quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

A CIDADE NUA E NOTURNA DE ED MOTTA (1)

A CIDADE NUA E NOTURNA DE ED MOTTA (1)


Iniciamos esta postagem com A Biografia e o Depoimento Autobiográfico do cantos e compositor carioca Ed Motta.

De amanhã, quinta-feira, em diante postaremos suas letras cujo tema central é a cidade. A última postagem, no domingo (5 de dezembro/2010, será ocupada por uma breve análise dessas letras.


Ed Motta é autor de obras primas da MPB interpretadas por diversos cantores. Rita Lee, cantando "Caso Sério" (de autoria de Ed Motta):

Eu
Fico pensando em nós dois
Cada um na sua
Perdidos na cidade nua
Empapuçados de amor
Numa noite de verão
Ai! Que coisa boa
À meia-luz, à sós, à tôa...

Você e eu somos um
Caso Sério
Ao som de um bolero
Dose dupla
Românticos de Cuba
Libre!
Misto-quente
Sanduíche de gente....



***

"Samurai", interpretada por Djavan:

Ai...
Quanto querer
Cabe em meu coração ...
***

Ou "Bijuterias", interpretada por João Bosco e tema musical de novela de TV, tendo como protagonista o ator Francisco Cuoco.

Em setembro
Se Vênus me ajudar
Virá alguém
Eu sou de Virgem
E só de imaginar
Me dá vertigem
Minha pedra é ametista
Minha cor, o amarelo
Mas sou sincero
Necessito ir
Urgente ao dentista
Tenho alma de artista
E tremores nas mãos ...



***

Biografia

Eduardo Motta é um cantor, compositor, multiinstrumentista, arranjador e produtor nascido em 1971, no Rio de Janeiro. Utilizando a mistura entre ritmos como funk, soul, jazz e bossa nova, Ed Motta marca presença com um som diferenciado.

Sobrinho de Tim Maia, cresceu rodeado de músicos, e teve como grandes influências o funk e o soul. Na década de 80, fez sua primeira apresentação musical com a banda Kabbalah, que fazia cover de bandas famosas como Deep Purple e Black Sabbath.

Nesta época, em parceria com o guitarrista Comprido, criou a banda Conexão Japeri. O primeiro disco foi lançado em 1988, do qual saíram os dois grandes hits “Manuel” e “Vamos Dançar”, tornando o cantor conhecido nacionalmente.

Iniciando a carreira solo, em 1990, grava “Um Contrato com Deus”, que não repercutiu em grande sucesso. O segundo disco, “Entre e Ouça”, apesar de não conquistar o público brasileiro, garantiu ao cantor uma turnê internacional.

Quase uma década depois, o disco “Manual Prático para Festas, Bailes e Afins, Vol. 1” chegou até o público, e proporcionou a Ed Motta seu primeiro disco de ouro. Em 2001 realizou um projeto pessoal: lançou o disco instrumental “Dwitza”, palavra inventada pelo próprio cantor.

Um dos discos mais representativos da carreira de Motta foi “Poptical”. O álbum, que também foi o primeiro pela gravadora Trama, tornou-o ainda mais conhecido no exterior e possibilitou ao cantor uma grande turnê pelo Japão.

Em 2008, Ed Motta inova lançando um disco totalmente em inglês chamado “Chapter 9”. Além de ser lançado nas versões CD e LP, foi o primeiro trabalho do cantor a ser disponilizado gratuitamente no site da gravadora.

Fonte Muita Música

***

Depoimento

Nasci na Tijuca, Rio de Janeiro, em 17 de agosto de 1971, filho de Antonio Carlos e Luzia e irmão de Regina. Minha mãe diz que quando pequeno eu não gostava das músicas dirigidas para crianças e que que um dos meus hits era “You Are The Sunshine Of My Life” de Stevie Wonder (professor Stevie desde cedo ali…). Com uns 7 anos me apaixonei pela disco music que tocava o dia inteiro no rádio e na vitrola de minha irmã. Participamos de concursos de dança e tudo, meu sonho era assistir os “Embalos de Sábado À Noite” mas era menor de idade.


A partir daí começou uma sadia mania de colecionar discos com todos os cuidados que estes requerem. Até que em 82/83 descubro o rock e suas revistas, enciclopédias, discos importados e toda aquela parafernália de colecionador. Me transformo num pesquisador profundo do assunto, de Scooty Moore à Jimmy Page, renegando meu passado disco/soul/funk, atitude típica do público deste tipo de música, vira uma religião, camisetas, bottons e todas essas bobagens (aliás esse negócio de pesquisar eu pulei senão vira uma autobiografia gigantesca. Mas sempre tive umas manias que levava muito a sério tipo peixes, sabia tudo do assunto: nomes científicos, montagem de aquários, etc.)

Logo após o "descobrimento do rock", fui convidado pelo meu vizinho Marquinhos a ser o vocalista de sua banda de hard rock, "Kabbalah" ("hard" e não "heavy", guitarras "Gibson" e não "Jackson"). Me lembro que logo depois só queria saber de blues/rock... E saí da banda para tentar fazer este som. Até que eu descobri o disco "Blow by Blow", de Jeff Beck, que me deu um tapa na cara e uma retomada ao universo da musica negra que eu havia abandonado por uns tempos na época.
Escrevi em fanzine sobre musica negra, fui dublê de DJ e organizei, junto com minha amiga Lisiane, uma semana sobre soul e funk no MIS (Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro).

Um pouco depois, conheci o "Comprido" (Luiz Fernando, guitarrista do Conexão Japeri) e começamos o embrião do Conexão Japeri com diversas "jams" em estúdios na Tijuca e Grajaú. O primeiro nome foi Expresso Realengo, depois virou Conexão Japeri. Este período foi bastante agradável, apesar de nunca ter me adaptado à "democracia de uma banda". Sempre quis trabalhar minhas idéias.
Agora pulo para o polêmico "Entre e Ouça", em que queríamos algo como Steely Dan, mas o orçamento era de um artista underground jamaicano. Mas saiu. As músicas aqui não eram para dançar, mas para pensar.

Nunca descartei a possibilidade de fazer um disco sem letras. Era uma questão de honra.
Apesar de ser brasileiro, se a questão é ritmo eu e uma grande parte da minha geração fomos expostos muito mais ao pop norte-americano e inglês inicialmente. Aí pensei: posso fazer uma coisa popular de nível, sofisticação, cuidado, etc, mas que remetesse a minha irônica "raiz" inicial : o soul/funk norte-americano. Então iniciei a idéia de "Manual Prático Para Festas, Bailes e Afins Vol.I" . Foi com prazer saudosista que realizei este disco. A todo momento me lembrava do "Conexão" e "Contrato Com Deus". "Manual Prático...vol 1", é um disco que tem o sabor da simplicidade dos meus primeiros trabalhos, mas com uma capacidade técnica e de composição maiores. Assim espero eu...
Entre o "Manual", que tive o prazer de receber meu primeiro disco de ouro, e o "As Segundas Intenções", muita água rolou, desde um, duas trilhas premiadas, "Ninó" e "Uma Janela Para o Cinema", a um show inesquecível com Roy Ayers no Central Park em NY.

Depois disso veio o "Dwitza". A idéia desse disco surgiu quando eu pensei e me questionei no que poderia lucrar na negociação do contrato. Outros artistas pensam em dinheiro, coisas materiais - "ah, vou comprar um apartamento", por aí vai. Eu não. Eu queria gravar um disco especial, queria ter o mesmo tratamento que dão aos meus discos pop, mas que fosse instrumental. Gosto de dizer que é um disco instrumental. Tem jazz no meio, bastante, mas também referências de música para cinema, canções de musicais da Broadway, e música brasileira também. Queria que Dwitza tivesse um pouquinho de cada coisa que eu ouço, e mesmo assim nem consegui colocar tudo no disco.

Atualmente, acabei de gravar meu mais recente trabalho; “Poptical”, eu mesmo produzi e ele conta com letras de Seu Jorge, Adriana Calcanhotto, Daniel Carlomagno, Bluey (líder do grupo inglês Incognito) e outros convidados.
Ed Motta
Biografia enviada por ryden em 20/3/2009

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