E muitos deles dão conta deste costume a pé e em pequenos grupos. Caminham pelas cidades como forma de diversão e ali se encontram, papeiam e festejam em anonimato. A rua é deles, como de todos e esse é o trato oficial que marca, nas juras cívicas de nossa atualidade, o direito de ir e vir.
Em muitas das ruas atuais das grandes cidades há um sofisticado esquema de vigilância através do qual o movimento dos pedestres e dos motorizados fica registrado. O olho eletrônico é sensível aos abalos sutis de quem por ele é magnetizado. São células que acompanham os passantes e dos seus atos podem fazer faróis sobre inquéritos policiais.
De repente, três jovens são espancados quando caminhavam, à noite, pela Avenida Paulista no dia 14 de novembro de 2010. Eles voltavam da balada quando quatro adolescentes e um jovem de 19 anos os surpreenderam com agressões, um deles os atacou com dois bastões de lâmpadas fluorescentes. Uma testemunha viu a agressão e chamou a polícia.
Identificados, os autores dos ataques são jovens de classe média que explicaram os seus atos como revides às provocações de homossexuais que os agrediram. Familiares dos acusados e o advogado apelaram para um redimensionamento do caso que, para a mãe de um deles “tudo não passou de uma briga boba”. Pela versão dos agressores, as vítimas atiraram a primeira pedra (“eles mexeram com a gente”) e, assim, os seus ataques podem tomar o lugar da legítima defesa e, quem sabe, a culpa possa ser descarregada contra os feridos. Essa inversão de papéis, entretanto, não se sustenta diante das imagens do olho eletrônico que vigia o dia e a noite daquele pedaço da Paulista.
As imagens mostram os garotos agredindo gratuitamente os três rapazes. Os bastões fluorescentes “iluminam” os atos e seus responsáveis e, juntamente com as outras provas dos ataques imotivados, devolvem aos originais acusados o fardo da suspeição, deixando vazios os argumentos da defesa.
A sociedade que se aparelha para registrar flagrantes muitas vezes se vê, como agora, flagrada com as suas próprias técnicas de vigiar o alheio na sanha de deter um temeroso e medonho invasor. Nestas horas, as cenas mostram que as coisas que se imaginam superadas e perdidas em sótãos embolorados vigem em plena luz dos postes e deles tiram um sustento inusitado. As suas lâmpadas viram armas nas mãos dos donos da rua, caçadores da liberdade daqueles corpos que cismam em transitar pelos seus itinerários.
Depois de flagrados os “donos da via pública” não conseguem conceber que o jogo continua. Querem a incolumidade que não “concederam” aos seus agredidos. É justamente o que eles não dão que agora mais querem: passar em brancas nuvens. E é por isso o apelo obstinado: foi tudo uma brincadeira de adolescentes!
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (7)
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (7)
Pathosurbi
Esta é a penúltima postagem da série O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? e pensamos que vale à pena retomar a questão do crescimento negativo de muitas cidades em todo Mundo, neste final de década (a primeira) do século XXI; até mesmo pelo inusitado do problema, na medida em que dificilmente alguém, há 15/20 anos atrás, apostaria num tempo em que as cidades 'encolheriam' demograficamente - ou que tivesssem crescimento pouco expressivo, ainda que já estivessem bastante amplos (como aliás já estavam, então) os horizontes do controle/planejamento da natalidade
Vejamos alguns exemplos: Praga (capital da República Tcheca) viu sua população diminuída em 0,07%; Querétaro, cidade em que a população mais cresceu no México, a taxa populacional entre 2005 e 2010 foi de apenas 2,5%.
Nos últimos cinco anos, em Florianópolis, cidade em que a população mais cresceu no Brasil, a taxa não ultrapassou 4%; Rio de Janeiro cidade em que, nesse mesmo período, a população menos cresceu no Brasil a taxa foi de 1,19%.
Há que se considerar, porém, que o fato de uma população 'encolher' ou crescer em números pouco expressivos, não significa desaceração ou retração do crescimento físico da reespectiva cidade. Mas isso traz problemas:
a) a criação de vazios urbanos 'preenchidos' por áreas fisica e, ato continuo, socialmente degradadas;
b) o avanço vertiginoso de condomínios (horizontais e verticais) às custas da destruição das poucas áreas de matas existentes na cidade;
c) a expansão física, através de condomínios horizontais e verticais, e também através do processo de favelização amplifica as distâncias entre áreas centrais e áreas periféricas ricas, médias ou da classe pobre. Tal ampliação causa constrangimento à mobilidade (ônibus coletivo, automóveis particulares ...) agravando o quadro geral do transporte urbano e exigindo uma superdisponibilização de serviços (água potável, energia elétrica, saneamento básico em geral, coleta de lixo, assistência à saúde e à educação, lazer, etc.) quem nem sempre a cidade tem condições de se reorganizar e oferecer, de imediato; também nem sempre a cidade pode satisfazer, a curto e médio prazos, demandas tão imprevistas quanto vigorosas.
Pathosurbi
Esta é a penúltima postagem da série O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? e pensamos que vale à pena retomar a questão do crescimento negativo de muitas cidades em todo Mundo, neste final de década (a primeira) do século XXI; até mesmo pelo inusitado do problema, na medida em que dificilmente alguém, há 15/20 anos atrás, apostaria num tempo em que as cidades 'encolheriam' demograficamente - ou que tivesssem crescimento pouco expressivo, ainda que já estivessem bastante amplos (como aliás já estavam, então) os horizontes do controle/planejamento da natalidade
Vejamos alguns exemplos: Praga (capital da República Tcheca) viu sua população diminuída em 0,07%; Querétaro, cidade em que a população mais cresceu no México, a taxa populacional entre 2005 e 2010 foi de apenas 2,5%.
Nos últimos cinco anos, em Florianópolis, cidade em que a população mais cresceu no Brasil, a taxa não ultrapassou 4%; Rio de Janeiro cidade em que, nesse mesmo período, a população menos cresceu no Brasil a taxa foi de 1,19%.
Há que se considerar, porém, que o fato de uma população 'encolher' ou crescer em números pouco expressivos, não significa desaceração ou retração do crescimento físico da reespectiva cidade. Mas isso traz problemas:
a) a criação de vazios urbanos 'preenchidos' por áreas fisica e, ato continuo, socialmente degradadas;
b) o avanço vertiginoso de condomínios (horizontais e verticais) às custas da destruição das poucas áreas de matas existentes na cidade;
c) a expansão física, através de condomínios horizontais e verticais, e também através do processo de favelização amplifica as distâncias entre áreas centrais e áreas periféricas ricas, médias ou da classe pobre. Tal ampliação causa constrangimento à mobilidade (ônibus coletivo, automóveis particulares ...) agravando o quadro geral do transporte urbano e exigindo uma superdisponibilização de serviços (água potável, energia elétrica, saneamento básico em geral, coleta de lixo, assistência à saúde e à educação, lazer, etc.) quem nem sempre a cidade tem condições de se reorganizar e oferecer, de imediato; também nem sempre a cidade pode satisfazer, a curto e médio prazos, demandas tão imprevistas quanto vigorosas.
terça-feira, 28 de dezembro de 2010
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (6)
QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (6)
Pathosurbi
Penso que transformamos nossas cidades em um laboratório onde conseguimos fabricar, como no romance de Mary Shelley, nosso Frankstein. Isto é, construímos uma criatura medonha que se voltou contra nós e nos ameaçou a integridade e a vida. Esse 'Frankstein' se chama automóvel e a ele estamos subordinados.
Não queremos falar, agora, sobre engarrafamentos/congestionamentos, dificuldade de estacionar, poluição auditiva e ambiental ou sobre o sistema de rodízio de placas veiculares. Interessa-nos, de pronto, falar sobre as lombadas (ou, com alguns chamam 'quebra-molas') que fazem os veículos reduzirem a velocidade ... mas agravam a poluição nos grandes centros urbanos.
Lombadas físicas (não eletrônicas)contribuem para a duplicação da emissão de CO2. Afinal, a cada lombada o motorista - salvo se estiver desatento - terá que reduzir para a segunda marcha ... e isto aumentará o quantitativo de Gás Carbônico (CO2) circulando pelo ambiente urbano.
Se, de um lado, as lombadas ajudam a reduzir a velocidade dos veículos e assim evitar ou diminuir os atropelamentos de crianças e adultos, de outro dobra a emissão de CO2. Ao tentar reduzir a velocidade, através de obstáculos físicos mantemos a ênfase do automóvel e a nossa submissão a ele, ainda que tais obstáculos sejam construídos próximo a escolas ou em vias públicas que atravessam bairros residenciais.
Especialmente grave é quando as lombadas são construídas por livre vontade de moradores e não pelo órgão de trânsito que é a quem, legalmente, cabe fazê-lo e assim mesmo dentro das normas técnicas: menos de 10 centímetros de altura, menos de 1,5 metros de comprimento, em pistas com velocidade máxima acima de 30 Km e em rua que passem ônibus em subida ou em curvas.
Pathosurbi
Penso que transformamos nossas cidades em um laboratório onde conseguimos fabricar, como no romance de Mary Shelley, nosso Frankstein. Isto é, construímos uma criatura medonha que se voltou contra nós e nos ameaçou a integridade e a vida. Esse 'Frankstein' se chama automóvel e a ele estamos subordinados.
Não queremos falar, agora, sobre engarrafamentos/congestionamentos, dificuldade de estacionar, poluição auditiva e ambiental ou sobre o sistema de rodízio de placas veiculares. Interessa-nos, de pronto, falar sobre as lombadas (ou, com alguns chamam 'quebra-molas') que fazem os veículos reduzirem a velocidade ... mas agravam a poluição nos grandes centros urbanos.
Lombadas físicas (não eletrônicas)contribuem para a duplicação da emissão de CO2. Afinal, a cada lombada o motorista - salvo se estiver desatento - terá que reduzir para a segunda marcha ... e isto aumentará o quantitativo de Gás Carbônico (CO2) circulando pelo ambiente urbano.
Se, de um lado, as lombadas ajudam a reduzir a velocidade dos veículos e assim evitar ou diminuir os atropelamentos de crianças e adultos, de outro dobra a emissão de CO2. Ao tentar reduzir a velocidade, através de obstáculos físicos mantemos a ênfase do automóvel e a nossa submissão a ele, ainda que tais obstáculos sejam construídos próximo a escolas ou em vias públicas que atravessam bairros residenciais.
Especialmente grave é quando as lombadas são construídas por livre vontade de moradores e não pelo órgão de trânsito que é a quem, legalmente, cabe fazê-lo e assim mesmo dentro das normas técnicas: menos de 10 centímetros de altura, menos de 1,5 metros de comprimento, em pistas com velocidade máxima acima de 30 Km e em rua que passem ônibus em subida ou em curvas.
segunda-feira, 27 de dezembro de 2010
SKAPINKER - O DIÁLOGO CONTINUARÁ SENDO EM INGLÊS
O DIÁLOGO CONTINUARÁ SENDO EM INGLÊS
MICHAEL SKAPINKER
[publ. no jornal Folha de São Paulo. São Paulo - Brasil, 25 de dezembro de 2010, p. B6]
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Embora a China compre grande parte dos recursos mundiais, os negócios não serão feitos em mandarim
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NÃO IMPORTA que incertezas os Estados Unidos e o Reino Unido estejam enfrentando, seu idioma ainda domina o mundo. Nenhum cientista avança em sua carreira se não publicar em inglês. Quando alemães negociam com brasileiros ou franceses negociam com angolanos, é provável que o façam em inglês.
O banco de investimento Goldman Sachs previu que a economia chinesa poderá superar a dos Estados Unidos por volta de 2027. No entanto, longe de insistir em que o mundo domine seu idioma, os chineses estão aprendendo inglês, o que eleva a população anglófona do planeta em 20 milhões de pessoas por ano, segundo estimativas.
Como os impérios, porém, todos os idiomas dominantes tendem a perder essa posição. Nenhum deles se difundiu pelo planeta tanto como o inglês, mas alguns tiveram uso bastante amplo. No passado, a elite europeia escrevia em latim. No ano 100, uma pessoa que falasse grego poderia viajar da Espanha ao Hindu Kush e encontraria pelo caminho outras pessoas que falavam seu idioma, escreve Nicholas Ostler no livro "The Last Lingua Franca".
Em seu estudo estimulante e erudito, Ostler acompanha a ascensão e a queda dos idiomas e pergunta: quando o domínio do inglês chegará ao fim? Sua ascensão começou quando o Império Britânico levou à formação de comunidades anglófonas em todo o mundo. Os Estados Unidos expandiram o alcance do idioma por meio de seu poderio econômico e militar, de suas universidades mundialmente renomadas e de sua posição dominante na tecnologia e no entretenimento popular.
Será que o inglês conseguirá sobreviver em todo o mundo caso haja um eclipse do domínio econômico e militar dos EUA? Suspeito que o inglês será a língua franca do planeta pelo menos pelo período de vida das pessoas que estejam lendo este texto. Caso o inglês venha a ter um sucessor como idioma mundial, milhões de alunos teriam de começar a estudar esse novo idioma, da mesma forma que hoje aprendem inglês.
Ostler argumenta, porém, que existem casos de línguas francas que desaparecem em apenas algumas décadas. O mais notável exemplo é o colapso do alemão como idioma científico mundial. Em 1910, mais trabalhos científicos eram publicados em alemão do que em inglês. Na metade do século passado, a posição da Alemanha havia desabado. Não foi apenas por conta da derrota nas duas guerras mundiais.
Quando os nazistas tomaram o poder, demitiram um terço dos professores da Alemanha -a maioria dos quais judeus. A emigração de muitos deles -especialmente para os Estados Unidos, o Reino Unido e a Palestina, então sob mandato britânico- garantiu a primazia do inglês como idioma da ciência.
O latim durou muito mais como linguagem transnacional: dois milênios. Continuava em uso para fins de administração civil em certas regiões da Europa até o século 19.
O inglês sobreviverá por tempo comparavelmente longo? Ostler diz que sua popularidade é bastante superficial. Do cerca de 1,1 bilhão de falantes do idioma, 71% têm o inglês como segundo idioma. Apesar de toda a sua popularidade, o inglês não está se tornando o primeiro idioma de muito mais gente.
A decisão de aprender uma língua franca é pragmática. Caso a necessidade mude, a escolha de idioma também mudará. Dado o comércio direto cada vez mais intenso entre as economias emergentes, elas terminarão por se perguntar por que estão conversando em um idioma que não é o delas. Já que a China compra parcela tão grande dos recursos naturais mundiais, por que seus fornecedores não negociam com os compradores chineses em mandarim? Como diz o ditado, quem compra o faz no seu idioma, e quem vende o faz no do comprador.
Ostler diz que, embora o mandarim esteja sendo mais usado no comércio entre a China e a África, não há registro de que um idioma se tenha tornado língua franca sem que primeiro fosse a língua de um império. Assim, ele oferece uma proposição mais radical: a de que o inglês será a última das línguas francas.
A fala é a essência da interação humana, e a conversação é a raiz das negociações empresariais. Não sabemos o que o novo ano nos trará, mas creio que não incluirá muitas provas do declínio do inglês.
________________________________________
MICHAEL SKAPINKER é editor-assistente e colunista do "Financial Times".
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Tradução de PAULO MIGLIACCI
MICHAEL SKAPINKER
[publ. no jornal Folha de São Paulo. São Paulo - Brasil, 25 de dezembro de 2010, p. B6]
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Embora a China compre grande parte dos recursos mundiais, os negócios não serão feitos em mandarim
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NÃO IMPORTA que incertezas os Estados Unidos e o Reino Unido estejam enfrentando, seu idioma ainda domina o mundo. Nenhum cientista avança em sua carreira se não publicar em inglês. Quando alemães negociam com brasileiros ou franceses negociam com angolanos, é provável que o façam em inglês.
O banco de investimento Goldman Sachs previu que a economia chinesa poderá superar a dos Estados Unidos por volta de 2027. No entanto, longe de insistir em que o mundo domine seu idioma, os chineses estão aprendendo inglês, o que eleva a população anglófona do planeta em 20 milhões de pessoas por ano, segundo estimativas.
Como os impérios, porém, todos os idiomas dominantes tendem a perder essa posição. Nenhum deles se difundiu pelo planeta tanto como o inglês, mas alguns tiveram uso bastante amplo. No passado, a elite europeia escrevia em latim. No ano 100, uma pessoa que falasse grego poderia viajar da Espanha ao Hindu Kush e encontraria pelo caminho outras pessoas que falavam seu idioma, escreve Nicholas Ostler no livro "The Last Lingua Franca".
Em seu estudo estimulante e erudito, Ostler acompanha a ascensão e a queda dos idiomas e pergunta: quando o domínio do inglês chegará ao fim? Sua ascensão começou quando o Império Britânico levou à formação de comunidades anglófonas em todo o mundo. Os Estados Unidos expandiram o alcance do idioma por meio de seu poderio econômico e militar, de suas universidades mundialmente renomadas e de sua posição dominante na tecnologia e no entretenimento popular.
Será que o inglês conseguirá sobreviver em todo o mundo caso haja um eclipse do domínio econômico e militar dos EUA? Suspeito que o inglês será a língua franca do planeta pelo menos pelo período de vida das pessoas que estejam lendo este texto. Caso o inglês venha a ter um sucessor como idioma mundial, milhões de alunos teriam de começar a estudar esse novo idioma, da mesma forma que hoje aprendem inglês.
Ostler argumenta, porém, que existem casos de línguas francas que desaparecem em apenas algumas décadas. O mais notável exemplo é o colapso do alemão como idioma científico mundial. Em 1910, mais trabalhos científicos eram publicados em alemão do que em inglês. Na metade do século passado, a posição da Alemanha havia desabado. Não foi apenas por conta da derrota nas duas guerras mundiais.
Quando os nazistas tomaram o poder, demitiram um terço dos professores da Alemanha -a maioria dos quais judeus. A emigração de muitos deles -especialmente para os Estados Unidos, o Reino Unido e a Palestina, então sob mandato britânico- garantiu a primazia do inglês como idioma da ciência.
O latim durou muito mais como linguagem transnacional: dois milênios. Continuava em uso para fins de administração civil em certas regiões da Europa até o século 19.
O inglês sobreviverá por tempo comparavelmente longo? Ostler diz que sua popularidade é bastante superficial. Do cerca de 1,1 bilhão de falantes do idioma, 71% têm o inglês como segundo idioma. Apesar de toda a sua popularidade, o inglês não está se tornando o primeiro idioma de muito mais gente.
A decisão de aprender uma língua franca é pragmática. Caso a necessidade mude, a escolha de idioma também mudará. Dado o comércio direto cada vez mais intenso entre as economias emergentes, elas terminarão por se perguntar por que estão conversando em um idioma que não é o delas. Já que a China compra parcela tão grande dos recursos naturais mundiais, por que seus fornecedores não negociam com os compradores chineses em mandarim? Como diz o ditado, quem compra o faz no seu idioma, e quem vende o faz no do comprador.
Ostler diz que, embora o mandarim esteja sendo mais usado no comércio entre a China e a África, não há registro de que um idioma se tenha tornado língua franca sem que primeiro fosse a língua de um império. Assim, ele oferece uma proposição mais radical: a de que o inglês será a última das línguas francas.
A fala é a essência da interação humana, e a conversação é a raiz das negociações empresariais. Não sabemos o que o novo ano nos trará, mas creio que não incluirá muitas provas do declínio do inglês.
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MICHAEL SKAPINKER é editor-assistente e colunista do "Financial Times".
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Tradução de PAULO MIGLIACCI
QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (5)
QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (5)
Pathosurbi
Qualquer estudante das primeiras letras de Sociologia do Desenvolvimento logo aprende sobre a interdependência entre industrialização e urbanização. Só acrescentamos que, nesta interdenpendência, vale qualquer tipo de perfil ou de derivativos da urbanização: crescimento urbamo, inchação das cidades, criação e expansão de favelas, etc.
Na postagem de hoje (27 de dezembro/2010), estamos a retomar a perplexidade geral ante o fenômeno da redução do tamanho de algumas cidades ... de seu 'encolhimento', por assim dizer, que vem maarcando esta primeira/quase segunda década do século XXI.
Este fenômeno soa estranho a um universo (social, ecológico, físico, econômico) que, em meados do século XX, chegou a concentrar 70%da população brasileira em geral e de cada cidade em particular. Por que saímos (involuimos?)de uma situação em que a explosão populacional, o 'inchamento' - ou mesmo crescimento - de algumas cidades brasileiras deixava-nos preocupados.
Cidades da Alemanha Oriental passaram a somar mais de um milhão de imóveis abandonados após a queda do muro e, consequentemente, depois que muitos alemães orientais se mudaram, "mala e cuia", para a parte Ocidental. O que fazer com estes 'vazios urbanos' que não conseguem ser ocupados pelo crescimento vegetativo de casais de alemães que cada vez mais escolhem ter - no méximo - uma filho (?); e que não conseguem ser ocupados pelas massas de migrantes que, aqui e ali, sãi vítmas da discriminação social e do preconceito de variada ordem (?)
Detroit (Estados Unidos) sempre foi sinônimo de indústria automobilística (um dos maiores parques industriais do Mundo). Neste final de década vem sofrendo 'encolhimento' populacional motivado pela fuga de indústrias que buscam países com mão-de-obra barata e sindicatos operários menos agressivos.
No Japão, Tóquio 'incha' e as demais cidades 'encolhem' por força das decrescentes taxas de natalidade.
No Brasil, a situação não é menos grave. São Caetano (ABC paulista), mão-de-obra altamente qualificada, contava, em 1980, 163 mil habitantes e, em 2006, 137 mil, vem também amargando a perda de importantes indústrias. No Nordeste, o último censo mostrou que muitas cidades sem qualquer perspectiva de emprego industrial diminuíram seu quantitativo populacional; as incertezas dos empregos rurais, os reduzidos empregos públicos e o mirrado comércio local estão afugentando jovens e famílias inteiras; e,como se não bastasse tanta pobreza, a redução populacional traz a redução de recursos públicos para o município sempre em dificuldades para pagar salário mínimo, 13º salário, etc.
Pathosurbi
Qualquer estudante das primeiras letras de Sociologia do Desenvolvimento logo aprende sobre a interdependência entre industrialização e urbanização. Só acrescentamos que, nesta interdenpendência, vale qualquer tipo de perfil ou de derivativos da urbanização: crescimento urbamo, inchação das cidades, criação e expansão de favelas, etc.
Na postagem de hoje (27 de dezembro/2010), estamos a retomar a perplexidade geral ante o fenômeno da redução do tamanho de algumas cidades ... de seu 'encolhimento', por assim dizer, que vem maarcando esta primeira/quase segunda década do século XXI.
Este fenômeno soa estranho a um universo (social, ecológico, físico, econômico) que, em meados do século XX, chegou a concentrar 70%da população brasileira em geral e de cada cidade em particular. Por que saímos (involuimos?)de uma situação em que a explosão populacional, o 'inchamento' - ou mesmo crescimento - de algumas cidades brasileiras deixava-nos preocupados.
Cidades da Alemanha Oriental passaram a somar mais de um milhão de imóveis abandonados após a queda do muro e, consequentemente, depois que muitos alemães orientais se mudaram, "mala e cuia", para a parte Ocidental. O que fazer com estes 'vazios urbanos' que não conseguem ser ocupados pelo crescimento vegetativo de casais de alemães que cada vez mais escolhem ter - no méximo - uma filho (?); e que não conseguem ser ocupados pelas massas de migrantes que, aqui e ali, sãi vítmas da discriminação social e do preconceito de variada ordem (?)
Detroit (Estados Unidos) sempre foi sinônimo de indústria automobilística (um dos maiores parques industriais do Mundo). Neste final de década vem sofrendo 'encolhimento' populacional motivado pela fuga de indústrias que buscam países com mão-de-obra barata e sindicatos operários menos agressivos.
No Japão, Tóquio 'incha' e as demais cidades 'encolhem' por força das decrescentes taxas de natalidade.
No Brasil, a situação não é menos grave. São Caetano (ABC paulista), mão-de-obra altamente qualificada, contava, em 1980, 163 mil habitantes e, em 2006, 137 mil, vem também amargando a perda de importantes indústrias. No Nordeste, o último censo mostrou que muitas cidades sem qualquer perspectiva de emprego industrial diminuíram seu quantitativo populacional; as incertezas dos empregos rurais, os reduzidos empregos públicos e o mirrado comércio local estão afugentando jovens e famílias inteiras; e,como se não bastasse tanta pobreza, a redução populacional traz a redução de recursos públicos para o município sempre em dificuldades para pagar salário mínimo, 13º salário, etc.
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (4)
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (4)
Pathosurbi
Tanto se fala em sustentabilidade urbana, cidaes sustentáveis ... aqui e acolá ... que não seria ocioso ou intempestivo perguntar: em que se sustenta a sustentabilidade das cidades? Via de regra, a resposta menos incômoda e mais leve é: tal sustentabilidade (e há tantas outras sustentabilidades ...) se apoia na democratização dos acessos aos serviços e equipamentos público-urbanos.
Prevê-se, então, respondendo assim que os acessos são plurais; não há um único acesso, nem na sua singularidade nem na sua generalidade. Penso que tal pluralidade não é força nem erro de expressão; trata-se de, ao menos no Brasil, de uma tentativa de conciliar democratização, democracia urbana, com pobreza urbana. De conciliar, no vão geral, democracia com pobreza.
Ao menos no Brasil, essa tentativa é estimulada, diariamente, pelos dados da ONU que nos coloca no terceiro país com maior índice de pobreza urbana (29,9%) da América Latina; só ganhamos (?) do México (39,4%) e da Colômbia (45,4%). Por mais que apostemos na força do econômico como determinante em última instância para a compreensão das sociedades modernas, o conceito de pobreza urbana segue bastante complexo. E a tradução/equivalência léxica, linear e (claro!) tautológica pobreza urbana = pobreza da(s) cidade(s) não torna as coisas mais simples. As desigualdades sociais são gritantes e não cessam de não se inscrever no universo do urbano; aliás, elas são a medida e o "calo" de todas as coisas urbanas.
Vejamos os exemplos brasileiros de São Paulo e do Rio de Janeiro; são, sem nenhum favor, as duas cidades mais ricas (do Brasil), porém os engarrafamentos (congestionamentos) diários de São Paulo (e suas ferozes consequências ambientais por exemplo) e a violência cotidiana do Rio de Janeiro não ofendem IGUALMENTE toda a população de cada uma destas capitais. Precisa perguntar que segmento populacional e econômico - quem mais sofre, com tais patologias, enfim - em cada uma destas ricas [e desiguais] cidades num país classificado como oitava economia mundial?
Pathosurbi
Tanto se fala em sustentabilidade urbana, cidaes sustentáveis ... aqui e acolá ... que não seria ocioso ou intempestivo perguntar: em que se sustenta a sustentabilidade das cidades? Via de regra, a resposta menos incômoda e mais leve é: tal sustentabilidade (e há tantas outras sustentabilidades ...) se apoia na democratização dos acessos aos serviços e equipamentos público-urbanos.
Prevê-se, então, respondendo assim que os acessos são plurais; não há um único acesso, nem na sua singularidade nem na sua generalidade. Penso que tal pluralidade não é força nem erro de expressão; trata-se de, ao menos no Brasil, de uma tentativa de conciliar democratização, democracia urbana, com pobreza urbana. De conciliar, no vão geral, democracia com pobreza.
Ao menos no Brasil, essa tentativa é estimulada, diariamente, pelos dados da ONU que nos coloca no terceiro país com maior índice de pobreza urbana (29,9%) da América Latina; só ganhamos (?) do México (39,4%) e da Colômbia (45,4%). Por mais que apostemos na força do econômico como determinante em última instância para a compreensão das sociedades modernas, o conceito de pobreza urbana segue bastante complexo. E a tradução/equivalência léxica, linear e (claro!) tautológica pobreza urbana = pobreza da(s) cidade(s) não torna as coisas mais simples. As desigualdades sociais são gritantes e não cessam de não se inscrever no universo do urbano; aliás, elas são a medida e o "calo" de todas as coisas urbanas.
Vejamos os exemplos brasileiros de São Paulo e do Rio de Janeiro; são, sem nenhum favor, as duas cidades mais ricas (do Brasil), porém os engarrafamentos (congestionamentos) diários de São Paulo (e suas ferozes consequências ambientais por exemplo) e a violência cotidiana do Rio de Janeiro não ofendem IGUALMENTE toda a população de cada uma destas capitais. Precisa perguntar que segmento populacional e econômico - quem mais sofre, com tais patologias, enfim - em cada uma destas ricas [e desiguais] cidades num país classificado como oitava economia mundial?
domingo, 26 de dezembro de 2010
MUNDO ... ATÉ DIA 31 EM DAKAR
MUNDO VASTO MUNDO DE 26 DE DEZEMBRO/2010
FESTIVAL MUNDIAL DE ARTES NEGRAS ATÉ DIA 31 EM DAKAR (CAPITAL DO SENEGAL)
"Deve ser legal
Ser negão no Senegal ..."
(Chico César - cantor e compositor paraibano)
Em sua terceira edição, o Festival quer mostrar ao Mundo uma África livre, criaiva e otimista para contrariar a visão de um continente triste, sanguinolento e sem-saída que muitos têm da África.
Aguardam-se as presenças dos baianos Gilberto Gil, Carlinhos Brown, Rappin’ Hood, Margareth Menezes e - mais - Rita Ribeiro, Paula Lima, Chico César e, único carioca, o cantor e compositor Mombaça
A noite brasileira será fechada com exibições do Carnaval do Rio de Janeiro, representado pela Escola de Samba Im pério Serrano. Ilê Ayiê e Olodum mostrarão o Carnaval de Salvador.
FESTIVAL MUNDIAL DE ARTES NEGRAS ATÉ DIA 31 EM DAKAR (CAPITAL DO SENEGAL)
"Deve ser legal
Ser negão no Senegal ..."
(Chico César - cantor e compositor paraibano)
Em sua terceira edição, o Festival quer mostrar ao Mundo uma África livre, criaiva e otimista para contrariar a visão de um continente triste, sanguinolento e sem-saída que muitos têm da África.
Aguardam-se as presenças dos baianos Gilberto Gil, Carlinhos Brown, Rappin’ Hood, Margareth Menezes e - mais - Rita Ribeiro, Paula Lima, Chico César e, único carioca, o cantor e compositor Mombaça
A noite brasileira será fechada com exibições do Carnaval do Rio de Janeiro, representado pela Escola de Samba Im pério Serrano. Ilê Ayiê e Olodum mostrarão o Carnaval de Salvador.
sábado, 25 de dezembro de 2010
CRÔNICA ... ÚLTIMO DOMINGO DO ANO DE 2010
CRÔNICA DOMINICAL ... ÚLTIMO DOMINGO DO ANO DE 2010
Pathosurbi
__________________________________________________________
Não concordo com a idéia resignada e paralisante de que cada povo tem o domingo à tarde televisivo que merece.
__________________________________________________________
Tem se falado muito (muito não, ad mauseam!) sobre as dificuldades que as emissoras de TV têm enfrentado para, aos domingos - principalmente domingo à tarde - oferecer programação de "melhor nível" aos telespectadores; diz-se até que domingo à tarde é oferecido o "pior" da TV".
Julgamentos como "pior nível", "pior" ... e coisas que tais ... na verdade resultam da comparação entre o que as emissoras de TV lançam ao ar nos chamados 'dias úteis' e a sua programação dos domingos à tarde. Não que nos 'dias úteis' a programação seja exatamente um primor de verniz e de edificações culturais; mas, ao menos contra o "non sense" dos domingos à tarde, há alguns sinais de vida inteligente e de "sense" nas telinhas que iluminam pessoas, cortinas e sofás.
Diferentes cortinas, diferentes pessoas, e diferentes sofás traduzem as desigualdades sociais. Mas, ao menos na TV aberta, imagens de várias emissoras de TV chegam a diferentes pessoas, diferentes cortinas e diferentes sofás: pessoas diferentes dos diferentes segmentos sociais estão descansando domingo à tarde quando, na maioria dos casos, vêm, ao mesmo tempo, as mesmas imagens das diversas programações ds diferentes canais de TV.
São geralmente de "alto nível" as programações de TV que invadem a madrugada dos "dias úteis" e diminuem a solidão dos escravos da insônia. Quais e quantos trabalhadores estão acordados às duas e trinta minutos da madrugada?
Como, então, proporcionar programação que atenda uniformemente, às tardes de domingo, a infinidade de interesses das pessoas que, neste dia/momento, estão a descansar da labuta semanal (e a se preparar para a próxima labuta que começará a menos de 24 horas)?
Não sou muito relativista, mas reconheço que é humana, técnica e comercialmente impossível a uma emissora de TV aberta (pública ou não) oferecer programas ou programações de "bom gosto" para tão diversificados "gostos. Tão diversificados "gostos" quanto são diferentes os níveis sociais, econômicos e, sobremaneira, educacionais, dos telespectadores e do público em geral.
Apesar de tudo isso, e aqui vai meu frágil relativismo, defendo que a educação seja o fiel da balança e a medida de todas as coisas. Negar ou vedar aos olhos do povo o acesso à MPB (Música Popular Brasileira) de boa qualidade (a Velha Guarda, a Bossa Nova, o instrumental antigo e o contemporâneo, o chorinho ...), Chico, Tim Maia, Caetano, Gil, Djavan, Vanessa da Matta ... é um crime de lesa pátria. Incorre nesse mesmo tipo de crime privar as massas de concertos clássicos ou populares, filmes de arte, debates e outros recursos e meios capazes de elevar o espírito dessas massasé. Educar antes de qualquer teoria educacional - da moda ou fora de moda - mudar de atitude. Elitismo é querer o "filé mignon" só para sí e relegar o "chupa molho", a carne de segunda ou terceira embrulhada em papel dourado (ou não!)para a "plebe rude". Ainda existem, sim, exploradores e explorados.
Enquanto isso e, talvez,diante disso, talvez não haja dia/momento mais receptivo ao "non sense" do que o domingo à tarde. Bom, ótimo, para as elites porque o povão já começará a segunda-feira com o espírito entorpecido e estupidificado de asneiras dominicais. Mas não concordo que cada povo tem o domingo à tarde televisivo que merece.
Au Revoir
Pathosurbi
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Não concordo com a idéia resignada e paralisante de que cada povo tem o domingo à tarde televisivo que merece.
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Tem se falado muito (muito não, ad mauseam!) sobre as dificuldades que as emissoras de TV têm enfrentado para, aos domingos - principalmente domingo à tarde - oferecer programação de "melhor nível" aos telespectadores; diz-se até que domingo à tarde é oferecido o "pior" da TV".
Julgamentos como "pior nível", "pior" ... e coisas que tais ... na verdade resultam da comparação entre o que as emissoras de TV lançam ao ar nos chamados 'dias úteis' e a sua programação dos domingos à tarde. Não que nos 'dias úteis' a programação seja exatamente um primor de verniz e de edificações culturais; mas, ao menos contra o "non sense" dos domingos à tarde, há alguns sinais de vida inteligente e de "sense" nas telinhas que iluminam pessoas, cortinas e sofás.
Diferentes cortinas, diferentes pessoas, e diferentes sofás traduzem as desigualdades sociais. Mas, ao menos na TV aberta, imagens de várias emissoras de TV chegam a diferentes pessoas, diferentes cortinas e diferentes sofás: pessoas diferentes dos diferentes segmentos sociais estão descansando domingo à tarde quando, na maioria dos casos, vêm, ao mesmo tempo, as mesmas imagens das diversas programações ds diferentes canais de TV.
São geralmente de "alto nível" as programações de TV que invadem a madrugada dos "dias úteis" e diminuem a solidão dos escravos da insônia. Quais e quantos trabalhadores estão acordados às duas e trinta minutos da madrugada?
Como, então, proporcionar programação que atenda uniformemente, às tardes de domingo, a infinidade de interesses das pessoas que, neste dia/momento, estão a descansar da labuta semanal (e a se preparar para a próxima labuta que começará a menos de 24 horas)?
Não sou muito relativista, mas reconheço que é humana, técnica e comercialmente impossível a uma emissora de TV aberta (pública ou não) oferecer programas ou programações de "bom gosto" para tão diversificados "gostos. Tão diversificados "gostos" quanto são diferentes os níveis sociais, econômicos e, sobremaneira, educacionais, dos telespectadores e do público em geral.
Apesar de tudo isso, e aqui vai meu frágil relativismo, defendo que a educação seja o fiel da balança e a medida de todas as coisas. Negar ou vedar aos olhos do povo o acesso à MPB (Música Popular Brasileira) de boa qualidade (a Velha Guarda, a Bossa Nova, o instrumental antigo e o contemporâneo, o chorinho ...), Chico, Tim Maia, Caetano, Gil, Djavan, Vanessa da Matta ... é um crime de lesa pátria. Incorre nesse mesmo tipo de crime privar as massas de concertos clássicos ou populares, filmes de arte, debates e outros recursos e meios capazes de elevar o espírito dessas massasé. Educar antes de qualquer teoria educacional - da moda ou fora de moda - mudar de atitude. Elitismo é querer o "filé mignon" só para sí e relegar o "chupa molho", a carne de segunda ou terceira embrulhada em papel dourado (ou não!)para a "plebe rude". Ainda existem, sim, exploradores e explorados.
Enquanto isso e, talvez,diante disso, talvez não haja dia/momento mais receptivo ao "non sense" do que o domingo à tarde. Bom, ótimo, para as elites porque o povão já começará a segunda-feira com o espírito entorpecido e estupidificado de asneiras dominicais. Mas não concordo que cada povo tem o domingo à tarde televisivo que merece.
Au Revoir
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (3)
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (3)
Pathosurbi
A criação do Estatuto da Cidade (1998) colocou o Brasil numa posição de destaque no mundo da gestão e da produção de conhecimentos sobre a cidade. Afinal, foi o primeiro país da América Latina a inserir em textos legais a expressão "direito à cidade". Toda essa produção acenou para a garantia do direitos a 'cidades sustentáveis', isto é, ao acesso ao direito à terra urbana, habitação/moradia, saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, serviços públicos, direito ao trabalho, transporte, lazer e outros indicadores de saúde urbana/qualidade de vida com vistas às gerações do presente e do futuro.
Tudo muito bonito no papel e, a um só tempo, tudo distante da realidade, da "dura poseia concreta" (Caetano Veloso - "Sampa") das cidades brasileiras. Favelas prosseguem mais e mais populosas, serviços como os transportes de massa e o confuso e caótico quadro do transporte individual continuam roubando preciosas parcelas do tempo dos moradores urbanos.
Em meio a tantas expressões de insustentabilidade, procura-se a tão decantada sustentabilidade urbana.
Pathosurbi
A criação do Estatuto da Cidade (1998) colocou o Brasil numa posição de destaque no mundo da gestão e da produção de conhecimentos sobre a cidade. Afinal, foi o primeiro país da América Latina a inserir em textos legais a expressão "direito à cidade". Toda essa produção acenou para a garantia do direitos a 'cidades sustentáveis', isto é, ao acesso ao direito à terra urbana, habitação/moradia, saneamento ambiental, à infraestrutura urbana, serviços públicos, direito ao trabalho, transporte, lazer e outros indicadores de saúde urbana/qualidade de vida com vistas às gerações do presente e do futuro.
Tudo muito bonito no papel e, a um só tempo, tudo distante da realidade, da "dura poseia concreta" (Caetano Veloso - "Sampa") das cidades brasileiras. Favelas prosseguem mais e mais populosas, serviços como os transportes de massa e o confuso e caótico quadro do transporte individual continuam roubando preciosas parcelas do tempo dos moradores urbanos.
Em meio a tantas expressões de insustentabilidade, procura-se a tão decantada sustentabilidade urbana.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (2)
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (2)
Pathosurbi
Metrópole sustentável: é possível?
Metrópole sustentável: é possível? é o título do artigo publicado na revista Ciência Hoje (setembro de 2010)(*) com reportagem de capa intitulada "Metrópoles à beira do colapso", Isabela Fraga inicia seu trabalho com o seguinte questionnamento:
"Se você mora em uma cidade grande, olhe à sua volta. O lixo, a pobreza, os engarrafamentos e a poluição não mentem: as coisas não vão tão bem assim. Apesar de o Brasil garantir o direito a "cidades sustentáveis" em suas leis e ter visto, nos últimos 10 anos, alguma melhora em relação a problemas como favelização, moradia e pobreza, a desigualdade ainda é grande. Conversamos com sociólogos, arquitetos, economistas, urbanistas e representantes de organizações internacionais sobre o assunto. Será que estamos fadados a colapso ou a metrópole sustentável é um conceito viável?"
_______________
(*) Ciência Hoje. revista de divulgação científica da SBPC. São Paulo. Rio de Janeiro, vol 46, setembro 2010.
Pathosurbi
Metrópole sustentável: é possível?
Metrópole sustentável: é possível? é o título do artigo publicado na revista Ciência Hoje (setembro de 2010)(*) com reportagem de capa intitulada "Metrópoles à beira do colapso", Isabela Fraga inicia seu trabalho com o seguinte questionnamento:
"Se você mora em uma cidade grande, olhe à sua volta. O lixo, a pobreza, os engarrafamentos e a poluição não mentem: as coisas não vão tão bem assim. Apesar de o Brasil garantir o direito a "cidades sustentáveis" em suas leis e ter visto, nos últimos 10 anos, alguma melhora em relação a problemas como favelização, moradia e pobreza, a desigualdade ainda é grande. Conversamos com sociólogos, arquitetos, economistas, urbanistas e representantes de organizações internacionais sobre o assunto. Será que estamos fadados a colapso ou a metrópole sustentável é um conceito viável?"
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(*) Ciência Hoje. revista de divulgação científica da SBPC. São Paulo. Rio de Janeiro, vol 46, setembro 2010.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (1)
O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (1)
Pathosurbi
Estamos a poucos dias do começo da segunda década do século XXI. E não nos domina outro sentimento a não ser a perplexidade ante o que está acontecendo, nesse instante, com essa obra monumental do espírito humano chamada cidade.
Até mesmo sob o espírito mitológico da narrativa bíblica, as cidades ocupam lugar destaque no quadro de realizações humanas. Foi exatamente depois do cansaço de tanto construir cidades e da ambição do fazer mais e mais e sempre mais, o imperativo do desejo, humanos decidem construir uma torre - a Torre de Babel - que os levaria aos domínios de Deus.
Depois de funcinar, ao longo dos séculos, como inimitável centro de atração e de aglutinação de variadas massas humanas dos mais diferentes lugares e movidas pelos mais diversos interesses; depois de atrair levas intermináveis de trabalhadores rurais e um sem número de famílias camponesas em busca de trabalho e de melhores condições de sobrevivência; depois de crescer, "inchar" e de ser cenário ativo e privilegiado de lutas, conquistas, derrotas, violências de incontáveis graus de desumanidade, alegrias e tristezas, atos construtivos e destrutivos ... eis que muitas cidades do Mundo e também do Brasil estão diminuindo, 'encolhendo' ... a ponto de áreas urbanas abandonadas estarem sendo transformadas em espaços ecologicamente rurais: fazendas, bosques, etc.
Afinal, O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES?
Pathosurbi
Estamos a poucos dias do começo da segunda década do século XXI. E não nos domina outro sentimento a não ser a perplexidade ante o que está acontecendo, nesse instante, com essa obra monumental do espírito humano chamada cidade.
Até mesmo sob o espírito mitológico da narrativa bíblica, as cidades ocupam lugar destaque no quadro de realizações humanas. Foi exatamente depois do cansaço de tanto construir cidades e da ambição do fazer mais e mais e sempre mais, o imperativo do desejo, humanos decidem construir uma torre - a Torre de Babel - que os levaria aos domínios de Deus.
Depois de funcinar, ao longo dos séculos, como inimitável centro de atração e de aglutinação de variadas massas humanas dos mais diferentes lugares e movidas pelos mais diversos interesses; depois de atrair levas intermináveis de trabalhadores rurais e um sem número de famílias camponesas em busca de trabalho e de melhores condições de sobrevivência; depois de crescer, "inchar" e de ser cenário ativo e privilegiado de lutas, conquistas, derrotas, violências de incontáveis graus de desumanidade, alegrias e tristezas, atos construtivos e destrutivos ... eis que muitas cidades do Mundo e também do Brasil estão diminuindo, 'encolhendo' ... a ponto de áreas urbanas abandonadas estarem sendo transformadas em espaços ecologicamente rurais: fazendas, bosques, etc.
Afinal, O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES?
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Marcelo Coelho - "Centenário sem Torresmo"
INSUSTENTÁVEL
("Os amantes" de René Magritte)
INSUSTENTÁVEL Blog da professora Thaís. Leituras, dicas e temas de redação. quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Centenário sem torresmo - belo texto sobre Adoniran Barbosa
Marcelo Coelho publicou, hoje, na Folha um belo texto sobre o inesquecível Adoniran.
A música era para se chamar "Bife à Milanesa", mas Adoniran Barbosa (1910-1982) pensou melhor, e conversou com seu parceiro. Sugeriu que, de "Bife à Milanesa", mudasse para "Torresmo à Milanesa".
"Por quê, Adoniran?", perguntou Carlinhos Vergueiro. "Porque não existe", respondeu o mestre. Ocorreu-lhe em seguida outro ajuste de pormenor.
A letra falava de um almoço constando de arroz, feijão e o recém-criado torresmo à milanesa. Adoniran consertou o verso: "Arroz, feijão e UM torresmo à milanesa". Novamente, Carlinhos Vergueiro ficou curioso.
"Por que só um, Adoniran?"
"Porque é mais triste".
Leio essa história em "Trem das Onze - A Poética de Adoniran Barbosa" (R$ 130, 204 págs.), livro de grande formato, com CD incluído, que acaba de sair pela editora Aprazível. Os textos são de Celso de Campos Jr., biógrafo e curador do acervo de Adoniran.
Há também 165 fotos antigas (do Brás, do Bexiga, do artista) que fazem do livro uma bela homenagem ao centenário do seu nascimento.
As fotos são, às vezes, mais tristes que o tal torresmo. Meninos de mão no bolso, e pés descalços, observam ressabiados alguma paupérrima atração de rua no centro paulistano. Um freguês solitário, de paletó claro, espera o troco numa pastelaria, daquelas de vitrô branco em cima do balcão.
Homens de chapéu preto e bigodinho aparecem toda hora, tomando café, lendo jornal ou comendo macarrão. Fogem rapidamente para a página seguinte, protegendo-se da chuva, escondendo-se da mulher ou de algum credor.
Poderiam ser sósias do próprio Adoniran. Mesmo quando aparecia jovem e sorridente nas fotos, ele tinha algo de acabado, um certo amarfanho no olhar. E quem já ouviu suas gravações (só surgiram em disco, aliás, na década de 1970) sabe que uma pessoa pode ter rugas até na voz.
As imagens de São Paulo, algumas das décadas de 1940 e 1950, dão ao livro o aspecto de um passado "em camadas".
Sendo de fotógrafos famosos, como Marcel Gautherot ou Hildegard Rosenthal, mostram lugares que já eram decadentes mesmo quando em plena ebulição -para lembrar o comentário famoso de Lévi-Strauss.
E trazem à mente a sensação típica de algumas letras de Adoniran Barbosa, como "Saudosa Maloca", "Samba do Arnesto" e "Trem das Onze": a de que algo já está em ruínas antes da hora, e que chegamos com atraso a uma festa que não houve.
O Arnesto, que mora no Brás, desistiu do samba e não deixou na porta nenhum aviso. Poderia, diz a letra de Adoniran, ter pedido desculpas por escrito; desculpas inclusive pelo fato de não saber escrever.
É a mesma ideia do "torresmo à milanesa", que só está na marmita de outro personagem porque não existe tal comida.
De certo modo, Adoniran Barbosa também nunca existiu -é uma personagem criada por João Rubinato, um senhor nascido em Valinhos, não se sabe se em 1910 mesmo ou se dois anos depois.
Quanto ao Jaçanã, bairro paulistano imortalizado pelo autor, diz uma das lendas que Adoniran nunca esteve lá, dizendo não saber sequer "onde fica aquela porcaria".
Nem por isso se desculpa o fato de o livro da editora Aprazível não trazer nenhuma foto do Jaçanã. Muitas imagens, apesar de bonitas, são apenas vagamente relacionadas com o universo do sambista.
O "não lugar" do Jaçanã, cuja existência é tão literária quanto a "não comida" do torresmo à milanesa, soma-se ao "não pobre", se se pode dizer assim, que foi Adoniran Barbosa.
Não que ele fosse rico, ou tivesse instrução (foi só até o terceiro ano primário). Mas é que, sendo um tipo evidentemente popular, tratou de falar errado de propósito; sua ironia, impensável se viesse da classe alta, pôde voltar-se sobre quem estivesse abaixo dele próprio na escala social.
Mesmo na classe D, haverá quem despreze o "maloqueiro", termo que ninguém da classe A empregaria.
"Escrever errado é a coisa mais difícil que existe", dizia Adoniran. "Se não for do jeito certo, vira piada, vira deboche."
A magia da coisa, especialmente sensível nos anos 1970, quando se deu a "redescoberta" de Adoniran, talvez esteja nisso.
Não se trata do povo, ele próprio, falando de seu lugar autêntico. É o povo falando de si como se fosse de uma terceira pessoa.
Afinal, o "povo", quando existe, é sempre os outros. Ou melhor, os outro.
coelhofsp@uol.com.br
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Temas: Adoniran Barbosa, cultura, linguagem
("Os amantes" de René Magritte)
INSUSTENTÁVEL Blog da professora Thaís. Leituras, dicas e temas de redação. quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Centenário sem torresmo - belo texto sobre Adoniran Barbosa
Marcelo Coelho publicou, hoje, na Folha um belo texto sobre o inesquecível Adoniran.
A música era para se chamar "Bife à Milanesa", mas Adoniran Barbosa (1910-1982) pensou melhor, e conversou com seu parceiro. Sugeriu que, de "Bife à Milanesa", mudasse para "Torresmo à Milanesa".
"Por quê, Adoniran?", perguntou Carlinhos Vergueiro. "Porque não existe", respondeu o mestre. Ocorreu-lhe em seguida outro ajuste de pormenor.
A letra falava de um almoço constando de arroz, feijão e o recém-criado torresmo à milanesa. Adoniran consertou o verso: "Arroz, feijão e UM torresmo à milanesa". Novamente, Carlinhos Vergueiro ficou curioso.
"Por que só um, Adoniran?"
"Porque é mais triste".
Leio essa história em "Trem das Onze - A Poética de Adoniran Barbosa" (R$ 130, 204 págs.), livro de grande formato, com CD incluído, que acaba de sair pela editora Aprazível. Os textos são de Celso de Campos Jr., biógrafo e curador do acervo de Adoniran.
Há também 165 fotos antigas (do Brás, do Bexiga, do artista) que fazem do livro uma bela homenagem ao centenário do seu nascimento.
As fotos são, às vezes, mais tristes que o tal torresmo. Meninos de mão no bolso, e pés descalços, observam ressabiados alguma paupérrima atração de rua no centro paulistano. Um freguês solitário, de paletó claro, espera o troco numa pastelaria, daquelas de vitrô branco em cima do balcão.
Homens de chapéu preto e bigodinho aparecem toda hora, tomando café, lendo jornal ou comendo macarrão. Fogem rapidamente para a página seguinte, protegendo-se da chuva, escondendo-se da mulher ou de algum credor.
Poderiam ser sósias do próprio Adoniran. Mesmo quando aparecia jovem e sorridente nas fotos, ele tinha algo de acabado, um certo amarfanho no olhar. E quem já ouviu suas gravações (só surgiram em disco, aliás, na década de 1970) sabe que uma pessoa pode ter rugas até na voz.
As imagens de São Paulo, algumas das décadas de 1940 e 1950, dão ao livro o aspecto de um passado "em camadas".
Sendo de fotógrafos famosos, como Marcel Gautherot ou Hildegard Rosenthal, mostram lugares que já eram decadentes mesmo quando em plena ebulição -para lembrar o comentário famoso de Lévi-Strauss.
E trazem à mente a sensação típica de algumas letras de Adoniran Barbosa, como "Saudosa Maloca", "Samba do Arnesto" e "Trem das Onze": a de que algo já está em ruínas antes da hora, e que chegamos com atraso a uma festa que não houve.
O Arnesto, que mora no Brás, desistiu do samba e não deixou na porta nenhum aviso. Poderia, diz a letra de Adoniran, ter pedido desculpas por escrito; desculpas inclusive pelo fato de não saber escrever.
É a mesma ideia do "torresmo à milanesa", que só está na marmita de outro personagem porque não existe tal comida.
De certo modo, Adoniran Barbosa também nunca existiu -é uma personagem criada por João Rubinato, um senhor nascido em Valinhos, não se sabe se em 1910 mesmo ou se dois anos depois.
Quanto ao Jaçanã, bairro paulistano imortalizado pelo autor, diz uma das lendas que Adoniran nunca esteve lá, dizendo não saber sequer "onde fica aquela porcaria".
Nem por isso se desculpa o fato de o livro da editora Aprazível não trazer nenhuma foto do Jaçanã. Muitas imagens, apesar de bonitas, são apenas vagamente relacionadas com o universo do sambista.
O "não lugar" do Jaçanã, cuja existência é tão literária quanto a "não comida" do torresmo à milanesa, soma-se ao "não pobre", se se pode dizer assim, que foi Adoniran Barbosa.
Não que ele fosse rico, ou tivesse instrução (foi só até o terceiro ano primário). Mas é que, sendo um tipo evidentemente popular, tratou de falar errado de propósito; sua ironia, impensável se viesse da classe alta, pôde voltar-se sobre quem estivesse abaixo dele próprio na escala social.
Mesmo na classe D, haverá quem despreze o "maloqueiro", termo que ninguém da classe A empregaria.
"Escrever errado é a coisa mais difícil que existe", dizia Adoniran. "Se não for do jeito certo, vira piada, vira deboche."
A magia da coisa, especialmente sensível nos anos 1970, quando se deu a "redescoberta" de Adoniran, talvez esteja nisso.
Não se trata do povo, ele próprio, falando de seu lugar autêntico. É o povo falando de si como se fosse de uma terceira pessoa.
Afinal, o "povo", quando existe, é sempre os outros. Ou melhor, os outro.
coelhofsp@uol.com.br
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terça-feira, 21 de dezembro de 2010
A CIDADE DO SOL, de Hosseini Kaled
HOSSEINI, Khaled. “A Cidade do Sol”. São Paulo, Nova Fronteira
2007 –
Elenilson Nascimento
Publicado no Recanto das Letras em 25/11/2008
Código do texto: T1302727
Eu não gosto muito de resenhar livros que estão sendo comentados exaustivamente só porque permanecem durante semanas nas listas dos “melhores” de revistas não muito confiáveis, tipo a elitista Veja. Porém, a minha última dica de literatura em 2007 é justamente um livro que todo mundo já comentou em 2007, menos eu. Uma dica que eu só faria em 2008, mas resolvi colocar agora (por causa dos pedidos de alguns, principalmente do meu amigo Leandro Ribeiro).
“A Cidade do Sol” do autor afegão Khaled Hosseini (mesmo autor do best-seller “O Caçador de Pipas”) é um livro literalmente visceral – em todos os sentidos – não porque todo mundo anda comentando, mesmo aqueles que só compraram livros para servirem como absorventes de sovaco, mesmo porque ele vai virar filme, mas porque o livro não é mais uma obra que conta histórias de homens e mulheres da terra dos talibãs – mesmo porque já fiz uma resenha esse ano de um outro igualmente visceral, “Queimada Viva” da Souad – embora possa realmente parecer à primeira vista.
O livro de Hosseini conta a história dramática de duas mulheres bem diferentes, Mariam e Laila, unidas num destino que elas não tiveram a chance de escolher. Duas mulheres vitimadas pela intolerância de um país atrasado, de um país com as suas tradições absurdamente distorcidas, de um país ferido pela guerra de homens inescrupulosos e mercenários – os mesmos que no último dia 27/12 assassinaram a corajosa ex-primeira ministra do Paquistão, Benazir Bhutto.
Mariam, por exemplo, filha ilegítima de um empresário endinheirado e dono de um cinema, viveu metade de sua vida num casebre isolado numa cidade próxima à fronteira com o Irã, quando Jalil, o seu próprio pai, a deu em casamento a Rashid, um sapateiro estúpido de 45 anos. Detalhe Mariam tinha apenas 15 anos quando foi obrigada a casar-se, pois era “uma mulher que pedia muito pouco da vida, que nunca incomodava ninguém e nunca deixava transparecer que ela também tinha tristezas”. O tal marido, um brutamonte ignorante, que antes mesmo do regime dos talibãs já obrigava a mulher a vestir a opressiva burca. A situação piora quando, depois de uma série de abortos, fica provado que Mariam jamais daria o sonhado herdeiro ao marido. Rashid passa a destratá-la e a espancá-la.
Paralelamente ao drama de Mariam, o autor narra a história de Laila, a esperta filha de um casal de classe média de Cabul (filha de um professor que sempre lhe dizia que “ela poderia ser tudo o que quisesse” e uma mãe ausente que vivia preocupada com os outros dois filhos que partiram para lutar contra os soviéticos e esquecerá que a menina precisava tanto de sua atenção quanto os rapazes).
E ao contrário de Mariam, Laila freqüentava à escola, inteligente, sonhava conhecer países distantes e com o seu amigo Tariq (aliás, o melhor persoagem de todo o livro – um garoto que perdeu uma das pernas quando pisou numa granada e passou a usar uma outra mecânica, um garoto que não tinha dores de cabeça, que, um dia, disse que, na Sibéria, as melecas viravam gelo antes de cair no chão), teve, apesar da miséria imposta pela guerra, uma infância bem interessante. Uma cena muito legal é quando Tariq defende Laila contra um garoto inconveniente usando a sua perna mecânica. Hilário!
Mas os sonhos de Laila são abreviados quando, aos 14 anos, sua casa é explodida por um foguete, em 1992, durante as guerras civis que dilaceraram o país. Seus pais morrem no bombardeio – e Laila ainda por cima estava grávida de Tariq, que se exilou com a família no Paquistão. Sem opções, ela acaba se tornando a segunda mulher de Rashid.
Com uma atenção exaustiva a esses detalhes cotidianos, o autor oferece um retrato realista da vida no Afeganistão ao longo das últimas décadas – um conturbado período que inclui a invasão soviética, guerras civis, o autoritário regime talibã e a ocupação americana. Despertada pelos eventos de 11 de setembro de 2001, a curiosidade ocidental pela realidade dos países islâmicos responde por parte do sucesso dos livros de Hosseini, pois a vida do povo em Cabul é mesmo uma coisa bastante exótica para os nossos padrões ocidentais. As vestes, a culinária (tem até referências de pepino cortado na jarra com iogurte diluído e salgado – não consigo me imaginar comendo isso!) e o comportamento dos personagens que é uma coisa curiosa, como o próprio Tariq falando pra Laila que via a própria vida como se fosse uma “corda apodrecida que arrebenta, se desfaz, com todos os fios se soltando”. Mas realmente “o tempo é o mais inclemente dos incêndios”.
Apesar de ser uma história demasiadamente sofredora, o livro é absurdamente poético: “Não se podem contar as luas que brilham em seus telhados, nem os mil sóis esplêndidos que se escondem por trás de seus muros”. Mas as vidas de Laila e Mariam acabariam se encontrando, a amizade que surgiria entre essas duas mulheres é o centro do romance. O final de “A Cidade do Sol”, porém, é ensolarado, esperançoso. O último capítulo do romance aposta no futuro do país. Com irresistível ingenuidade, o renascimento do Afeganistão é representado nas cápsulas vazias de mísseis – sobras da guerra civil – que os habitantes de Cabul transformaram em vasos de flores (lindo isso!). E no cinema que pode exibir Titanic livremente.
Em suma: a vida nesta “cidade do sol” é uma resposta “àqueles que se queixam demais”, uma história que envolve os leitores coma a força do desespero humano numa descrição poderosa e perturbadora da violência e da guerra, mas também é uma evocação da vida e da esperança dentro de cada um de nós. A única coisa que eu não gostei no livro foi a quantidade de termos do Afeganistão que mereceriam uma legenda com tradução. Algumas frases não consegui entender nada. >>> Visite: www.literaturaclandestina.blogspot.com
___________
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Você deve citar a autoria de Elenilson Nascimento e/ou o blog http://literaturaclandestina.blogspot.com/). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
2007 –
Elenilson Nascimento
Publicado no Recanto das Letras em 25/11/2008
Código do texto: T1302727
Eu não gosto muito de resenhar livros que estão sendo comentados exaustivamente só porque permanecem durante semanas nas listas dos “melhores” de revistas não muito confiáveis, tipo a elitista Veja. Porém, a minha última dica de literatura em 2007 é justamente um livro que todo mundo já comentou em 2007, menos eu. Uma dica que eu só faria em 2008, mas resolvi colocar agora (por causa dos pedidos de alguns, principalmente do meu amigo Leandro Ribeiro).
“A Cidade do Sol” do autor afegão Khaled Hosseini (mesmo autor do best-seller “O Caçador de Pipas”) é um livro literalmente visceral – em todos os sentidos – não porque todo mundo anda comentando, mesmo aqueles que só compraram livros para servirem como absorventes de sovaco, mesmo porque ele vai virar filme, mas porque o livro não é mais uma obra que conta histórias de homens e mulheres da terra dos talibãs – mesmo porque já fiz uma resenha esse ano de um outro igualmente visceral, “Queimada Viva” da Souad – embora possa realmente parecer à primeira vista.
O livro de Hosseini conta a história dramática de duas mulheres bem diferentes, Mariam e Laila, unidas num destino que elas não tiveram a chance de escolher. Duas mulheres vitimadas pela intolerância de um país atrasado, de um país com as suas tradições absurdamente distorcidas, de um país ferido pela guerra de homens inescrupulosos e mercenários – os mesmos que no último dia 27/12 assassinaram a corajosa ex-primeira ministra do Paquistão, Benazir Bhutto.
Mariam, por exemplo, filha ilegítima de um empresário endinheirado e dono de um cinema, viveu metade de sua vida num casebre isolado numa cidade próxima à fronteira com o Irã, quando Jalil, o seu próprio pai, a deu em casamento a Rashid, um sapateiro estúpido de 45 anos. Detalhe Mariam tinha apenas 15 anos quando foi obrigada a casar-se, pois era “uma mulher que pedia muito pouco da vida, que nunca incomodava ninguém e nunca deixava transparecer que ela também tinha tristezas”. O tal marido, um brutamonte ignorante, que antes mesmo do regime dos talibãs já obrigava a mulher a vestir a opressiva burca. A situação piora quando, depois de uma série de abortos, fica provado que Mariam jamais daria o sonhado herdeiro ao marido. Rashid passa a destratá-la e a espancá-la.
Paralelamente ao drama de Mariam, o autor narra a história de Laila, a esperta filha de um casal de classe média de Cabul (filha de um professor que sempre lhe dizia que “ela poderia ser tudo o que quisesse” e uma mãe ausente que vivia preocupada com os outros dois filhos que partiram para lutar contra os soviéticos e esquecerá que a menina precisava tanto de sua atenção quanto os rapazes).
E ao contrário de Mariam, Laila freqüentava à escola, inteligente, sonhava conhecer países distantes e com o seu amigo Tariq (aliás, o melhor persoagem de todo o livro – um garoto que perdeu uma das pernas quando pisou numa granada e passou a usar uma outra mecânica, um garoto que não tinha dores de cabeça, que, um dia, disse que, na Sibéria, as melecas viravam gelo antes de cair no chão), teve, apesar da miséria imposta pela guerra, uma infância bem interessante. Uma cena muito legal é quando Tariq defende Laila contra um garoto inconveniente usando a sua perna mecânica. Hilário!
Mas os sonhos de Laila são abreviados quando, aos 14 anos, sua casa é explodida por um foguete, em 1992, durante as guerras civis que dilaceraram o país. Seus pais morrem no bombardeio – e Laila ainda por cima estava grávida de Tariq, que se exilou com a família no Paquistão. Sem opções, ela acaba se tornando a segunda mulher de Rashid.
Com uma atenção exaustiva a esses detalhes cotidianos, o autor oferece um retrato realista da vida no Afeganistão ao longo das últimas décadas – um conturbado período que inclui a invasão soviética, guerras civis, o autoritário regime talibã e a ocupação americana. Despertada pelos eventos de 11 de setembro de 2001, a curiosidade ocidental pela realidade dos países islâmicos responde por parte do sucesso dos livros de Hosseini, pois a vida do povo em Cabul é mesmo uma coisa bastante exótica para os nossos padrões ocidentais. As vestes, a culinária (tem até referências de pepino cortado na jarra com iogurte diluído e salgado – não consigo me imaginar comendo isso!) e o comportamento dos personagens que é uma coisa curiosa, como o próprio Tariq falando pra Laila que via a própria vida como se fosse uma “corda apodrecida que arrebenta, se desfaz, com todos os fios se soltando”. Mas realmente “o tempo é o mais inclemente dos incêndios”.
Apesar de ser uma história demasiadamente sofredora, o livro é absurdamente poético: “Não se podem contar as luas que brilham em seus telhados, nem os mil sóis esplêndidos que se escondem por trás de seus muros”. Mas as vidas de Laila e Mariam acabariam se encontrando, a amizade que surgiria entre essas duas mulheres é o centro do romance. O final de “A Cidade do Sol”, porém, é ensolarado, esperançoso. O último capítulo do romance aposta no futuro do país. Com irresistível ingenuidade, o renascimento do Afeganistão é representado nas cápsulas vazias de mísseis – sobras da guerra civil – que os habitantes de Cabul transformaram em vasos de flores (lindo isso!). E no cinema que pode exibir Titanic livremente.
Em suma: a vida nesta “cidade do sol” é uma resposta “àqueles que se queixam demais”, uma história que envolve os leitores coma a força do desespero humano numa descrição poderosa e perturbadora da violência e da guerra, mas também é uma evocação da vida e da esperança dentro de cada um de nós. A única coisa que eu não gostei no livro foi a quantidade de termos do Afeganistão que mereceriam uma legenda com tradução. Algumas frases não consegui entender nada. >>> Visite: www.literaturaclandestina.blogspot.com
___________
Esta obra está licenciada sob uma Licença Creative Commons. Você pode copiar, distribuir, exibir, executar, desde que seja dado crédito ao autor original (Você deve citar a autoria de Elenilson Nascimento e/ou o blog http://literaturaclandestina.blogspot.com/). Você não pode fazer uso comercial desta obra. Você não pode criar obras derivadas.
CEAO AMANHÃ/QUARTA LANÇA CD de Félix Ayoh' Omidire e família
CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
O CENTRO DE ESTUDOS AFRO-ORIENTAIS CONVIDA PARA O LANÇAMENTO DO CD:
PEREGUN E OUTRAS FÀBULAS DA MINHA TERRA,
de Félix Ayoh' Omidire e família, com arranjos musicais e produção de J. Velloso e a participação dos alabés do Gantois. No evento, vai ter uma apresentação de algumas das músicas do CD. O livro que acompanha o CD, em português e iorubá, já lançado em 2006, estará disponível também.
Quando: 22 de dezembro (quarta-feira).
Horário: 17h30.
Onde: CEAO, Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho.
Mais informações: (71) 3283-5502
CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 3322-8070 - E-mail: ceao@ufba.br - Site: www.ceao.ufba.br
O CENTRO DE ESTUDOS AFRO-ORIENTAIS CONVIDA PARA O LANÇAMENTO DO CD:
PEREGUN E OUTRAS FÀBULAS DA MINHA TERRA,
de Félix Ayoh' Omidire e família, com arranjos musicais e produção de J. Velloso e a participação dos alabés do Gantois. No evento, vai ter uma apresentação de algumas das músicas do CD. O livro que acompanha o CD, em português e iorubá, já lançado em 2006, estará disponível também.
Quando: 22 de dezembro (quarta-feira).
Horário: 17h30.
Onde: CEAO, Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho.
Mais informações: (71) 3283-5502
CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
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segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
CEAO - CONVIDA AMANHÃ ÀS 17 H - TERREIRO DE JESUS
CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
Contamos com sua presença no ato de transferência para o Museu Afro-Brasileiro, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), do acervo de peças religiosas antes sob a guarda do Museu Estácio de Lima.
Dia 21/12/10 às 17 horas
No Museu Afro-Brasileiro da UFBA
Prédio da Faculdade de Medicina
Terreiro de Jesus
CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 3322-8070 - E-mail: ceao@ufba.br - Site: www.ceao.ufba.br
Contamos com sua presença no ato de transferência para o Museu Afro-Brasileiro, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), do acervo de peças religiosas antes sob a guarda do Museu Estácio de Lima.
Dia 21/12/10 às 17 horas
No Museu Afro-Brasileiro da UFBA
Prédio da Faculdade de Medicina
Terreiro de Jesus
CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 3322-8070 - E-mail: ceao@ufba.br - Site: www.ceao.ufba.br
IPAC - Feira de Cores Sabores – Projeto de Oficina de Valorização Cultural da Feira de São Joaquim
IPAC - Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia
FEIRA DE SÃO JOAQUIM
(Salvador - Bahia - Brasil)
Felipe Dieder estagiário do IPAC
Tão próxima e tão distante. Apenas duas avenidas separam a Feira de São Joaquim, na Cidade Baixa, em Salvador, do Centro de Formação e Acompanhamento Profissional da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), cuja sede fica ao lado do secular prédio da Casa Pia e Órfãos de São Joaquim. No entanto, a maior feira livre da capital baiana, assentada em 34 mil m² e que sintetiza parte da cultura do Recôncavo baiano, acaba ficando distante dos alunos da APAE já que nunca haviam visitado o local.
Foi atentando para a possibilidade de congregar, em uma mesma ação, a valorização do patrimônio material e imaterial da feira com o aprendizado dos alunos da APAE que o arquiteto e museólogo Afrânio Simões Filho propôs um projeto ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). Intitulado Feira de Cores Sabores – Projeto de Oficina de Valorização Cultural da Feira de São Joaquim com Aprendizes da APAE, a iniciativa foi inscrita e selecionada no edital público do IPAC 2010 para Apoio a Projetos de Valorização do Patrimônio Cultural no Estado da Bahia.
O ponto de partida do projeto foi dado nesta semana, quando divididos em dois grupos e acompanhados por três instrutores – artista plástico, arte-educadora e profissional em computação -, os 40 alunos da APAE conheceram pela primeira vez a feira que já tem quatro décadas naquele local. Antes, desde final do século 19, produtos vindos de dezenas de municípios do Recôncavo, e até do sertão baiano, já eram comercializados na mesma borda da Baía de Todos os Santos, em Salvador, trazidos por barcos e saveiros.
Duas professoras da APAE e dois coordenadores do projeto – a arte-educadora Adelina Rebouças e o museólogo Afrânio – acompanham a visita. “Trouxemos os alunos para que eles apreendam objetos, cores, aromas e a dinâmica da feira”, ressalta Adelina. Pretende-se que essas impressões sejam discutidas depois. “O que for apreendido servirá de base para trabalhos posteriores na técnica artística de mosaicos”, explica a arte-educadora. O projeto terá três etapas. Inicialmente, serão realizadas visitas guiadas à feira, quando acontece o contato com a diversidade e representações culturais. “Desse modo, a feira se torna um verdadeiro campo de estudos”, destaca Adelina. Em janeiro – período de férias dos alunos da APAE – será produzido um blog, no qual serão inclusas notas e imagens acerca das atividades desenvolvidas.
A partir de fevereiro, começa a segunda etapa, com leitura de livros e apresentação de filmes como “A Grande Feira” (1961), do cineasta baiano Roberto Pires – etapa que provocará reflexões sobre as saídas de campo. Posteriormente, os aprendizes da APAE produzirão mosaicos inspirados nas visitas a São Joaquim. Em abril de 2011 o resultado será mostrado à público em exposição.
Segundo a professora da APAE, Sandra Bahia, a possibilidade do edital do IPAC, auxilia e extrapola os muros da associação. “Esses projetos possibilitam maior conhecimento sobre o nosso patrimônio cultural e explorarmos seu potencial. São Joaquim é um local riquíssimo culturalmente e deve ser valorizado. Além disso, é fundamental para o aprendizado dos alunos da APAE”, ressalta Sandra. “Para nós, educadores, essas ações possibilitam explorar outros modos de ensinar, diferentes dos da educação rígida e fechada dos centros tradicionais”, enfatiza Afrânio Simões.
Os editais integram as ações de ‘Política Pública de Patrimônio’ que o IPAC, órgão da secretaria estadual de Cultura (SecultBA), implanta desde 2007 e que já atingiu cerca de 200 municípios baianos, graças à iniciativa do Governo da Bahia. A iniciativa conta com recursos do Fundo de Cultura da Bahia. O projeto Feira de Cores e Sabores foi contemplado com cerca de R$ 34,7 mil. Mais informações sobre os editais do IPAC são disponibilizadas através do site www.ipac.ba.gov.br, endereço eletrônico editais@ipac.ba.gov.br e telefones (71) 3117- 6491 ou 3117-6492.
Assessoria de Comunicação – IPAC – em 10.12.2010Jornalista responsável: Geraldo Moniz (1498-MTBa) – (71) 8731-2641 – Texto: estagiário Felipe Dieder
Contatos ASCOM/IPAC: (71) 3116-6673, 3117-6490, ascom,ipac@ipac.ba.gov.br
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FEIRA DE SÃO JOAQUIM
(Salvador - Bahia - Brasil)
Felipe Dieder estagiário do IPAC
Tão próxima e tão distante. Apenas duas avenidas separam a Feira de São Joaquim, na Cidade Baixa, em Salvador, do Centro de Formação e Acompanhamento Profissional da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE), cuja sede fica ao lado do secular prédio da Casa Pia e Órfãos de São Joaquim. No entanto, a maior feira livre da capital baiana, assentada em 34 mil m² e que sintetiza parte da cultura do Recôncavo baiano, acaba ficando distante dos alunos da APAE já que nunca haviam visitado o local.
Foi atentando para a possibilidade de congregar, em uma mesma ação, a valorização do patrimônio material e imaterial da feira com o aprendizado dos alunos da APAE que o arquiteto e museólogo Afrânio Simões Filho propôs um projeto ao Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC). Intitulado Feira de Cores Sabores – Projeto de Oficina de Valorização Cultural da Feira de São Joaquim com Aprendizes da APAE, a iniciativa foi inscrita e selecionada no edital público do IPAC 2010 para Apoio a Projetos de Valorização do Patrimônio Cultural no Estado da Bahia.
O ponto de partida do projeto foi dado nesta semana, quando divididos em dois grupos e acompanhados por três instrutores – artista plástico, arte-educadora e profissional em computação -, os 40 alunos da APAE conheceram pela primeira vez a feira que já tem quatro décadas naquele local. Antes, desde final do século 19, produtos vindos de dezenas de municípios do Recôncavo, e até do sertão baiano, já eram comercializados na mesma borda da Baía de Todos os Santos, em Salvador, trazidos por barcos e saveiros.
Duas professoras da APAE e dois coordenadores do projeto – a arte-educadora Adelina Rebouças e o museólogo Afrânio – acompanham a visita. “Trouxemos os alunos para que eles apreendam objetos, cores, aromas e a dinâmica da feira”, ressalta Adelina. Pretende-se que essas impressões sejam discutidas depois. “O que for apreendido servirá de base para trabalhos posteriores na técnica artística de mosaicos”, explica a arte-educadora. O projeto terá três etapas. Inicialmente, serão realizadas visitas guiadas à feira, quando acontece o contato com a diversidade e representações culturais. “Desse modo, a feira se torna um verdadeiro campo de estudos”, destaca Adelina. Em janeiro – período de férias dos alunos da APAE – será produzido um blog, no qual serão inclusas notas e imagens acerca das atividades desenvolvidas.
A partir de fevereiro, começa a segunda etapa, com leitura de livros e apresentação de filmes como “A Grande Feira” (1961), do cineasta baiano Roberto Pires – etapa que provocará reflexões sobre as saídas de campo. Posteriormente, os aprendizes da APAE produzirão mosaicos inspirados nas visitas a São Joaquim. Em abril de 2011 o resultado será mostrado à público em exposição.
Segundo a professora da APAE, Sandra Bahia, a possibilidade do edital do IPAC, auxilia e extrapola os muros da associação. “Esses projetos possibilitam maior conhecimento sobre o nosso patrimônio cultural e explorarmos seu potencial. São Joaquim é um local riquíssimo culturalmente e deve ser valorizado. Além disso, é fundamental para o aprendizado dos alunos da APAE”, ressalta Sandra. “Para nós, educadores, essas ações possibilitam explorar outros modos de ensinar, diferentes dos da educação rígida e fechada dos centros tradicionais”, enfatiza Afrânio Simões.
Os editais integram as ações de ‘Política Pública de Patrimônio’ que o IPAC, órgão da secretaria estadual de Cultura (SecultBA), implanta desde 2007 e que já atingiu cerca de 200 municípios baianos, graças à iniciativa do Governo da Bahia. A iniciativa conta com recursos do Fundo de Cultura da Bahia. O projeto Feira de Cores e Sabores foi contemplado com cerca de R$ 34,7 mil. Mais informações sobre os editais do IPAC são disponibilizadas através do site www.ipac.ba.gov.br, endereço eletrônico editais@ipac.ba.gov.br e telefones (71) 3117- 6491 ou 3117-6492.
Assessoria de Comunicação – IPAC – em 10.12.2010Jornalista responsável: Geraldo Moniz (1498-MTBa) – (71) 8731-2641 – Texto: estagiário Felipe Dieder
Contatos ASCOM/IPAC: (71) 3116-6673, 3117-6490, ascom,ipac@ipac.ba.gov.br
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domingo, 19 de dezembro de 2010
CRÔNICA DOMINICAL - BACH, MAHLER, MOZART, WAGNER
CRÔNICA DOMINICAL DE 19 DE DEZENBRO DE 2010 - BACH, MAHLER, MOZART, WAGNER
Domingo, pela manhã - hora bachiana
Domingo pela tarde - hora mahleriana
Domingo ao entardecer - hora mozartiana
Domingo à noite - hora wagneriana
Pathosurbi
Domingo, pela manhã - hora bachiana
Domingo pela tarde - hora mahleriana
Domingo ao entardecer - hora mozartiana
Domingo à noite - hora wagneriana
Pathosurbi
Muniz Sodré - MEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS
blog do altamiro souza
domingo, 19 de dezembro de 2010
MEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS - LUA Um mito do sertão - MUNIZ SODRÉ
Feira de Santana, 1954
MUNIZ SODRÉ
A MEMÓRIA É USINA de história, mas também de mitos. Não raro, ambos convivem, como me ocorreu ao dar um pequeno depoimento sobre Humberto Teixeira, o grande parceiro de Luiz Gonzaga, para o documentário "O homem que engarrafava nuvens". Na verdade, jamais vi em vida Humberto Teixeira, mas o associei ao grande "Lua", artista histórico e mítico de minha infância no interior baiano. Seu concerto para uma plateia de vaqueiros e feirantes no Campo do Gado é uma das mais vivas lembranças que guardo.
De fato, como apagar os traços de um concerto do rei do baião da memória de um menino do interior nordestino, enlevado por música, num tempo ainda sem TV e seus derivativos, sem a popularização do disco de 33 rpm, que revitalizaria a indústria da canção?
A cidade era Feira de Santana, a segunda maior da Bahia, e no começo dos anos 50 ainda fazia jus à alcunha de "Boca do Sertão". Situada a pouco mais de cem quilômetros de Salvador, Feira é a grande porta de entrada para o mundo sertanejo. Naquela época, ainda ocupava parte do centro e adjacências a grande feira de gado e alimentos, que recriava toda segunda-feira a atmosfera do sertão. Cantadores e camelôs de produtos miraculosos misturavam-se a vaqueiros, roceiros, fazendeiros, criadores de gado e vendedores de quase tudo que se possa imaginar de comestível no sertão.
Em épocas de estio inclemente, não era raro ver os caminhões de "paus de arara", como se alcunhavam os viventes tangidos pela seca rumo a São Paulo, parados à margem do mercado, famélicos, sem tostão para um beiju de mandioca sequer. Olhavam, olhavam, às vezes nostalgicamente, para os vaqueiros garbosos em seus gibões e chapéus de couro, facão na cintura e rebenque na mão, em cima de cavalos mais bem alimentados que os ginetes.
Quem sabia de vaqueiros, sabia, para além das aparências, da vida dura que levavam, da sua espantosa capacidade de sobreviver nas condições mais adversas da caatinga: parecia não haver seca nem fome que os matasse. No Campo de Gado, tangendo a boiada, faziam o espetáculo para os meninos que, escondidos dos pais, corriam atrás de bezerros e de bodes.
Luiz Gonzaga deixava siderada a gente do sertão. Só muito depois se saberia (e talvez ainda hoje nem se saiba) que o grande "Lua" inventou aquela coisa toda, os seus ritmos, no Rio de Janeiro, mais precisamente na Lapa, onde durante muito tempo cantou sambas e boleros. Pernambucano de Exu, ele parecia ter o dom do movimento que os cultos afrobrasileiros atribuem a quem carrega essa divindade na cabeça.
Juntamente com Humberto Teixeira, cearense, político e intelectual apaixonado pelo Brasil, recriou musicalmente a atmosfera do sertão.
A canção gonzaguiana é um dialeto do imaginário nordestino, assim como o "jorjamadês" é a fala de uma Bahia imaginária.
Imaginário, veja-se bem, e não mentira, porque se tratava de recriação. O zabumba, o fole das sanfonas e os passos entrecortados dos forrós são reais; real era a existência de um baião originário ("no Ceará, os cegos pediam esmola em ritmo de baião", dizia Teixeira); sempre foi real a inclemência das secas; mas realmente feliz era o vaqueiro na hora do aboio. O Polígono das Secas era, sim, o Polígono do Baião. Teixeira e Gonzaga fizeram disso tudo uma literatura cantada, que ainda hoje é engenho de emoções. "Asa Branca", obra-prima, é uma das veredas que levam ao Grande Sertão.
Eu teria 12 anos, por aí. Gonzaga, aos quarenta e poucos, estava no auge. Nunca me esqueci do concerto (eterno patrocínio do Colírio Moura Brasil) no Campo do Gado. Era noite de céu brilhante. Enluarado, Gonzaga subiu ao palanque, com chapéu de couro cru e três estrelas na aba da frente, gibão de couro, alpercatas e sanfona prateada dependurada no pescoço. O grito de louvação do povo, longo, em uníssono, fez vibrar o madeirame do palco. Como esquecer?
O aboio do grande "Lua" faz vibrar a alma nordestina, mas é toda a cultura brasileira que o inscreve na história como mito
domingo, 19 de dezembro de 2010
MEMÓRIAS QUE VIRAM HISTÓRIAS - LUA Um mito do sertão - MUNIZ SODRÉ
Feira de Santana, 1954
MUNIZ SODRÉ
A MEMÓRIA É USINA de história, mas também de mitos. Não raro, ambos convivem, como me ocorreu ao dar um pequeno depoimento sobre Humberto Teixeira, o grande parceiro de Luiz Gonzaga, para o documentário "O homem que engarrafava nuvens". Na verdade, jamais vi em vida Humberto Teixeira, mas o associei ao grande "Lua", artista histórico e mítico de minha infância no interior baiano. Seu concerto para uma plateia de vaqueiros e feirantes no Campo do Gado é uma das mais vivas lembranças que guardo.
De fato, como apagar os traços de um concerto do rei do baião da memória de um menino do interior nordestino, enlevado por música, num tempo ainda sem TV e seus derivativos, sem a popularização do disco de 33 rpm, que revitalizaria a indústria da canção?
A cidade era Feira de Santana, a segunda maior da Bahia, e no começo dos anos 50 ainda fazia jus à alcunha de "Boca do Sertão". Situada a pouco mais de cem quilômetros de Salvador, Feira é a grande porta de entrada para o mundo sertanejo. Naquela época, ainda ocupava parte do centro e adjacências a grande feira de gado e alimentos, que recriava toda segunda-feira a atmosfera do sertão. Cantadores e camelôs de produtos miraculosos misturavam-se a vaqueiros, roceiros, fazendeiros, criadores de gado e vendedores de quase tudo que se possa imaginar de comestível no sertão.
Em épocas de estio inclemente, não era raro ver os caminhões de "paus de arara", como se alcunhavam os viventes tangidos pela seca rumo a São Paulo, parados à margem do mercado, famélicos, sem tostão para um beiju de mandioca sequer. Olhavam, olhavam, às vezes nostalgicamente, para os vaqueiros garbosos em seus gibões e chapéus de couro, facão na cintura e rebenque na mão, em cima de cavalos mais bem alimentados que os ginetes.
Quem sabia de vaqueiros, sabia, para além das aparências, da vida dura que levavam, da sua espantosa capacidade de sobreviver nas condições mais adversas da caatinga: parecia não haver seca nem fome que os matasse. No Campo de Gado, tangendo a boiada, faziam o espetáculo para os meninos que, escondidos dos pais, corriam atrás de bezerros e de bodes.
Luiz Gonzaga deixava siderada a gente do sertão. Só muito depois se saberia (e talvez ainda hoje nem se saiba) que o grande "Lua" inventou aquela coisa toda, os seus ritmos, no Rio de Janeiro, mais precisamente na Lapa, onde durante muito tempo cantou sambas e boleros. Pernambucano de Exu, ele parecia ter o dom do movimento que os cultos afrobrasileiros atribuem a quem carrega essa divindade na cabeça.
Juntamente com Humberto Teixeira, cearense, político e intelectual apaixonado pelo Brasil, recriou musicalmente a atmosfera do sertão.
A canção gonzaguiana é um dialeto do imaginário nordestino, assim como o "jorjamadês" é a fala de uma Bahia imaginária.
Imaginário, veja-se bem, e não mentira, porque se tratava de recriação. O zabumba, o fole das sanfonas e os passos entrecortados dos forrós são reais; real era a existência de um baião originário ("no Ceará, os cegos pediam esmola em ritmo de baião", dizia Teixeira); sempre foi real a inclemência das secas; mas realmente feliz era o vaqueiro na hora do aboio. O Polígono das Secas era, sim, o Polígono do Baião. Teixeira e Gonzaga fizeram disso tudo uma literatura cantada, que ainda hoje é engenho de emoções. "Asa Branca", obra-prima, é uma das veredas que levam ao Grande Sertão.
Eu teria 12 anos, por aí. Gonzaga, aos quarenta e poucos, estava no auge. Nunca me esqueci do concerto (eterno patrocínio do Colírio Moura Brasil) no Campo do Gado. Era noite de céu brilhante. Enluarado, Gonzaga subiu ao palanque, com chapéu de couro cru e três estrelas na aba da frente, gibão de couro, alpercatas e sanfona prateada dependurada no pescoço. O grito de louvação do povo, longo, em uníssono, fez vibrar o madeirame do palco. Como esquecer?
O aboio do grande "Lua" faz vibrar a alma nordestina, mas é toda a cultura brasileira que o inscreve na história como mito
sábado, 18 de dezembro de 2010
Salvador: Museu sob risco de cair no mar
MAM de Salvador está sob risco de cair no mar em dois anos
Fabio Cypriano
Enviado especial a Salvador
[Folha de São Paulo, São Paulo (Brasil), 17 de Dezembro de 2010, p. E4]
A sede do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), em Salvador, está ameaçada por uma bolha de ar subaquática, que pode provocar o deslocamento de parte de suas instalações para o mar.
(Solar do Unhão que abriga instalações do Museu de Arte Moderna (MAM) de Salvador - Bahia - Brasil)
Esta é uma das conclusões do projeto executivo de reforma e modernização do museu, supervisionado pelo arquiteto André Vainer. "A ameaça não é eminente, mas se o projeto não for cumprido, o museu pode correr riscos", conta a diretora Solange Farkas, que deixa o cargo nos próximos dias.
"Fui convidada pelo Márcio Meirelles [secretário de Cultura da Bahia] para uma missão, que considero cumprida. Agora, volto a me dedicar totalmente à Associação Cultural Videobrasil", diz ela
"O parecer técnico realizado não consegue dimensionar todo o problema, mas se em dois anos não forem tomadas providências, o museu vai sofrer problemas estruturais", diz Vainer.
Segundo o projeto, que custou R$ 700 mil, a reforma total deve custar cerca de R$ 15 milhões, pois envolve outros problemas da instituição. "Acho que existe ainda uma outra bolha, agora falando metaforicamente, que é a situação do acervo. Hoje, ele está provisoriamente no museu Rodin, mas lá não é a reserva técnica ideal, por isso é preciso que a reforma tenha início logo", conta Farkas.
O alto custo da reforma do museu se deve à própria história de quase 300 anos da construção, que teve início no fim do século 17. O Solar do Unhão, como é conhecido, funcionou como um engenho de açúcar no século 18, uma fábrica de rapé no 19 e se tornou a sede do MAM em 1963, após restauro conduzido pela arquiteta Lina Bo Bardi, com quem Vainer trabalhou posteriormente.
Márcio Meireles não foi confirmado no cargo e o governador reeleito, Jaques Wagner, procurado pela Folha, não foi localizado.
PÚBLICO
Na última segunda, Farkas inaugurou a mostra "Joseph Beuys - A Revolução Somos Nós", da qual é curadora e foi vista no Sesc Pompeia, em São Paulo, neste ano, por 40 mil visitantes. Esse total foi o dobro de público da exposição organizada no ano anterior também por ela no Pompeia e em Salvador, "Sophie Calle: Cuide de Você". "Na Bahia, essa mostra conquistou 40 mil pessoas", diz.
A diretora deixa o cargo, aliás, ampliando de forma expressiva o público do museu. "Quando entrei, a média anual eram 40 mil visitantes, enquanto neste ano, sem contar ainda o Beuys, já chegamos a 200 mil", conta.
____________________
O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite do MAM-BA
Fonte: Folha de S. Paulo - SP
Fabio Cypriano
Enviado especial a Salvador
[Folha de São Paulo, São Paulo (Brasil), 17 de Dezembro de 2010, p. E4]
A sede do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), em Salvador, está ameaçada por uma bolha de ar subaquática, que pode provocar o deslocamento de parte de suas instalações para o mar.
(Solar do Unhão que abriga instalações do Museu de Arte Moderna (MAM) de Salvador - Bahia - Brasil)
Esta é uma das conclusões do projeto executivo de reforma e modernização do museu, supervisionado pelo arquiteto André Vainer. "A ameaça não é eminente, mas se o projeto não for cumprido, o museu pode correr riscos", conta a diretora Solange Farkas, que deixa o cargo nos próximos dias.
"Fui convidada pelo Márcio Meirelles [secretário de Cultura da Bahia] para uma missão, que considero cumprida. Agora, volto a me dedicar totalmente à Associação Cultural Videobrasil", diz ela
"O parecer técnico realizado não consegue dimensionar todo o problema, mas se em dois anos não forem tomadas providências, o museu vai sofrer problemas estruturais", diz Vainer.
Segundo o projeto, que custou R$ 700 mil, a reforma total deve custar cerca de R$ 15 milhões, pois envolve outros problemas da instituição. "Acho que existe ainda uma outra bolha, agora falando metaforicamente, que é a situação do acervo. Hoje, ele está provisoriamente no museu Rodin, mas lá não é a reserva técnica ideal, por isso é preciso que a reforma tenha início logo", conta Farkas.
O alto custo da reforma do museu se deve à própria história de quase 300 anos da construção, que teve início no fim do século 17. O Solar do Unhão, como é conhecido, funcionou como um engenho de açúcar no século 18, uma fábrica de rapé no 19 e se tornou a sede do MAM em 1963, após restauro conduzido pela arquiteta Lina Bo Bardi, com quem Vainer trabalhou posteriormente.
Márcio Meireles não foi confirmado no cargo e o governador reeleito, Jaques Wagner, procurado pela Folha, não foi localizado.
PÚBLICO
Na última segunda, Farkas inaugurou a mostra "Joseph Beuys - A Revolução Somos Nós", da qual é curadora e foi vista no Sesc Pompeia, em São Paulo, neste ano, por 40 mil visitantes. Esse total foi o dobro de público da exposição organizada no ano anterior também por ela no Pompeia e em Salvador, "Sophie Calle: Cuide de Você". "Na Bahia, essa mostra conquistou 40 mil pessoas", diz.
A diretora deixa o cargo, aliás, ampliando de forma expressiva o público do museu. "Quando entrei, a média anual eram 40 mil visitantes, enquanto neste ano, sem contar ainda o Beuys, já chegamos a 200 mil", conta.
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O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite do MAM-BA
Fonte: Folha de S. Paulo - SP
AMANHÃ DOMINGO BACH EM SALVADOR
Domingo, 19 de dezembro de 2010,
11:30 h
Catedral Basílica de Salvador
Oratório de Natal
"Weihnachtsoratorium"
de Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Cantatas 1, 3 e 4
Coro Barroco na Bahia
Orquestra Barroco na Bahia
Solistas convidados:
Soprano: Alexandra Liambos Mura, São Paulo
Contralto: Vivian Delfini, São Paulo
Tenor/Evengelista: Ruben Araujo, São Paulo
Baixo: Pedro Davoli Ometto, São Paulo
Direção musical: Hans Bönisch
Entrada franca
J. S. Bach
Johann Sebastian Bach (Eisenach, 21 de março de 1685 — Leipzig, 28 de julho de 1750)
Foi um organista e compositor alemão do período barroco. Mestre na arte da fuga, do contraponto e da música coral, ele é um dos mais prolíficos compositores da história da música ocidental. É, por muitos, considerado como o pai da música.
Devoto admirador de Dietrich Buxtehude, Bach é tido como o maior compositor do Barroco e, por muitos, o maior compositor da história da música, ainda que pouco reconhecido na altura em que viveu. Muitas de suas obras reflectem uma grande profundidade intelectual, uma expressão emocional profunda e, sobretudo, um grande domínio técnico em grande parte responsável pelo fascínio que diversas gerações de músicos demonstraram pelo Pai Bach, especialmente depois de Felix Mendelssohn que foi um dos responsáveis pela divulgação da sua obra, até então bastante esquecida.
Posteriormente, Hans von Bülow faz referência de Bach como um dos "três bês da música" (Bach, Beethoven, Brahms), considerando o seu Cravo Bem Temperado como o Antigo Testamento da Música.
Johann Sebastian Bach, nasceu na Turíngia a (21 de marçojul ou 31 de março 1685greg.) no seio de uma família de músicos.
(fachada da Catedral Basílica de Salvador - Terreiro de Jesus - Centro Histórico)
Johann AmbrosiusBach
A mãe morreu quando ele tinha nove anos de idade. Um ano depois morreu o pai Johann Ambrosius Bach, que era músico municipal e havia lhe ensinado os rudimentos da música. Foi viver e estudar com o irmão, Johann Christoph Bach, dezesseis anos mais velho que ele, então organista de Ohrdruf. Ao lado do irmão, Bach aprendeu a tocar órgão e a compor. Christoph, no entanto, não era um grande entusiasta do talento do jovem Sebastian. O irmão mais novo certa vez pediu a Christoph que lhe deixasse estudar algumas partituras de Pachelbel, que fora padrinho e professor de Christoph, mas este recusou. Sebastian então passou a copiar, todas as noites, as partituras do irmão, enquanto este dormia, para que pudesse estudá-las mais tarde. De nada valeu esse esforço, já que Christoph, ao descobrir as cópias, destruiu-as. Especula-se também que o esforço realizado por Sebastian para copiar as partituras na escuridão tenha sido responsável pela cegueira que o atormentou no final da vida. Em 1703, aos dezoito anos, Bach ascendeu ao posto de organista em Arnstadt, graças ao precoce domínio do instrumento.
(Interior da Catedral Basílica de Salvador - missa solene)
St. Boniface (Igreja em Arnstadt)
Em 1705, Bach percorreu a pé o caminho de Arnstadt até Lübeck, somente para ouvir Buxtehude, famoso organista a quem o jovem Bach muito admirava, apresentar-se. Essa viagem custou-lhe o emprego, motivando-o a procurar outro emprego, que veio a ser em Mühlhausen, onde ele conheceu Maria Barbara, sua prima, com quem se casaria e teria 7filhos. Bach introduziu a jovem no coral da igreja luterana local, o que causou transtornos burocráticos, e o fizeram abandonar o cargo. Maria Barbara adoeceu, vindo a falecer subitamente durante uma viagem do marido.
Ali escreveu também as primeiras cantatas. Só um ano depois, em 1708, foi nomeado organista da Corte, e em 1714 director de orquestra na corte do duque Wilhelm Ernst, em Weimar. De 1717 a 1723, Bach foi mestre-capela (Kapellmeister) na corte de príncipe Leopold de Anhalt-Köthen. Em 1720 morreu a primeira esposa, e um ano mais tarde voltou a casar-se, desta vez com a cantora Anna Magdalena Wülcken. A partir de 1723 e até à sua morte, foi Director de Música (Kantor) na igreja luterana de São Tomás em Leipzig. Chegou a ser convidado para a corte de Frederico II o Grande em Sans Souci. Morreu em 1750, depois de uma intervenção cirúrgica fracassada nos olhos. Bach foi ficando cego até perder totalmente a visão. Atualmente crê-se que a sua cegueira foi originada por diabetes não tratado.
Lugares na vida de Bach
Bach encabeçou uma família numerosa. Teve sete filhos no seu primeiro matrimónio e treze no segundo. Quatro dos seus filhos do seu segundo casamento transformaram-se em compositores respeitados. Entre eles se destacaram Wilhelm Friedemann Bach (1710-1784), que segundo o patriarca era o mais talentoso de seus filhos, Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788), de quem Mozart tinha uma opinião excelente, e que viria ser o Bach mais famoso de sua época, e Johann Christian Bach (1735-1782) que ficou famoso na Inglaterra. Entretanto, a confiança que Bach pôs em Wilhelm Friedemann teve tristes consequências depois do seu falecimento. Friedemann possuía uma personalidade evasiva, nunca se fixando nos empregos, e muitas vezes em dificuldades financeiras. Essas dificuldades levaram-no, muitas vezes, a vender várias partituras que pertenciam ao pai. Nesse processo perderam-se para sempre várias paixões compostas por Johann Sebastian (quem sabe agora fossem elas tão apreciadas como a Paixão segundo São Mateus e a Paixão segundo São João).
Se não fosse sido o cuidado que teve Carl Philipp Emanuel Bach em conservar os manuscritos do pai, o mundo poderia ter sido privado de uma boa parte das obras primas de Bach.
Um aspecto impressionante da vida de Bach é que o compositor teve pouco reconhecimento em vida. Era tido por todos como um virtuoso do órgão, talvez o melhor de que se tinha notícia. Como compositor, porém, era considerado antiquado e sem criatividade. Outros compositores, como Haendel e Telemann, tiveram as obras muito mais apreciadas no período. Na época que se seguiu à morte, Bach caiu no esquecimento. O filho Carl Phillip Emanuel teve então grande destaque como um dos fundadores do classicismo. Alguns compositores e músicos conheciam e apreciavam a obra de Johann Sebastian Bach. Haydn, Mozart e Beethoven encantaram-se com as obras a que tiveram acesso.
11:30 h
Catedral Basílica de Salvador
Oratório de Natal
"Weihnachtsoratorium"
de Johann Sebastian Bach (1685-1750)
Cantatas 1, 3 e 4
Coro Barroco na Bahia
Orquestra Barroco na Bahia
Solistas convidados:
Soprano: Alexandra Liambos Mura, São Paulo
Contralto: Vivian Delfini, São Paulo
Tenor/Evengelista: Ruben Araujo, São Paulo
Baixo: Pedro Davoli Ometto, São Paulo
Direção musical: Hans Bönisch
Entrada franca
J. S. Bach
Johann Sebastian Bach (Eisenach, 21 de março de 1685 — Leipzig, 28 de julho de 1750)
Foi um organista e compositor alemão do período barroco. Mestre na arte da fuga, do contraponto e da música coral, ele é um dos mais prolíficos compositores da história da música ocidental. É, por muitos, considerado como o pai da música.
Devoto admirador de Dietrich Buxtehude, Bach é tido como o maior compositor do Barroco e, por muitos, o maior compositor da história da música, ainda que pouco reconhecido na altura em que viveu. Muitas de suas obras reflectem uma grande profundidade intelectual, uma expressão emocional profunda e, sobretudo, um grande domínio técnico em grande parte responsável pelo fascínio que diversas gerações de músicos demonstraram pelo Pai Bach, especialmente depois de Felix Mendelssohn que foi um dos responsáveis pela divulgação da sua obra, até então bastante esquecida.
Posteriormente, Hans von Bülow faz referência de Bach como um dos "três bês da música" (Bach, Beethoven, Brahms), considerando o seu Cravo Bem Temperado como o Antigo Testamento da Música.
Johann Sebastian Bach, nasceu na Turíngia a (21 de marçojul ou 31 de março 1685greg.) no seio de uma família de músicos.
(fachada da Catedral Basílica de Salvador - Terreiro de Jesus - Centro Histórico)
Johann AmbrosiusBach
A mãe morreu quando ele tinha nove anos de idade. Um ano depois morreu o pai Johann Ambrosius Bach, que era músico municipal e havia lhe ensinado os rudimentos da música. Foi viver e estudar com o irmão, Johann Christoph Bach, dezesseis anos mais velho que ele, então organista de Ohrdruf. Ao lado do irmão, Bach aprendeu a tocar órgão e a compor. Christoph, no entanto, não era um grande entusiasta do talento do jovem Sebastian. O irmão mais novo certa vez pediu a Christoph que lhe deixasse estudar algumas partituras de Pachelbel, que fora padrinho e professor de Christoph, mas este recusou. Sebastian então passou a copiar, todas as noites, as partituras do irmão, enquanto este dormia, para que pudesse estudá-las mais tarde. De nada valeu esse esforço, já que Christoph, ao descobrir as cópias, destruiu-as. Especula-se também que o esforço realizado por Sebastian para copiar as partituras na escuridão tenha sido responsável pela cegueira que o atormentou no final da vida. Em 1703, aos dezoito anos, Bach ascendeu ao posto de organista em Arnstadt, graças ao precoce domínio do instrumento.
(Interior da Catedral Basílica de Salvador - missa solene)
St. Boniface (Igreja em Arnstadt)
Em 1705, Bach percorreu a pé o caminho de Arnstadt até Lübeck, somente para ouvir Buxtehude, famoso organista a quem o jovem Bach muito admirava, apresentar-se. Essa viagem custou-lhe o emprego, motivando-o a procurar outro emprego, que veio a ser em Mühlhausen, onde ele conheceu Maria Barbara, sua prima, com quem se casaria e teria 7filhos. Bach introduziu a jovem no coral da igreja luterana local, o que causou transtornos burocráticos, e o fizeram abandonar o cargo. Maria Barbara adoeceu, vindo a falecer subitamente durante uma viagem do marido.
Ali escreveu também as primeiras cantatas. Só um ano depois, em 1708, foi nomeado organista da Corte, e em 1714 director de orquestra na corte do duque Wilhelm Ernst, em Weimar. De 1717 a 1723, Bach foi mestre-capela (Kapellmeister) na corte de príncipe Leopold de Anhalt-Köthen. Em 1720 morreu a primeira esposa, e um ano mais tarde voltou a casar-se, desta vez com a cantora Anna Magdalena Wülcken. A partir de 1723 e até à sua morte, foi Director de Música (Kantor) na igreja luterana de São Tomás em Leipzig. Chegou a ser convidado para a corte de Frederico II o Grande em Sans Souci. Morreu em 1750, depois de uma intervenção cirúrgica fracassada nos olhos. Bach foi ficando cego até perder totalmente a visão. Atualmente crê-se que a sua cegueira foi originada por diabetes não tratado.
Lugares na vida de Bach
Bach encabeçou uma família numerosa. Teve sete filhos no seu primeiro matrimónio e treze no segundo. Quatro dos seus filhos do seu segundo casamento transformaram-se em compositores respeitados. Entre eles se destacaram Wilhelm Friedemann Bach (1710-1784), que segundo o patriarca era o mais talentoso de seus filhos, Carl Philipp Emanuel Bach (1714-1788), de quem Mozart tinha uma opinião excelente, e que viria ser o Bach mais famoso de sua época, e Johann Christian Bach (1735-1782) que ficou famoso na Inglaterra. Entretanto, a confiança que Bach pôs em Wilhelm Friedemann teve tristes consequências depois do seu falecimento. Friedemann possuía uma personalidade evasiva, nunca se fixando nos empregos, e muitas vezes em dificuldades financeiras. Essas dificuldades levaram-no, muitas vezes, a vender várias partituras que pertenciam ao pai. Nesse processo perderam-se para sempre várias paixões compostas por Johann Sebastian (quem sabe agora fossem elas tão apreciadas como a Paixão segundo São Mateus e a Paixão segundo São João).
Se não fosse sido o cuidado que teve Carl Philipp Emanuel Bach em conservar os manuscritos do pai, o mundo poderia ter sido privado de uma boa parte das obras primas de Bach.
Um aspecto impressionante da vida de Bach é que o compositor teve pouco reconhecimento em vida. Era tido por todos como um virtuoso do órgão, talvez o melhor de que se tinha notícia. Como compositor, porém, era considerado antiquado e sem criatividade. Outros compositores, como Haendel e Telemann, tiveram as obras muito mais apreciadas no período. Na época que se seguiu à morte, Bach caiu no esquecimento. O filho Carl Phillip Emanuel teve então grande destaque como um dos fundadores do classicismo. Alguns compositores e músicos conheciam e apreciavam a obra de Johann Sebastian Bach. Haydn, Mozart e Beethoven encantaram-se com as obras a que tiveram acesso.
FCCV - A SEPARAÇÃO DOS CORPOS: O CRIME NO ESPAÇO SOCIAL IMPRÓPRIO
FCCV - FORUM COMNUNITÁRIO DE COMBATE À VIOLÊNCIA - Salvador - Bahia - Brasil
Leitura de fatos violentos publicados na mídia
Ano 10, nº 44, 15/12/10
A SEPARAÇÃO DOS CORPOS: O CRIME NO ESPAÇO SOCIAL IMPRÓPRIO
“Estamos certos de que esse foi um episódio isolado, sendo uma instituição confessional e centenária, onde o ambiente sempre foi marcado pela harmonia, paz e fraternidade”.
Depois de ler o texto que abre essa leitura o receptor não tem outra saída que nãoa cogitação de uma quebra de ordem prática dos dizeres que estão afirmados na mensagem. Como conseqüência, produz-se a seguinte inquietação: em que consiste o episódio isolado?
A instituição confessional e centenária é o Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, situada em uma nobre zona da capital mineira. Foi ali que, no dia sete de dezembro de 2010, um aluno matou, a facadas, um professor de Educação Física. Eis a resposta para a provável curiosidade gerada com a abertura desse texto. Tendo ultrapassado a devida explicação refletirei sobre o trecho que dá início a essa leitura.
Ao qualificar como “episódio isolado” a instituição sugere que o assunto seja tratado e percebido como algo que não pertence àquele Centro Universitário. Há, portanto, uma preocupação em desalojar, simbolicamente, a ocorrência da órbita da instituição, cujos valores anunciados se revelam contrários a quaisquer feitos violentos. Esta busca pela separação entre o “episódio” e o estabelecimento de ensino atende à imperiosa necessidade da ocorrência não afetar, negativamente, a imagem da organização.
É interessante notar que o fato da violência letal se verificar no interior da unidade de ensino, envolvendo um discente e um docente fica menor do que a qualificação do ambiente que é referido como “pautado pela harmonia, paz e fraternidade”. É com este escudo, que se torna espesso com o apelo ao caráter centenário da instituição, que o crime gravíssimo é sugerido como impróprio para aquela longa história, para aquela confissão, para aquele espaço simbólico. Neste sentido, pode-se sugerir que a verificação do caso naquele local consiste em uma violência contra a imagem institucional.
Diante deste ferimento, a instituição vem a público para dizer que o seu corpo e sua história não se misturam com as coisas que fogem ao seu padrão discursivo, dando a este padrão o sentido de superioridade sobre as práticas episódicas de violência.
Com esta estratégia, a organização coloca o seu discurso como um muro que a separa das inseguranças atuais e, assim, estabelece uma forma original de se distinguir dos casos concretos de violência.
A reação deste Centro Universitário não se constitui novidade. Há muito se observam várias formas de não reconhecimento da violência como problema de todos e de cada um de nós. Por mais perto que ela esteja há sempre uma solução simbólica a mobilizar palavras que funcionam como muros impermeáveis aos atos violentos. Por estes mecanismos “aqui” é sempre um lugar seguro e de paz, ao passo que “acolá” é o território de insegurança e de medo.
Com certeza, é hora de se refletir sobre os “episódios” destoantes das ordens discursivas cultivadas pelos respeitáveis e históricos estabelecimentos escolares e por muitas outras organizações que apresentam esta espécie de “salvo conduto absoluto” a propósito da violência. Não se enfrenta o problema lhe dando as costas e passando a palavra ao terreno baldio. E a morte de um professor por um aluno, em razão de uma reprovação não pode ter a sua gravidade desbotada por uma sorrateira exclusão de comprometimento da instituição de ensino que “hospedou” o evento.
Cabe recordar que enquanto as prestigiadas instituições atuam no sentido de desviar as práticas violentas perpetradas no interior de suas órbitas para dimensões exógenas, vão se acumulando evidências de que a sublime razão de ser destas organizações não tem sintonia com o seu próprio feitio corriqueiro, e o uso “episódico” dessas nobres razões se aproxima do curativo que ao cobrir a ferida não esconde o mal-estar.
Leitura de fatos violentos publicados na mídia
Ano 10, nº 44, 15/12/10
A SEPARAÇÃO DOS CORPOS: O CRIME NO ESPAÇO SOCIAL IMPRÓPRIO
“Estamos certos de que esse foi um episódio isolado, sendo uma instituição confessional e centenária, onde o ambiente sempre foi marcado pela harmonia, paz e fraternidade”.
Depois de ler o texto que abre essa leitura o receptor não tem outra saída que nãoa cogitação de uma quebra de ordem prática dos dizeres que estão afirmados na mensagem. Como conseqüência, produz-se a seguinte inquietação: em que consiste o episódio isolado?
A instituição confessional e centenária é o Centro Universitário Metodista Izabela Hendrix, situada em uma nobre zona da capital mineira. Foi ali que, no dia sete de dezembro de 2010, um aluno matou, a facadas, um professor de Educação Física. Eis a resposta para a provável curiosidade gerada com a abertura desse texto. Tendo ultrapassado a devida explicação refletirei sobre o trecho que dá início a essa leitura.
Ao qualificar como “episódio isolado” a instituição sugere que o assunto seja tratado e percebido como algo que não pertence àquele Centro Universitário. Há, portanto, uma preocupação em desalojar, simbolicamente, a ocorrência da órbita da instituição, cujos valores anunciados se revelam contrários a quaisquer feitos violentos. Esta busca pela separação entre o “episódio” e o estabelecimento de ensino atende à imperiosa necessidade da ocorrência não afetar, negativamente, a imagem da organização.
É interessante notar que o fato da violência letal se verificar no interior da unidade de ensino, envolvendo um discente e um docente fica menor do que a qualificação do ambiente que é referido como “pautado pela harmonia, paz e fraternidade”. É com este escudo, que se torna espesso com o apelo ao caráter centenário da instituição, que o crime gravíssimo é sugerido como impróprio para aquela longa história, para aquela confissão, para aquele espaço simbólico. Neste sentido, pode-se sugerir que a verificação do caso naquele local consiste em uma violência contra a imagem institucional.
Diante deste ferimento, a instituição vem a público para dizer que o seu corpo e sua história não se misturam com as coisas que fogem ao seu padrão discursivo, dando a este padrão o sentido de superioridade sobre as práticas episódicas de violência.
Com esta estratégia, a organização coloca o seu discurso como um muro que a separa das inseguranças atuais e, assim, estabelece uma forma original de se distinguir dos casos concretos de violência.
A reação deste Centro Universitário não se constitui novidade. Há muito se observam várias formas de não reconhecimento da violência como problema de todos e de cada um de nós. Por mais perto que ela esteja há sempre uma solução simbólica a mobilizar palavras que funcionam como muros impermeáveis aos atos violentos. Por estes mecanismos “aqui” é sempre um lugar seguro e de paz, ao passo que “acolá” é o território de insegurança e de medo.
Com certeza, é hora de se refletir sobre os “episódios” destoantes das ordens discursivas cultivadas pelos respeitáveis e históricos estabelecimentos escolares e por muitas outras organizações que apresentam esta espécie de “salvo conduto absoluto” a propósito da violência. Não se enfrenta o problema lhe dando as costas e passando a palavra ao terreno baldio. E a morte de um professor por um aluno, em razão de uma reprovação não pode ter a sua gravidade desbotada por uma sorrateira exclusão de comprometimento da instituição de ensino que “hospedou” o evento.
Cabe recordar que enquanto as prestigiadas instituições atuam no sentido de desviar as práticas violentas perpetradas no interior de suas órbitas para dimensões exógenas, vão se acumulando evidências de que a sublime razão de ser destas organizações não tem sintonia com o seu próprio feitio corriqueiro, e o uso “episódico” dessas nobres razões se aproxima do curativo que ao cobrir a ferida não esconde o mal-estar.
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
CALLIGARIS - "EDUCAR FRUSTRANDO?"
CONTARDO CALLIGARIS - "EDUCAR FRUSTRANDO?"
[Folha de São Paulo, São Paulo, 16 Dezembro 2010, p. E10]
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Formar o caráter de um jovem não significa apenas colocar limites, mas, sobretudo, autorizar
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EM 14 de novembro, na avenida Paulista, um grupo de cinco jovens agrediu outros jovens sem razão aparente.
Não se sabe se o ato foi uma expressão de raiva homofóbica ou apenas a estupidez habitual de um grupinho de adolescentes soltos pelas ruas.
Em entrevistas na Folha, os pais de dois dos agressores se colocaram a eterna questão dos adultos quando os filhos aprontam além da conta: "onde foi que a gente errou?".
Em geral, muito mais do que nos erros dos pais, a origem da conduta criminosa (ou simplesmente estúpida) de um adolescente está no grupo ao qual ele pertence ou ambiciona pertencer.
Mas o que me importa hoje é que os pais, ao interrogar-se sobre o que fizeram de errado, concluíram que talvez eles tivessem colocado poucos limites nos filhos. Os jovens teriam se extraviado porque "faltou pulso".
Essa ideia é hoje um chavão: recusar, proibir, ou seja, frustrar os desejos dos jovens seria um ato formador do caráter. Aqueles a quem tudo seria dado não teriam noção da lei e dos limites; escravos de sua própria ânsia de satisfação imediata, eles não saberiam lidar com os contratempos da vida.
Nessa linha, como me lembrou uma leitora, Ana Lamanna, o psicanalista Wilfred Bion (em "The Theory of Thinking", teoria do pensamento, 1962) supunha que as frustrações fossem um requisito do pensamento.
Ao longo do desenvolvimento, inteligência e criatividade apareceriam à condição de que as vontades não fossem todas satisfeitas. Vulgo: a satisfação emburrece e as frustrações têm valor pedagógico.
Na semana retrasada, nesta coluna, mencionei a ideia, derivada de J. Bowlby e D.W. Winnicott (injustamente derivada, observou com razão um leitor, Davy Bogomoletz), de que a privação na infância estaria na origem da delinquência adulta.
Para a psicanálise, privação e frustração não são bem a mesma coisa, mas, para o leigo, surge uma certa contradição: afinal, ser frustrado ou privado estraga ou forma o caráter de nossos rebentos?
Outra leitora, Maria Chantal Amarante, antevendo essa contradição, propôs uma solução: "Frustrar as necessidades básicas deixa feridas imensas" (e pode, portanto e por exemplo, levar à delinquência), mas não por isso seria menos necessário "frustrar os desejos e vontades ilimitados das crianças de hoje", para que elas não "cresçam achando que podem tudo".
Como Maria Chantal, acho que muitas coisas devem ser recusadas às crianças -desde as que não são adaptadas à idade que elas têm até as que pediriam aos pais um sacrifício excessivo. No entanto, duas observações:
1) Podemos frustrar nossos filhos de pipoca e videogames, sobretudo quando eles parecem acreditar que tudo lhes é devido, mas imaginar que, com isso, a gente esteja lhes formando o caráter ou lhes ensinando a viver é puro melodrama.
Funciona assim: nós imaginamos que seríamos capazes de mimar as crianças a ponto de elas nunca aprenderem que a insatisfação é o regime normal do desejo.
Será que alguém tem tamanho poder? Não acredito, mas, aparentemente, fortes dessa ilusão, decidimos frustrá-las um pouco para salvá-las de nossa suposta (e duvidosa) capacidade de embrutecê-las à força de satisfação.
2) Também justificamos nossa decisão de recusar e proibir com a ideia de que isso estabeleceria, nas crianças, uma sólida e benéfica ideia de autoridade.
Cá entre nós, é preciso que a autoridade em geral e a nossa em particular sejam bem decadentes para que, a fim de serem levadas a sério, elas precisem privar as crianças de balas, cinema ou TV.
Mais importante: o que estabelece a autoridade e forma o caráter é mesmo o ato de recusar e proibir?
Ao procurarmos nossas falhas educativas (que sempre existem), seria bom não buscá-las só na falta de proibições e limites, mas também na falta de autorizações.
Pois, ao educar, o mais difícil talvez não seja impor limites e interdições. O mais difícil talvez seja transmitir às nossas crianças a coragem de desejar.
Proibir as saídas noturnas e o uso prolongado de computador é ótimo e necessário, mas a autoridade que forma o caráter de um jovem não é só a que diz não às suas vontades; é também a que o autoriza a dizer sim na hora daquelas escolhas de vida que são custosas e decisivas e diante das quais é fácil amarelar.
[Folha de São Paulo, São Paulo, 16 Dezembro 2010, p. E10]
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Formar o caráter de um jovem não significa apenas colocar limites, mas, sobretudo, autorizar
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EM 14 de novembro, na avenida Paulista, um grupo de cinco jovens agrediu outros jovens sem razão aparente.
Não se sabe se o ato foi uma expressão de raiva homofóbica ou apenas a estupidez habitual de um grupinho de adolescentes soltos pelas ruas.
Em entrevistas na Folha, os pais de dois dos agressores se colocaram a eterna questão dos adultos quando os filhos aprontam além da conta: "onde foi que a gente errou?".
Em geral, muito mais do que nos erros dos pais, a origem da conduta criminosa (ou simplesmente estúpida) de um adolescente está no grupo ao qual ele pertence ou ambiciona pertencer.
Mas o que me importa hoje é que os pais, ao interrogar-se sobre o que fizeram de errado, concluíram que talvez eles tivessem colocado poucos limites nos filhos. Os jovens teriam se extraviado porque "faltou pulso".
Essa ideia é hoje um chavão: recusar, proibir, ou seja, frustrar os desejos dos jovens seria um ato formador do caráter. Aqueles a quem tudo seria dado não teriam noção da lei e dos limites; escravos de sua própria ânsia de satisfação imediata, eles não saberiam lidar com os contratempos da vida.
Nessa linha, como me lembrou uma leitora, Ana Lamanna, o psicanalista Wilfred Bion (em "The Theory of Thinking", teoria do pensamento, 1962) supunha que as frustrações fossem um requisito do pensamento.
Ao longo do desenvolvimento, inteligência e criatividade apareceriam à condição de que as vontades não fossem todas satisfeitas. Vulgo: a satisfação emburrece e as frustrações têm valor pedagógico.
Na semana retrasada, nesta coluna, mencionei a ideia, derivada de J. Bowlby e D.W. Winnicott (injustamente derivada, observou com razão um leitor, Davy Bogomoletz), de que a privação na infância estaria na origem da delinquência adulta.
Para a psicanálise, privação e frustração não são bem a mesma coisa, mas, para o leigo, surge uma certa contradição: afinal, ser frustrado ou privado estraga ou forma o caráter de nossos rebentos?
Outra leitora, Maria Chantal Amarante, antevendo essa contradição, propôs uma solução: "Frustrar as necessidades básicas deixa feridas imensas" (e pode, portanto e por exemplo, levar à delinquência), mas não por isso seria menos necessário "frustrar os desejos e vontades ilimitados das crianças de hoje", para que elas não "cresçam achando que podem tudo".
Como Maria Chantal, acho que muitas coisas devem ser recusadas às crianças -desde as que não são adaptadas à idade que elas têm até as que pediriam aos pais um sacrifício excessivo. No entanto, duas observações:
1) Podemos frustrar nossos filhos de pipoca e videogames, sobretudo quando eles parecem acreditar que tudo lhes é devido, mas imaginar que, com isso, a gente esteja lhes formando o caráter ou lhes ensinando a viver é puro melodrama.
Funciona assim: nós imaginamos que seríamos capazes de mimar as crianças a ponto de elas nunca aprenderem que a insatisfação é o regime normal do desejo.
Será que alguém tem tamanho poder? Não acredito, mas, aparentemente, fortes dessa ilusão, decidimos frustrá-las um pouco para salvá-las de nossa suposta (e duvidosa) capacidade de embrutecê-las à força de satisfação.
2) Também justificamos nossa decisão de recusar e proibir com a ideia de que isso estabeleceria, nas crianças, uma sólida e benéfica ideia de autoridade.
Cá entre nós, é preciso que a autoridade em geral e a nossa em particular sejam bem decadentes para que, a fim de serem levadas a sério, elas precisem privar as crianças de balas, cinema ou TV.
Mais importante: o que estabelece a autoridade e forma o caráter é mesmo o ato de recusar e proibir?
Ao procurarmos nossas falhas educativas (que sempre existem), seria bom não buscá-las só na falta de proibições e limites, mas também na falta de autorizações.
Pois, ao educar, o mais difícil talvez não seja impor limites e interdições. O mais difícil talvez seja transmitir às nossas crianças a coragem de desejar.
Proibir as saídas noturnas e o uso prolongado de computador é ótimo e necessário, mas a autoridade que forma o caráter de um jovem não é só a que diz não às suas vontades; é também a que o autoriza a dizer sim na hora daquelas escolhas de vida que são custosas e decisivas e diante das quais é fácil amarelar.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Secretário anula mudança em tombamentos nos Jardins
Secretário da Cultura anula mudança em tombamentos nos Jardins
[Voice Comunicação Institucional]
Na última semana, uma série de notícias publicadas na imprensa de São Paulo trouxe à tona um tema que impacta a todos os cidadãos paulistanos: a proposta do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo) de mudança na Resolução 02, de 23 de janeiro de 1986, que trata do tombamento dos Jardins América, Europa, Paulista e Paulistano.
Liberar a volumetria das construções e unificar lotes seria o primeiro passo para descaracterizar os bairros-jardins como hoje se encontram. Tantas são as agressões que diuturnamente os Jardins sofrem, mas essa, certamente, seria a maior delas.
Hoje (16/12), o Secretário e Estado da Cultura, Andrea Matarazzo, morador e um defensor dos bairros-jardins, anunciou a anulação dos dois processos que pretendiam alterar o tombamento e propunham alterações no traçado urbanístico dos bairros.
Todavia, uma nova gestão do Condephaat pode instaurar um novo processo neste sentido, retomando o assunto.
Por tudo isso, queremos reforçar que este é o momento de defender e preservar os Jardins. Para tanto, contamos com o apoio de todos os moradores.
____
Voice Comunicação Institucional
Alan Cruz
tel 55 11 3816 1230
alan@voice.com.br
www.voice.com.br
blogdavoice.blogspot.com
[Voice Comunicação Institucional]
Na última semana, uma série de notícias publicadas na imprensa de São Paulo trouxe à tona um tema que impacta a todos os cidadãos paulistanos: a proposta do Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico do Estado de São Paulo) de mudança na Resolução 02, de 23 de janeiro de 1986, que trata do tombamento dos Jardins América, Europa, Paulista e Paulistano.
Liberar a volumetria das construções e unificar lotes seria o primeiro passo para descaracterizar os bairros-jardins como hoje se encontram. Tantas são as agressões que diuturnamente os Jardins sofrem, mas essa, certamente, seria a maior delas.
Hoje (16/12), o Secretário e Estado da Cultura, Andrea Matarazzo, morador e um defensor dos bairros-jardins, anunciou a anulação dos dois processos que pretendiam alterar o tombamento e propunham alterações no traçado urbanístico dos bairros.
Todavia, uma nova gestão do Condephaat pode instaurar um novo processo neste sentido, retomando o assunto.
Por tudo isso, queremos reforçar que este é o momento de defender e preservar os Jardins. Para tanto, contamos com o apoio de todos os moradores.
____
Voice Comunicação Institucional
Alan Cruz
tel 55 11 3816 1230
alan@voice.com.br
www.voice.com.br
blogdavoice.blogspot.com
Brasil entra na rota do turismo religioso internacional
Brasil entra na rota do turismo religioso internacional
Por Décio Viotto, especial para o Yahoo! Brasil
A fé cristã, que dizem mover montanhas, também se encaixa, e muito bem, nas bagagens de milhões de turistas que escolhem os seus roteiros não apenas pelo lazer ou pelas belezas naturais, mas pela busca de uma vivência espiritual em lugares como a Terra Santa, no Oriente Médio; Fátima, em Portugal; Lourdes, na França; Santiago de Compostela, na Espanha; Wadowice, na Polônia, ou Munique, na Alemanha.
• Especial santos
Esses roteiros, entre tantos outros, estão no catálogo da Ópera Romana de Peregrinações (ORP), a agência de viagens oficial do Vaticano. A instituição, que existe há 76 anos, apenas em 2010 reconheceu o Brasil como roteiro internacional de turismo religioso. O acordo foi firmado nesta semana no Palácio Vicariato, na Cidade do Vaticano, durante encontro do ministro do Turismo, Luiz Barreto, com o administrador da agência, o padre Caesar Atuire.
Esse reconhecimento poderá atrair para o país parte dos cinco milhões de europeus que todos os anos viajam pela agência do Vaticano. Trata-se de um universo imenso se comparado com os atuais 25 mil turistas que vêm para cá declaradamente atraídos por motivos religiosos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Turismo.
(Santuário de N.S. Aparecida - Aparecida - São Paulo - Brasil)
A rota brasileira da fé vai passar, num primeiro momento, pela cidade de Aparecida, em São Paulo, onde fica o maior santuário mariano do mundo, a Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Somente no último dia 12, dia da Santa, cerca de 330 mil fiéis rumaram ao local. No Rio de Janeiro, a indicação será o Cristo Redentor. Também serão incluídas no roteiro Olinda, em Pernambuco, cidades históricas de Minas Gerais, como Ouro Preto, Congonhas do Campo e Marina, e o estado da Bahia. Somente Salvador teria em torno de 300 igrejas, o que faria da capital baiana a cidade com mais templos religiosos do país.
No futuro, o Ministério do Turismo vai trabalhar pela inclusão de Juazeiro do Norte, no Ceará, que recebe por ano dois milhões de seguidores do Padre Cícero; Nova Trento, em Santa Catarina, para onde 30 mil católicos vão todos os meses rezar no santuário dedicado a Madre Paulina, e a Região das Missões, no Rio Grande do Sul.
O cardápio turístico no Brasil também oferece o Cruzeiro Católico, único no mundo.
De 1 a 4 de fevereiro de 2011 um grupo com 2050 pessoas vai sair do porto de Santos em direção ao Rio de Janeiro, com parada em Búzios. Serão quatro dias e três noites de consagração espiritual. A CNS Viagens, organizadora do evento, informa que só restam 200 lugares.
É preciso esclarecer ainda que o turismo religioso é a soma de vários tipos de viagens. Na romaria, o compromisso é conhecer o destino sagrado. Na peregrinação, é cumprir promessas. Há também viagens de penitência e a espontânea. No Brasil, as romarias são únicas, pois têm o caráter festivo. Seja qual for o modo escolhido, o Vaticano estima que, por ano, 200 milhões de pessoas viajam com um desses intuitos no mundo. Somente na Europa são 30 milhões e no Brasil, 15 milhões, segundo a Empresa Brasileira de Turismo - Embratur -, com base em levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisas da Universidade de São Paulo.
Turismo religioso na Europa
Munique e Freising, na Alemanha, entraram para o turismo religioso depois da aclamação de Joseph Ratzinger como papa Bento 16, em 2005. Essas duas localidades da Baviera foram importantes em vários momentos da sua vida e agora oferecem diversos roteiros aos católicos. Um deles é o "Seguindo os Passos do Papa". O final do trajeto é em solo italiano, onde os peregrinos que fazem o caminho são agraciados com uma missa realizada pelo Papa no Vaticano.
Uma rota bem mais antiga e mais conhecida é o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Os peregrinos, interessados na história do apóstolo Tiago, percorrem esse caminho há oito séculos. O trajeto possui mais de 1.800 edifícios de valor histórico. Na França, Lourdes continua como principal centro de peregrinação. A cidade, situada no centro da região dos Pirineus, foi marcada pela aparição da Virgem Maria para Bernadette Soubirous, na gruta de Massabielle, na metade do século 19. Desde então, são atribuídas e ela curas milagrosas.
Os lugares por onde João Paulo 2º viveu na Polônia também são atrativos religiosos, como Wadowice, onde nasceu o papa, e Monte Wawel, lugar no qual o então cardeal Karol Wojtyla trabalhava antes de tornar-se pontífice.
O santuário de Fátima, em Portugal, um dos maiores do mundo, foi erguido no local em que três crianças viram Nossa Senhora no dia 13 de maio de 1917. Desde aquela época, milhares de pessoas vão ao local. Na Itália, em Puglia, San Giovanni Rotondo, lar do tempo do frade São Pio, atrai milhões de fiéis todos os anos. Outras cidades importantes para o catolicismo são Assis e Cássia.
Informalidade
Uma das características deste segmento é a de que as pessoas buscam informação. "E aí reside o nosso maior grau de dificuldade", explica Otacílio Melo, diretor da CNS Viagens, em Campinas (SP), que trabalha com turismo religioso há mais de 30 anos. O Brasil não tem guias especializados para o setor. E o turista quer conhecer a história dos santuários, a importância do templo para a religião, o período da construção e saber das obras de arte que compõem o acervo do lugar.
Excetuando-se as metrópoles e os grandes centros religiosos, como Aparecida e Belém (PA) - que este ano concentrou 2,2 milhões de fiéis em torno do Círio de Nazaré, mas que está longe da rota internacional do turismo religioso - a prática deste segmento turístico é marcada pela informalidade. Para receber mais gente, o país precisa se preparar.
Por Décio Viotto, especial para o Yahoo! Brasil
A fé cristã, que dizem mover montanhas, também se encaixa, e muito bem, nas bagagens de milhões de turistas que escolhem os seus roteiros não apenas pelo lazer ou pelas belezas naturais, mas pela busca de uma vivência espiritual em lugares como a Terra Santa, no Oriente Médio; Fátima, em Portugal; Lourdes, na França; Santiago de Compostela, na Espanha; Wadowice, na Polônia, ou Munique, na Alemanha.
• Especial santos
Esses roteiros, entre tantos outros, estão no catálogo da Ópera Romana de Peregrinações (ORP), a agência de viagens oficial do Vaticano. A instituição, que existe há 76 anos, apenas em 2010 reconheceu o Brasil como roteiro internacional de turismo religioso. O acordo foi firmado nesta semana no Palácio Vicariato, na Cidade do Vaticano, durante encontro do ministro do Turismo, Luiz Barreto, com o administrador da agência, o padre Caesar Atuire.
Esse reconhecimento poderá atrair para o país parte dos cinco milhões de europeus que todos os anos viajam pela agência do Vaticano. Trata-se de um universo imenso se comparado com os atuais 25 mil turistas que vêm para cá declaradamente atraídos por motivos religiosos, de acordo com o Instituto Brasileiro de Turismo.
(Santuário de N.S. Aparecida - Aparecida - São Paulo - Brasil)
A rota brasileira da fé vai passar, num primeiro momento, pela cidade de Aparecida, em São Paulo, onde fica o maior santuário mariano do mundo, a Basílica de Nossa Senhora Aparecida. Somente no último dia 12, dia da Santa, cerca de 330 mil fiéis rumaram ao local. No Rio de Janeiro, a indicação será o Cristo Redentor. Também serão incluídas no roteiro Olinda, em Pernambuco, cidades históricas de Minas Gerais, como Ouro Preto, Congonhas do Campo e Marina, e o estado da Bahia. Somente Salvador teria em torno de 300 igrejas, o que faria da capital baiana a cidade com mais templos religiosos do país.
No futuro, o Ministério do Turismo vai trabalhar pela inclusão de Juazeiro do Norte, no Ceará, que recebe por ano dois milhões de seguidores do Padre Cícero; Nova Trento, em Santa Catarina, para onde 30 mil católicos vão todos os meses rezar no santuário dedicado a Madre Paulina, e a Região das Missões, no Rio Grande do Sul.
O cardápio turístico no Brasil também oferece o Cruzeiro Católico, único no mundo.
De 1 a 4 de fevereiro de 2011 um grupo com 2050 pessoas vai sair do porto de Santos em direção ao Rio de Janeiro, com parada em Búzios. Serão quatro dias e três noites de consagração espiritual. A CNS Viagens, organizadora do evento, informa que só restam 200 lugares.
É preciso esclarecer ainda que o turismo religioso é a soma de vários tipos de viagens. Na romaria, o compromisso é conhecer o destino sagrado. Na peregrinação, é cumprir promessas. Há também viagens de penitência e a espontânea. No Brasil, as romarias são únicas, pois têm o caráter festivo. Seja qual for o modo escolhido, o Vaticano estima que, por ano, 200 milhões de pessoas viajam com um desses intuitos no mundo. Somente na Europa são 30 milhões e no Brasil, 15 milhões, segundo a Empresa Brasileira de Turismo - Embratur -, com base em levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisas da Universidade de São Paulo.
Turismo religioso na Europa
Munique e Freising, na Alemanha, entraram para o turismo religioso depois da aclamação de Joseph Ratzinger como papa Bento 16, em 2005. Essas duas localidades da Baviera foram importantes em vários momentos da sua vida e agora oferecem diversos roteiros aos católicos. Um deles é o "Seguindo os Passos do Papa". O final do trajeto é em solo italiano, onde os peregrinos que fazem o caminho são agraciados com uma missa realizada pelo Papa no Vaticano.
Uma rota bem mais antiga e mais conhecida é o Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. Os peregrinos, interessados na história do apóstolo Tiago, percorrem esse caminho há oito séculos. O trajeto possui mais de 1.800 edifícios de valor histórico. Na França, Lourdes continua como principal centro de peregrinação. A cidade, situada no centro da região dos Pirineus, foi marcada pela aparição da Virgem Maria para Bernadette Soubirous, na gruta de Massabielle, na metade do século 19. Desde então, são atribuídas e ela curas milagrosas.
Os lugares por onde João Paulo 2º viveu na Polônia também são atrativos religiosos, como Wadowice, onde nasceu o papa, e Monte Wawel, lugar no qual o então cardeal Karol Wojtyla trabalhava antes de tornar-se pontífice.
O santuário de Fátima, em Portugal, um dos maiores do mundo, foi erguido no local em que três crianças viram Nossa Senhora no dia 13 de maio de 1917. Desde aquela época, milhares de pessoas vão ao local. Na Itália, em Puglia, San Giovanni Rotondo, lar do tempo do frade São Pio, atrai milhões de fiéis todos os anos. Outras cidades importantes para o catolicismo são Assis e Cássia.
Informalidade
Uma das características deste segmento é a de que as pessoas buscam informação. "E aí reside o nosso maior grau de dificuldade", explica Otacílio Melo, diretor da CNS Viagens, em Campinas (SP), que trabalha com turismo religioso há mais de 30 anos. O Brasil não tem guias especializados para o setor. E o turista quer conhecer a história dos santuários, a importância do templo para a religião, o período da construção e saber das obras de arte que compõem o acervo do lugar.
Excetuando-se as metrópoles e os grandes centros religiosos, como Aparecida e Belém (PA) - que este ano concentrou 2,2 milhões de fiéis em torno do Círio de Nazaré, mas que está longe da rota internacional do turismo religioso - a prática deste segmento turístico é marcada pela informalidade. Para receber mais gente, o país precisa se preparar.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
PAIXÃO MULHER, PAIXÃO CIDADE
PAIXÃO MULHER, PAIXÃO CIDADE
Pathosurbi
SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ
Tom Jobim / Vinicius de Moraes
Vai tua vida
Teu caminho é de paz e amor
A tua vida
É uma linda canção de amor
Abre os teus braços e canta
A última esperança
A esperança divina
De amar em paz
Se todos fossem
Iguais a você
Que maravilha viver
Uma canção pelo ar
Uma mulher a cantar
Uma cidade a cantar, a sorrir, a cantar, a pedir
A beleza de amar
Como o sol, como a flor, como a luz
Amar sem mentir, nem sofrer
Existiria a verdade
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você
SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ sequer chegar perto do fenômeno "Garota de Ipanema" (também de Tom Jobim e Vinicius de Moraes) a música mais cantada, diariamente e em vários idiomas, em todo o Mundo. De todo o modo "Se todos fossem iguais a você" tem, no seu conteúdo romântico, um apelo que faz com que qualquer brasileiro dela saiba cantar, nem que seja,
Se todos fossem
Iguais a você
Que maravilha viver
A frase "Se todos fossem / Iguais a você" por outro lado, marcou tanto o cotidiano e o coloquial brasileiros que passou a ser utilizada inclusive fora do contexto da melodia e se estendeu às mais variadas situações da socialidade brasileira: "Já pensou se todos fossem iguais a você?" ... "Deus é bom, ainda bem que nem todos são iguais a você ..."
Romantismo é pouco para sinalizar esta obra prima da famosa dupla de compositores. É um hino cheio de ternura e felicidade consagrado à paixão por uma mulher ou por um homem; um dos fragmentos do discurso amoroso (R. Barthes) resvala para a cidade ...
Uma cidade a cantar, a sorrir, a cantar, a pedir
A beleza de amar
A letra é leve e solar, e a cidade canta duas vezes ... além de sorrir e pedir ... a beleza de amar. Por que razão uma cidade aparece no caminho ... e logo após "Uma mulher a cantar"? A felicidade de amar, de estar apaixonado, precisa ser publicada, melhor dizendo, deixar o espaço privado da ternura e do amor e 'invadir' uma cidade. Uma outra resposta é que, mais uma vez e mais um exemplo de uma letra da MPB (Música Popular Brasileira) que faz sinonímia entre mulher e cidade. Alceu Valença e tantos outros cederam à tentação de amalgamar mulheres e cidades
Pathosurbi
SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ
Tom Jobim / Vinicius de Moraes
Vai tua vida
Teu caminho é de paz e amor
A tua vida
É uma linda canção de amor
Abre os teus braços e canta
A última esperança
A esperança divina
De amar em paz
Se todos fossem
Iguais a você
Que maravilha viver
Uma canção pelo ar
Uma mulher a cantar
Uma cidade a cantar, a sorrir, a cantar, a pedir
A beleza de amar
Como o sol, como a flor, como a luz
Amar sem mentir, nem sofrer
Existiria a verdade
Verdade que ninguém vê
Se todos fossem no mundo iguais a você
SE TODOS FOSSEM IGUAIS A VOCÊ sequer chegar perto do fenômeno "Garota de Ipanema" (também de Tom Jobim e Vinicius de Moraes) a música mais cantada, diariamente e em vários idiomas, em todo o Mundo. De todo o modo "Se todos fossem iguais a você" tem, no seu conteúdo romântico, um apelo que faz com que qualquer brasileiro dela saiba cantar, nem que seja,
Se todos fossem
Iguais a você
Que maravilha viver
A frase "Se todos fossem / Iguais a você" por outro lado, marcou tanto o cotidiano e o coloquial brasileiros que passou a ser utilizada inclusive fora do contexto da melodia e se estendeu às mais variadas situações da socialidade brasileira: "Já pensou se todos fossem iguais a você?" ... "Deus é bom, ainda bem que nem todos são iguais a você ..."
Romantismo é pouco para sinalizar esta obra prima da famosa dupla de compositores. É um hino cheio de ternura e felicidade consagrado à paixão por uma mulher ou por um homem; um dos fragmentos do discurso amoroso (R. Barthes) resvala para a cidade ...
Uma cidade a cantar, a sorrir, a cantar, a pedir
A beleza de amar
A letra é leve e solar, e a cidade canta duas vezes ... além de sorrir e pedir ... a beleza de amar. Por que razão uma cidade aparece no caminho ... e logo após "Uma mulher a cantar"? A felicidade de amar, de estar apaixonado, precisa ser publicada, melhor dizendo, deixar o espaço privado da ternura e do amor e 'invadir' uma cidade. Uma outra resposta é que, mais uma vez e mais um exemplo de uma letra da MPB (Música Popular Brasileira) que faz sinonímia entre mulher e cidade. Alceu Valença e tantos outros cederam à tentação de amalgamar mulheres e cidades
CEAO - Formação dos imans em espaços lusófonos:
CEAO - Centro de Estudos Afro-Orientais
CURSO NO PÓS-AFRO
Conhecimento, integração e cidadania no processo de formação dos imans em espaços lusófonos: experiências comparadas Brasil, Portugal, Angola e Guiné Bissau
com
Patricia Schermann
Professora Adjunta I do Departamento de Historia da
Universidade Federal de São Paulo
Pós Doutora do Centre d’ Étude d’ Afrique Noire /Sciences Politiques Bordeaux IV
O curso pretende enfocar os processos contemporâneos de formação dos imans e lideranças muçulmanas nos espaços lusófonos, de modo especial a partir da comparação com as experiências do Brasil, Portugal, Angola e Guine Bissau, destacando as relações entre inserção nos projetos locais de cidadania e as relações transregionais com as demais comunidades muçulmanas.
Onde: Auditório Milton Santos (CEAO) - Pç. Inocêncio Galvão, 42,
Dois de Julho.
Quando: 20 , 21 e 22 de dezembro de 2010, das 18h às 20h30.
Mais informações: (71) 3283-5502 / 5508
Inscrições limitadas!
Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 3322-8070 - E-mail: ceao@ufba.br - Site: www.ceao.ufba.br
CURSO NO PÓS-AFRO
Conhecimento, integração e cidadania no processo de formação dos imans em espaços lusófonos: experiências comparadas Brasil, Portugal, Angola e Guiné Bissau
com
Patricia Schermann
Professora Adjunta I do Departamento de Historia da
Universidade Federal de São Paulo
Pós Doutora do Centre d’ Étude d’ Afrique Noire /Sciences Politiques Bordeaux IV
O curso pretende enfocar os processos contemporâneos de formação dos imans e lideranças muçulmanas nos espaços lusófonos, de modo especial a partir da comparação com as experiências do Brasil, Portugal, Angola e Guine Bissau, destacando as relações entre inserção nos projetos locais de cidadania e as relações transregionais com as demais comunidades muçulmanas.
Onde: Auditório Milton Santos (CEAO) - Pç. Inocêncio Galvão, 42,
Dois de Julho.
Quando: 20 , 21 e 22 de dezembro de 2010, das 18h às 20h30.
Mais informações: (71) 3283-5502 / 5508
Inscrições limitadas!
Pç. Inocêncio Galvão, 42, Largo Dois de Julho - CEP 40025-010. Salvador - Bahia - Brasil
Tel (0xx71) 3322-6742 / Fax (0xx71) 3322-8070 - E-mail: ceao@ufba.br - Site: www.ceao.ufba.br
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