MAM de Salvador está sob risco de cair no mar em dois anos
Fabio Cypriano
Enviado especial a Salvador
[Folha de São Paulo, São Paulo (Brasil), 17 de Dezembro de 2010, p. E4]
A sede do Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM), em Salvador, está ameaçada por uma bolha de ar subaquática, que pode provocar o deslocamento de parte de suas instalações para o mar.
(Solar do Unhão que abriga instalações do Museu de Arte Moderna (MAM) de Salvador - Bahia - Brasil)
Esta é uma das conclusões do projeto executivo de reforma e modernização do museu, supervisionado pelo arquiteto André Vainer. "A ameaça não é eminente, mas se o projeto não for cumprido, o museu pode correr riscos", conta a diretora Solange Farkas, que deixa o cargo nos próximos dias.
"Fui convidada pelo Márcio Meirelles [secretário de Cultura da Bahia] para uma missão, que considero cumprida. Agora, volto a me dedicar totalmente à Associação Cultural Videobrasil", diz ela
"O parecer técnico realizado não consegue dimensionar todo o problema, mas se em dois anos não forem tomadas providências, o museu vai sofrer problemas estruturais", diz Vainer.
Segundo o projeto, que custou R$ 700 mil, a reforma total deve custar cerca de R$ 15 milhões, pois envolve outros problemas da instituição. "Acho que existe ainda uma outra bolha, agora falando metaforicamente, que é a situação do acervo. Hoje, ele está provisoriamente no museu Rodin, mas lá não é a reserva técnica ideal, por isso é preciso que a reforma tenha início logo", conta Farkas.
O alto custo da reforma do museu se deve à própria história de quase 300 anos da construção, que teve início no fim do século 17. O Solar do Unhão, como é conhecido, funcionou como um engenho de açúcar no século 18, uma fábrica de rapé no 19 e se tornou a sede do MAM em 1963, após restauro conduzido pela arquiteta Lina Bo Bardi, com quem Vainer trabalhou posteriormente.
Márcio Meireles não foi confirmado no cargo e o governador reeleito, Jaques Wagner, procurado pela Folha, não foi localizado.
PÚBLICO
Na última segunda, Farkas inaugurou a mostra "Joseph Beuys - A Revolução Somos Nós", da qual é curadora e foi vista no Sesc Pompeia, em São Paulo, neste ano, por 40 mil visitantes. Esse total foi o dobro de público da exposição organizada no ano anterior também por ela no Pompeia e em Salvador, "Sophie Calle: Cuide de Você". "Na Bahia, essa mostra conquistou 40 mil pessoas", diz.
A diretora deixa o cargo, aliás, ampliando de forma expressiva o público do museu. "Quando entrei, a média anual eram 40 mil visitantes, enquanto neste ano, sem contar ainda o Beuys, já chegamos a 200 mil", conta.
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O jornalista Fabio Cypriano viajou a convite do MAM-BA
Fonte: Folha de S. Paulo - SP
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