segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

'ROLEZINHO'/3 ... - AILTON PEREIRA - SJCDH/BA/BRASIL

'ROLEZINHO', ATÉ TU SHOPPING CENTER? /3

'ROLEZINHOS', UM TEXTO PARA SER LIDO

AILTON PEREIRA - Superintendente de Direitos Humanos
da Secretaria de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos da Bahia (Brasil)

fonte - jornal A Tarde, Salvador ((Bahia - Brasil),27 de janeiro de 2014, p A3


Na minha experiência enquanto militante dos movimentos sociais e, em especial, do movimento negro, aprendi o  valor da diversidade para a democracia e para o mundo dos negócios empresariais. Em minhas palestras sobre diversidade e competitividade, tenho dito e repetido que a diversidade faz o diferencial competitivo nas organizações e empresas, sejam elas públicas ou privadas. Sustento a minha tese na observação de que o mundo é diverso e feito de vários textos humanos, textos que merecem ser lidos, sem subordinação,pois compõem o cenário humano. Apresento-lhes este texto óbvio quando a sociedade busca respostas e soluções para o fenômeno do "rolezinho" nas grandes cidades brasileiras. 

Por que os shoppings têm a preferência dos protestos juvenis? Vou arriscar um afirmação: os shoppings precisam ter a cara do Brasil, precisam incorporar os textos variados da sociedade - ela é preta, branca e amarela, ela é bossa, samba, pop, carnaval e brega.

Quando os nossos shoppings refletirem a nossa diversidade, estarão dialogando com os seus consumidores, que são de todas as cores e nomes. Deixarão de ser espaços estranhos e alvos dos protestos, poios terão a interlocução com o Brasil real e profundo.

As estatísticas demonstram que quem mais consome nos grandes shoppings são os públicos  C e D; pesquisas do Instituto Ethos afirmam que pelo menos 20% das grandes empresas brasileiras têm pessoas negras em seus quadros de dirigentes, esse percentual é mais reduzido quando se trata de pessoas com deficiência.

Defendo a aplicação das leis nos casos de abusos e danos causados ao bem privado, defendo a orientação familiar aos jovens que devem respeitar as leis, mas entendo que é necessário o óbvio, e o óbvio é aproximar os nossos shoppings do mundo real, do seu público consumidor, que não mais os verá como coisas estranhas, na medida em que tenham os seus textos lidos e apreciados, tais como os  tênis, celulares e tablets consumidos pela nossa juventude C e D. Que tal abrir vagas de trabalho para esses jovens?

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