terça-feira, 5 de julho de 2011

RUA URBANA, ESPAÇO MASCULINO: TRAD. E RUPTURA (3)

RUA URBANA, ESPAÇO MASCULINO: TRADIÇÃO  E RUPTURA (3)


Vicente Deocleciano Moreira


Embora, ocidentais que somos,  façamos parte de culturas diferentes daquela (s) que identifica(m) a Arábia Saudita - onde reside Ranyia (ver postagem de ontem, segunda-feira) - e, apesar de  não serem proibidas de dirigir, por aqui,  as mulheres no Ocidente - no Brasil em particular -consigo imaginar que se sintam um tanto Ranya e, mutatis mutandi,  se identifiquem com ela, de algum modo. Refiro-me ao dia-adia estressante e conflituoso do trânsito no Ocidente e, mais especificamente, no Brasil.

É no 'palco' do trânsito nas ruas urbanas que muitos motoristas masculinos exercem seu imaginário poder sobre tudo, todos e TODAS - através de seus automóveis. Muitos são os homens que, se julgando donos da rua (urbana), não aceitam ser ultrapassados por mulheres ao volante, não aceitam que elas possam dirigir mais rápido, mais competente e com  maior destreza que eles.  E também se aborrecem, buzibam alto e repetidas vezes, além de xingar e desqualificar  mulheres que dirigem com lentidão à sua frente , "atrasando", "emperrando"  o trânsito.

Em meados de junho/2011, o protesto de 40 mulheres da Arábia Saudita que saíram às ruas dirigindo e, assim, desafiando autoridades masculinas  e preceitos de toda a ordem e, também, a  atitude de Ranyia dirigindo e, além disso, filmando em vídeo seu próprio ato desobediente atraiu a atenção de outras mulheres, a exemplo de Hillary Clinton. (in Folha de S. Paulo, 22/6/2011, p. A15):

"O que essas mulheres estão fazendo é corajoso e o que buscam é direito, mas os esforços pert5encem a elas" 


"Estou comovida com a inicativa e apoio as mulheres, mas quero enfatizar o ffato de que isso não está vindo de fora do país delas. Isso são as mulheres, elas próprias, buscando ser reconhecidas"

Mas o que nos interessa de perto não é procurar as justificativas religiosas para a proibição, até porque há países mulçumanos que não proibem mulheres de dirigir veículos e, por outro lado, há inúmeras interpretações de um mesmo livbro sagrado: O Corão. Ajuda-nos melhor a  reflexão sobre o rua urbana pensada como uma espécie de 'propriedade' masculina.


 (Mulheres dizem se sentir seguras, contra as agressões e perigos das ruas,  quando  usam burkas.)


O que essa rua representa e apresenta de tão 'perigoso', 'ameaçador' para as mulheres - seja quando usam burka ou quando usam mini saias? Não se trata apenas do perigo, da ameaça concreta das violências principalmente à noite; sem falar que ela (as violências) podem vitimar  mulheres, mas também homens.

Que antecedentes e fundamentos historicamente construídos vieram a contribuir para a construção da RUA, ESPAÇO MASCULINO, apesar das rupturas que vêm atacando  essa tradição?

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