terça-feira, 13 de agosto de 2013

OLIVEIRA - TRANSPORTE URBANO: TARIFA ZERO JÁ

TRANSPORTE URBANO: TARIFA ZERO JÁ




Ildes Ferreira de Oliveira

Secretário de Desenvolvimento Social
Prefeitura Municipal de Feira de Santana
Bahia - Brasil



Todos sabem que o transporte urbano brasileiro está no rol dos piores do mundo. As precariedades vão desde a má conservação dos veículos até a mobilidade, com problemas sérios na infraestrutura urbana e na organização dos serviços. Nas maiores cidades, o tempo que um passageiro leva da sua casa ao trabalho e para o retorno pode chegar a 4 horas por dia, o que é um grande absurdo. As causas desse caos começaram a surgir ainda nas décadas de 1960 e 1970 com a migração em massa da população rural para os centros urbanos, quando originaram-se também as favelas que hoje compõem a paisagem urbana.

Em todo esse tempo nada se fez para que, hoje, se tivesse um transporte público de melhor qualidade. As vias de acesso continuaram sem a mínima condição de um transporte rodoviário ágil e eficiente; os costumeiros engarrafamentos e a incompetência na gestão pública não permitem melhorar o fluxo de veículos que servem ao sistema viário público; investimentos em metrô? Simplesmente relegaram ao longo do tempo. Chegou-se ao fundo do poço. A população já não tolera mais conviver com essa situação num país que já é considerado a 6a. economia do mundo e decide ir às ruas cobrar providências. Entre as reivindicações, "psse livre" para estudantes e redução nos preços das tarifas.

Não há almoço de graça, alguém tem que pagar a conta. Quando as Câmaras Municipais aprovam "gratuidade" do transporte para algumas categorias, o valor correspondente é rateado no preço da tarifa; quando o governo federal cria o "passe livre" para idosos, acontece a mesma coisa, o valor da passagem é distribuído com os demais usuários.

Assim, todos os serviços públicos são pagos pelos cidadãos, das mais variadas formas: pela arrecadação de impostos, pagamento de taxas etc. Por que o transporte coletivo urbano é tratado de forma diferente? Ele não é tão essencial quanto o asfalto nas ruas, o posto de saúde, a iluminação pública etc.? Então, a proposta de "passe livre" não é nenhum bicho de sete cabeças. E mais: poder-se ia estudar para estabelecer o passe livre não apenas para os estudantes, como propõe o "Movimento Passe Livre", mas pra toda população. A questão é saber quem vai pagar a conta.

Sabemos todos que os usuários do transporte coletivo urbano são os segmentos mais pobres. Os mais aquinhoados fazem de tudo para ficar longe dele e providencia seu transporte individual que está engasgando o trânsito em todas médias e grandes cidades brasileiras.

Que tal a sociedade assumir o transporte urbano como um bem coletivo essencial e decidir bancá-lo? Por exemplo: se cada família assumisse, na sua conta de água ou de energia, pagar o que lhe couber para custear o sistema como um todo? Digamos: R$ 10,00 por mês? Os mais pobres sairiam ganhando porque gastam infinitamente mais do que isso; os empresários, também sairiam ganhando porque não precisariam mais pagar vale transporte. A única sacrificada seria a já sofrida classe média, mas convenhamos que é apenas o valor correspondente a duas cervejas por mês.

Implantado o sistema de "tarifa zero", todos os usuários, residentes em Feira de Santana, se cadastrariam e adquiriram seu passaporte. Os visitantes de outras cidades, esses sim, continuariam pagando o valor necessário sem nenhum subsídio.

Tarifa Zero Já.

___________
extraído do jornal Tribuna Feirense, 
Feira de Santana - Bahia - Brasil




Nenhum comentário:

Postar um comentário