quinta-feira, 2 de agosto de 2012

BAIRRO, O BARRO QUE ME CO MOVE (4) - APIPUCOS- RECIFE

BAIRRO, O BARRO QUE ME CO MOVE (4)

 APIPUCOS - RECIFE - PERNAMBUCO




Fonte: GASPAR, Lúcia. Apipucos (bairro, Recife). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. 
Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar>. Acesso em: dia  mês ano. Ex: 6 ago. 2009. 
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Apipucos (bairro, Recife)

Lúcia Gaspar
Bibliotecária da Fundação Joaquim Nabuco
 

Apipucos ou Apopucos como se escrevia antigamente é um nome de origem tupi (Apé-Puc), que significa caminho longo, para alguns, caminho que se divide, encruzilhada ou onde os caminhos se encontram, para outros.

Segundo o cronista Pereira da Costa o nome Apipucos aparece em um mapa do período colonial de Pernambuco, assinalando um encontro de dois caminhos que se conjugavam.

Foi exatamente numa encruzilhada em forma de Y - configuração urbana que se conserva até hoje - onde nasceu o povoado.

Pela origem do nome é possível que existisse um povoado indígena na localidade, antes da chegada dos portugueses.

As terras onde se situa hoje o bairro de Apipucos foram um desdobramento do antigo engenho São Pantaleão do Monteiro. No final de 1577 parte dessas terras foi subdividida, surgindo o engenho Apipucos, de propriedade do colono Leonardo Pereira. Depois o engenho passou para Dona Jerônima de Almeida e desta para Gaspar de Mendonça, que era seu proprietário em 1630, na época da invasão holandesa.

A localidade sofreu bastante com a invasão holandesa. Em 1645, sua capela foi totalmente saqueada, teve suas imagens quebradas, paramentos, alfaias e móveis destruídos. A povoação também sofreu uma pilhagem completa, tendo os holandeses levado para o engenho de Dona Anna Paes ou Casa Forte, todo o gado, escravos e mercadorias que encontraram.

Com a guerra da Restauração o engenho de Apipucos ficou completamente abandonado, sendo restaurado, no entanto, depois do conflito.

Até o século 18, a paisagem era característica de engenho, mas a partir do século 19, surgiram sítios e chácaras, onde os moradores do centro da cidade passavam os meses de verão. As águas do rio Capibaribe naquela região eram recomendadas para banhos medicinais.

Havia também na época o Hotel de Apipucos, localizado em um casarão que pertenceu depois a Delmiro Gouveia - a Vila Anunciada e onde hoje funciona a Unidade Central da Diretoria de Documentação da Fundação Joaquim Nabuco.

Segundo Gilberto Freyrebanhos de rio pela manhã, à tarde, jogo de cartas, à noite pastoris e danças - assim decorria a vida em Apipucos para a gente sinhá, nos grandes dias dos "passatempos de festas" de recifenses e de famílias vindas de casas-grandes do interior, em Apipucos: no seu hotel e nas suas casas de veraneio.

A procura pelo povoado por causa do clima ameno e dos banhos no Capibaribe levou à melhoria das estradas, sendo instalada no local a primeira companhia de transportes públicos, explorada pelo inglês Thomas Sayle, em 1841, e depois por um morador de Apipucos, Cláudio Dubeux. Eram diligências puxadas por cinco cavalos, com capacidade para aproximadamente 20 passageiros na parte interna e outros na parte de cima.

Em 1849, durante a Revolução Praieira, travou-se em Apipucos um dos maiores combates entre as forças legalistas e revolucionárias.

Em 1900, foi lançado o periódico O Apipucos, órgão de interesse da localidade, mas cuja publicação não passou do primeiro número.

No século 20, o bairro ganhou uma nova configuração urbana: foi escolhido como local de residência pelos ingleses, que introduziram o hábito de construir casarões com jardins e utilizar a água como recurso paisagístico; foi instalada a Fábrica de Tecidos Othon Bezerra de Mello, conhecida como aFábrica da Macaxeira; houve a ocupação dos morros e do loteamento Othon Bezerra de Melo nas margens do açude.

Além de Delmiro Gouveia, Apipucos teve outros moradores ilustres como o pintor Murillo La Greca, o jornalista Assis Chateaubriand, o historiador Alfredo de Carvalho, a família de Burle Marx, parentes de Demócrito de Souza Filho e o sociólogo Gilberto Freyre, cuja residência conhecida como o Solar de Santo Antônio, hoje abriga a Fundação Gilberto Freyre.

O bairro de Apipucos, situado no norte do Recife e distante cerca de nove quilômetros do centro da cidade, possui 1,2 quilômetros quadrados de área, uma população de mais de 3.000 habitantes e é protegido pela lei municipal 13.975/1979.

Recife, 1º de julho de 2003.
(Atualizado em 20 de agosto de 2009). 

FONTES CONSULTADAS:
ALVES, Cleide. Apipucos. Jornal do Commercio, Recife, 14 fev. 2000. Cidades, p.10.

COSTA, Francisco Augusto Pereira da. Arredores do Recife. 2. ed. autônoma. Apresentação e organização de Leonardo Dantas Silva. Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 2001. p. 28-32.

FREYRE, Gilberto. Apipucos: que há num nome? Recife: Fundaj, Ed. Massangana, 1983.


COMO CITAR ESTE TEXTO:

Fonte: GASPAR, Lúcia. Apipucos (bairro, Recife). Pesquisa Escolar Online, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://basilio.fundaj.gov.br/pesquisaescolar>. Acesso em: dia  mês ano. Ex: 6 ago. 2009.

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