sábado, 17 de agosto de 2013

120 ANOS DE JORGE DE LIMA - "O ACENDEDOR ..." (3)

120 ANOS DE JORGE DE LIMA -
 "O ACENDEDOR DE LAMPIÕES" (3)


http://poesiadomundo.wordpress.com/2012/04/20/o-acendedor-de-lampioes/



Vicente D. Moreira - especial para o Blogue CIDADE

"Ele que doira a noite e ilumina a cidade
Talvez não tenha luz na choupana em que habita"
("O acendedor de lampiões" - Jorge de Lima)



Neste (justamente) festejado poema de Jorge de Lima que, em meio a tantos retratos, presenteia nossos sentidos e nossa sensibilidade com dimensões da realidade urbana carioca (Rio de Janeiro) do início do século XX em que os lampiões (acesos diaria e pontualmente por um funcionário municipal) iluminavam as ruas das cidades. Uma luz bruxuleante que ao banhar pessoas postadas em esquinas alimentava a imaginação popular que denunciava a 'presença' de lobisomens, vampiros e outros seres noturnos  bestiais e limiares.

Destaco os versos que epigrafam este aligeirado escrito porque especialmente eles - em meio a tantos outros de "O acendedor ..." de igual natureza poética e importância sociológica - gritam a realidade dos que, então, moravam nas favelas onde a energia elétrica não iluminava nos barracos, as choupanas. Não quero consolar nem  mas as casas de favelas e mocambos do Brasil de hoje (2013) em sua maioria não são só construídas com cimento e tijolos (ainda que sem reboco, revestimento de cimento e, por isso mesmo, expostos ao sol, à chuva e às intempéries), mas também são iluminadas e alimentadas (TV e outros eletrodomésticos) por energia elétrica e não mais por lampiões, fifós e candeeiros como ainda em muitas habitações rurais.

É verdade que muitas casas de favelas  são perigosamente iluminadas e alimentadas de modo ilegal, os chamados "gatos" ... mas suas ruas tem fios, postes e luminárias que têm como fonte pública a energia elétrica.

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