O QUE ESTÁ ACONTECENDO COM NOSSAS CIDADES? (4)
Pathosurbi
Tanto se fala em sustentabilidade urbana, cidaes sustentáveis ... aqui e acolá ... que não seria ocioso ou intempestivo perguntar: em que se sustenta a sustentabilidade das cidades? Via de regra, a resposta menos incômoda e mais leve é: tal sustentabilidade (e há tantas outras sustentabilidades ...) se apoia na democratização dos acessos aos serviços e equipamentos público-urbanos.
Prevê-se, então, respondendo assim que os acessos são plurais; não há um único acesso, nem na sua singularidade nem na sua generalidade. Penso que tal pluralidade não é força nem erro de expressão; trata-se de, ao menos no Brasil, de uma tentativa de conciliar democratização, democracia urbana, com pobreza urbana. De conciliar, no vão geral, democracia com pobreza.
Ao menos no Brasil, essa tentativa é estimulada, diariamente, pelos dados da ONU que nos coloca no terceiro país com maior índice de pobreza urbana (29,9%) da América Latina; só ganhamos (?) do México (39,4%) e da Colômbia (45,4%). Por mais que apostemos na força do econômico como determinante em última instância para a compreensão das sociedades modernas, o conceito de pobreza urbana segue bastante complexo. E a tradução/equivalência léxica, linear e (claro!) tautológica pobreza urbana = pobreza da(s) cidade(s) não torna as coisas mais simples. As desigualdades sociais são gritantes e não cessam de não se inscrever no universo do urbano; aliás, elas são a medida e o "calo" de todas as coisas urbanas.
Vejamos os exemplos brasileiros de São Paulo e do Rio de Janeiro; são, sem nenhum favor, as duas cidades mais ricas (do Brasil), porém os engarrafamentos (congestionamentos) diários de São Paulo (e suas ferozes consequências ambientais por exemplo) e a violência cotidiana do Rio de Janeiro não ofendem IGUALMENTE toda a população de cada uma destas capitais. Precisa perguntar que segmento populacional e econômico - quem mais sofre, com tais patologias, enfim - em cada uma destas ricas [e desiguais] cidades num país classificado como oitava economia mundial?
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