A CIDADE NAS (RE)INVENÇÕES DO RESTAURANTE (2)
Drão!
O amor da gente
É como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
O amor da gente
É como um grão
Uma semente de ilusão
Tem que morrer pra germinar
Plantar nalgum lugar
Ressuscitar no chão
Nossa semeadura
Quem poderá fazer
Aquele amor morrer
(...)
Se o amor é como um grão
Morre, nasce trigo
Vive, morre pão
(“Drão” – Gilberto Gil)
Vicente Deocleciano Moreira
As sementes do trigo, plantadas (sepultadas?) sob os auspícios da tecnologia agrícola de então, ‘morriam’ para dar ‘vida’ ao trigal ... cujas sementes moídas (mortas?) davam ‘vida’ ao pão.
Além do plantio do trigo, dificilmente outro fenômeno seria mais convincente para explicar ou consolar que o defunto sepultado também renasceria num mundo invisível – um reino que não é deste mundo, um universo inalcançável aos olhos e às mãos comuns dos humanos ainda vivos e não menos comuns. Não fica difícil, então, compreender porque o trigo tem vigorosa simbologia no catolicismo (apostólico romano), por exemplo. Vigorosa, alentadora e restauradora como o antigo e original restaurante ante as fraquezas de corpo e de espírito e face os esmorecimentos menos comezinhos e mais transcendentes da existência humana.
O trigo em sua capacidade de 'morrer' e de 'renascer', qual fênix, tornou-se ímpar na inspiração das crenças na eternidade, de uma vida após a morte. Na certeza de que
"a vida não é só isso que se vê
é um pouco mais
que olhos não conseguem perceber
E as mãos não ousam tocar
E os pés recusam pisar"
("Sei lá Mangueira" - Paulinho da Viola)
E as mãos não ousam tocar
E os pés recusam pisar"
("Sei lá Mangueira" - Paulinho da Viola)
Duas tentativas de explicar a origem dos restaurantes parecem estar longe de encontrar um acordo, de firmar um convênio. Uma assegura que os restaurantes são descendentes das estalagens da Antiguidade e das tabernas da Idade Média, que restaurariam as energias dos viajantes, hóspedes que comiam o que o anfitrião lhes oferecia (nas estalagens) ou, no caso das tabernas, comiam e bebiam sentados a mesas comunais em horários predefinidos.
A outra tentativa destaca uma comida, mais exatamente, um caldo restaurador de forças e energias denominado “bouillon restaurant”. Esse caldo era servido não num contexto culinário, exatamente, mas – por assim dizer – ‘hospitalar’, ‘ambulatorial’. Aliás, os estabelecimentos que serviam esses poderosos caldos eram chamados “casas de saúde”.
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